por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Fim de linha - por socorro moreira



E este silêncio que inibe o verso?
E o anverso que se joga ao vento?

Noites de esperas
Frustração e pranto
Sumindo imagens
Horizonte estrada

Peso da mala
Estranho desembarque
Caminho a esmo
No desconhecido
Minhas saudades
Calam  meus sentidos

Até quando,
Devo ao recomeço,
Instantes vivos, num final de linha?

Adoro as Noites de Lua...

Adoro as noites de lua e de belas estrelas.
Adoro escrever nas madrugadas;
Sempre tão quietas e tão cúmplices...


Mara

Majestosa Lua...

Imagem/Internet


Ontem sai bem apressada (como quase sempre). Vinha rapidamente entre um carro e outro driblando o trânsito, quando de repente ao dobrar a esquina me deparei com uma enorme bola no céu. Era a lua que saíra incrivelmente bela! Parecia que eu poderia encostar o meu dedo de tão perto. Uma enorme estampa no céu. Fascinante! A lua parecia querer abraçar e tomar conta do mundo! Um enorme clarão tentando tocar de leve nas pessoas...
Mas nem sei se, nem de leve, são tocados por ela.

Mara

"Noche Azul" - Uma Música Inesquecível

Sou fã de carteirinha da música cubana, principalmente a antiga. E não se pode falar da música cubana, sem fazer uma referência e reverência ao seu maior representante, o compositor,pianista e maestro Ernesto Lecuona.Para mim, ele representa o que de mais belo foi escrito em termos musicais.Todas as suas melodias são maravilhosas, e se tornaram sucessos internacionais. "Siboney", "Donde estás corazón", e tantas e tantas outras, que tiveram dezenas de gravações com orquestras famosas até cantores líricos.
"Noche Azul" é só uma pequena mostra.


A poesia de uma astróloga - Stela Siebra de Brito !



Plutão 
I
Passional
Visceral
Abissal

Deixei marcada em teu corpo
A forma da minha mão
Deixei tua alma marcada
Com as dores da traição.

II

Plutão em Capricórnio
Faz gato e sapato
Da minha Vênus natal
Impõe amores
Alucinantes
Aviltantes
Navalha na face
Fogo nos olhos
Paixão de pedra cortante.

Essa pura ficção
É minha catarse.

Regenero-me
Me recomponho
Me reinvento.
           
(Stela Siebra)

PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE AZUL - por José do Vale Feitosa


Azul,
Nem céu ou perturbado,
Firmamento e assustado.
Na origem,
Uma linda pedra chamada,
Lápis-Lazuli.
Nem isso,
É que as nódoas da roupa,
Se vão com o anil.
E esta tosse obstrutiva,
Cianose por batom,
Cianamida com força germicida.
Adversário,
Nas lutas amazónicas,
Desfilados bois rubros de sucesso.
Meus sonhos são azuis,
Um japonês hibridou uma rosa azul,
O eleve azul,
E este azul é só meu,
E critico entre o verde e o violeta,
Fui eu quem descobriu esse azul.
Feito Colombo,
As Américas,
O gringo no samba,
Um brasileiro no Louvre,
Um papa na África.
Este azul é só meu,
Esteta de galhos da ibiraci,
Deste cinza no lombo do boi.

* Este poema encontrei nos meus guardados. Claro que não foi feito p/ o Azul Sonhado, mas tem tudo a ver com o nosso astral.
Você viveria sua vida de novo?
Ana Elisa Ribeiro

Saramago afirma que sim, viveria, repetidamente, ponto a ponto, sua vida de novo, da forma exata como foi. Para ser mais precisa e como dizemos aqui: "sem tirar nem pôr" ou "cuspido e escarrado" (por ora, dispenso os ensinamentos sobre a origem da expressão). E como deve ser bom ouvir isso da boca de alguém. Querido, eu faria tudo de novo. Amor, eu me arriscaria pelas mesmas sendas. Não deve ser fácil ter toda essa disposição. E talvez elas não sejam cem por cento verdade. A vida, como ela é, não passa de ficção, uma narrativa que a gente se conta o tempo todo.

Quantas pessoas diriam "sim" à pergunta? Não sei entre meus parentes e amigos. Talvez meu filho ainda não possa responder. Eu mesma não juntei coragem. O que pensar? Acho que num ponto ou noutro eu remendaria uns espaços em branco. Umas tantas incompreensões ficariam destacadas e eu as reveria. Mania de revisor? O que anda errado aqui? Não sei. Não é que esteja errado. Foi desvio. Onde estava meu caminho que não tive tempo de vê-lo? Nem sempre é questão de enxergar apenas. Vá vivendo, numa levada Lobão: dez anos a mil. Mas ele mesmo já passou dos cinquenta.

Vida de editor. O que a memória faz é editar. O que foi mesmo, nem mesmo a mais fina percepção consegue capturar. Finjo que sei avaliar o que fui e o que sou. Finjo mais ainda saber o que serei. E não consigo responder se faria tudo outra vez. Esta cena antes daquela. O efeito sempre é outro. E se isto? E se deste jeito? "E se" dá sempre em algo irrespondível. Mas dá gosto pensar "e se" de vez em quando. É questão que só incomoda quem não tem certeza de nada. Todo mundo? Dá conforto pensar que se tem qualquer certeza. Por que um caminho está errado? Por que a gente não se sente feliz? Só pode ser. De outro lado, Paulo Leminski, aquele kamiquase curitibano, acertava meus ponteiros: "ninguém nunca chegou atrasado". A frase era algo que o valha, porque minha memória, avessa às decorebas, já editou o texto. Eu estava onde deveria estar, para o que o devir me desse. Assim fica mais fácil viver. Melhor do que pensar de outro jeito.

Não me arrisco a dizer um "sim" muito veemente. Nem sempre. Intermitências. Lembro daqui e dali de uns desassossegos. Uns episódios, esparsos, tudo bem, mas que, provavelmente, teriam mudado tudo, inclusive (e principalmente) o lugar do ápice, a epifania e, mais, a conclusão. The end não seria este. Seria um outro, e termino por julgar: melhor?

O fato é que é linear. Por mais que me deem aulas de física e me jurem que o tempo faz curvas, não enxergo com tanta nitidez o ciclo se fechar. Só depois. E aí, já era. Não adianta, adianta? Quantas vezes quis ver mais adiante para ver se valia a pena? Quantas vezes essa vontade (impossível) me doeu? Quantas vezes tive uma inveja doentia das simulações de computador? Diante de uma tela, posso ver se a disposição dos quartos ficará boa ou se caberão todos os meus móveis. Não, assim não dá. Melhor ficar como estava. Que imenso desejo de que existisse uma tecla "undo", o ctrl+z, desfazer. Se não colou, back.

Inveja do delete, uma imensa mágoa porque ele não existe entre os escombros da minha memória. Eu apago, mas, em geral, o que minha mente faz é recontar tudo, reelaborar, de modo que nem eu posso mais confiar na narrativa dos "fatos" que penso ter vivido. Quem faria isso melhor do que um ser humano?

Assisto ao Efeito borboleta e quase surto. Mais e melhor do que ele, gasto uma tarde assistindo ao Irreversível e meus dias ficam contados. E agora? Não vou mais sair de casa, pensando na importância (e no impacto) de cada pequena escolha, mesmo quando ela é imperceptível para mim. Mas se eu não sair... também estarei escolhendo um caminho.

E aquela gana irrefreável que dá nas pessoas quando acontece uma tragédia? Logo que o avião cai, o rio transborda, o carro bate, a encosta cede, vêm todos lembrar das últimas palavras, que soam, então, como previsão, profecia e aviso. Bem que ele disse que queria se despedir das plantas. Ela abraçou o cachorro e disse à vizinha que não sabia se iria voltar. Minha mãe me beijou diferente hoje pela manhã. Ctrl+z.

Eu não sei se viveria tudo de novo, deste jeitinho. Provavelmente quereria fazer o caminho que aparecia logo ao lado, para ver onde iria dar. E se pudesse concluir algo, faria ao gênio da lâmpada aquele terceiro pedido.

Eu compraria aquela passagem? Naquele dia? Para aquele lugar? Eu diria aquele sim ou aceitaria aquele convite? Eu daria ou não daria as mãos? Recusaria aquele beijo? Leria aquele capítulo? Furaria o sinal? Beberia mais aquele gole? Deixaria de sair? Eu acho, no final, que não saberia mesmo me repetir.

Ana Elisa Ribeiro
Belo Horizonte, 18/2/2011

Almirante - por Norma Hauer






ALMIRANTE -103 ANOS
INCRÍVEL !!! FANTÁSTICO!!! EXTRAORDINÁRIO !!!

Ele foi uma pessoa INCRIVEL, Seus trabalhos foram FANTÁSTICOS e tudo que fez foi EXTRAORDINÁRIO.

Nasceu há 103 anos no dia 19 de fevereiro, recebendo o nome de Henrique Foreis Domingues. Com esse nome, só os mais íntimos o conheceram, mas como ALMIRANTE ficou conhecido,através do rádio,em todo o território nacional.
E por que ALMIRTANTE?
Por ele ter feito o serviço militar na Reserva Naval e seus colegas terem feito uma brincadeira com ele por causa de sua altura (1,81m) foi apelidado de Almirante.

Foi um dos radialistas e produtores radiofônicos que mais tempo atuou no rádio, tendo suas atividades começado no final da década de 20. Nos anos 30 e 40 manteve-se firme, cada vez com mais audiência e somente uma doença grave o afastou da Rádio Tupi, em janeiro de 1958.
Nessa data teve um derrame seriíssimo, que o manteve afastado de qualquer atividade física e intelectual durante todo o resto da década de 50, precisando reaprender a falar, tal foi sua falta de nexo e de memória.

Entre os anos de 1963 e 1971 manteve duas colunas semanais de nome “Incrível! Fantástico! Extraordinário” e “Cantinho das Canções” e uma semanal intitulada “Pingos do Folclore”no jornal “O Dia”.

Suas atividades artísticas começaram com a criação de um conjunto de nome “Flor do Tempo”, logo transformado em “Bando de Tangarás”, do qual fizeram parte Braguinha (como João de Barro), Alvinho, Henrique Brito e Noel Rosa. O nome foi sugerido porque -explicou Braguinha- tangará é um pássaro que canta em grupo com outros 5 tangarás.
Esse grupo foi inspirado no “Turunas da Mauricéia”, que havia vindo do nordeste em 1927, tendo à frente o cantor Augusto Calheiros. O “Bando de Tangarás” começou apresentando-se em circos e teatros mambembes cantando emboladas e outros ritmos nordestinos.
No final de 1929, as gravadoras estavam interessadas em novos compositores e
cantores, daí o grupo entrar no campo das gravações.

Suas primeiras gravações foram "Mulher Exigente” e “Conseqüências do Amor”.

Desfez-se o grupo no final dos anos 20 e Almirante, assim como os demais componentes passaram a atuar sozinhos. Foi quando Almirante gravou um samba que teve muito sucesso, de nome “Na Pavuna”, sendo o primeiro a usar percussão em uma gravação popular.

Convidado por Ademar Casé,Almirante foi um dos primeiros a compor programas elaborados, que tiveram como precursores Renato Murce na Rádio Clube) e Valdo Abreu(na Mayrink Veiga).

Mas os de Almirante eram de um nível superior porque ele ia “fundo” em suas pesquisas e,ao longo de sua carreira, criou mais de uma dezena deles e compôs um arquivo que,doado ao Governo do antigo Estado da Guanabara, transformou-se no Museu da Imagem e do Som, no qual ele foi um dos primeiros diretores.

Depois do “Programa Casé”, Almirante passou a fazer parte do elenco da Rádio Nacional,transferiu-se para a Tupi,regressando à Nacional e terminando suas atividades radiofônicas na Rádio Tupi,em 1958.

Foi nesta Rádio que criou seus mais interessantes programas, como é exemplo o “Tribunal de Melodias”, um dos muitos que teve a participação dos ouvintes.

Ao longo de sua carreira criou os seguintes programas:
“Incrível! Fantástico! Extraordinário!”; “Onde Está o Poeta ?”;”Carnaval Antigo”; “O Pessoal da Velha Guarda”;”Coisas do Arco da Velha”;”Instantâneos Sonoros”;”Anedotário dos Professores;”História das Danças”;”Aquarelas do Brasil”:”Caixa de Perguntas”;”Orquestras de Gaita” e “Dicionário de Gírias”, que pretendia publicar, mas não o fez.

Hoje, referendamos sua memória, pelo grande vulto que deixou grandes marcas em nossa música e nosso rádio.
Essa é nossa SAUDADE.
Norma

TALASSOTERAPIA Banho de mar pode tratar várias doenças-Por: Rosemary Borges Xavier

Doenças dos sistemas nervoso e osteoarticular (doenças reumáticas), osteoporose, sequelas de traumatismos por acidentes, estresse, depressão, celulite e tabagismo podem ser tratadas pela Talas­soterapia. O termo é formado a partir de duas palavras gregas: Thalassa, que significa mar, e Therapéia, que é tratamento.
A terapia consiste no hábito do banho de mar, tomado na praia, e que compreende aplicações terapêuticas feitas considerando três fatores que estão presentes quando o indivíduo se expõe a ação natural do meio marinho: o ar ambiente, as radiações solares e a água salgada.
A terapeuta Rosangela Vecchi Bittar explica que a ação da água salgada é exercida pela própria pressão. A sessão pode ocorrer tanto na praia como na piscina com água salgada, seguindo-se de estado de descontração muscular e articular, assim como a estimulação da circulação dos vasos sanguíneos periféricos.
“A água salgada age sobre o metabolismo orgânico, desintoxica e facilita a assimilação de alimentos. Tem efeito tônico, estimulante, reconstituinte e relaxante”, afirma Rosangela. “O poder terapêutico da água salgada penetra através da pele, trazendo como resultado uma maior oxigenação sobre o conjunto do organismo. Os elementos minerais nela contidos, vão se infiltrar através do tecido cutâneo, realizando reminera­lização do organismo”, completa a terapeuta.
Mas, atenção! A Talassoterapia é contra-indicada para as doenças renais e hepáticas; aos tuberculosos e hipertensos crônicos; aqueles que sofrem de hipertireoidismo e flebite.
Conduta no tratamento
Para quem não estiver adaptada ao clima marinho, so­bre­tudo se estiver con­va­lescendo, ou criança ou pessoa idosa, deve-se pri­mei­ramente fazer a adap­tação ao ambiente;
Nos dois primeiros dias, exposição as radiações solares e ao ambiente por pou­co tempo: 15 minutos, entre às 6h e 9h, fazendo uso de protetor solar;
No terceiro dia, os primeiros banhos deverão ser feitos nas primeiras horas da manhã, com curta duração: de quatro a cinco minutos, po­dendo chegar até aos 20 minutos;
Durante o banho é necessário que a pes­soa em tratamento faça alguns mo­vi­men­tos para aquecimento do corpo, de­po­is entre na água mer­gu­lhando o corpo com bastante cui­da­do;
Dentro da água do mar, deve fazer mo­vimentos lentos ou nadar. Essa prática fa­vorece a tonifica­ção muscular e car­díaca.

Dilma anuncia "luta sem quartel" contra o tráfico e consumo de crack

A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta quinta-feira o início de uma "luta sem quartel" contra o tráfico e consumo de crack, uma droga que, por cálculos não oficiais, é usada por 500 mil pessoas no país.

"O tamanho desta luta exige pessoas capacitadas para enfrentar o problema", disse Dilma em um ato realizado no Palácio do Planalto, no qual apresentou os planos do Governo para colocar freio na droga que "por ser barata, tem capacidade de propagação muito extensa", apontou.

A chefe de Estado indicou que o combate ao crack vai ocorrer nas frentes da prevenção, tratamento especializado, educação e repressão ao tráfico, mediante um controle mais severo das fronteiras e de uma "luta sem quartel" contra os distribuidores.

Admitiu que o aumento do consumo dessa droga no Brasil criou "um quadro extremamente preocupante no que se refere à criminalidade, a violência e a juventude", que vê "degradada sua personalidade e relações com a sociedade".

Dilma acrescentou que o "grande desafio" do crack   é é que "não existe, no plano mundial, nenhum acervo de conhecimentos e metodologias para seu tratamento".

Com relação ao combate ao crack, também anunciou a criação de 46 centros de formação de profissionais da saúde e da área social, que serão especializados no tratamento de pessoas dependentes dessa e de outras drogas.

Embora não existam dados oficiais atualizados sobre o consumo de crack no Brasil, ONGs calculam que o número de usuários deve ser de cerca de 500 mil.

Uma das situações mais críticas ocorre no Rio Grande do Sul, que faz divisa com a Argentina e o Uruguai, e onde as autoridades de saúde afirmam que há ao menos 50 mil pessoas dependentes da droga.

Fonte: http://maescontraocrackpelotas.blogspot.com/

VALE A PENA PARTICIPAR

Colaboração de Aloísio


Brandão,

Não sei se te ajuda, mas existe uma música de Ednardo chamada "Passeio Público", em homenagem a Bárbara de Alencar, gravada no LP "Berro" de 1976. cuja letra transcrevo abaixo:

"Passeio Público
(Ednardo)

Hoje ao passar pelos lados
das brancas paredes, paredes do forte
escuto ganidos de morte
Vindos daquelas janelas
é Bárbara, tenho certeza
é Bárbara, sei que é ela
que de dentro da fortaleza
por seus filhos e irmãos
joga gemidos no ar
que sonhos tão loucos
foi Bárbara sonhar
Se deixe ficar por instantes
na sombra desse baobá
que virão fantasmas errantes
de sonhos eternos falar
Amigo que desces a rua
Não te assustes, não passes distante
procura entender, entender
entender o segredo
desse peito sangrante"

Abraços
Aloísio

ABIDORAL JAMACARU e o CD: "BÁRBARA"


 O Menestrel do Cariri apresenta o seu novo trabalho musical.
A notícia não poderia ser melhor, chegou o tão aguardado CD daquele que é um dos maiores símbolos da musicalidade Cariri/Brasil.
“BARBARA”, assim se intitula o mais novo trabalho de Abidoral Jamacaru, que presta justa homenagem a heroína Dona Barbara de Alencar. Neste terceiro trabalho Abidoral mantém-se coerente aos seus princípios musicais. Contextualização literária atualizada, arranjos trabalhados sob a sua supervisão, sempre com propósitos inovadores! Novos parceiros, novas roupagens nas músicas de outros autores.

“ Abidoral é o mesmo, renovado, como o sonho que ousou iniciar ainda imberbe e não deixou de sonhar homem feito com a prata da barba e do cabelo, seu sonho de Mateus e nos acordar com seu canto brincante”. Trechos da apresentação que abre o encarte sob as palavras do consagrado cantor/compositor: Chico César.

Ficha técnica:
- Gravado em padrão digital no estúdio: IBBERT-SOM
- Produção artística e executiva: Abidoral Jamacaru
- Direção musical: Lifanco
- Assistente de produção: José Flávio Vieira
- Projeto gráfico: Reginaldo Farias
- Foto contracapa: Pachelly Jamacaru
Mixagem e masterização: Abidoral, Lifanco e Iberteson Nobre

Como adquirir:
nas lojas da cidade ou em contato com o autor:
Fone: 8811. 0195
Endereço de Abidoral: Rua José carvalho 247,
Centro Crato-Ce
63100.000

por Pachelly Jamacaru
Oscar Araripe

“Bárbara era feita
de pedaços de brisa
certezas
e terra ensanguentada”


(Caetano Ximenes Aragão)



CASA ONDE nasceu a heroína da revolução de 1817 é preservada em Exu (PE)
FOTOS: ANTÔNIO VICELMO



11/6/2004

A heroína Bárbara Pereira de Alencar foi, sem dúvida, o maior símbolo da mulher cratense. Guerreira, idealista, líder da revolução de 1817 no Cariri, Bárbara de Alencar terminou sendo presa em nome dos seus ideais libertários. Apesar da sua importância no contexto histórico do Ceará, restaram poucas lembranças da heroína. Até a casa onde ela morou, no Crato, localizada na Praça da Sé e, segundo os historiadores, primeira construção de cal e pedra da cidade, foi demolida. Em seu lugar foi erguido o prédio da Secretaria da Fazenda do Estado. No Sítio Pau Seco, hoje Município de Juazeiro do Norte, restam somente os escombros da velha casa de campo, onde ela e os filhos planejaram e sonharam com os ideais republicanos.

Porém, no Sítio Caiçara, Município de Exu (PE), onde ela nasceu, a família restaurou e transformou a velha casa num museu particular. Decorridos 170 anos de sua morte, a família tenta restaurar a sua memória. A heroína morreu no Sítio Touro, Estado do Piauí, em 1832. Pediu um enterro simples, dentro de uma rede, assim como eram sepultados seus escravos que, segundo afirmou, foram os amigos leais. O que “Dona Bárbara” tentou apagar , está sendo restaurada hoje.

A primeira providência para perpetuar a memória da líder revolucionária foi a criação do Centro Cultural Bárbara de Alencar (CCBA), que tem como objetivos principais: Perpetuar os ideais, os feitos e a memória de Bárbara de Alencar; difundir os valores da cultura nordestina através de obras no âmbito das ciências sociais e eventos culturais de caráter educativo; desenvolver projetos e atividades de pesquisa visando o desenvolvimento cultural no Nordeste brasileiro; difundir através de publicações (livros, periódicos, jornais etc) conhecimentos e informações considerados relevantes na consolidação dos objetivos do CCBA; realizar parcerias com instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais, com o objetivo de publicar e efetivar materialmente todos os objetivos do CCBA.
(...)

SEPARATISTA — O Crato projetou-se no cenário político da colônia com as lutas pró-independência, quando representante da aristocracia agrária — principalmente a família Alencar — engajaram-se na Revolução Pernambucana de 1817 e envolveram a Vila Real do Crato e Jardim, no projeto revolucionário de 1817: Independência de Portugal e instituição de um sistema republicano de governo. Apesar da repressão sofrida, o espírito de luta desta elite local a faz proclamar antecipadamente a independência, em 1º de setembro. Igualmente ocorre em 1824, quando essa mesma elite liberal se engaja na Confederação do Equador, contrária a política absolutista de Dom Pedro I e favorável à idéia de uma República Separatista.

Antônio Vicelmo
Diário do Nordeste
sucursal Crato

Cortando o cordão – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

O acaso sempre esteve presente na minha vida. Sem que eu planejasse muita coisa, como muitos o fazem, deixei que a vida me levasse e, ela me conduziu por caminhos retilíneos e belos. Em janeiro de 1964, eu pensava que iria continuar estudando no Crato, na minha zona de conforto, sob a proteção dos meus pais, entre meus familiares e colegas de estudos, uma turma unida e muito amiga. Dizem que o destino sabe traçar a estrada daqueles que sem querer, a ele se entregam. Talvez tenha sido esse o meu caso.

Um primo que estudava engenharia no Recife, estava de férias e visitava nossa casa, no São José. Ao vê-lo, fui conversar com ele, saber como era o curso de engenharia, suas dificuldades e sobre o vestibular. Sabedor de que eu desejava cursar engenharia, ele me aconselhou a ir estudar no Recife durante o curso científico. Disse-me que se eu ficasse no Crato, correria o risco de não ser aprovado no vestibular. Respondi que não dependia de mim. E então ele foi falar com o meu pai. E o fez de uma forma tão convincente, que eu senti naquele contato a concordância do meu pai. Mas este não disse nem sim e nem não. Para mim dizia ser impossível, pois não estava podendo arcar com as despesas.

Dias depois, um parente do meu pai, diretor da Escola de Engenharia de Minas de Ouro Preto, visitava meus pais, sempre que vinha ao Crato em suas férias. Ao saber do meu desejo de cursar engenharia, aconselhou-me que eu fosse estudar em Ouro Preto, colocando sua casa à minha disposição. Fiquei receoso de meu pai aceitar aquele convite protocolar, pois além de não ter nenhuma intimidade com aquele parente distante, Ouro Preto, para mim, era um fim de mundo.

No inicio do mês de fevereiro daquele ano, nada estava definido. Pensava tranquilamente que iria continuar no velho Colégio Diocesano e isso me dava certo alento, pois por ser o filho caçula, eu era muito apegado aos meus pais e irmãos. Entretanto, dias depois, o meu pai recebeu uma carta de uma irmã dele, a tia Anete, que residia em Salvador, dizendo que já reservara a minha matrícula e que eu poderia ir estudar na Bahia. Olhei no sobrescrito o meu futuro endereço: Avenida Beira Mar 404. Na minha imaginação surgiu, como que de repente, a avenida de mesmo nome que eu vira em Fortaleza na única visita que fizera até então a uma cidade maior que o Crato, além do Juazeiro, é claro! E imaginava que iria viver num paraíso. Fiquei ainda mais contente, quando soube que o meu primo e companheiro de brincadeiras, José Esmeraldo Gonçalves também iria.

Tudo então ficou decidido e às pressas, mamãe preparou um enxoval que fez minhas lembranças recuarem cinco anos, quando fui estudar no Seminário. Um medo disfarçado se apoderou de mim. Era a primeira vez que iria sair do Crato e debaixo das asas e da proteção dos meus entes queridos.

Um novo mundo se descortinava à minha frente, o desconhecido, a sensação de uma nova vida. Viajar de avião, coisa impensada, conhecer a cidade de Salvador e suas inúmeras igrejas e tantas outras belezas das quais ouvia falar com insistência.

Viajei com meus primos que lá já estudavam e residiam com minha tia Anete. Por causa de um defeito no DC3 que nos levaria, esperamos um dia inteiro no velho Aeroporto de Fátima, sem nada para enganar o estômago e sem comunicação. Somente no dia seguinte é que conseguimos voar num DC6 que veio em substituição ao avião danificado. O DC6 era um avião grande, com assentos com três cadeiras de cada lado e capacidade para mais de cem passageiros. Ao chegarmos a Salvador, uma Kombi da Varig levou os passageiros de porta em porta até a residência de cada um. O aeroporto distava mais de trinta quilômetros da cidade. Fomos os últimos a chegar ao destino, pois onde tia Anete morava era na Ribeira, final de uma península na cidade baixa.

Senti um misto de arrependimento e tristeza. A Avenida Beira Mar não era nada daquilo que eu imaginara. Era uma rua larga, às margens da Baia de Todos os Santos, sem calçamento, cheia de poças d’água, muita lama e enormes amendoeiras no meio, cujas folhas caídas se misturavam e recobriam as poças de lama. O bairro era triste, composto por um monte de casas velhas. Onde íamos morar era numa escola, o Educandário Pio XII, alojado num velho casarão de três andares, com piso de tábua corrida, que ecoava sob nossos passos. No terceiro andar havia um pequeno apartamento composto de três quartos, um banheiro, um vestíbulo com guarda-roupa coletivo e uma ante-sala ao lado da escada, onde estudávamos. Ao todo éramos seis pessoas que morávamos neste pequeno apartamento, eu, e os primos João Barreto, José Esmeraldo, Luciano Gonçalves, além do cratense Dailton, professor do Pio XII e dois jovens de Alagoinhas: Wedner e Ananias. Daílton era o mais velho do grupo. Ele tinha na época 26 anos, e por causa disso recebeu o apelido de “O Velho”.

A tia Anete ao nos receber, entregou a mim a Zé Esmeraldo uma chave da porta de entrada e nos disse: “vocês saem e entram na hora que quiserem e não precisam me avisar nada.” Senti um enorme peso, pois lá em casa, eu vivia sob certo controle e acompanhamento. Mas aos poucos aprendi a usar minha independência e isto me foi de grande importância para meu amadurecimento pessoal.

Ainda hoje, eu sou grato a essa minha querida tia por ter tornado possível a realização de um sonho. Se não fosse sua solicitude não teria oportunidade de estudar num grande centro. Por isso eu tenho por ela um enorme carinho e gratidão. Ela é a única das minhas tias ainda viva. Reside no Crato, com bastante lucidez e invejável memória, aos oitenta e nove anos. Em julho próximo, esperamos festejar seus 90 anos.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

BÁRBARA DE ALENCAR - o poema

para quem não conhece, o poema é este aqui:


O cárcere de Bárbara de Alencar


Eu vi o cárcere de Bárbara de Alencar.
No subsolo, a pequena cela de tortura:
Atrás das grades, pedras, paredes de pedras,
A cela onde um homem não cabe em pé.

Bárbara recebia uma só refeição por dia,
Mas era muito: alimentava-se de pedras
E de orgulho ferido e erguido como bandeira.
As pedras eram cabras mansas para Bárbara

Ordenhar: Bárbara tirava leite das pedras.
“Quem me pedirá contas de meus atos?
Meu marido, meus filhos, o meu Ceará?

Quem combate o bom combate não sucumbe.
Eu colho na derrota toda a minha vitória.”
Ouvi a voz de Bárbara, viva, nas pedras.



... o poema que levou à pesquisa abaixo.



Pesquisa sobre Bárbara de Alencar


Caros amigos,

fui convidado para fazer um artigo sobre Bárbara de Alencar.

Estou fazendo uma pesquisa. Gostaria que respondessem umas perguntinhas para enriquecer a matéria que vou escrever:

1)   O que representa Bárbara de Alencar para vocês do Crato?

2)   O que representa Bárbara de Alencar para a valorização da mulher?

3)   Gostariam de dar mais algum testemunho sobre Bárbara de Alencar, algum fato histórico talvez desconhecido, algum fato conhecido só regionalmente? Ou de falar o que tiver vontade...

Publiquei um poema sobre “O cárcere de Bárbara de Alencar”. Por isso me pediram para escrever esse artigo.

Agradeço-lhes muitíssimo pela colaboração. O meu objetivo é engrandecer e divulgar o valor de Bárbara de Alencar.

Poderão responder aqui, nos “comentários”. Ou então pelo meu e-mail: jcmbrandao@gmail.com

Um grande abraço,

Brandão.