por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 20 de novembro de 2011



Pela primeira vez no triângulo CRAJUBAR, a BANDA ONE, cover do U2 da cidade de Fortaleza, vem nos brindar com mais um grande evento produzido pela SERTÃO POP PRODUÇÕES. Será uma noite memorável, recheada de muito som, luz, pessoas bacanas e alto astral. Um show que promete acontecer e marcar no calendário de eventos do Cariri. O TERRAÇUS Bar e Petiscaria vai ser o cenário dessa festa. O local já está consagrado como de ótima estrutura para esse estilo de evento.

O primeiro lote de ingressos antecipados estarão a venda a partir de amanhã (19/11), nos seguintes locais:

CRATO:
LOJA LARAS - Esquina da Praça da Sé, em frente ao MUSEU HISTÓRICO.
PRODUTORA SERTÃO POP - Rua Araripe - 163 (beco do Padre Lauro, segundo quarteirão)
TERRAÇUS Bar e Petiscaria

JUAZEIRO
PORÃO DO ROCK - ao lado da Prefeitura Municipal.
AVALON LOCADORA - Rua Padre Cícero, 740 - centro

OS INGRESSOS ANTECIPADOS CUSTAM R$ 15,00

INFORMAÇÕES:
3521.5398 - 9666.9666 - 8824.2131

OBS: O TERRAÇUS Bar e Petiscaria fica localizado no triângulo do Grangeiro, distante 1km do Clube Recreativo Grangeiro.

DIA NACIONAL DA CONSCIENCIA NEGRA

A Abolição

No caminho que se percorreu até a Abolição da Escravatura, muitos fatos foram de fundamental importância para a concretização deste movimento. As rebeliões, as fugas, os quilombos, os trabalhos mal executados ou não cumpridos eram formas de manifestações dos negros que esbarravam em uma legislação rígida e um aparelho repressivo bem constituído que sufocavam as revoltas e impediam a concretização dos ideais de liberdade dos escravos.
O processo de emancipação aspirado pelos negros só ganhou força a partir da segunda metade do século XIX quando o protesto de alguns setores da classe dominante se juntou à luta dos negros.
Mas, devemos levar em conta que essa política emancipacionista ocorreu de forma progressiva, devido a resistência dos fazendeiros escravocratas que eram a base de sustentação política da monarquia.
O primeiro passo neste processo de liberdade ocorreu em 1871, quando foi aprovada a Lei do Ventre Livre que estabelecia que os filhos de escravos que nascessem no Império seriam considerados livres. Na verdade, esta lei só beneficiava de fato os senhores de escravos já que estes proprietários deveriam criar os menores até os oito anos, quando poderia entregá-los ao Governo e receber uma indenização; ou mantê-los consigo até os 21 anos, utilizando seus serviços como retribuição pelos gastos que tivera com seu sustento. A questão é que esta lei não foi cumprida na realidade, pois poucos escravos eram libertados, fazendo com que a situação dos negros continuasse a mesma e por isso, os fazendeiros que em um primeiro momento atacaram a lei, acabaram defendendo-a depois.
Somente em 1878, tomou corpo o movimento abolicionista, liderado por pessoas como Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, André Rebouças, Luís Gama e Joaquim Serra, ou seja, pessoas que tinham participação dos setores agrários não vinculados à escravidão e da classe média urbana, e principalmente intelectuais, profissionais liberais e estudantes universitários.
Mudanças sociais como a introdução do trabalho assalariado, as atividades industriais e o crescimento da população livre ( por volta de 1890 chegava a 522.000 só no Rio de Janeiro) e a urbanização intensificaram o movimento abolicionista que estava mais concentrado nas cidades. Nelas os abolicionistas promoviam conferências, quermesses, festas beneficentes e comícios em praças públicas. Fundaram jornais, clubes associações encarregadas de difundir suas idéias, como a Sociedade Brasileira contra a Escravidão, o Clube Abolicionista dos Empregados do Comércio e a Sociedade Libertadora da Escola de Medicina.Além disso, em 1884, a escravidão foi abolida no ceará, no Amazonas, já que estas eram províncias menos vinculadas ao sistema escravista.
Nas províncias de grande concentração de escravos como Rio de Janeiro e São Paulo, as tensões entre senhores e abolicionistas aumentavam. Fato que contribuiu para que em 28 de setembro fosse sancionada pelo imperador a Lei Saraiva-Cotegipe, conhecida também como Lei dos Sexagenários, que concedia liberdade aos escravos com 60 anos ou mais (mas estes eram obrigados a trabalhar para os senhores durante três anos ou até completarem 65 anos) e previa um aumento do Fundo de Emancipação, destinado a promover a imigração.
E somente no dia 13 de maio de 1888 a princesa Isabel, que substituía o imperador, assinou a Lei Áurea, que libertava “incondicionalmente” cerca de 750.000 escravos (cerca de um décimo da população negra do país).
Na realidade, o que vemos é que em termos sociais, a Abolição mais especificamente para os negros não significou liberdade efetiva, pois ela se transformou, entre outras coisas, em preconceito racial e exclusão social.
A regra geral para os ex-escravos foi a não-integração à sociedade burguesa. Ele não tinha condições de concorrer com o imigrante, melhor qualificado tecnicamente. Os planos dos abolicionistas em relação à integração do escravo não se concretizaram. Os negros foram atirados no mundo dos brancos sem nenhuma indenização, garantia ou assistência e a grande maioria deslocou-se para as cidades, onde os aguardavam o desemprego e uma vida
(WWW.unicamp.br)

História do Dia Nacional da Consciência Negra

Esta data foi estabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. Foi escolhida a data de 20 de novembro, pois foi neste dia, no ano de 1695, que morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.
A homenagem a Zumbi foi mais do que justa, pois este personagem histórico representou a luta do negro contra a escravidão, no período do Brasil Colonial. Ele morreu em combate, defendendo seu povo e sua comunidade. Os quilombos representavam uma resistência ao sistema escravista e também um forma coletiva de manutenção da cultura africana aqui no Brasil. Zumbi lutou até a morte por esta cultura e pela liberdade do seu povo.
Importância da Data

A criação desta data foi importante, pois serve como um momento de conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional. Os negros africanos colaboraram muito, durante nossa história, nos aspectos políticos, sociais, gastronômicos e religiosos de nosso país. É um dia que devemos comemorar nas escolas, nos espaços culturais e em outros locais, valorizando a cultura afro-brasileira.
A abolição da escravatura, de forma oficial, só veio em 1888. Porém, os negros sempre resistiram e lutaram contra a opressão e as injustiças advindas da escravidão.
Vale dizer também que sempre ocorreu uma valorização dos personagens históricos de cor branca. Como se a história do Brasil tivesse sido construída somente pelos europeus e seus descendentes. Imperadores, navegadores, bandeirantes, líderes militares entre outros foram sempre considerados hérois nacionais. Agora temos a valorização de um líder negro em nossa história e, esperamos, que em breve outros personagens históricos de origem africana sejam valorizados por nosso povo e por nossa história. Passos importantes estão sendo tomados neste sentido, pois nas escolas brasileiras já é obrigatória a inclusão de disciplinas e conteúdos que visam estudar a história da África e a cultura afro-brasileira.
(WWW.suapesquisa.com)

Lidu, escrevi para ti

Liduina, és uma flor menina
Com sabor de cajuína
Neste teu olhar todos se encantam e fascinam
Por este sorriso meigo deves despertar muitos desejos

Fiz hoje especialmente para você minha graaaaaaaaaaaaaande amiga que sabe tão bem ler minhas palavras, agradeço por ter sua sincera amizade.

Rosemary Borges Xavier

Onde deixarei minhas palavras

Jogo palavras ao mar
E sei que só estas águas serão capazes de transformar
O que está dentro de meu pensar
Pois é na natureza que se tem toda beleza
Porque nem mesmo com tua frieza esta perderá a delicadeza
Como uma fortaleza espero sentir a mansidão de tamanha firmeza
Não me descuido por saber que as palavras seguirão ao encontro da mais bela profundeza
Rosemary Borges Xavier

NO TEMPO DA MINHA INFÂNCIA‏-Colaboração de Altina Siebra






No tempo da minha infância
(Ismael Gaião)

No tempo da minha infância
Nossa vida era normal
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal
Hoje tudo é diferente
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal

Bebi leite ao natural
Da minha vaca Quitéria
E nunca fiquei de cama
Com uma doença séria
As crianças de hoje em dia
Não bebem como eu bebia
Pra não pegar bactéria

A barriga da miséria
Tirei com tranquilidade
Do pão com manteiga e queijo
Hoje só resta a saudade
A vida ficou sem graça
Não se pode comer massa
Por causa da obesidade

Eu comi ovo à vontade
Sem ter contra indicação
Pois o tal colesterol
Pra mim nunca foi vilão
Hoje a vida é uma loucura
Dizem que qualquer gordura
Nos mata do coração

Com a modernização
Quase tudo é proibido
Pois sempre tem uma Lei
Que nos deixa reprimido
Fazendo tudo que eu fiz
Hoje me sinto feliz
Só por ter sobrevivido

Eu nunca fui impedido
De poder me divertir
E nas casas dos amigos
Eu entrava sem pedir
Não se temia a galera
E naquele tempo era
Proibido proibir

Vi o meu pai dirigir
Numa total confiança
Sem apoio, sem air-bag
Sem cinto de segurança
E eu no banco de trás
Solto, igualzinho aos demais
Fazia a maior festança

No meu tempo de criança
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo
Nem se ficava frustrado
Quando isso acontecia
A gente só repetia
Até que fosse aprovado

Não tinha superdotado
Nem a tal dislexia
E a hiperatividade
É coisa que não se via
Falta de concentração
Se curava com carão
E disso ninguém morria

Nesse tempo se bebia
Água vinda da torneira
De uma fonte natural
Ou até de uma mangueira
E essa água engarrafada
Que diz-se esterilizada
Nunca entrou na nossa feira

Para a gente era besteira
Ter perna ou braço engessado
Ter alguns dentes partidos
Ou um joelho arranhado
Papai guardava veneno
Em um armário pequeno
Sem chave e sem cadeado

Nunca fui envenenado
Com as tintas dos brinquedos
Remédios e detergentes
Se guardavam, sem segredos
E descalço, na areia
Eu joguei bola de meia
Rasgando as pontas dos dedos

Aboli todos os medos
Apostando umas carreiras
Em carros de rolimã
Sem usar cotoveleiras
Pra correr de bicicleta
Nunca usei, feito um atleta,
Capacete e joelheiras

Entre outras brincadeiras
Brinquei de Carrinho de Mão
Estátua, Jogo da Velha
Bola de Gude e Pião
De mocinhos e Cawboys
E até de super-heróis
Que vi na televisão

Eu cantei Cai, Cai Balão,
Palma é palma, Pé é pé
Gata Pintada, Esta Rua
Pai Francisco e De Marré
Também cantei Tororó
Brinquei de Escravos de Jó
E o Sapo não lava o pé

Com anzol e jereré
Muitas vezes fui pescar
E só saía do rio
Pra ir pra casa jantar
Peixe nenhum eu pagava
Mas os banhos que eu tomava
Dão prazer em recordar

Tomava banho de mar
Na estação do verão
Quando papai nos levava
Em cima de um caminhão
Não voltava bronzeado
Mas com o corpo queimado
Parecendo um camarão

Sem ter tanta evolução
O Playstation não havia
E nenhum jogo de vídeo
Naquele tempo existia
Não tinha vídeo cassete
Muito menos internet
Como se tem hoje em dia

O meu cachorro comia
O resto do nosso almoço
Não existia ração
Nem brinquedo feito osso
E para as pulgas matar
Nunca vi ninguém botar
Um colar no seu pescoço

E ele achava um colosso
Tomar banho de mangueira
Ou numa água bem fria
Debaixo duma torneira
E a gente fazia farra
Usando sabão em barra
Pra tirar sua sujeira

Fui feliz a vida inteira
Sem usar um celular
De manhã ia pra aula
Mas voltava pra almoçar
Mamãe não se preocupava
Pois sabia que eu chegava
Sem precisar avisar

Comecei a trabalhar
Com oito anos de idade
Pois o meu pai me mostrava
Que pra ter dignidade
O trabalho era importante
Pra não me ver adiante
Ir pra marginalidade

Mas hoje a sociedade
Essa visão não alcança
E proíbe qualquer pai
Dar trabalho a uma criança
Prefere ver nossos filhos
Vivendo fora dos trilhos
Num mundo sem esperança

A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje sinto vontade
De ser criança outra vez...












Registramos com pesar o falecimento, na data de ontem, da Sra. Maria Zélia Pinheiro Teles Pimentel.
Abraços de condolências à família enlutada.

Pensamento para o Dia 19/11/2011


“Vemos atualmente no mundo desordem, violência e conflito. Para curar esses males é preciso descartar o egoísmo, a ganância e outras características ruins, e elevar-se acima da natureza animal. É por meio da caridade (altruísmo) que você alcança a pureza. Com pureza de coração você pode alcançar a Unidade que levará, então, à Divindade. A morada da vida humana deve ser construída sobre a caridade, a pureza, a unidade e a Divindade. As mulheres desempenham um papel crucial em cultivar esses quatro pilares. Verdade, sacrifício e paz são qualidades predominantes nas mulheres. Uma boa esposa é de importância apenas para o marido, enquanto uma boa mãe é um patrimônio nacional. Apenas mães dedicadas podem oferecer à nação filhos que se esforçarão para o grande futuro do país. Boas e tolerantes mães, que cuidam da pureza e do crescimento espiritual dos seus filhos e do bem-estar da comunidade, são a necessidade atual. ”
Sathya Sai Baba

A flor atirada - Emerson Monteiro

A história de um místico árabe conta que enquanto se via apedrejado em sacrifício das práticas religiosas que professava, contrárias que foram à tradição dos poderosos, ele observou cair aos seus pés bela flor atirada junto com as pedras da turba ensandecida. Até ali resistira com altivez aos gestos rudes da multidão formada de criaturas ignorantes no trato com a mensagem salvadora que oferecera.

Nessa hora, contudo, sentiu fraquejarem as forças, e viu-se rendido dominado de pranto convulso. Daqueles despreparados, que exercitavam instintos vingativos, outra atitude jamais esperaria além de jogarem pedras para ferir corpos e eliminarem existências físicas. De quem jogara a flor, porém, que, então, demonstrava conhecer algo mais a propósito dos ensinos e das práticas fiéis, aguardava maior sinceridade, no mínimo saindo na defesa dos ideais superiores. Negara, fraquejara, isto sim.

Às vezes sentimentos de nostalgia sujeitam atingir pessoas que sentem a força da autenticidade, ainda que distingam o tanto que lhes resta de chegarem às relíquias sagradas, assunto principal dos religiosos.

Existem situações em que discípulos deixam de lado a prática do Amor para aceitar fugas de lazer, esportes, vícios e acomodação. Nisso, esquecem a coerência e os pressupostos que adotam em nome do caminho de Deus, demonstração de abandono e pouca sinceridade interior que deixam patentear.

Aquele que jogou a flor no instante no martírio do árabe lapidado, mesmo que pretendesse cumprir gesto de solidariedade e reconhecimento na hora extrema do testemunho, permaneceu vinculado às sombras da covardia, sabedor de conceitos, no entanto sem praticá-los de verdade.

Não poucos agem de qual jeito, motivo, inclusive, da parábola do festim de bodas contada por Jesus, dos muitos chamados e poucos os escolhidos. Chamados às hostes do Bem todos somos. Raros, talvez raríssimos, exercitam a feliz oportunidade, razão das dores de saber o quanto adiante ainda sofrerão presos àas malhas pegajosas de transes imediatos.

Invés de jogar flores nas homenagens tardias, caberá cultivá-las no íntimo do coração e exalar o justo perfume através dos campos do dever.

Sonhos - Por José de Arimatéa dos Santos

Sonhar é:
Viver o imaginário
Viajar em terras distantes
E próximas
Viver uma nova realidade,
Realidade sem censura
E que os sentimentos afloram livremente
Em que tudo é muito bonito,
E liberdade é peça chave
E quando se acorda
Frustra-se pelo tempo tão ínfimo
Em que durou esse sonho
Tão maravilhoso e feliz
E a realidade fica mais nua e crua
Mas como a esperança é a última que morre
Vale a pena esperar
Por mais uma noite de sonhos

VIVA O PRESENTE INTENSAMENTE


Viva sua vida

Suas escolhas, seu destino

Viva sempre em frente

Sem dar retornos ou voltas

Veja a vida como um livro

Que a gente já leu

E só retorna a ler se não entendeu

O passado já passou

Só quem vive dele é museu

Mas faz parte do seu presente

Do que cultivou antes para o depois

Presente vira passado

Futuro vira presente

É uma longa história

Temos que ser paciente

Esperar um novo futuro e saber o que vai ser da gente

Não deixe para amanhã o que vc pode fazer agora

Pois o amanhã pode não vir

Siga em frente e não pense no que poderia ter feito melhor

E sim no que faz

E há de fazer

O Passado passou, futuro ainda vem

Cuide do presente e veja o valor que ele tem

Cuide de seu presente

Assim chegará no futuro.


Isabela Pinheiro - 10 anos

Garanhuns, 18.11.2011

Na Rádio Azul


APOCALIPSE DE DRUMMOND E MEU PAI- por José Carlos Brandão





APOCALIPSE DE DRUMMOND E MEU PAI


Meu pai morreu no mesmo ano

que o poeta Carlos Drummond de Andrade.


Era fevereiro e o mar rugia nos meus olhos,

mas ele morreu longe do mar.


(Drummond morreu olhando o mar? Umas

duas ou três gaivotas e o vai-e-vem das ondas).


As folhas caíam (não era outono) molhadas

do orvalho da noite, ao vento e ao sol.


Meu pai montava a cavalo e gritava

como um deus para a vida.


Drummond

lembrava o pai a cavalo como se pedisse perdão

do silêncio.


O meu pai e o poeta Drummond morreram

porque era hora.


Tinha uma pedra no meio do caminho.


Sinto uma súbita alegria

ao me lembrar de meu pai

ao lado de Drummond

na eternidade.


A minha boca está seca, qualquer palavra

se quebraria.


O dia,

como a morte,

é uma fatalidade.


As crianças gritam

e não acordam meu pai,

que gostava de crianças dormindo.


Venta

neste momento

e em 1987.


Imagino o poeta sorrindo,

mesmo na morte, imóvel.


O morto é uma estátua

fria

na praia,

em qualquer lugar.


(Não deveriam fazer estátuas para os mortos.)


O poeta Drummond teve uma morte pública,

ônibus passam, a fumaça passa, os jornais anunciam

o feito histórico (o poeta morto como uma estátua).


O meu pai pediu um último cigarro, olhou a vela bruxuleante

(haveria vento no quarto? O vento do eterno

não se move).



O meu pai disse adeus,

e partiu a cavalo

sem se levantar do leito.



A cidade pequena

e os parentes sorriram contemplando o seu morto

particular.


O poeta e meu pai

(anônimos)

sorriem na eternidade

satisfeitos

com a poesia do fim dos tempos.


__________
 por José Carlos Brandão


Libação - Por Elisa Lucinda


É do nascedouro da vida a grandeza.
É da sua natureza a fartura
a ploriferação
os cromossomiais encontros,
os brotos os processos caules,
os processos sementes
os processos troncos,
os processos flores,
são suas mais finas dores

As conseqüências cachos,
as conseqüências leite,
as conseqüências folhas
as conseqüências frutos,
são suas cores mais belas

É da substância do átomo
ser partível produtivo ativo e gerador
Tudo é no seu âmago e início,
patrício da riqueza, solstício da realeza

É da vocação da vida a beleza
e a nós cabe não diminuí-la, não roê-la
com nossos minúsculos gestos ratos
nossos fatos apinhados de pequenezas,
cabe a nós enchê-la,
cheio que é o seu princípio

Todo vazio é grávido desse benevolente risco
todo presente é guarnecido
do estado potencial de futuro

Peço ao ano-novo
aos deuses do calendário
aos orixás das transformações:
nos livrem do infértil da ninharia
nos protejam da vaidade burra
da vaidade "minha" desumana sozinha
Nos livrem da ânsia voraz
daquilo que ao nos aumentar
nos amesquinha.

A vida não tem ensaio
mas tem novas chances

Viva a burilação eterna, a possibilidade:
o esmeril dos dissabores!
Abaixo o estéril arrependimento
a duração inútil dos rancores

Um brinde ao que está sempre nas nossas mãos:
a vida inédita pela frente
e a virgindade dos dias que virão!

Sacudir a poeira - Por Rosa Guerrera



Entre as manias que possuo , uma delas é arquivar frases jocosas mas que quando analisadas encontramos um conteúdo fantástico .Hoje parei para refletir sobre essa frase que infelizmente desconheço o autor : “Por maior que seja o buraco em que você se encontre...pense que por enquanto ainda não há terra por cima ‘///.E é uma grande verdade !

Quem já não se sentiu sem ânimo, jogado as traças e aos cupins ?

Parece que todo lugar que pisamos escorregamos em alguma coisa que nos leva a um tombo , e mais uma vez nos sentimos feridos....Aí vem a revolta , a chateação, a descrença, a fé abalada, as lamúrias, a covardia em não querer mais caminhar , e aquele gostinho antipático de azedume no próprio ar .

Quem já não pronunciou para si mesmo essas palavras ; “ Eitha que buraco fui cair “.... E quanto mais nos convencemos dessa profundidade mais vamos encontrando pela frente cobras e lagartos que parece querer nos devorar tamanho o nosso pessimismo .

É quando a frase que citei acima nos impulsiona a continuar a jornada , isso porque o abismo que supomos as vezes ser unicamente nosso, não é o fim da caminhada. . Ainda não estamos na cidade dos que partiram nem vestimos por enquanto o manto da interrogação.

Temos muito para ver , carícias a serem ofertadas , braços a nos acolher.. E é nessa certeza que precisamos agarrar outros propósitos de vida, antes que um caminhão de areia caia realmente sobre nossas cabeças .

E assim , tropeçando aqui e acolá , ralando o corpo em urtigas ,quebrando o dedão do pé ou esfolando os joelhos, a gente tem que sair desse estado de espírito e acreditar que apesar dos pesares e dos escorregos , ainda possuimos muitas paisagens a nossa frente.

Afinal ; . ESTAMOS VIVOS !!!

E agora é só sacudir a poeira e continuar ...

rosa guerrera

"Stardust" - por Socorro Moreira


Essa música tem o poder de alterar meu astral. Levito e até alço voos, sem um pingo de medo de despenhar , pelo menos enquanto a música está tocando. Sinto a leveza da felicidade. Meu coração esquece o peso dos anos, e ousa buscar e juntar os trocados de amor que ficou em cada história. Vira baile, vira profusão de cores... Vira sonho colorido, e um congresso de todos os amores.
Livre dos ciumentos que pareciam desejar a posse, vejo agora rostos conformados com todas as perdas , e apostando no sabor de todos os esquecimentos. Esse capital amoroso faz a minha festa, quando escuto "Stardust"... De repente corro em busca de uma estrela , que iluminava o passado, e ainda brilha num céu presente , sem pensar no abandono futuro de nunca mais brilhar.
"Stardust" é a música dessa noite de sábado , quando corações em busca, encontram um movimento da alegria que não escapa, enquanto a música não termina... E, se for o caso, posso repeti-la , até furar a o disco da vitrola? É ordem !
Socorro Moreira

Tradução da música (Stardust)

AGORA A COR PÚRPURA DO CREPÚSCULO
INVADE FUNDO MEU CORAÇÃO
ALTO NO CÉU ESTRELINHAS VÃO SUBINDO
LEMBRANDO-ME QUE NÃO MAIS ESTAMOS JUNTOS
VOCÊ VAGUEIA SEM RUMO E DISTANTE
DEIXANDO-ME UMA CANÇÃO QUE NUNCA VAI MORRER
O AMOR É AGORA UM DEVANEIO DO PASSADO
A MÚSICA DE ANOS QUE SE FORAM

ÀS VEZES ME PERGUNTO POR QUE EU PERCO
NOITES NA SOLIDÃO
SONHANDO COM UMA CANÇÃO
A MELODIA NÃO SAI DA MINHA CABEÇA
E AQUI ESTOU OUTRA VEZ LEMBRANDO DE VOCÊ
QUANDO NOSSO AMOR COMEÇAVA
E CADA BEIJO ERA UMA IMENSA EMOÇÃO
MAS ISTO FOI HÁ MUITO TEMPO
E AGORA MEU CONSOLO
É DEVANEAR COM UMA CANÇÃO

JUNTO ÀQUELE MURO FLORIDO
QUANDO ESTRELAS BRILHAVAM
VOCÊ ESTAVA EM MEUS BRAÇOS
O ROUXINOL NARRA SEU CONTO DE FADAS
EM UM PARAÍSO ONDE ROSAS FLORESCIAM
E EMBORA EU SONHE EM VÃO
NO MEU CORAÇÃO VAI FICAR PARA SEMPRE
MINHA MELODIA DE RECORDAÇÕES
A LEMBRANÇA DE UM REFRÃO DE AMOR