por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 22 de junho de 2011

Sorriso de Maria - por Socorro Moreira



Esqueci o meu sorriso

em algum canto da vida

Até ontem estava aqui

Até ontem

em mim vivia

Não foi roubado ...

Perdi !



E aquele sorriso dos loucos

Muito pior do que choros ?

-Esses achei espalhados


E resolvi perguntar-lhes :

Meu sorriso passou por aqui?

Assustado, um deles

também perguntou-me :

Não me reconheces mais?


Reincorporei-o !

A princípio tortamente ...

Olhei no espelho, e vi

que a tristeza de um sorriso

precisava de um carinho,

e por Ele , enfim sorri !



Elza Soares


Elza da Conceição Soares, mundialmente conhecida simplesmente como Elza Soares,(Rio de Janeiro, 23 de junho de 1937) é uma cantora e compositora brasileira de samba, bossa nova, MPB, sambalanço, samba rock e hip-hop.

Elza Soares nasceu em uma favela do Rio de Janeiro e, se casou aos doze anos de idade. Viúva aos 18, Elza sofreu com a miséria e com a morte de entes queridos. Mas, superou tudo e, casou com o famoso jogador de futebol Garrincha. O início de sua carreira musical se deu quando ela ainda se apresentava em show de calouros, apresentado por Ary Barroso.

Elza Soares tornou-se popular com as canções "Se Acaso Você Chegasse", "Mas Que Nada", entre outros sambas de sucesso. Recebeu indicações ao GRAMMY Awards e, foi eleita pela BBC de Londres "a cantora do milênio". Em 2007, a cantora foi convidada para cantar o Hino Nacional Brasileiro a cappella na Cerimônia de Abertura dos Jogos Panamericanos Rio 2007. Seu último álbum foi lançado em 2004, Vivo Feliz, que mistura diversos ritmos que vai do samba à música eletrônica.

wikipédia

SABEDORIA DA ÍNDIA - tradução: Nise da Silveira (1959)

A água cerca a flor de lótus, 
mas não molha suas pétalas
"Este é o caminho do meio 
que se mantem distante dos dois extremos"

Um cão contra o arrocho econômico da Grécia




Este foi o melhor vídeo da semana na rede mundial. Publicado pela BBC mostra um cão vadio das ruas de Atenas participando das manifestações populares contra o arrocho econômico no país. O cão parece ter lado: fica ao lado dos manifestantes latindo contra a polícia. A simbologia é enorme: guarda a reunião de todos que estão nas ruas. Quando a polícia adere ao mesmo lado, se torna revolução.

É DO INTERESSE PÚBLICO

Brasileiras e Brasileiros para uma boa antecipação de feriadão um endereço da internet que alegrará a todos: músicos, historiadores, fotógrafos, aficcionados da boa música e todo o povo da Batateira. Entrem neste site que é uma maravilha de acervo. Estão grandes nomes, uma tão vasta iconografia que vai fazer a festa do Zé Nilton e seus maravilhosos programas da Rádio Educadora do Cariri:

http://www.jobim.org/acervo/acervodigital.html

MÃOS. Por Liduina Vilar.


Quero apertar sua mão
quero sua mão afagar
quero uma carícia de mão
na sua mão me acalmar.

Sua mão quando quando toca a minha
sinto o mundo aos meus pés
o universo se aninha
escuto a cantiga das marés.

Por Auci Ventura



Um exôdo de Shangri-lá? José do Vale Pinheiro Feitosa

Não vou para Shangri-lá. Não me levem para Shangri-lá.

Por que Vovô? Shangri-lá é a felicidade. Tudo lá acontece e dar certo.

Shangri-lá apenas aparenta solidez. Ela é cheia de crises. Nevascas, ventos fortes, chuvaradas repentinas. As bases de Shangri-lá não suportam as intempéries do tempo.

Ninguém pararia um projeto que prometia felicidade e impuseram ao avô a jornada para Shangri-lá.

O ar era mais puro. A temperatura oscilava por volta dos 23 graus centígrados. Um céu brilhante e de uma pureza de azul igual nunca se vira. Mesmo que alguns vivessem ao relento por falta de moradia e emprego, a vida em Shangri-lá era a única possível, fora de Shangri-lá tudo era pior. Diziam os sábios astutos veteranos e com inúmeras ações dos investimentos feitos em Shangri-lá. Aqui pode não ser o melhor dos mundos, mas é o melhor que existe entre os que conhecemos.

O Avô não mudava de idéia. Shangri-lá era artificial e hedonista. Trocava uma vida inteira por um momento de felicidade. Mesmo quem sabia dos riscos de Shangri-lá, não poderia se manifestar: tudo que tinham estava aplicado na permanência de Shangri-lá.

E foi quando caiu uma nevasca como há mais de oitenta anos não se vira. Telhados caíram, muitos vizinhos morreram de fome e frio. No aprisionado de seus cômodos ameaçados, os de meia idade estavam nublados como a realidade e os jovens tinham olhares de névoa para o que pensava o avô.

Que dizia: eu avisei. Shangri-lá não é seguro. Não era e nunca será.

Mas a nevasca acabou o céu azulou límpido como as promessas da felicidade e todos festejaram. Esqueceram os mortos, eles não se levantam mais. Esqueceram os desabrigados, não existe mais neve. Shangri-lá continuava a verdade única.

O avô novamente esquecido em seu canto balbuciava: Shangri-lá continua um enorme perigo. Não é a conjuntura do tempo que desequilibra Shangri-lá, mesmo que reforcemos os telhados.

Mas veio uma chuvarada como ninguém vivo se lembrava de outra igual. Os problemas não foram os telhados. Foram as fundações, com deslizamentos, casas soterradas, famílias inteiras desaparecidas. Shangri-lá estava inundada, os de meia idade toldados de nuvens negras e os jovens com olhares de relâmpago para o avô.

Que dizia: Shangri-lá não agüenta outra catástrofe igual a esta. Iremos todos nos mudar se outra vier.

As chuvas pararam deixando um rastro de destruições. Mas Shangri-lá tinha o destino da fênix: ressurgiu da lama (ou das cinzas). Todos estavam felizes embaixo de um céu azul, os negócios a pleno vapor e Shangri-lá retornou à promessa do que era: um momento de felicidade, mesmo que apenas para um pequeno grupo que ao sentir-se bem dizia a todos que o dia de cada ainda chegaria. Com esforço e muita luta, mas chegaria, pois Shangri-lá tem o espírito do animal, sempre rompe as barreiras a si postas.

Foi quando um terremoto de poucos minutos destruiu toda a estrutura de Shangri-lá. Que era de materiais corrompidos pelo tempo. Os que não morreram começaram uma luta pré-histórica de auto-aniquilação. Só lhes restava a imagem objetiva de Shangri-lá. Nunca houveram por bem contemplar outra possibilidade.

Os de meia idade que restavam nada tinham para dizer. Os jovens levantaram-se e começaram a emitir opiniões. Há tempos não eram ouvidos. Agora que os responsáveis haviam emudecido, eles tinham a voz e subiram na mesa da casa fazendo discursos. Diziam que não arredariam pé da sala de jantar se algo não fosse decidido a respeito do futuro. Não queriam mais sofrimentos e o problema, agora tinham certeza: era Shangri-lá.

Vovô qual é o problema?

É Shangri-lá. Vamos nos mudar de Shangri-lá. Não podemos calar as forças do mundo, mas podemos viver num lugar que possamos enfrentar as mudanças que sempre existirão com mais segurança e compreensão. Vamos para outro modo, onde a felicidade é viver uma vida inteira.

VISÃO BUDISTA SOBRE A VIDA E A MORTE (1ª PARTE) - PRESIDENTE DAISAKU IKEDA

Daisaku Ikeda (池田大作 いけだ だいさく Tóquio, Japão, 2 de janeiro de 1928) é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista japonês.
Graduou-se na Faculdade Fuji Júnior. Em 1947, converteu-se ao Budismo de Nitiren Daishonin com apenas dezenove anos e tornou-se membro da Soka Gakkai, uma organização de leigos que estava então sob a liderança de Jossei Toda, seu segundo presidente.
Em 1958, o segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, faleceu e após dois anos, em 3 de maio de 1960, Ikeda foi nomeado seu terceiro presidente. Sob sua liderança, a organização progrediu, chegando a alcançar aproximadamente treze milhões de membros no Japão, tornando-se a maior organização de seu gênero nesse país. Para apoiar os esforços da Soka Gakkai, baseados na filosofia budista de Nitiren Daishonin e com o intuito de promover a Paz, a Cultura e a Educação, Ikeda fundou, através dos anos, instituições educacionais e culturais, incluindo o Sistema Escolar Soka que abrange da Pré-Escola a Universidade, a Associação de Concertos Min-On e o Museu de Arte Fuji de Tóquio.

VISÃO BUDISTA SOBRE A VIDA E A MORTE

Pres. Ikeda:
 
- Nascemos porque temos uma missão.
Todos têm uma missão. É por essa razão que nascemos. É por isso que, independentemente do que aconteça, devemos prosseguir na vida superando tudo. A palavra japonesa que designa missão significa “usoda própria vida”. Para qual objetivo usamos nossa vida? Qual o objetivo de termos nascido neste mundo, enviados pelo universo?
Por que fomos enviados para cá?
O budismo considera o universo como uma gigantesca entidade. Se o compararmos ao vasto oceano, cada vida é como uma onda nesse oceano. A vida é quando as ondas se levantam na superfície do oceano, e quando ela volta é a morte. A vida e a morte são unas com o universo. No nascimento de uma única vida, há a aprovação e cooperação do universo inteiro.
Todas as vidas são igualmente preciosas. Não podemos aplicar uma hierarquia ao valor da vida, tornando uma mais valiosa que outra. Cada vida é única. A vida de cada pessoa é tão valiosa quanto o universo, é una com a vida do universo e tem a mesma importância. Nitiren Daishonin declara: “A vida é o maior de todos os tesouros.” (The Writings of Nichiren Daishonin, pág. 1125.) E diz ainda: “O Buda diz que a vida é algo que não pode ser comprado nem pelo preço de todo um sistema maior de mundos.” (Ibidem, pág. 983.) E “Um dia de vida é mais valioso que todos os tesouros do sistema maior de mundos.” (Ibidem, pág. 955.)
É por essa razão que não devemos tirar nossa própria vida. É por isso que não devemos recorrer à violência, que não devemos ferir nem agredir os outros. Ninguém tem o direito de prejudicar o precioso tesouro que é a vida. 

Yumitani: 
       - Um estudante escreveu que quando foi vítima de agressões questionava por que havia nascido neste mundo doloroso, e por quê, acima de tudo, havia nascido.
Pres. Ikeda: “Por que nascemos?” — a juventude é a época de buscar a resposta dessa questão. A juventude é nosso “segundo nascimento”. O primeiro nascimento é o físico, mas é durante a juventude que realmente nascemos como pessoa. Por isso é um período tão difícil na vida e temos de sofrer tanto. É uma luta, tal como a do passarinho tentando romper a casca do ovo.
A questão crucial é jamais desistir. Enquanto lutam para encontrar seu caminho, por favor, orem, reflitam, estudem, conversem com seus amigos e dêem o máximo para o que é mais importante agora. Se desafiarem a si próprios sem se darem por vencidos, sua missão — aquela que somente vocês podem cumprir — será revelada sem falha. 

Ueda: 
Sim. Se o passarinho desistir no meio do caminho, nunca conseguirá sair do ovo. 

Os verdadeiros vitoriosos são os que perseveram até o fim 

Pres. Ikeda: 

       - Espero que não se deixem derrotar por seus problemas e batalhas. As pessoas derrotadas pelos problemas não passam por um renovado crescimento ou “renascimento” como seres humanos e acabam vivendo apenas por instinto, como animais. E isso é uma morte espiritual.
Todos vocês conhecem Mikhail Gorbachev, ex-presidente da União Soviética e também meu amigo. Gorbachev é o responsável pelo fim da Guerra Fria. Ele é um verdadeiro herói que teve o bom senso de dizer: “Essa tolice não pode continuar!” Querendo encontrar uma forma de levar a felicidade a toda a humanidade, ele deu um passo decisivo para a mudança.
Como o líder supremo da União Soviética, ele era praticamente o todo-poderoso de sua terra natal. Ele poderia muito bem ter permanecido confortavelmente na fortaleza do poder. Mas escolheu um caminho diferente — um caminho perigoso e arriscado. Ele sofreu atentados, foi traído e perseguido. Mas, em meio a tudo isso, recusou-se a abandonar seu sonho de uma sociedade em que as pessoas estivessem em primeiro lugar.
Quando Gorbachev e sua falecida esposa Raisa visitaram o Colégio Soka de Kansai [em 20 de novembro de 1997], ela proferiu um discurso aos alunos. “Vocês passarão por todo tipo de sofrimento na vida”, disse Raisa. “Nem todos eles serão curados. Vocês tampouco conseguirão realizar todos os seus sonhos. Mas há algo que vocês podem alcançar. Há um sonho que podem tornar realidade.
“Portanto, a pessoa que triunfa no final é aquela que se levanta após cada queda e avança. A capacidade de continuar a lutar é uma questão de determinação. A morte não vem para a pessoa que está cansada, mas sim para aquela que parou de avançar.
“Vocês podem pensar que hoje ainda são jovens mas, antes que percebam, já terão alcançado a maturidade. Assim é a vida. Logo terão de assumir a responsabilidade por sua família, pela nação e por todo o planeta.
“Que seus sonhos se tornem realidade! Espero que ocorram coisas maravilhosas em sua vida! Que sejam todos felizes!”

Não desperdicem nem um único momento da vida 

Pres. Ikeda: 
       - São indescritíveis os sofrimentos e dificuldades pelos quais o casal Gorbachev passou. “Mas nós sobrevivemos”, disse o casal. “Nós vivemos e lutamos.” Todos vocês estão vivendo agora. Como isso é incrível! Espero que não desperdicem esse maravilhoso tesouro.
Por falar na Rússia, contei anteriormente como o grande escritor russo Fiodor Dostoievski (1821–1881) escapou por pouco de ser executado por um pelotão de fuzilamento. Enquanto aguardava sua vez de ser chamado pelos executores, começou a pensar em como passaria seus últimos momentos. Ele sabia que dentro de cinco minutos seria preso a um poste e executado, e assim desapareceria deste mundo. Não queria desperdiçar esses cinco preciosos minutos, pois eram seu último tesouro. Precisava utilizá-los cuidadosamente. Ele dividiu o tempo restante em três partes. Usaria os primeiros dois minutos para despedir-se de seus amigos e entes queridos. Os dois minutos seguintes seriam dedicados a uma última reflexão sobre si próprio. E o último minuto usaria para dar uma última olhada ao seu redor.
Ao mesmo tempo, decidiu que, se por alguma razão fosse poupado, transformaria cada minuto em uma era e jamais desperdiçaria um segundo sequer. 

Aproveitem a vida ao máximo 

Pres. Ikeda: 
Pensando nisso, mesmo sabendo que não vamos morrer nos próximos cinco minutos, todos nós, sem exceção, morreremos um dia. Podemos contar cem por cento com isso. Não existe nada mais certo.
Victor Hugo disse certa vez: “Todos nós temos uma sentença de morte, mas com um tipo de adiamento indefinido.”2 O ideal é vivermos cada minuto da vida de forma útil, como se fosse uma era. As pessoas que não têm um objetivo na vida chegam ao final dela com um sentimento de vazio, mas aquelas que vivem com plenitude e empenham-se corretamente até o fim terão uma morte tranqüila.
Leonardo da Vinci também disse: “Assim como um dia bem aproveitado faz com que tenhamos um sono feliz, uma vida bem vivida leva a uma morte feliz.”³ As pessoas conscientes do fato de que a morte pode chegar a qualquer momento vivem cada dia ao máximo. Em uma corrida, também é a linha de chegada que nos faz correr com toda nossa força.
Ueda: Enfrentar a realidade da morte dá sentido à vida.
Yumitani: Acho que se não morrêssemos nossa vida ficaria vazia e sem objetivo, assim como não estudamos a menos que saibamos que haverá um exame!
Pres. Ikeda: É verdade. Uma vida sem morte poderia ser uma ótima idéia, mas também significaria que adiaríamos as coisas, pensando que, mesmo que não nos preocupássemos no momento, poderíamos dar conta de tudo dentro de dez ou vinte anos. De fato, provavelmente nunca faríamos nada. Todos nós nos tornaríamos totalmente decadentes e preguiçosos.
Yumitani: Imagino que seja isso o que acontece com as pessoas que passam a vida à toa, sem nunca considerar com seriedade a realidade da morte. 

Pres. Ikeda: 
Diante da morte, aspectos como riqueza, posição social, honras e qualificações acadêmicas não têm nenhum significado. Nesse momento, tudo se decide de acordo com sua própria vida, destituída de todos os ornamentos externos. Vocês se sentem realizados? Ou sua vida é vazia, fraca e sem energia? É por essa razão que necessitamos da fé para forjar nossa vida e desenvolvê-la.
Ueda: Nunca sabemos quando a morte virá. Portanto, não podemos nos permitir desperdiçar um momento sequer.
Pres. Ikeda: 
Não, não podemos. Eu adotei um lema diário: “O dia de hoje equivale a uma semana!” Ainda não vivi cem anos, mas tenho me empenhado para criar várias centenas de anos de valor.

Sem arrependimentos 

Yumitani:
Se vivermos cada dia com seriedade e plenitude, não teremos nenhum arrependimento.
Pres. Ikeda: Trata-se de ter senso de missão. Não existe nada mais forte. José Rizal, o herói da independência filipina, deu a vida por essa missão. Ele foi executado por um pelotão de fuzilamento, mas em sua última carta escreveu: “Não me arrependo do que fiz, e se tivesse de começar novamente, faria o mesmo, porque esse era meu dever."
Ueda: Seria maravilhoso se todos nós pudéssemos chegar ao fim da vida sentindo que, se pudéssemos viver novamente, seguiríamos pelo mesmo caminho. 

Pres. Ikeda:
Para viver dessa forma, é necessário uma firme concepção da vida e da morte. O que acontece quando morremos? O que acontece com nossa vida? Na próxima vez, vamos analisar as respostas que o budismo dá para essas questões.
Yumitani: Num certo momento da vida, todos se perguntam por que nasceram, por que morrerão e o que acontecerá após a morte. 

Jovens filósofos, ponderem sobre a questão da vida e da morte! 

Pres. Ikeda: 
Por essa razão é tão importante que vocês sejam jovens filósofos e que ponderem profundamente sobre essa questão da vida e da morte enquanto estão na juventude.
Se as pessoas se deixarem levar pela crença de que não existe vida após a morte, sucumbirão facilmente à visão de que podem fazer o que quiserem e então, quando encontrarem alguma dificuldade, simplesmente poderão dar um fim a sua vida e acabar com tudo.
Yumitani: Sim, hipoteticamente isso é possível. 

Ueda: 
Concordo. Voltando ao exemplo do colegial, tenho certeza de que se nada houvesse após a formatura, muitos estudantes achariam desnecessário estudar tanto.
Yumitani: Bem, as pessoas que crêem que não existe nada após a morte poderiam ainda empenhar algum esforço para viverem de forma agradável, mas provavelmente não se esforçariam tanto para tentar se aperfeiçoar ou para servir aos outros.
Pres. Ikeda: É claro que ninguém que acredite que a morte é o fim vive de forma irresponsável e em absoluto abandono.
Não somente existem restrições sociais contra isso como também, bem lá no fundo do coração, os seres humanos sabem intuitivamente que a vida é eterna e que há uma maneira correta de vivê-la.
Yumitani: Há também algumas pessoas que dizem que exatamente pelo fato de esta ser nossa única existência — como não há vida após a morte — temos de fazer o melhor no presente. Mas nem todos pensam dessa forma. 

Pres. Ikeda:
  Está se tornando predominante no mundo de hoje a visão materialista de que não há vida após a morte. Creio que seja essa a razão de a ética e a moralidade terem se degenerado em mera ambição. No grande romance Os Irmãos Karamazov, de Dostoievski, a personagem Ivan faz o seguinte comentário: “Supondo que não houvesse nenhum Deus, o que seria então considerado como crime? Todas as coisas seriam lícitas?” Se substituíssemos a palavra “Deus” por “vida após a morte”, poderíamos aplicar a mesma questão. Teríamos um mundo onde poderíamos fazer o que quiséssemos até que alguém nos impedisse. 

Yumitani: 
De fato, parece que é essa a maneira como o mundo está sendo conduzido. 

Pessoas que buscam pelo significado da vida


Ueda: 
Algumas pessoas fazem a seguinte questão: “A morte é realmente o fim? Caso assim seja, isso significa então que tudo na vida é vazio e sem significado?” 

Pres. Ikeda:
Somos seres que buscam um significado na vida. Enquanto tivermos um sentido para viver, poderemos suportar qualquer sofrimento. Mas, sem um propósito na vida, podemos ter tudo que quisermos e ainda assim sentirmo-nos completamente vazios, como se nosso espírito perecesse.
Assim como têm de adotar uma perspectiva mais ampla de todo seu período no colegial e dar um significado ao primeiro ano letivo, têm de adotar também uma visão mais ampla para enxergar o propósito de sua vida, ou seja, visualizar esta existência e o que acontece após a morte. Sem isso, não conseguirão valorizar a própria vida. Por essa razão é tão importante a compreensão da vida e da morte.


SÃO JOÃO ANTIGO - Marcos Barreto de Melo



Já faz algum tempo, estamos sendo bombardeados por uma infinidade de músicas, se é que podemos assim chamá-las, que a cada ano surgem neste período que antecede as festividades juninas. Na sua quase totalidade, são músicas apelativas, com letras insinuantes e de duplo sentido, totalmente descompromissadas com o verdadeiro espírito da festa de São João. São músicas que em nada retratam os costumes ou a cultura do nosso povo, mas tão somente visam à lucratividade. Ao que me parece, um objetivo já alcançado, haja vista o crescente número de cantores e adeptos deste gênero. Por serem músicas passageiras, de breve duração, podemos até classificá-las como mais um artigo de consumo para uma determinada faixa da população. Como não apresentam qualquer sustentação poética, estas músicas não conseguem resistir à ação demolidora do tempo, residindo neste fato a grande diferença entre estas e aquelas músicas mais antigas.
Dificilmente encontramos hoje músicas que cantem o São João na sua forma mais autêntica, como ainda é festejado no interior. O São João de quadrilhas e brincadeiras ao redor da fogueira, com balões e foguetões, onde as pessoas fazem pedidos a São João e se divertem com as adivinhações. O São João de fartura, com milho verde, canjica, pé-de-moleque, licor e aluá.
As marchinhas, os forrós baiões com motivação junina são hoje raríssimas exceções. Os atuais cantores da música nordestina parecem desinteressados na preservação deste estilo ou encontram-se já corrompidos pela lucratividade que o pornoforró lhes proporciona. Naturalmente que há exceções ao que foi exposto acima como exemplos, podemos citar os sanfoneiros Dominguinhos e Luiz Gonzaga, dois pernambucanos de fibra e que sempre souberam se manter fiéis ao compromisso de cantar os valores e a cultura da terra nordestina.
Diante deste quadro, nos parece muito confortante o fato de ainda podermos ouvir músicas que são verdadeiros clássicos da música junina. São obras que não envelheceram, não obstante tenham sido gravadas há quase 40 anos, e que ainda continuam trazendo alegrias e recordações até mesmo para o público mais jovem. Se não ouvimos com mais freqüência estas músicas, é porque os esquemas de divulgação não permitem. Quem não conhece, por exemplo, São João na Roça (A fogueira tá queimando/em homenagem a São João/ O forro já começô ô...), marchinha junina composta por Luiz Gonzaga em parceria com o poeta pernambucano Zé Dantas, em 1952, e cantada até os dias de hoje; Noites Brasileiras (Ai que saudade que eu sinto/das noites de São João/das noites tão brasileiras, das fogueiras/sob o luar do sertão...), também de autoria de Zé Dantas e Luiz Gonzaga, gravada pela primeira vez em 1954; São João antigo (Era festa de alegria/São João/ tinha tanta poesia/São João/tinha mais animação...), outra marcha junina composta por Zé Dantas e Luiz Gonzaga no ano de 1957; São João no Arraiá (Ô Iaiá vem vê/Ô Iaiá vem cá/vem vê coisa bonita/São João no arraiá ..), composição de Zé Dantas gravada por Luiz Gonzaga em 1960; Olha pro Céu (Olha pro céu meu amor/vê como ele está lindo/ olha pra aquele balão multicor...), de José Fernandes e Luiz Gonzaga, gravada em 1951.
Estes são apenas alguns exemplos de músicas juninas que se transformaram em imortais sucessos e que, indiferentes à ação do tempo, continuam vivas ainda hoje. Com isso, vemos que a música que tem base poética, de único sentido e voltada para os valores da terra, não tem vida limitada. Para ela, sempre haverá espaço.
Observamos hoje, com tristeza, que a descaracterização do São João não está apenas na música, mas, também, na maneira como vem sendo comemorado. O que se vê hoje nas grandes cidades não passa de uma grosseira imitação.
É necessário que haja uma conscientização ainda maior no sentido de preservar esta que é uma das nossas mais tradicionais festas populares. Por tudo isso é que procuro refúgio no intetior, seguindo o conselho de Zé Dantas e Luiz Gonzaga.em São João Antigo, para ter a certeza de que não mudei, nem tão pouco o São João. Quem mudou foi a cidade.


SÃO JOÃO ANTIGO – (Zé Dantas e Luiz Gonzaga) - 1957

Era festa da alegria
São João
tinha tanta poesia
São João
tinha mais animação
mais amor, mais emoção
eu não sei se eu mudei
ou mudou o São João

Vou passar o mês de junho
nas ribeiras do sertão
onde dizem que a fogueira
ainda aquece o coração
pra dizer com alegria
mas, morrendo de saudade
não mudei, nem São João
quem mudou foi a cidade


SÃO JOÃO NO ARRAIÁ – (Zé Dantas) - 1960

Ô Iaiá vem vê
ô Iaiá vem cá
vem vê coisa bonita
São João no arraiá

Vem vê quanta fogueira
no terreiro embandeirado.
foguetes e balões
sob o céu todo estrelado
namoro à moda antiga
com suspiros ao luar
vem vê coisa bonita
São João no arraiá

Cachaça em Pernambuco
renda só no Ceará
café só em São Paulo
açaí só no Pará
no clube o ano novo
bom na rua é carnavá
natá só presta em casa
São João no arraiá.


SÃO JOÃO NA ROÇA - (Zé Dantas e Luiz Gonzaga) - 1952

A fogueira tá queimando
em homenagem a São João
o forró já começô ô
vamo gente
rapá pé nesse salão
dança Joaquim com Zabé
Luiz com Yayá
dança Janjão com Raqué
e eu com Sinhá
traz a cachaça Mané
eu quero vê
quero vê paia avuá.


OLHA PRO CÉU – (José Fernandes e Luiz Gonzaga) - 1951

Olha pro céu, meu amor
vê como ele está lindo
olha pra aquele balão multicor
como no céu vai sumindo
foi numa noite, igual a esta
que tu me deste o coração
o céu estava, assim em festa
porque era noite de São João
havia balão no ar
xote, baião no salão
e no terreiro o teu olhar
que incendiou meu coração.

SENHOR SÃO JOÃO- Ascenso Ferreira



Em frente à fogueira,
Zuza, espaduado,
benzeu-se sereno
e fez oração:

- Chô – Cão!
- Chô – Cão!

Depois levantou
a vista pro céu
pra ver se o espiava
Senhor São João!

E meteu os pés nuzinhos nas brasas de fogo quente!

-Danou-se, só quem tem os pés de sola!
Porém Zuza, vadiando, andou pra lá e pra cá!
Cachetando, se agachou, pondo fogo no cachimbo!
Depois, puxando a pistola, atirou fixe no chão!

- Viva Senhor São João!
- Vivôôô!

A Rua da Vala - por Socorro Moreira


Rua da minha meninice
Dos namoros na calçada
Debaixo dos braços
Um livro sem capa
Uma carta de amor
Um beijo roubado
Um vizinho que canta
Um menino que toca
Uma moça feia
Umas pernas tortas
Um cabelo comprido
outro usando bobies.

Serenatas , tertúlias
Calças de veludo
Cotelê, laquê,
Perfume da Mirurgya
Magnólias brancas,
organdi azul.
Acabou , chorou...
Se formou , casou ?

E a vida segue
e a rua muda
casas se desmancham
pessoas se encurvam...
O luar sozinho ,
vive nesse luto

Cadê a festa de tantos anos ?
Cadê nossos pais
e suas censuras ?
Cadê nossos sonhos
tão desajeitados?
Cadê aquele tempo ,
que eu não vi sumir...?

Ainda espero um rosto
que eu nunca vi...
- O meu
No espelho da sala,
Cantava " a primeira lágrima "
sem saber sofrer.


A Serenata- por Adélia Prado


Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entritecidos
a pele assaltada de indecisão.
quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida!
Como a fecharei, se não for santa?



Para Ulisses Germano


Quem já ouviu falar em AFONSO AIRES ?

Afonso  Aires, o violinista da pioneira. Década de 1940-49.

 1952 - setembro - 01 - Morre em Fortaleza, em sua residência, o violonista Afonso Aires, vítima de colapso cardíaco.
Afonso Aires atuou por muitos anos no Ceará Rádio Clube - PRE-9, sendo o chefe do conjunto regional daquela emissora.
Nascera a 25/03/1907 em Juazeiro do Norte.

Filho de Aristides Ferreira de Meneses, irmão da minha  avó paterna. Queria muito saber algo mais a seu respeito...

Rádio Azul na madrugada...


Por José do Vale Feitosa


O mundo é o mundo porque é cheio de eventos. São tantos que não se imagina que possa existir um evento único. Todo evento é múltiplo no acontecer, mas não é assim que nós, estes seres de presença e sentimentos, imaginamos.

Por funcionarmos como testemunhas, sempre estaremos ausentes a muitos dos eventos. Por isso poetamos ora como o sublime único e por outras na solidão de nós mesmos. Este texto lembra dois personagens que amarguraram a solidão de sublime singularidade.

Leiam estes versos: a estrada solitária, branca como o sal / um grão para crescer, os campos por arar / guardar cada dia / se chove ou se é sol / para saber se amanhã / se vive ou se morre / e um belo dia dizer basta e ir adiante / tchau amor, tchau / tchau amor, tchau.

E poeta andou distante e chegou às cercanias de outro mundo. Andou sonhando, por mil estradas, por vezes gris como o fumo e noutro um mundo de luzes. Da altura de San Remo, mergulhar profundo na decepção de não haver sido o vitorioso da noite. E intensamente decepcionado, ir muito além nesta viagem sem fim, solitária e sem volta.

Uma carta e será que Edu Lobo prestou atenção ao recado que Torquato Neto queria dar. Prá Dizer Adeus. Para um lugar do qual não voltaria e para o qual iria sozinho. Ainda não gostaria de pensar que não voltaria mais deste caminho que já era dele.

E dizia isso por que ainda queria a presença dela mesmo que fosse só para prá dizer adeus. E assim o poeta cessou de fustigar os eventos.

Os poetas, sabemos, como tantos outros, por vezes sentem a síndrome do sublime e do solitário. Imaginam-se uma balança que pesa o conteúdo do mundo. E como o peso é tanto, desistem por alguns grãos. Grãos sublimes e solitários. Mas grãos, entre tantos, sem a necessidade de ponderar.

E ambas as canções aconteceram em anos próximos entre 1966 e 1967.

José do Vale Feitosa

CRITICA DE ARIANO SUASSUNA SOBRE O FORRÓ ATUAL- Colaboração de Altina Siebra



"Tem rapariga aí? Se tem levante a mão!". A maioria, de moças, levanta a mão.

Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.

O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhado uma música da Banda Calipso, que ele achava (deve continuar achando, claro) de mau gosto.
Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de 'forró', e Ariano exclamou: 'Eita que é pior do que eu pensava'. Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou.

Para uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.

Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.

Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.

Realmente, alguma coisa está muito errada com esse nosso país, quando se levanta a mão pra se vangloriar que é rapariga, cachorra, raparigueiro, cachaceiro, que gosta de puteiro, aonde vamos parar? como podemos querer pessoas sérias, competentes? e não pensem que uma coisa não tem a ver com a outra não, porque tem e muito! E como as mulheres querem respeito como havia antigamente? Se hoje elas pedem 'ferro', 'quero logo 3', 'lapada na rachada'? Os homens vão e atendem. Vamos passar essa mensagem adiante, as pessoas não podem continuar gritando e vibrando por serem putas e raparigueiros não. Reflitam bem sobre isso, eu sei que gosto é gosto... Mas, pensem direitinho se querem continuar gostando desse tipo de 'forró' ou qualquer outro tipo de ruído, ou se querem ser alguém de respeito na vida!

Ariano Suassuna

O POEMA





O Poema

O poema cresce das palavras
desde as raízes,
ou as sementes, jorra
sangue
e água,
inunda o mundo,
as rosas
e as covas
dos jardins do homem derrotado.

Tem tanto sangue um poema
quanto
um animal
ferido,
agonizante, é feroz
quanto
mais voltado
para si mesmo.

O sol explode nos laranjais,
nos girassóis,
nas estradas
esburacadas.
O poema é um corpo no ato do amor,
é todo interior,
em silêncio
e expectativa, o bote
armado
para o êxtase.

O poema domina o mundo com a sua ausência
e permanência
absoluta.

O poema é eterno,
as casas soçobram iluminadas pelas chamas
do poema.
As sombras enlaçam a mesa familiar,
dialogam
com as coisas
de uma a outra lâmpada.
As coisas ordenam-se com a força circular,
com a amplitude máxima,
com a harmonia do cosmo
no bojo do poema.

O mistério persiste
porque é a condição do seu ser perplexo
a ostra
e sua pérola mínima,
negra,
com toda sua carga de dor e maravilha.



Meu encontro com Hermeto Pascoal - por Ulisses Germano

            Meu primeiro encontro com o Hermeto Pascoal foi em 1990 em Fortaleza-CE., num workshop que ele ministrou no Instituto Dragão do Mar. Fiquei maravilhado quando ele disse que todo mundo "fala cantandado". E ele provou na hora musicalizando a voz de uma menina da plateia que o aconselhava a não comer carne.  Várias Universidades e Escolas de Música do mundo inteiro estudam o que o Hermeto passou a chamar de A AURA DO SOM. Depois tocou Asa Branca, quer dizer, tocou uma outra Asa Branca com acorde inimagináveis! Lembro-me que o sanfoneiro Waldonis estava presente. Fiquei na fila esperando que ele autografar um pífano que ainda hoje tenho. Ele autografou com a genteliza que é comum a todos os gênios. Em seguida, um conhecido que estava ao lado comentou: "- Daqui  a um tempo esse pife vai valer uma grana!" Num impulso e olhando para o Hermto eu disse: "Vou quebrar essa merda agora mesmo!" Hermeto sorrindo confirmou: "É isso aí Campeão!" Hermeto tem o costume de chamar todo mundo de Campeão. Ainda hoje tenho esse pífano guardado e para minha alegria o autografo do Hermeto Pascoal não existe mais, foi desbotado pelo ação do suor da mão. Dessa história eu escrevi A FÁBULA DO PÍFANO. Afirmo, sem exagero, que a música livre de Hermeto Pascoal, sua obra e filosofia de vida, sua pedagogia músical,formam uma ferramenta capaz de fazer a ponte com as intenções perdidas do maestro Villa Lobos, quando na década de 30 fez a Escola Pública brasileira sofejar e cantar. Caetano Veloso, o nosso Hermeto da canção,  canta na música PODRES PODERES:

Será que apenas
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais...