por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 2 de janeiro de 2011

Vida itinerante de uma bancária - Bahia !



Setembro de 1988

Voltando para o Nordeste, mas novamente para um ninho estranho. Nem sabia que Barra do Mendes existia. Encontrei uma casa para administradores à minha disposição. Pela primeira vez, gozaria do conforto de um ar condicionado, no quarto de dormir. Não faltavam pessoas pra ajudar na luta de casa, e era muito gostoso fazer a feira livre, e comprar as coisas da terra. A Bahia é festiva por excelência, e a gente sem querer, entra no ritmo. E haja dança, e pequenas viagens turísticas. Lençóis, Salvador, e até uma esticada no Rio, em feriados prolongados. O salário aumentara consideravelmente. Deu pra comprar um carro novo, e presentear o Caio, com um outro, no seu aniversário de 18 anos. Deu também pra comprar um Gradiente, última geração, com aparelho de CD (coisa rara, naqueles tempos).
Por problemas familiares, houve uma inadaptação social, e, depois de um ano fui removida, a pedido, no mesmo cargo, para a cidade de Valente, região do sisal. E começou um tempo negro, no funcionalismo. Meu cargo era desejado por todos, e acharam razões, para que eu fosse destituída da comissão. Os motivos, os mais absurdos: excesso de bebida alcoólica, comprometimento com agiotas. Provada a ausência de culpa, ofereceram-me reparação. Eu poderia escolher uma outra Gerência, a meu critério de escolha. Mas, naquelas alturas, eu já estava morando em Salvador. E, gostando! Havia comprado um apartamento na Pituba, carro na garagem, e marido nas cobertas. André cursava o pré-vestibular, Victor fazia Medicina e Caio estava vivendo o seu primeiro emprego, depois de concluir o ensino médio.
Trabalhava no Caixa da Metropolitana Brotas, e tinha um bom relacionamento interno. Quando me ofereceram um cargo de Gerente Especial (aquele que negocia diretamente com os grandes clientes), resolvi fazer nova escolha. Candidatei-me a agências impossíveis, como : Gramado, Ouro Preto, Maceió, Friburgo, Curitiba. E de imediato, chegou minha nomeação como Gerex de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro.
Dessa feita eu deixava para trás uma vida confortável, mas ainda tinha missões especiais a cumprir. Novamente, o caminhão de mudanças parou na minha porta, e eu peguei um avião para o novo destino. Agora conheceria a região serrana do Estado do Rio. Friburgo era o meu destino!

Mas, Jair tem razão ...!
Passados uns 5 anos na Bahia, eu fiz por lá, meu aniversário de 40 anos. Ainda cheia de sonhos e com algumas esperanças. Gostava de viver a vida , mas sentia já um certo cansaço das rodas de violão , ganhando as madrugadas.
Em Salvador tinha como compromisso de paz, visitar a família da minha prima Gracinha, em Itacimirim. Final de semana com guloseimas e aconchego da amizade. Meu companheiro sabia tocar bem violão, tinha voz belíssima, e um repertório fantástico. Todo mundo gostava, e cantava junto. Mas, nem só de pão vive o mundo !
Naqueles anos, meus filhos perderam o pai, e minha dor foi tripla.Já sabia o que era enfrentar as alegrias do mundo, com uma ferida aberta das saudades.
Mas Salvador era minha senhora. Devia-lhe os luares, o mar, as comidinhas apimentadas, o astral do carnaval, e a poesia ambulante dos baianos. Nunca esqueci aquela cidade... Cheguei em Friburgo cantando : "Eu vim da Bahia/ mas eu volto pra lá..."
João Gilberto tinha sido , de certa forma, uma presença real !

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