por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 8 de setembro de 2015

AMARRANDO OS CADARÇOS DOS SAPATOS

Alguns indicadores de como andamos “aos trancos e barrancos” como dizia Darcy Ribeiro. Nós aí como o momento histórico.

O papa tenta engajar a igreja no acolhimento humanitário dos refugiados do Oriente Médio e pede que igrejas, conventos, mosteiros, entre outras instituições, recebam pelo menos uma família de refugiados. Um bispo da Hungria diz que não são refugiados, mas invasores. Não importa o contra-argumento do bispo se antes ou após o pedido do papa.

Desde 1980 os EUA invadiram, atacaram ou bombardearam pelo menos 14 países de predomínio islâmico, segundo estudo de João Fernando Finazzi e Reginaldo Nasser. Em 2014 apurou-se que 59,5 milhões de pessoas deixaram suas casas por perseguição e violência generalizada.

Estes mesmos sírios de crianças mortas na praia sofreram as consequências da ajuda militar de 16 bilhões de dólares. Dinheiro para todas as facções em luta. Doze nações, seis europeus, dois norte-americanas e quatro do oriente médio financiaram a carnificina na Síria e por tabela no Iraque e Curdistão.

A medalha de ouro dos recursos aplicados vai para os EUA com 7,7 bilhões (48%), seguidos pela Rússia e o Qatar cada um com 3 bilhões, unilateralmente pelo Canadá (718 milhões), cinco países da União Europeia (818 milhões) e o restante com os demais países do Oriente Médio. A conta do horror: ninguém quer receber refugiados.

Algo se desmorona de fato. O dinheiro é um meio de troca de mercadoria. Como explicar, como estima Stiglitz, que de 2009 a 2012 de todo o crescimento da economia mundial, 91% foi apropriado por apenas 1% da população. 99% não viu nem a cor dos benefícios que este crescimento deveria ter trazido.

Amarremos os cadarços do sapato. Como dizia Mário Ciarlini, um cearense descendente de italianos, quando perguntaram porque tinha apenas um par de sapatos e ele respondeu que só tinha dois pés. Ou seja, se estes tais 1% são mesmo de carne o osso como pensamos que sejam, nem Imelda Marcos, em seu delírio de centopeia, teria como usar tanto sapato em uso próprio.


Seria este crescimento apenas fumaça? E os ricos apenas brincam feito tio Patinhas sobre uma montanha de moedas? Ou apenas serve para financiar destruição e desgraça?