por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 9 de dezembro de 2012

Para Zé Flávio e Socorro Moreira - José do Vale Pinheiro Feitosa


Andei rodando na estrada ao encontro de Amélia Leonarda, minha irmã, que mora em Barra Mansa e como boa conterrânea casou-se com o mais radical cratense nascido em Farias Brito. Ele José Vilmar de Oliveira, conhecido por “China” em sua época de juventude na cidade.

Não estou no Facebook a elencar as vantagens familiares e nem a capacidade de rodar nas estradas. Isso tudo era para ser assim: andei rodando na estrada e assim que retornei logo fui ler os blogs que acompanho, especialmente o Cariricult e o No Azul Sonhado.

Então. A particularidade é sempre fundamental, mas a soma das partículas é fascinante. Com alguma preocupação e, relação à sensibilidade ética e honesta da minha amiga me referia à universal preocupação com a ratificação do dito. Por isso insiste naquele assunto da frase do Niemeyer.

Não tem muito tempo que andaram publicando na internet um poema do Maiakovski que terminou vítima da truculência stalinista como um discurso genérico contra o comunismo. E, claro, contra todas as lutas libertárias e, inclusive, as menos revolucionárias sobre o manto de reformas para ampliar a participação popular na riqueza das nações. Ali estava uma arapuca igual a essa do Niemeyer: por na voz dele exatamente o discurso de quem ele combatia. Ou seja, levar Niemeyer a fazer o discurso da direita brasileira, especialmente ao udenismo redivivo dos tempos atuais.    

E já visitei esta estação na volta e passo à seguinte. Diz o Zé Flávio sobre a claridade do passado frente à escuridão do futuro. E na claridade do passado Zé põe luz sobre vários personagens do Crato, especialmente dando personalidade a um personagem em especial. E entre o claro e o escuro passei da iluminura dos textos transcendentais para o opaco das indiferenças com a memória.

Mestre da narrativa, Zé vai num acréscimo de pequenos risos, até que no último parágrafo nos guarda a gargalhada aberta. Mas foi entre tais risos que tentava compreender como um jovem de hoje iria domar esta claridade do passado para melhor identificar os sinais do futuro. As silhuetas que já estão lá a menos que o fim seja de fato o 21 de dezembro.

A rigor não consegui entrar na interpretação dos jovens lendo este texto do Zé. Mas ainda com fluxos respiratórios do riso imediatamente vim para esta página. A me deleitar com a minha frágil capacidade de guardar nomes e datas dos livros de história. Até que compreendesse a própria história.

Está tudo bem com os que não conseguem guardar os nomes para a próxima verbalização, deixe-os quietos na correnteza da memória. Guarde que toda interpretação, a cada momento da convivência social, as nossas avaliações oscilam como a imagem de ondas rádio. Há certa variação de amplitude, extremada como este conto do Zé ou menos amplas, mas variante e com comprimento distintos de mudança do perfil ondulatório.

Agradecemos convite, e parabenizamos,Hildelito Parente Alencar!

 
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O amor tem pressa.

Para Chico Buarque

“Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar”

“O amor não tem pressa”? “Ele pode esperar”?

Desculpe-me, Chico, mas desconheço o amor que pode esperar.

O amor, quando é pra valer, é sinfônico, urgente, latente.

Pede pela pele do outro. Pede pelo veludo da voz e pela maciez do sorriso. Pede pelo gozo, pelo gole partilhado na bebida, pela brincadeira noturna sob os lençóis e até mesmo pelo silêncio de depois. Pede por palavras escolhidas cuidadosamente que salientem o indizível.

O amor é valsa, baião de dois, salsa, molho, tempero, batucada, estrada.

Quem ama não espera! Muito menos em silêncio! Sofre e reclama quando o ser amado não está ao alcance das mãos.

Quando o amor acontece, ele é pra já, sim, senhor. Ele não cabe num fundo de armário, na posta-restante, num poema rabiscado ou num retrato rasgado.

Quem ama tem fome. Quem ama tem sede. Quem ama dá vexame, faz a fama e deita na cama.

Quem ama escreve cartas e às vezes nem envia. Quem ama escreve cartas ridículas.

O amor que espera, desconheço. Quem sabe não se trata de um mero adereço da resignação? Pluma que enfeita a fé de quem perdeu o bem amado? Pluma leve, que como a ilusão pode ser lançada ao longe com um simples sopro de realidade e se perder no ar...

O amor não tem remédio, nem nunca terá, não tem juízo, nem nunca terá, não tem medida, nem nunca terá... Mas não, Chico, ele não pode esperar.

by Mônica Montone