por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 28 de junho de 2011

Por Aloísio


Obrigado Nicodemos, por fazer-me lembrar deste grande compositor, cantor.

Chico Buarque é meu irmão quando diz:
“Madalena foi pro mar
E eu fiquei a ver navios.
Além de tudo
Me deixou mudo
Um violão.
Se todo mundo sambasse,
Seria tão fácil viver.
Logo Eu?
Meu tataravô baiano.
Mas nem as sutis melodias
Merecem, Cecília, teu nome
Te olho
Te guardo
Te sigo
Te vejo dormir.
Luz, quero luz.
E um dia, afinal
Tinham direito a uma alegria fugaz.
Sei que além das cortinas
São palcos azuis.
A todo o pessoal.
Adeus.
E coerentemente assino embaixo”.

Aloísio

Reler a Poesia de Bandeira e Reencontrar a Estrela: A Poesia - Por Stela Siebra Brito




É confortável, sobretudo para um leitor curioso, reler qualquer autor à luz da leitura dos estudiosos, que com suas análises e críticas trazem elementos novos para um melhor entendimento do autor, da sua obra, da intertextualidade literária, provocando, assim, uma leitura mais completa e prazerosa.
Este prazer me foi dado agora ao reler Estrela da Vida Inteira, de Manuel Bandeira, e escolher um poema para comentar neste texto. Foi difícil eleger um poema, se gosto de tantos! Enfim, decidi-me pela temática amorosa, aliás, por uma vertente da temática amorosa: a estrela, configurada ano, nascido em Recife, em 1886, o poeta Manuel Bandeira viveu a maior parte da sua vida no Rio de Janeiro. Publicou o primeiro poema, um soneto em alexandrinos, no Correio da Manhã, em 1902.
Jovem, com apenas dezoitos anos, adoece dos pulmões. Em busca de cura para a tuberculose, peregrina por cidades serranas do Brasil e em 1913 embarca para o sanatório de Clavadel, na Suíça. Durante os 13 anos dessa peregrinação, Bandeira aprimorou sua formação técnica, tornando-se o “poeta poeticamente mais culto e senhor de seus recursos”, nas palavras de Ivan Junqueira.
Os livros – A Cinza das Horas (1917) e Carnaval (1919) trazem os primeiros escritos de Bandeira marcados por influências do “simbolismo francês e português, do romantismo alemão e do lirismo quinhentista português”.
Embora tenha se recusado a participar da Semana de Arte Moderna de 1922, Manuel Bandeira é figura importantíssima no Modernismo Brasileiro. “Os sapos” e “Poética” são poemas de Bandeira que estabelecem uma relação com o Modernismo, assim como também o faz o humor sarcástico de “Pneumatórax”.
O ensaísta e poeta Ivan Junqueira adverte que “na poesia de Manuel Bandeira, como na de qualquer poeta cuja obra comporte momentos de transição entre um e outro estágio instrumental, o recurso da dissolução rítmica encontra-se intimamente relacionado à técnica do verso livre”. E Manuel Bandeira falando do processo criativo de “O ritmo dissoluto”, o define como “um livro de transição entre dois momentos” de sua poesia e que com ele atingiu “completa liberdade de movimento”.
Depois de O Ritmo Dissoluto, vem um outro livro com poemas escritos de 1924 a 1930. É Libertinagem, do qual o poeta afirma ter abusado do verso livre, razão, portanto, do seu título.
Também nos versos livres Bandeira é puro lirismo. Junqueira se refere ao poeta como “o símbolo supremo do lirismo, consubstanciado na luz daquela estrela “tão alta” e “tão fria” que pulsa do princípio ao fim na solitária e úmida noite em que floresce a poesia de Bandeira”.
Ler os poemas de Bandeira é deixar-se embalar pela cantiga dos seus versos, pela rima, pelo ritmo, pura sonoridade, como se escutássemos as histórias que Rosa contava ao menino, como se Vésper também caísse em nossa cama, como se fôssemos todos pra Pasárgada impregnados de lirismo.
Manuel Bandeira é senhor de um Eu lírico, que com a mesma maestria traça o caminho dos meninos carvoeiros e seus burrinhos descadeirados, inventa um desfilar circense para Mozart no céu, vê o beco, se desalenta procurando a inacessível estrela da manhã, ou da tarde. Bandeira trata com tal fervor e simplicidade os mais diversos temas do cotidiano e da imaginação, que transporta o leitor para a construção dos versos, para ouvir sua voz, sua vida pulsando em cada poema.
Em Bandeira a temática amorosa está presente desde os primeiros livros, no “tom elegíaco e intimista” (Junqueira) e na concepção do amor erótico, da volúpia sensual, com metáforas simbolizando, quase sempre, a frustração amorosa, a distância entre desejo e objeto do desejo, a rosa inacessível sobre a escarpa, a estrela fria, alta, na “vida inteira que poderia ter sido e que não foi”.
O poema A estrela é lindo e triste! As palavras, magistralmente cadenciadas nos versos, configuram a tristeza e a desesperança do poeta que vê a estrela tão alta e tão fria cintilando a solidão da sua noite, da sua vida.

A ESTRELA

Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.
Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alta luzia?

E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.

A angústia, gerada pela “ausência” de uma amada que “desapareceu ia nua”, leva o poeta a incitar amigos e inimigos a procurarem a estrela da manhã. O poeta a deseja mesmo que “pura ou degradada até a última vileza”.

“ESTRELA DA MANHÃ

Eu quero a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manha

Ela desapareceu ia nua
Desapareceu com quem?
Procurem por toda parte
(..........)

Pura ou degradada até a última baixeza
Eu quero a estrela da manhã.”

Apregoando “Tenho o fogo de constelações extintas há milênios/E o risco brevíssimo – que foi? passou – de tantas estrelas cadentes” (Belo Belo (Lira dos cinqüent’anos), o poeta lança mão do símbolo “estrela” para “exprimir a hierarquia entre os vários amores que teve: uns profundos, que permanecem intactos em sua lembrança, apesar do correr dos anos, e continuam a iluminar-lhe a existência da mesma forma que as constelações há muito extintas continuam a brilhar no firmamento; outros breves e de passagem, que atravessaram a sua vida com a rapidez das estrelas cadentes riscando o céu”, na análise de Gilda e Antônio Cândido.

A ESTRELA E O ANJO

Vésper caiu cheia de pudor na minha cama
Vésper em cuja ardência não havia a menor parcela de sensualidade
Enquanto eu gritava o seu nome três vezes
Dois grandes botões de rosa murcharam
E o meu anjo da guarda quedou-se de mãos postas no desejo insatisfeito de Deus.
Neste último poema é a estrela da tarde, Vésper, a personificação lírica e metafórica do êxtase amoroso. No entanto, é só o corpo que vive essa plenitude, o “desejo insatisfeito de Deus” só alma o realizará “Só em Deus ela pode encontrar satisfação” (Arte de amar).

Se olharmos por uma perspectiva mitológica também veremos confirmada a incansável busca do poeta pela realização amorosa, simbolizada pela estrela que brilha pela manhã ou a estrela da tarde, que não é outra senão o planeta Vênus – a estrela mais brilhante no céu. Assim, estamos diante da deusa do amor, Afrodite para os gregos, Vênus na mitologia latina. Segundo o professor Junito Brandão, o Hino Homérico a Afrodite canta sua “hierofania voluptuosa que transtorna até os animais que se recolhem à sombra dos vales, para se unirem no amor que transborda de Afrodite”.
Ora, a poesia de Manuel Bandeira está repleta do amor venusiano, erótico, carnal, voluptuoso. Para Ivan Junqueira estão equivocados os que atribuem à obra bandeiriana uma intensa sublimação do amor, posto que “na sua poesia a mulher corresponderá sempre a uma entidade tangível, pulsátil”, que já se manifesta na sua meninice, recordada em Evocação do Recife: “Um dia eu vi uma moça nuinha no banho./(...)Foi o meu primeiro alumbramento”.

A furta cor de um dia- por Marcos Vinícius Leonel


O parque, da quadra Bi-Centenário do Crato, sempre foi para mim uma espécie de refúgio, de idílio e de reserva imaculada de auto-afirmação, durante os meus conturbados anos de adolescência. Era um período de revolta inerente. Eram os fins da década de setenta e inícios dos anos oitenta. Foram praticamente três anos na companhia diária de Geraldo Urano, Clélio, Romildo e Orlando, principalmente. Sempre recebíamos algumas visitas inusitadas, bem como sabíamos de algumas despedidas repentinas, como a minha, por exemplo, rumo aos jardins suspensos do bairro Pinheiros, em São Paulo.

O horário sagrado era o pingo da mei dia. Os alunos passando ao largo, os sonhos flutuando à nossa volta, como pedras coloridas suspendidas, as divagações assumindo deliberadamente a solidão dos andarilhos envoltos em lençóis psicodélicos, enquanto a filosofia vã dos desocupados desenhava em nossas mentes paisagens urbanas ocupadas por tropas de assalto e anarquistas espiritualizados nas mais altas esferas da teosofia, dos mitos e do esoterismo fácil dos mundos adjacentes ao absurdo.

Discutíamos de tudo, tanto no sentido lato como no sentido estrito. As leituras eram colocadas em dias e debatidas com uma ferocidade sarcástica que se superava a cada dia, trocando de pele como uma cascavel da caatinga, recém chegada dos desertos americanos. Geraldo tinha uma capacidade mórbida de desconcertar qualquer um com comentários lúcidos e perturbadores. Romildo era dono inconteste de argumentos ferinos contra qualquer coisa. Clélio era o anarquista que todos nós precisávamos constantemente para crucificar a sociedade em nosso passatempo preferido. Orlando era a mansidão naturalista em pessoa, o peso ideal para aliviar e elevar as nossas dores marginais.

Geralmente chegávamos ao nosso encontro diário e inadiável com as idéias fervilhando os nossos ideais. Sempre existia uma certa concordância inicial sobre qualquer coisa. Depois a dialética revestia nossas íris com um arco-íris chamuscado pela urgência existencial de cada um. A catarse era coletiva e individual, com a mesma intensidade com que um ovo é fritado na imaginação de um vagabundo, aos pés de um viaduto de uma metrópole encardida pela fuligem do asfalto e do gás carbono. A tensão era a nossa marionete. A sociedade o nosso Pantagruel. A arte e a cultura eram o outro perdido no labirinto de Borges. Nosso senso crítico distribuía igualitariamente um Dom Quixote para cada moinho movido pelas nossas controvérsias. A gente se despedia, ou não, sempre de mãos vazias, mas com a alma repleta de saudades inconfessadas já para o próximo dia.

Naquele dia sentamos em completo silêncio e nele mergulhamos nossos anseios, vitórias e derrotas, e nele permanecemos, em perturbações imperceptíveis, como uma árvore que cria cascas, quebrando espelhos e fundando universos paralelos. Foram as três horas mais prolíferas da minha vida, naquele período de descobertas indomáveis. Foi aquele silêncio barulhento que fez com que eu percebesse que naquele exato momento aqueles dias inesquecíveis haviam acabado e que não reencontraríamos mais nenhum daqueles nós mesmos de há pouco tempo atrás. Foi naquele dia que o saudosismo foi definitivamente banido do meu reduto. Senti na face o vigor do sorriso de quem reconhece o próprio sangue pulsando nas veias.

Brincando como Zé - por Socorro Moreira


Gosto muito quando o escritor Zé do Vale brinca com as letras das músicas. Irresistivelmente, eu canto junto !

E, se ele me permite, vou tentar brincar com algumas... Essa uma... de Chico !



Já Passou
Chico Buarque

Já passou, já passou
Se você quer saber
Eu já sarei, já curou
Me pegou de mal jeito
Mas não foi nada, estancou

Sempre acho um tanto exagerada ou mentirosa a afirmativa de um coração amoroso : "já passou". Passou , ficando ... num canto , no canteiro de um jardim.Digo isso porque , quando o vento passa, traz o perfume de ti.

Já passou, já passou
Se isso lhe dá prazer
Me machuquei, sim, supurou
Mas afaguei meu peito
E aliviou
Já falei, já passou

O outro? Tadinho, coitado... Sou capaz de jurar que também chorou. Não acredito no amor unilateral. Acredito no desejo insistente, que custa a entender a insignificância de dar nó em pingo d´água !

Faz-me rir
Ha ha ha
Você saracoteando
Daqui prá acolá
Na Barra, na farra
No forró forrado
Na Praça Mauá, sei lá
No Jardim de Alah
Ou num clube de samba

Faz-me rir, faz-me engasgar
Me deixa catatônico
Com a perna bamba

Quando o amor se desliga de uma construção, quando os alicerces ficam sem portas, sem paredes, sem teto... Pra que comprar a tinta ,  lustres, pia da cozinha, e do banheiro ? O dinheiro está na farra, na busca de outro amor. Melhor do que chorar a perda é saracotear noutra, pensando que da próxima, vida ou hora, o relógio vai parar, no instante de felicidade que não foge !

Mas já passou, já passou
Recolha o seu sorriso
Meu amor, sua flor
Nem gaste o seu perfume
Por favor
Que esse filme
Já passou

Esse filme já passou... Mas eu rebobino a fita , a meu bel prazer... Faz gosto ver teu olhar melado, acreditando que o amor pula para o futuro, e de lá não sai !

Um livro de José Carlos Brandão


BIDU REIS - por Norma Hauer

HOJE É UM LAMENTO

Ela nasceu 5 em março de 1920, recebendo o nome de Edila Luisa Reis, ficando conhecida com o nome artístico de BIDU REIS.
Começou cantando em trio, depois em dupla com Emilinha Borba (também em início de carreira). Esta, seguindo seu caminho só, fez com que Bidu se dedicasse mais à composição, ao piano e à poesia.
E isso ela o fez até aos 91 anos.

Não compôs muito, mas quase tudo que produziu obteve sucesso, como “Bar da Noite” (parceria de Haroldo Barbosa); “Caminhos Diversos “; “É Natal” coautoria de Arsênio de Carvalho; “Quatro Histórias Diferentes”, parceria com Dora Lopes e por esta gravada; “Festa de Luz” e “Interesseira” ambos com Mário Latini... sendo a mais recente composta em parceira com Osmar Frazão, de nome “Fernanda”, gravada primeiramente por Paulo Barcelos e depois por Alberto Gino.
BAR DA NOITE

Garçom, apague esta luz
Que eu quero ficar sozinha
Garçom, me deixe comigo
Que a mágoa que eu tenho é minha
Quantos estão pelas mesas
Bebendo tristezas
Querendo ocultar
O que se afoga no copo
Renasce na alma
Desponta no olhar
Garçom, se o telefone bater
E se for pra mim
Garçom, repita pra ele
Que eu sou mais feliz assim
Você sabe bem que é mentira
Mentira noturna de bar
Bar, tristonho sindicato
De sócios da mesma dor
Bar que é o refúgio barato
Dos fracassados do amor

Tive o prazer de fazer parte de seu círculo de amigos e, assistia a suas apresentações “ao vivo” no programa “Onde Canta o Sabiá”, que Gerdal dos Santos apresenta todos os sábados na Rádio Nacional.

Bidu lá comparecia no primeiro sábado de cada mês até o de fevereiro. Afastou-se e, por motivo de doença, não compareceu em seu 91° aniversário, em março último. Não se recuperou da doença e no último domingo, dia 26 do mês corrente, veio a falecer.

Alguma nota em jornal ?... Nada !!!, afinal ela não nasceu naquele país do Norte, caso em seria manchete entre nós.
No próximo sábado, por sinal o primeiro do mês de julho, Gerdal dos Santos falará sobre essa agora grande ausente.

A Bidu, que do outro lado da vida, reencontre seu grande amor são meus votos.
Adeus. 

Norma

O êxito como valor de vida - José do Vale Pinheiro Feitosa

Por mais que a ventriloquia dos seguidores de Kátia de Abreu repitam, vender commodities é muito bom para o jogo de capitais, não necessariamente para as pessoas reais. Uma frase escrita por Ignacy Sachs falando sobre as medidas para a segurança alimentar mundial traduz tudo: consolidação de práticas agrícolas socialmente inclusivas e ambientalmente sustentáveis, especialmente da agricultura familiar. Aliás, a contribuição brasileira para o assunto da fome mundial é relevante ao contrário do papel de latifundiários podres de ricos: Josué de Castro é um marco civilizatório para as políticas mundiais. O “Fome Zero” do governo federal tomou assento na FAO e o Brasil continuará a marcar pontos no assunto.

Não tem como negar: os brasileiros passam por um momento de otimismo comparável a outro momento de sua história quando do governo Juscelino Kubistchek. A construção de Brasília, sua arquitetura, a Bossa Nova, o protagonismo do cinema nacional, marcaram muito bem a época. Recente pesquisa entre 147 países demonstra que os brasileiros são os mais otimistas entre todos os países analisados.

Qual a Brasília que se construiu neste atual momento? No planalto central da inexpugnável desigualdade social e econômico construiu-se o mais eficiente programa de redução da desigualdade entre os países emergentes. Não se lembrem dos países centrais, neste a desigualdade não era a questão, só poderemos ser comparados com outros de desigualdades acentuadas como o nosso. A renda per capita do brasileiro cresceu 1,8 pontos percentuais acima da expansão do PIB (Produto Interno Bruto) muito superior aos demais.

A inflação cai. O país cresce. Vira referência para outros povos e alegria frente ao sofrimento de outros. A nossa cultura continua rica e diversificada. Somos protagonistas nas novas redes sociais mundiais. E a Presidenta Dilma acaba de anunciar frente a quinhentos jovens ganhadores de medalhas nas Olimpíadas de Matemática, da qual participaram 20 milhões de jovens, um ambicioso programa de 70 mil bolsas de estudos para brasileiros nas melhores universidades do mundo. As bolsas serão para jovens em estudos de graduação e pós-graduação.

O importante de tudo: o governo brasileiro acompanha o desenvolvimento escolar de milhares de jovens com potencial de servir para uma destas bolsas. Aliás os jovens vencedores das Olimpíadas já estão recebendo uma pequena bolsa da CAPES/CNpQ para desenvolvimento em pesquisa.


São Pedro


O velho santo das chaves
mora numa basílica ,
e quem tem boca chega lá !
Pescava , e andava sobre as ondas ,
sem molhar os pés
Voou além das nuvens , sendo rocha...

Fico pensando num prometido céu
(um céu que nunca vou ganhar)
Se a Terra é tõa bonita ,
considerando os seus oásis ,
como será o cenário de lá?

A gente vive um ciclo vicioso
O diretor do meu filme de vida ,
deixou-me produtora
da minha própria sorte

Um dia , vou perguntar :
"Sâo Pedro,
eu posso entrar ?"

(socorro moreira)

Noite de São Pedro !


Noite de São Pedro!
É hoje o finzinho das festas juninas. Mas esse tempo festivo não se cansa de dançar.Ainda queremos noites estreladas, balões encantados, comida de milho e o forrozim nordestino.
São Pedro em Caririaçu ainda haverá?
São Pedro na AABB do Crato...Quando voltará?
Sopro cinzas no imaginário, arremesso gravetos na brasa...Detono uns foguetes inocentes, como chuvinha, e canto São Pedro,  pras alegrias perdurarem.
Fujo de achar que cresci... Bianca e Sofia me ensinam a sorrir!

Poema que virou canção


Circuladô de Fulô
Caetano Veloso
Composição: Haroldo de Campos

Circuladô de fulô ao deus ao demodará que deus te guie
Porque eu não posso guiá e viva quem já me deu circuladô
De fulô e ainda quem falta me dá soando como um shamisen
E feito apenas com um arame tenso um cabo e uma lata
Velha num fim de festafeira no pino do sol a pino mas para
Outros não existia aquela música não podia porque não
Podia popular aquela música se não canta não é popular
Se não afina não tintina não tarantina e no entanto puxada
Na tripa da miséria na tripa tensa da mais megera miséria
Física e doendo doendo como um prego na palma da mão
Um ferrugem prego cego na palma espalma da mão
Coração exposto como um nervo tenso retenso um renegro
Prego cego durando na palma polpa da mão ao sol

Circuladô de fulô ao deus ao demodará que deus te guie
Porque eu não posso guiá e viva quem já me deu circuladô
De fulô e ainda quem falta me dá

O povo é o inventalínguas na malícia da maestria no matreiro
Da maravilha no visgo do improviso tenteando a travessia
Azeitava o eixo do sol

Circuladô de fulô ao deus ao demodará que deus te guie
Porque eu não posso guiá e viva quem já me deu circuladô
De fulô e ainda quem falta me dá

E não peça que eu te guie não peça despeça que eu te guie
Desguie que eu te peça promessa que eu te fie me deixe me
Esqueça me largue me desamargue que no fim eu acerto
Que no fim eu reverto que no fim eu conserto e para o fim
Me reservo e se verá que estou certo e se verá que tem jeito
E se verá que está feito que pelo torto fiz direito que quem
Faz cesto faz cento se não guio não lamento pois o mestre
Que me ensinou já não dá ensinamento

Circuladô de fulô ao deus ao demodará que deus te guie
Porque eu não posso guiá eviva quem já me deu circuladô
De fulô e ainda quem falta me dá

Procure Uma Estrela




Quando a vida parece não vale a pena ser vivida
E você realmente não se importa quem seja
Quando você se sentir não há ninguém ao seu lado
Procure uma estrela

Quando você sabe que está sozinho e tão solitário
E os seus amigos viajaram para longe
Há alguém esperando para te guiar
Procure uma estrela

Todo o mundo tem sempre uma estrela da sorte
Que brilha lá no céu
Se você faz um desejo para uma estrela da sorte
Você provavelmente encontrará alguém para amar

Um homem rico, homem pobre, um mendigo
Não importa quem você seja
Há uma amiga que está esperando para guiá-lo
Procure uma estrela

Um homem rico, homem pobre, um mendigo
Não importa quem você é
Há uma amiga que está esperando para guiá-lo
Procure uma estrela
Procure uma estrela
Garota, procure uma estrela

A melodia é lindinha demais.Minha geração gosta mesmo de cantarolar.

O olhar  humano passeia no céu, fisgando estrelas.Para, no instante em que uma estrela corresponde, e se entrega, quase confessando: você me achou.Agora faço parte dos seus sonhos, das suas histórias; sou confidente e fonte dos seus encantos. Tenho a cor e a magia que você precisa para continuar colorindo a vida, como se ela fosse um céu. 
Stela disse...

Uau!
Eu também sou filha de Chico Buarque, desde que "junto a minha rua havia um bosque que um muro alto proíbia"; desde que fui Januária, Carolina, Ana de Amsderdam, Bárbara, a morena de Angola; desde que cantei "você não gosta de mim, mas sua filha gosta"; desde que acreditei que "vai passar nessa avenida um samba..."; sou filha de Chico Buarque desde conheci Pedro Pedreiro e morri na contramão atrabalhando o tráfego; desde que cantei "deus lhe pague"; desde que vi esse "malandro que agora usa gravata e coisa e tal e nunca se dá mal".
Ah, sou filha de Chico de Buarque porque sei que "o meu amor tem um jeito que é só seu... de me deixar em brasa"; e sei também o que é um olhar de adeus, olhando nos olhos.

Pois é, "apesar de você", Chico Buarque tem muitos filhos e todos o amamos muito, com açúcar e muito afeto.


Nicodemos, você foi demais!
Beijos,
stla

O tempo-Por: Rosemary Borges Xavier


Às vezes os relógios perdem os ponteiros e nem assim o tempo para...
E dispara meu coração quando seguras minhas mãos
Agora só penso na canção
E ver lá fora toda flora florir
Porque tens que fugir?
Será que foi o tempo que cansou de esperar, pois, se os relógios perdem apenas os ponteiros?

Eu também sou filho do Chico Buarque. (João Nicodemos)


É isso mesmo minha gente: declaro publicamente que eu também sou filho do Chico Buarque. Ainda que ele nem saiba de mim e nem desta paternidade não intencional, posso dizer com certeza que eu também sou filho do grande Chico. Mas não quero partilha, herança, nem reconhecimento de paternidade... Quero apenas que todos saibam:
Quando ouvi “A Banda” pela primeira vez, na voz de uma prima mais velha nos bem passados anos 60, senti uma coisa estranha. Mas não tomei nota, nem percebi direito o que era aquela identificação. Mais tarde, na adolescência, com “Sabiá”, “Realejo”, “Quem te viu, quem te vê” senti a mesma sensação de pertença. Uma identificação que não podia explicar, nem precisava. Simplesmente me senti em casa. Suas melodias e seus versos se encaixavam em meu universo emocional e intelectual (em formação) com uma justeza única.
“Junto a minha rua havia um bosque, que um muro alto proibia...”; “...hoje a gente nem se fala, mas a festa continua...”; “Toda gente homenageia Januária na janela, até o mar faz maré cheia pra chegar mais perto dela...”; “O velho vai-se agora, vai-se embora, sem bagagem... não sabe pra que veio, foi passeio, foi passagem...” Com estes versos vi girar a Roda Viva e, como quem partiu ou morreu, eu também cultivei a mais linda roseira que há... vi a banda passar e sonhei com Januária na janela. Com açúcar e com afeto, mergulhei no universo feminino e conheci algumas sutilezas do amor, cantado e decantado em suas canções. Mulheres de Atenas me aguardaram, guerreiro,à beira do cais; e com a morena de Angola eu também dancei e cantei sobre a tumba dos generais. Cantei a esperança de um dia ver o “dia raiar sem pedir licença” debulhei o trigo para o milagre do pão e chorei com a Morte Severina por ele musicada. Quantas vezes deixei a medida do Bonfim que não valeu e guardei, e guardo até hoje os discos do Pixinguinha, sim... o resto é seu. Trocando em miúdos pode, guardar aquela esperança de tudo se ajeitar, nem vou lhe cobrar pelo seu estrago... meu peito tão dilacerado... ...como? se na desordem do armário embutido, meu paletó enlaça o teu vestido e o meu sapato ainda pisa no teu? Como? Se nos amamos feito dois pagãos, teus seios ainda estão nas minhas mãos... me explica, com que cara eu devo sair?
Revisitando minhas lembranças, examinando como sinto o mundo e minha formação, posso dizer que, devido a tão intensa identificação e influência que recebi, eu também sou filho de Chico Buarque. E se você se lembra de algumas das músicas que citei, você também é!