por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 6 de outubro de 2011

João de Sapuril e o horizonte - José do Vale Pinheiro Feitosa

João do Sapuril passou o braço diante de mim e fechou a poderosa mão como a segurar o ar. E sua mão estava cheia dele. Antes e depois da apreensão.




Eram sete homens na cabine do barco. Sete homens acostumados na lâmina sobre as profundas águas do mar. Eram sete homens e um só destino.

E nem tempo de respirar e o barco deu um galeio. Sentimos a pancada da água na porta da cabine. E estava tudo no fundo mar. Seis metros abaixo da superfície.

O mundo de ponta cabeça cruza as referências como um sacrifício. Onde é o quê, não se sabe mais. A morte tem o peso das águas e o que resta são alguns litros de oxigênio nos pulmões.
Tudo é igual: sem saída. Paredes de madeira, leme do barco, teto onde era piso. No último adeus uma luz e achei que era porta e fui. Saí por ela.

Foi um passo diminuto no que restava. Seis metros de água a subir na escuridão do mar e da noite. Seis metros a consumir os decilitros que restavam nos pulmões. Braçadas de desespero sem nunca chegar ao limite da vida ou da morte.

Quando o fluxo do ar de milhas distante da costa entrou nos pulmões, João do Sapuril estava no terceiro estágio das dúvidas entre a iminente morte e a esperança sem elementos constitutivos.
Ele e dois sobreviventes entre sete que afundaram juntos. Noite estrelada, um casco de barco a subir e descer violentamente nas ondas agitadas. A distância era obrigatória: o casco estava cheio de mariscos cortantes a anunciar sangria.

E agora mestre João? Vamos esperar perto do barco. Alguém há de nos achar por aqui. Não vamos nos afastar. O barco seria o norte da janela de achados e perdidos.

O mais novo, aquele que primeiro saiu para o ar, o que tinha mais força física, sucumbiu à escrita da morte anunciada. Ainda quis se agarrar a um dos companheiros, mas este pediu que se separassem para que ambos sobrevivessem. Ele não acreditou e afundou sozinho.

Acontecera o acidente às 7 horas e às 22 horas desistiram de ficar junto ao barco e saíram de braçadas no rumo da risca da terra. Um mais adiantado e outro mais atrasado com o peso da cruz do sentimento de entregar-se à realidade da morte.

João de Sapuril foi de braçadas para a vida. Perdeu-se do companheiro lá pelas tantas da madrugada. O náufrago enquanto os braços iam e vinham, dividia o ar de respirar com a voz de cantor e cantava Nelson Gonçalves por que te queixas és feliz. E nada sou perto de ti que tanto és.





Passou o dia todo nadando e no final da tarde, arrastado por um paquete, chegou à areia da praia. Longe de Paracuru: na Lagoinha. Achava que da praia mesmo iria andando até em casa.

Quando pisou no chão, a gravidade veio como um açoite e o derrubou na areia. As pernas sem resposta. A vida sem querer viver. A morte em vida. O pânico como o lento cozimento de outras desgraças.

E foram anos de tratamento. De não mais ir ao mar. E quando se perguntou o que pensava da morte ele respondeu: depois daquilo eu já sei como ela é. Não tenho medo, ela é apenas um instante e mais nada pesa na nossa coragem ou covardia.

Um filme inesquecível!




Tempos atrás( anos 60), o Crato chegou a possuir mais de 6 cinemas.
No Cassino, assisti "Come Prima". Apaixonei-me por Mário Lanza. Vi o filme várias vezes, e ainda hoje sinto saudades...

Mario Lanza



Mario Lanza (Filadélfia, 31 de janeiro de 1921 — Roma, 7 de outubro de 1959) foi um tenor norte-americano de ascendência italiana.


Fez grande sucesso na década de 1940 e 50, principalmente por suas participações no cinema. Interpretou Enrico Caruso no cinema e fez apenas sete filmes, mas ganhou notoriedade mundial.

Foi considerado o mais famoso tenor dos EUA, mas durante toda a carreira enfrentou problemas com o excesso de peso, o consumo de álcool e de barbitúricos. Influenciou vários cantores, tanto clássicos como populares, e o próprio Elvis Presley declarou em uma entrevista na década de 1970 que foi um dos seus maiores fãs.
wikipédia

Na Rádio Azul


Uma música de Godofredo Guedes


Ah, se eu estivesse em Belo Horizonte!


Um convite de Toninho Horta!

Pablo Neruda-





Oda al amor



Amor, hagamos cuentas.
A mi edad
no es posible
engañar o engañarnos.
Fui ladrón de caminos,
tal vez,
no me arrepiento.
Un minuto profundo,
una magnolia rota
por mis dientes
y la luz de la luna
celestina.
Muy bien, pero, el balance?
La soledad mantuvo
su red entretejida
de fríos jazmineros
y entonces
la que llegó a mis brazos
fue la reina rosada
de las islas.
Amor,
con una gota,
aunque caiga
durante toda y toda
la nocturna
primavera
no se forma el océano
y me quedé desnudo,
solitario, esperando.

Pero, he aquí que aquella
que pasó por mis brazos
como una ola
aquella
que sólo fue un sabor
de fruta vespertina,
de pronto
parpadeó como estrella,
ardió como paloma
y la encontré en mi piel
desenlazándose
como la cabellera de una hoguera.
Amor, desde aquel día
todo fue más sencillo.
Obedecí las órdenes
que mi olvidado corazón me daba
y apreté su cintura
y reclamé su boca
con todo el poderío
de mis besos,
como un rey que arrebata
con un ejército desesperado
una pequeña torre donde crece
la azucena salvaje de su infancia.
Por eso, Amor, yo creo
que enmarañado y duro
puede ser tu camino,
pero que vuelves
de tu cacería
y cuando enciendes
otra vez el fuego,
como el pan en la mesa,
así, con sencillez,
debe estar lo que amamos.
Amor, eso me diste.
Cuando por vez primera
ella llegó a mis brazos
pasó como las aguas
en una despeñada primavera.
Hoy
la recojo.
Son angostas mis manos pequeñas
las cuencas de mis ojos
para que ellas reciban
su tesoro,
la cascada
de interminable luz, el hilo de oro,
el pan de su fragancia
que son sencillamente, Amor, mi vida

O Samba do Galego Doido


O Brasil tem um código de regras próprio que se foi solidificando com o passar dos anos e que, hoje, é praticamente impossível revogar. O costume do cachimbo terminou por entortar a boca do país. É como se, em pleno Século XXI , ainda folheássemos o Código de Hamurabi para solucionar as querelas do dia a dia. Basta observar os nossos políticos, todos afeitos a obras de fachada, onde possam dependurar o nome em alguma placa comemorativa e, com certeza, levar de quebra alguma comiçãozinha -- que ninguém é de ferro! Todos fogem de obras de saneamento, como o satanás da água benta. Que importância tem uma coisa enterrada, invisível aos olhos comuns da população? Que relevância tem isso, mesmo com todo benefício que traria à saúde da população, se não tem onde sapecar o nome e dar visibilidade ao trabalho realizado? Vade retro Belzebu ! Vamos asfaltar as ruas, mesmo com que o excrementos fluam, livremente, ladeira abaixo! Vamos reconstruir o Canal do Rio Grangeiro , sem qualquer interferência sanitária, para que corte toda a Cidade—residências, Escolas, Mercado Público--- como uma chaga aberta, exalando o mesmo cheiro que rescende da consciência da nossa classe política !

Estas disparidades são visíveis nas três esferas de Governo. Agora mesmo o Congresso Nacional se vê na premente necessidade de votar a Emenda 29 da Saúde que já bola pelo Planalto , de gaveta em gaveta, há mais de 20 anos. Esta Emenda é simplesmente imprescindível para minorar o terrível caos que é a Saúde brasileira. Ela determina com quanto deve arcar o Governo Federal, os Estados e Municípios com o financiamento do SUS. Criado há mais de duas décadas, com a brilhante perspectiva de dar uma Saúde Universal e Integral a todos os brasileiros, o SUS nunca pode se firmar por conta de sub-financiamento e vive assoberbado de denúncias contínuas em todos os meios de comunicação. Hoje, gastamos menos de R$ 2,00 por habitante / dia para proporcionar à população o que está garantido na Carta Magna. Já pensaram numa loucura dessas? Na hora de resolver o problema, no entanto, cadê o Congresso? Cadê a agilidade que se vê na hora de votar os próprios aumentos de salário ou as emendas de orçamento? Ou tiramos o SUS da inanição ou acabamos, definitivamente, com essa obra de ficção que é a Saúde Pública Brasileira.

Stanislaw Ponte Preta, nos anos 60, criou o “Samba do Crioulo Doido”. Pois bem, no Ceará, atualmente, entoamos o “Samba do Galego Doido”. Basta observar o atual governo para perceber que é pródigo em obras: Estádios construídos para a Copa, Hospitais Regionais, Escola Profissionalizante, Centro de Convenções, CEASA de Barbalha, Centro de Exposições de Sobral e projeto de mudança para o do Crato, apenas para citar alguns. Aparentemente o estado está nadando em dinheiro, acompanhando o boom no ritmo de crescimento brasileiro dos últimos anos. Pois bem, amigos, os professores estaduais estão em greve há mais de sessenta dias, em luta por salários minimamente dignos e até agora o que conseguiram foi serem massacrados pela polícia militar dentro da casa deles próprios : A Assembléia Legislativa. Mas a loucura não pára aí. Os professores estão na rua reivindicando o Piso Salarial que já foi determinado legalmente pelo Supremo Tribunal Federal. O governo do Ceará se nega a pagar. Isso não configura crime de responsabilidade ? Parece que não, meus amigos, porque, pasmem vocês, a Greve foi considerada pela justiça estadual, como ilegal. O juiz determinou multa diária aos que não retornarem ao trabalho e o governador ameaça abrir processo administrativo e demitir os grevistas que já foram esmurrados e esbofeteados dentro da própria casa. Mesmo que sujigados e escoriados sejam obrigados a retornar, que educação teremos? Os mais capacitados mudarão rapidamente de profissão : concursos pululam por todo lado, país afora. Os que precisarem permanecer terão que motivação? Como esperaremos melhorar os terríveis níveis educacionais do estado, tratando professores , como nem marginais podem ser tratados ? O pior é que atingimos um estágio de desenvolvimento no país, nos últimos dez anos, que só poderemos saltar, através do estilingue da educação. O estado sobrevive sem governador, sem deputado, sem prefeito e sem vereador; país nenhum do planeta , no entanto, jamais será nação, sem uma educação de qualidade.

Num dos seus reiterados destemperos, o governador soltou uma frase antológica: “ Professor tem que trabalhar é por amor e não por salário”. Pois já trabalham sim, por amor ! Não fosse isso não estariam alguns enfurnados trezentas horas por mês, em escolas, ganhando um salário que mal lhes cobre a sobrevivência. O problema está justamente do outro lado, do lado dos nossos políticos que , na sua maioria, não conhece essa palavrinha e trabalha sempre por verbas obscuras, por propinas, por comissõezinhas escusas, por falsas promessas. A grande diferença é que os professores , se assim o quiserem e suportarem, serão mestres por toda a vida. Já os políticos não! Precisam sempre de um filtro chamado eleição e quem controla a malha do filtro é a educação que é proporcionada justamente por aqueles que hoje estão sendo maltratados e espancados no meio da rua.

J. Flávio Vieira

Premio Nobel de Literatura para o poeta sueco Tomas Transtromer




***

PÁSSAROS MATINAIS (1966)

Desperto o automóvel
que tem o pára-brisas coberto de pólen.
Coloco os óculos de sol.
O canto dos pássaros escurece.

Enquanto isso outro homem compra um diário
na estação de comboio
junto a um grande vagão de carga
completamente vermelho de ferrugem
que cintila ao sol.

Não há vazios por aqui.

Cruza o calor da primavera um corredor frio
por onde alguém entra depressa
e conta como foi caluniado
até na Direcção.

Por uma parte de trás da paisagem
chega a gralha
negra e branca. Pássaro agoirento.
E o melro que se move em todas as direcções
até que tudo seja um desenho a carvão,
salvo a roupa branca na corda de estender:
um coro da Palestina:

Não há vazios por aqui.

É fantástico sentir como cresce o meu poema
enquanto me vou encolhendo
Cresce, ocupa o meu lugar.


Tradução para português por JLBG



A morte e a morte de Steve Jobs - José do Vale Pinheiro Feitosa

A morte de Steve Jobs da Apple no tempo da crise americana é bastante simbólica do ponto de vista histórico. Mas antes uma explicação: nem toda crise leva a mudanças radicais, os EUA já passaram por várias crises antes, fizeram algumas mudanças e tudo continuou até com mais vigor. Mas sigamos no raciocínio.

A morte de Steve Jobs não é apenas física, é a superação de um tempo de abertura nos EUA, da consolidação da indústria de tecnologia na Califórnia, do desejo expansionista de ultrapassar fronteiras. É como disse um usuário da Apple na china: foi a morte de um líder espiritual. Quando falamos em espiritual no caso, falamos em perda de norte, de orientação para navegar.

Basta tomarmos algumas frases emblemática do Steve Job para termos o pulso deste espírito: “É mais divertido ser um pirata do que entrar para a marinha”. Ou, “Nós apostamos em nossa visão, preferimos fazer isso do que fazer produtos do tipo “eu também”. Ou, “O único problema da Microsoft é não ter bom gosto. Eles absolutamente não têm bom gosto. Digo isso de uma forma geral, no sentido de que eles não constroem idéias originais, não colocam sua própria cultura nos produtos”. Ou esta para encerrar e chegar ao espírito deste texto: “O iMac é o computador do ano que vem por 1 299 dólares, não o computador do ano passado por 999 dólares”.

A questão básica é que ao criar uma cultura numa produção que mudou muita coisa, ele estava na linha da inovação tecnológica de produtos e, portanto, na expansão capitalista do negócio. Enquanto esta expansão acontecia, um mercado mesmo que alavancado à base de crédito barato, as pessoas compravam, Steve Jobs deu certo. O espírito coincidente entre a criatividade técnica e o consumismo movido a uma expansão que desde muito é fictícia.

Por isso os produtos da Apple sempre tiveram muito apelo de consumo, têm enorme capacidade de formar consumidores fieis à suas propostas, afinal existia quem financiasse os consumidores. Mas aí vem outro dado dos produtos desta inovação que fez a festa das grandes corporações multinacionais a montar empresas na Ásia e a retirar empregos da Califórnia. A fórmula, uma área de baixa renda a produzir e uma área de alta renda a consumir, não fechou a conta. A de baixa renda pouco se modificou e a de alta renda quebrou.

Entre todos os apelos da Apple tem um que é fatal num tempo de crise: ao criar a fidelidade, passa a se confrontar com a sua própria proposta inovadora que é certa obsolescência programada. Aí tome um IPhone a cada ano, um IPAD a cada semestre, tome uma rede dedicada e on-line de softwares e a fidelidade termina por criar gargalos quando dinheiro não há para comprar o inovado.

Enfim, a morte de Steve Job é a morte física de um símbolo da América que ganhou a hegemonia a partir dos anos 80. E quem diria que isso aconteceria com os quadros das rebeliões hippies e contra a guerra do Vietnã.


Colaboração de Lídia Batista


Todos os anjos passeiam pela noite
Soprando-te sonhos lindos
Vigiando teu sono...
E eles acariciam tua pele
Pra curarem todo teu cansaço,
Sussurram palavras de coragem
Pra te ajudarem a ter forças,
Conduzem teus pensamentos
Para planejar tuas tarefas...
Jorram muita paz em tua alma
Para enfrentar tua missão;
E quando o dia nasce
Eles adentram teu peito
E ficam bem quietinhos
Cuidando do teu coração.

Sirlei L. Passolongo

Só - Edgar Allan Poe





Não fui, na infância, como os outros
e nunca vi como outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar de fonte igual à deles;
e era outra a origem da tristeza,
e era outro o canto, que acordava
o coração para a alegria.

Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância, na alba
da tormentosa vida, ergueu-se,
no bem, no mal, de cada abismo,
a encadear-me, o meu mistério.

Veio dos rios, veio da fonte,
da rubra escarpa da montanha,
do sol, que todo me envolvia
em outonais clarões dourados;
e dos relâmpagos vermelhos
que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade,
daquela nuvem que se alteava,
só, no amplo azul do céu puríssimo,
como um demônio, ante meus olhos.

Edgar Allan Poe (Tradução de Oscar Mendes)

Mil Palavras - Fábio Brüggemann



Apesar da frase feita avisar que uma imagem vale por mil palavras, as duas linguagens são tão distintas, que uma não substituirá a outra, tanto em seu significante (o óbvio) quanto no seu significado.

Para a sustentação da tese de que uma imagem vale por mil palavras é preciso usar de palavra. De que maneira, com imagem, conseguiríamos?

Mesmo que alguém, ao mostrar uma imagem, implicitamente queria dizer que não necessita de palavras, ela ainda terá tanta conotação, que será bem difícil o receptor da mensagem entender o que ela queria ou quis dizer.

Por que necessitamos tanto reter uma imagem num papel, numa tela, na parede da casa? Mesmo antes da invenção da fotografia, desde os primeiros rabiscos pré-históricos, sempre houve gente querendo “fixar” a realidade de algum modo. Mas a realidade é “infixável”, porque a própria fixidez é momentânea, disse Octávio Paz.

Talvez seja por isto que a arte (principalmente esta que quer ser fixada, a imagem), tenha tanta importância no imaginário coletivo.

Ela não é vida, mas é um sinal dela, evidência, pegada, vestígio de que existiu alguma coisa, um objeto, uma pessoa, uma montanha ou uma araucária e, o mais importante, o de que alguém idealizou e deu forma àquele objeto a que chamamos imagem.

Ela é tão complexa que mesmo “fixa” podemos ver seu movimento.O que nos leva a desejar o que não nos pertence? Por que quero saber o que não está impresso na fotografia?

As frases das meninas correndo numa hora feliz, o banco de ferro onde o casal sentou em Barcelona na foto de Robert Capa, a blusa de lã listrada na única fotografia tirada naquela sacada, o rosto escondido atrás dos braços e o pescoço visto de lado e mal iluminado.

O que pensava?

O que sentia enquanto sorria para a fotografia?

Por que parece tão múltipla e tão inexistente ao mesmo tempo?

A vida é assim mesmo, como disse Roland Barthes, feita a golpes de pequenas solidões.

Talvez por isso eu carregue esta impressão (em ambos os sentidos) de que me restou apenas uma fotografia.

Quem sabe nela resida este vestígio de mil palavras que um dia significaram “sim”, mas que a imagem hoje insiste em me dizer “não”.


Fábio Brüggemann

Rio de Janeiro e Sempre - por José do Vale Pinheiro Feitosa


Quando o Rio gritou pela sua escolha, era a escolha de um canto permanente. De uma cidade sem igual. Como os sonhadores que navegam em Atenas, as emoções que se elevam nas sete Colinas de Roma. Apenas um traço e toda humanidade sabe que se trata do Rio de Janeiro.

Em sua homenagem três vidas na cidade.

Rua Constante Ramos, em Copacabana, junto ao paredão do Morro dos Cabritos. As árvores tomaram a vitamina dos arranha-céus e buscam a luz como se rivalizassem com eles. São tão altas, que meu olhar lá de baixo imagina o universo fantástico daquelas brechas entre galhos e folhas perto da morada do sol. Era uma tarde urbana, de gentes em todos os quadrantes, carros em filas atrasadas, buzinas como se solicitassem aos santos do candomblé que a corrida se iniciasse.

Foi quando um homem alto, negro, ereto, muito elegante se aproximou. Aproximou-se dos latões de lixo e começou o trabalho de escolha. Mas não buscava papelões, latas ou garrafas. Fazia escolhas de coisas que já foram úteis para as famílias de classe média e agora se viam a caminho do lixão de Jardim Gramacho. Era um catacador sem igual e perguntei ao porteiro o que buscava.
- Coisas que depois vende nas calçadas de Caxias. Leva tudo que ainda possa ter algum tipo de recuperação. Outro dia ele pegou uns três pares velhos de sandálias japonesas e me disse que venderia cada um a dois reais.

Na mesma rua. Um senhor baixo, caucasiano, dos cabelos já totalmente esbranquiçados. De vez em quando o encontro sentado em algum batente de uma das portarias do edifício lendo um livro. Literatura de um modo geral. Já dediquei meu livro Paracuru a ele.

É cearense, da classe média, da família Lima Verde, fez segundo grau e viveu em Fortaleza uma vida confortável, inclusive tendo estudado em colégio interno. Veio para o Rio logo após o golpe de 64 e até hoje vive nas ruas, fazendo biscates, é pintor, de vez em quando toma um porre fenomenal e dá muito trabalho.

Com frequência um porteiro deixa que viva num canto qualquer da garagem dos prédios, mas ele tem o costume de brigar com seus acolhedores. De qualquer modo faz a sua higiene aqui e acolá por cortesia dos porteiros e vigias. Atualmente mora num carro velho abandonado junto ao Morro dos Cabritos, bem no fundo da rua.

Desço do metrô na estação de Botafogo e pego um táxi. Um homem que me parecia ainda jovem, negro, alto e de óculos era o motorista. Comento que o dia havia mudado, no início da tarde estava nublado e naquele instante o céu abrira. Ele diz que não sabia. Estava dormindo durante a tarde. Perguntei se ele trabalhava à noite.

Disse que não. Que já trabalhara muito na vida e que agora quando o sono chegava ia dormir. Depois retornava ao trabalho. Agora cuidava mais do corpo do que do consumo material. Levou-me a especular com a idade dele. Como política de boa vizinhança, embora com razão, pois seu aspecto era jovem, especulei algo como trinta e cinco anos. Ele corrigiu: quarenta e nove anos.

Continuou já entrando em minha rua falando da sua rotina de tarefas e de descansos. Um descanso agora bem cedido, aceito e vangloriado. Considerou que precisava deitar e dormir. Agora não mais se matava no trabalho, mas gostava muito de namorar e isso consumia as energias dele. Eis por que precisava descansar.

Paguei a corrida com nós dois concluindo que tudo se justificava pelas mulheres.

Altemar Dutra


Altemar Dutra de Oliveira (Aimorés, 6 de outubro de 1940 — Nova Iorque, 9 de novembro de 1983) foi um cantor brasileiro. Sucesso em toda a América Latina, interpretando obras como "Sentimental Demais", "O Trovador", "Brigas" e "Que Queres Tu de Mim", boa parte das canções de autoria da dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim, foi progressivamente destacando-se no gênero musical bolero. De fato, veio a ser aclamado como o "rei do bolero" no Brasil.

Amália Rodrigues


Amália da Piedade Rodrigues (Lisboa, 23 de Julho de 1920 — Lisboa, 6 de Outubro de 1999) foi uma fadista, cantora e actriz portuguesa, considerada o exemplo máximo do fado, comummente aclamada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes cantoras do século XX. Está sepultada no Panteão Nacional, entre os portugueses ilustres.

Bette Davis


Ruth Elizabeth "Bette" Davis (Lowell, 5 de abril de 1908 — Neuilly-sur-Seine, 6 de outubro de 1989), foi uma atriz estadunidense de cinema, televisão e teatro. Conhecida por sua vontade de interpretar personagens antipáticas, ela era venerada por suas atuações numa variada gama de gêneros cinematográficos; de melodramas policiais a filmes de época e comédias, embora seus maiores sucessos tenham sido em romances dramáticos.

Zé Keti



Zé Keti, nome artístico de José Flores de Jesus, (Rio de Janeiro, 6 de outubro de 1921 — Rio de Janeiro, 14 de novembro de 1999) foi um cantor e compositor do samba brasileiro.


Minha Gente



Começa depois de amanhã um fim de semana muito especial para mim. Para mim, só, não. Para nós. Pois voce acompanhou e participou comigo nesses em torno de dois meses para divulgar o lançamento de "O Filme dos Espíritos". Tivemos uma avant premiere do filme aqui em São Paulo, em Brasilia, no Rio de Janeiro.e está programada para Belo Horizonte e Fortaleza e pude referendar o que ja havia sentindo anteriormente quando vi o copião. Agora com cortes e com a linda trilha musical, não tenho duvidas que não faremos feio.

Apesar de não termos dinheiro para fazer a divulgação antes do lançamento já conseguimos um feito. Inicialmente havia uma ideia de que seriam, 90 cópias. para o lançamento. A Paris Filmes, vendo a força da nossa comunicação boca a boca (ou twitter a twitter) já programou 145 cópias.

Veja em anexo a relação das cidades e salas que o filme será exibido nos dias 7, 8 e 9 de outubro. Agora só falta lotar as salas. Conto com vc. Veja se tem algum conhecido em alguma cidade que consta dessa lista, peço que entre em contato com ele e incentive que ele vá ao cinema nesse fim de semana. Vai ver um ótimo filme e ajudar as Casas André Luiz.