por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 24 de abril de 2015

Será que a liberdade de imprensa é apenas a liberdade das empresas privadas fazerem o que lhes dá na gana? Ou a liberdade de imprensa também teria de compreender o que diz a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos Humanos, ou seja: o direito das pessoas receberem informação de muitas fontes, e de terem a oportunidade de se juntarem, de gerar e produzir informação a partir de muitas fontes?

Noam Chomsky

A SEDE DO TERRORISMO GLOBAL - José do Vale Pinheiro Feitosa

Quando se adota uma ideia do mundo o normal é que tomemos referências para orientar tais concepções. Uma parte de nós tenta refletir, busca se informar em fontes independentes e até checa os seus conceitos preliminares até formular a sua ideia de mundo. Mas há uma parte, no meu entender significativa, que não reflete, segue trilhas que demonstram tendências familiares e pessoais e apenas aprofunda este vício de origem.

Uma parte dos que desfilaram nas ruas com o descontentamento ao governo Dilma, era desta natureza obtusa, irrefletida. Vale salientar que existe uma matriz ideológica a fomentar tais obtusidades e por isso frases em inglês, defesa do estilo de vida Miami, frases contra Cubas, Venezuela e até a Bolívia.

Pesquisas feitas com esta parte dos desfilantes mostraram um quadro desolador de preconceitos, aversão a tudo que não se oriente pelos EUA, protestam contra as políticas de proteção social, negam o poder legítimo dos eleitores nordestinos, perseguem a luta por igualdade de gênero, a luta pela liberdade de opção sexual. E o pior de tudo, acreditam linearmente no que os seus canais de formulação ideológica dizem.

Nesta semana o pensador americano Noam Chomsky ao ser entrevistado num encontro internacional trouxe informações fundamentais para se entender o papel político e terrorista dos EUA ao citar três exemplos: Nicarágua, Honduras e Cuba. Vale salientar que o Brasil, mesmo de forma não muito firme, sempre esteve ao lado dos países agredidos desde que se instalou a democracia no país. E até mesmo quando na ditadura militar as lideranças adotaram políticas externas mais independentes do mando americano.

O primeiro se referia à Nicarágua, ainda no tempo do governo Reagan:

Por exemplo, em 1985, o presidente Ronald Reagan invocou a mesma lei (se referia às medidas de Obama contra a Venezuela) dizendo: “O Estado da Nicarágua é uma ameaça à segurança nacional e à sobrevivência dos Estados Unidos”. Mas nesse caso era verdade. Porque ocorria um momento em que o Tribunal Internacional de Justiça tinha ordenado aos EUA que pusessem fim aos seus ataques contra a Nicarágua através dos chamados “Contras” que agrediam o governo sandinista. Washington não o levou em conta. Por sua vez o Conselho de Segurança das Nações Unidas também adotou, nesse momento, uma resolução de que pedia, a “todos os Estados”, que respeitassem o direito internacional. Não mencionou ninguém em particular, mas todo mundo sabia que se estava a referir aos EUA. O Tribunal Internacional de Justiça tinha pedido aos Estados Unidos que pusessem fim ao terrorismo internacional contra a Nicarágua e que pagassem reparações muito importantes a Manágua. Mas o Congresso dos EUA o que fez foi aumentar os recursos para as forças financiadas por Washington que atacavam a Nicarágua. Isto é, a administração Reagan opôs o seu método à resolução TIJ e violou o que este lhe estava a pedir. Nesse contexto, Reagan pronunciou um célebre discurso dizendo que “os tanques da Nicarágua estão apenas a dois dias de marcha de qualquer cidade do Texas”. Ou seja, declarou que havia uma “ameaça iminente”.

Depois Chomsky falou sobre o caso Honduras:

Por exemplo, Obama é praticamente o único líder que deu apoio, em 2009, ao golpe de Estado em Honduras, que derrubou o governo constitucional (de Manuel Zelaya) e que instalou uma ditadura militar que os EUA reconheceram. Isto é, podemos deixar de lado a conversa sobre a democracia e os direitos humanos; não têm nada a ver: o esforço era para destruir o governo.

E agora Chomsky fala sobre os EUA e Cuba frente às iniciativas americanas para distender a situação até então praticada por eles:

Não se trata de “normalização”. É, primeiro, um passo para o que poderia ser uma normalização. Ou seja que o embargo, as restrições, a proibição de viajar livremente de um país a outro etc., não desapareceram...Mas efetivamente constitui um passo para a normalização, e é muito interessante ver qual é a retórica atual da análise de Obama e da sua apresentação. O que disse é que cinquenta anos de esforços “para levar a democracia, a liberdade e os direitos humanos a Cuba” fracassaram. E que outros países, infelizmente, não apoiam o nosso esforço, de tal maneira que temos de encontrar outras formas de continuar a nossa dedicação à imposição da democracia, liberdade e direitos humanos que dominam as possas políticas benignas com o mundo. Palavra mais, palavra menos, é o que disse. Quem leu George Orwell sabe que quando um governo diz alguma coisa, é preciso traduzi-la para uma linguagem mais clara. O que disse Obama significa o seguinte: durante cinquenta anos fizemos um terrorismo de grande escala, uma luta econômica sem piedade que deixaram os EUA totalmente isolados; não pudemos derrubar o governo de Cuba nesses cinquenta anos, portanto, tudo bem se encontramos outra solução? Essa é a tradução do discurso; é o que realmente quer dizer ou o que se pode dizer tanto em espanhol quanto em inglês. (...) Efetivamente, os EUA fizeram uma campanha grave de terrorismo contra Cuba sob a presidência de John F. Kennedy; o terrorismo era extremo naquele momento. Há um debate, às vezes, sobre as tentativas de assassinato de Fidel Castro, e fizeram-se ataques a instalações petroquímicas, bombardeamento de hotéis – onde sabiam que havia russos alojados – mataram gado, etc. Ou seja, foi uma campanha muito grande que durou muitos anos. E mais, depois de os EUA terminarem o seu terrorismo direto apareceu o terrorismo de apoio, digamos, com base em Miami nos anos 1990. Além da guerra econômica, iniciada por Eisenhower, ganhou realmente impulso durante a era Kennedy e intensificou-se depois. O pretexto da guerra econômica não era “estabelecer a democracia” nem “a introdução de direitos humanos” era castigar Cuba por ser um apêndice do grande Satã que era a União Soviética. E “tínhamos que proteger-nos”, da mesma maneira que “tínhamos de nos proteger” da Nicarágua e de outros países...”



Um Desastre Aguardado - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Voltamos repetir o que afirmamos no dia 1° de fevereiro de 2011, há mais de quatro anos portanto,  quando a população cratense enxugava a lama que tomou conta das ruas e de várias residências e prédios comercias, devido ao transbordamento do Rio Grangeiro. Ontem em chuva de menor intensidade do que a daquela época, as noticias revelam que a situação nada mudou. E quem são os culpados?

Dessa vez não podemos de modo algum responsabilizar a extrema pobreza da nossa subdesenvolvida região. Como vem ocorrendo há mais de sessenta anos, o Crato vive órfão de liderança. A população depositou toda a sua expectativa de dias melhores nessa última eleição para prefeito. Na minha modesta opinião, naquela eleição o povo do Crato não escolheu simplesmente um candidato, mas deu um recado claro, direto e gritante de que precisava mais do que um prefeito, precisava de liderança. Não adianta procurar culpados. Cada um de nós, cratenses somos culpados pelas nossas escolhas.

Mas se serve de ajuda, é claro que devemos ajudar, então vamos delinear algumas linhas de ação para solucionar esse grave problema das inundações, antes que de acordo com a crença indígena, a pedra da Batateira arraste o Crato.  
  
 Em primeiro lugar, o canal do Rio Grangeiro deverá ser redimensionado. A municipalidade deverá se apoiar em estudos presumivelmente existentes sobre os índices pluviométricos da bacia do Rio Grangeiro a montante da cidade do Crato. Quais são os registros dos volumes das cheias máximas? Será necessário aumentar a calha do canal? Caso positivo, cair em campo em busca dos recursos necessários. A população cratense a uma só voz deverá pressionar todos os deputados federais e estaduais que se lembraram do Crato nas últimas eleições. Todos aqueles que obtiveram expressiva votação em nossa terra, muitos dos quais, sem o voto dos cratenses, jamais teriam sido eleitos. 

Entretanto devemos olhar para o futuro. Existem recursos para demolir o atual canal e refazer outro, com melhor dimensionamento? Se tal resposta for negativa, busquemos outras soluções para evitar o pesadelo das inundações. Particularmente, eu vejo com bons olhos uma idéia externada pelo ex-prefeito do Crato, pela construção de duas pequenas represas para barrar o leito do Rio Granjeiro, a montante da cidade, com barragens de concreto armado, bem dimensionadas e, construídas criteriosamente para evitar danos ainda piores. Além de barrar as cheias, tal providência serviria para reforçar o abastecimento d’água da cidade, além de despoluir o canal e propiciar a irrigação dos canaviais a jusante da cidade do Crato nas estações secas.   

Enfim, lembrar que pela primeira vez na sua história, o Crato possui um governador eleito com o voto de mais de 83% dos seus eleitores, mais do que uma prova de confiança, uma súplica, salve-nos jovem Camilo. Seja a nossa recompensa e o líder que falta ao Crato.


Por Carlos Eduardo Esmeraldo 

Pérola da MPB