por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

" Lembranças Cordiais "


Lembranças Cordiais
( Ab Imo Pectore )

Ontem
por um descuido
a porta do meu coração
ficou aberta .
*
Aproveitando a negligência
algumas lembranças
saíram em alvoroço
deixando
meu coração inquieto.
*
Sentindo-se em liberdade
me torturavam
faziam perguntas
diziam “coisas”...

*
A razão apareceu
e com toda a sua lógica
desmentiu
argumentou
apresentou provas.
*
Inconformadas
sentindo-se perdidas
voltaram
humildemente
para o mesmo lugar
de onde não deveriam ter saído.
*
Meu coração
continuava
aberto
à espera de todas elas.

Hoje está trancado
e a chave bem guardada.

Corujinha Baiana - 30 de janeiro de 2011 (Dia da Saudade)

à toa - por socorro moreira


Faz de conta...
Que o gosto dos meus olhos é te olhar
A dor dos meus ouvidos
É o som dos teus gemidos...
E os ais...São suspiros!

Olho o mundo pela janela
Bocejo com a tarde,
num falso desinteresse.
Eu...Do mundo
A tarde...Da noite
E no pensamento,
Junto fragmento,
que formatam o toldo!

Se eu pudesse te pinçar nesta manhã
Roubar-te do trânsito...
Levar-te-ia ao pico mais alto da minha paz!


Mim... E umas noites
Até a poesia do teu silêncio, me preenche!
O mar...Beber ou atravessar?
O céu... da Terra aproximar?
E o encontro, na linha do horizonte...
Em que Janeiro será?
Você me oferece um prato de si e uma noite
Eu te devolvo, num prato vazio...
Cheio de mim e umas noites!


Eu entrego o ouro pro meu bandido com muito gosto.
As vezes fujo do meu caminho amoroso
que gosta de tocar, cheirar, apertar,lamber, gemer,
e permanecer...
que só sabe falar palavras doces
escorridas em mel,e calo na palavra
o que meu coração grita até enrouquecer:..

O pomar chamado vida-Por Rosemary Borges Xavier

Neste mundo cada um é cada um. Pois, se até em um pomar, encontramos uma árvore; onde os frutos podem apresentar os mais variados sabores. Então, nesta variedade podemos ver quão o Criador trabalha perfeitamente.

O Adeus a Scliar - por Fernando Gabeira



No caminho de volta ao Rio, soube da morte de Moacyr Scliar, grande pessoa, grande escritor. Estivemos juntos muitas vezes e trabalhamos juntos na Zero Hora. Naquela época, ele nos deu um susto enorme pois sofreu um desastre de automóvel quase fatal. Tive a oportunidade de falar com ele nas minhas idas a Porto Alegre para participar do projeto Fronteiras do Pensamento.

Moacyr Scliar


Scliar estava escrevendo algumas crônicas muito interessantes sobre o cotidiano, baseadas em notícias reais. Grande médico levou sua experiência também para a literatura.Leio que foi estimulado a escrever pela mãe. Ontem, o diretor do filme premiado O Discurso do Rei, Tom Hooper, disse que fez o filme porque sua mãe foi à leitura da peça e, ao voltar para casa, disse: acho que encontrei alguma coisa para você. Conclusão do diretor: devemos ouvir sempre os conselhos da mãe. Scliar também ouviu e nos deixou grandes textos.

Música pra mim é...

Imagem/Internet
Música pra mim é estado de espírito. É transcendência. É comunhão com o universo. Você viaja na harmonia do som e da letra; no passo e no compasso.
Música pra mim é mistura de sons; é pureza na alma. É voz e violão, é festa e oração. É revolução! É emoção e reflexão.
Música é política. É furdunço no quintal, é amor animal. É um batuque daqui, outro, dacolá... É sonho, viagem e miragem. É casamento e acasalamento. Música é sentimento! Não importa se é o clássico/erudito, jazz, blues, popular... O importante é que esteja lá...
Música é o toque das mãos, ou a falta desse toque; pois ela está ali... No silêncio da noite e nas lembranças...
Você sonha e sonha... Desperta e vive o momento.
Música para mim é magia e sintonia. É a linguagem do corpo e da mente. É viajar, criar asas entre ruas, cidades, ou entre mundos. Você se perde no tempo...
Música para mim é como a poesia... É um toque divino que acalma e acaricia a alma...
A minha alma!

Mara

Devaneios- Socorro Moreirea


A chuva voltou. Trouxe as sementes do frescor. Umedeceu minha samabaia , deixou molhada a roupa do varal. A natureza se encolhe quando ela chega, depois tudo muda de cor...Fica verde!

Minha poesia é fungada.Preciso tratá-la interna e ternamente.

As lembranças deixaram de me inquietar. O presente me chacoalha , me faz tirar leite da pedra, e com os pingos desse leite, sobrevivo.
Manhã nublada de março. Coração acordado. Corpo querendo viço, sem petisco !


Sopro, brisa
vida, leva..
É muda a verdade 
que se revela.

Tateia, nos inquieta...
Apenas nos sonhos,
as cores são notas
de uma canção feliz!

Eu vivo, quando tu voltas
numa pose vaidosa da lua
num intrometido raio de sol
Num piscar reconhecido...

Recolho, bestialmente
o riso que o tempo guarda
Nem off, nem line
Apenas quântico
na memória da alma

"Moonlight Serenade" - por socorro moreira




Éramos adolescentes.
O CREVA (Clube Recreativo de Várzea Alegre), nosso imã. Ponto de encontro.
Cheguei como visitante. Meu olhar correu na estrada, chegou à cidade, passeou na Matriz de S.Raimundo, na Praça, nos cafés (tigelas de doce de leite), vultos masculinos, possibilidades de construir amizades, e novos sonhos.
Dias de férias, ajuntamento de estudantes. Ócio romântico.
Amplificadora ativa, através das músicas, passava os seus recados noite e dia. Nas calçadas, em cadeiras de balanço, gentes de todas as gerações, pastoravam o tempo, proseavam, achavam graça, se entendiam.
Cheiro de “White magnólia”, vestidos de seda e chiffon vermelho, brinquinhos de pérolas, pulseiras escravas, saltos finas, meias de seda, batom cor-de-rosa, cabelos curtos ou longos com franjinhas. Boleros, xadrez, canastra, dominó, danças face a face, conversas engraçadas e tímidas.Flertes, paixões nascentes e serenatas...
Depois de balançar pernas e coração, e quase adormecendo, éramos acordadas pelo som das serenatas...
Os meninos que invadiam a pureza do nosso coração tentavam com gestos delicados, nos deixar o carinho musical...Um beijo, um olhar, na canção.
Não sei por que adotamos “Renúncia”, como trilha sonora... Além de “Relógio” (música da última serenata – despedida das férias... sempre lagrimosa, saudosa, inesquecível!)... É claro!
Renúncia era uma palavra suave. Pedia ao tempo que esperasse o futuro. , e ao mesmo tempo, pedíamos ao “Relógio”, que pelo amor de Deus, parasse... Que nunca amanhecesse... Que deixasse longe, a despedida... Nunca desejada!
Passaram-se quatro décadas. Passou a emoção do coração desarrumado, apaixonado... Pulando, e ficando na palma de outra mão.
Cartinhas amorosas, descomprometidas para a rua Duque de Caxias – Edifício Jalcy Avenida...
Passou o silêncio, o desencontro, a notícia, o desejo e o sonho...
Ficou o sentimento inviolável, perfeitamente intacto... Em todas e tantas lembranças.
A mesma voz, o mesmo riso, a mesma vontade de conversar, de ser incendiada pelo brilho do olhar.
Mais uma vez, a vida nos devolve o passado, numa caixinha de música. E lá está, a bailarina que anuncia e espera, incansavelmente, um novo encontro.
Oi, meu X... Sou teu Z, apesar de tantas incógnitas, equacionadas ou não, em nossas vidas.
Éramos jovens, puros e lindos... Só a paz do futuro, num tempo delicado e maduro, poderia nos presentear, e celebrar um novo encontro.
De tudo que vivi, você é o frescor, a hortelã que alivia meu coração de outras dores.
- A sempre-viva... A Renúncia revertida!


Bem resolvida - por Socorro Moreira



Cigana do Cais

Acho que sou reencarnação de algum Bobo da CorteClaro  que prefiro a performance de uma dançarina,
Cigana do Cais,
emprestando o corpo para o olho do pirata mudo .
Uma boêmia bem resolvida.

Meu corpo resolveu madrugar
Revolver lembranças e lençóis
Latidos e uivos , escuto
Tenho que criar cachorros ...
Por que não cedo , por que me esquivo ?
Preciso verbalizar o quê , se apenas sinto ?

Putz , pensou Maria :
Coloquei sal no café
Quebrei o prato
Tremi pra passar batom
Mas as cantoneiras dos olhos ,
banham - me de luz !

O entendimento pleno de si e do outro ...
É imediato !
Passa , mas deixa um rastro
A gente pode retroceder como João e Maria ...
Sem bagagem , com fome de aventura ,
e a leveza dos meninos .
É possível amar sozinha ...
Sob todos os sentidos !



Vermelho

S.O.S poesia
Abril , primaveril
Chove na cabeleira do milho
Canjica doce , espiga o meu juízo
Lambuzo os dedos , no tacho do meu vício !

Um amor resolvido
Faz o presente
ter aniversário pra comemorar !



A gente sente para escrever.
Esta é uma forma de viver .
Meu vocábulo é assustado pelas madrugadas ...
Saem como brinquedos dos livros de contos de fada
ou das amarguras e mágoas da alma.
Minha adolescência tão prolongada,
Saiu de cena ... Mas morre de saudades de mim !

Viajante - por Socorro Moreira




Crato/Iguatu/Crato/Recife/Fortaleza/Lábrea/Fortaleza/Juazeiro/Acopiara/Uberlândia/Juazeiro/Macaé/Mauriti/
Bela Vista/Barra do Mendes
Valente/Salvador/Friburgo/Campina Grande/ Fortaleza/Crato.



1975 a 2000


Iguatu alagada de  sapos

aprendendo a fazer partidas contábeis

achar diferenças de caixa

Viajar de trem toda semana,

Uma impressão de dor e aventura ... Passou !



Recife dos meus suspiros

Suspiros no mar e nos rios

Um quase amar ...

Uma ferida lambida

Uma dor,

que até sangrou ... Passou !


Lábrea.

Céu ou inferno ?

Estava viva ?

Vivi noutro plano ?

Tudo muito louco ... surtante !

Natureza exuberante

Temporal e paz

desastre nas águas

desastre no amor

Nenhuma saudade ... Passou !



Fortaleza.

Vida boêmia

Madrugadas no "Nick Bar",

"Santiago",

Violão , cantoria ,

e muita paixão pela vida ...

Passou !

Juazeiro do Norte

Uma escala para curtir família

Um pisar no chão , sem terra ...

O sonho de Ícaro !

Nada  como antes ... Passou !




Macaé.

O desconhecido.

A estrada do Rio

O pão que não era doce

Se eu não tivesse medo

Seria carioca ...

Passou !




Uberlândia

Linda e mercantilista

Terra de Toninho Horta

das hortas nos quintais

Como não gostar ?

Goles de conhaque pra esquentar o corpo

Eu , e as madrugadas ... Passou !



Mauriti.

reconexão com o povo do Crato

Com amigos novos e antigos

Com os eucaliptus ,

com o parque !

Igreja da Conceição

Roças de feijão

Nunca amei tanto ...

Terei sido amada ?

Passou!

 Bela Vista _MS

Beleza do Apa

Cidade indígena

Das guarânias , e das violas

Terêrê na cuia

O amargo e o prazer da lombra

De saudades  lá ... Quase morri !



Barra do Mendes - Ba


Sem praça da matriz

Uma igreja acanhada

um povo alegre ...

Lambada no salão , e nas ruas

Axé , nas banheiras dos Lençóis

Alma livre , com cheiro de mato

Foi bom , foi ruim ...Passou !



Valente - Ba


Sai da trilha do feijão

Fui parar na trilha do sisal


Lugar de gente solidária

Amigos inesquecíveis ...

Raça de gente abençoada !


Ficou, mas passou !



 Salvador - Ba

Tempos de viver a noite

cantando , e cantando ...

Engomando calças de linho branco

para o meu "patrão "- o dono do violão!

Tempo de sedução ... Passou !



Friburgo - RJ

Frio total


Coração, praça, pessoas.


Beleza "orquideana " inexplicável

Tudo mais lindo do que desejado

Chocolate que deixei esfriar ... Passou !



Campina Grande - PB
Escolhas erradas
vida recomeçada
Passou ... Sem deixar saudades !

Fortaleza
Porto virtual
Vida difícil
Amor desconhecido
Minha alma na palma da mão de alguém.
Vida atrapalhada
Sai dos meus porões
Voltei , e acendi as luzes da casa ...
Crato !

Oscar 2011




Quem foram os vencedores do Oscar 2011

Lista completa dos vencedores da 83ª edição do Oscar




Melhor direção de arte
- "Alice no País das Maravilhas"


Melhor fotografia
- "A origem"


Melhor atriz coadjuvante
- Melissa Leo – “O Vencedor”


Melhor curta-metragem de animação
- "The lost thing", de Shaun Tan, Andrew Ruheman


Melhor longa-metragem de animação
- "Toy story 3"


Melhor roteiro adaptado
- “A rede social”


Melhor roteiro original
- “O discurso do rei”


Melhor filme de língua estrangeira
- "Em um mundo melhor" (Dinamarca)


Melhor ator coadjuvante
- Christian Bale – “O vencedor”


Melhor trilha sonora original
- "A rede social" - Trent Reznor e Atticus Ross


Melhor mixagem de som
- "A origem"


Melhor edição de som
- "A origem"


Melhor maquiagem
- "O lobisomem"


Melhor figurino
- "Alice no País das Maravilhas"


Melhor documentário em curta-metragem
"Strangers no more"


Melhor curta-metragem
- "God of love"


Melhor documentário (longa-metragem)
- "Trabalho interno"


Melhores efeitos visuais
- "A origem"


Melhor edição
- "A rede social"


Melhor canção original
- "We belong together", de "Toy story 3"


Melhor diretor
- Tom Hooper – “O discurso do rei”


Melhor atriz
- Natalie Portman – “Cisne negro”


Melhor ator
- Colin Firth – “O discurso do rei”


Melhor filme
- “O discurso do rei”

Denis Brean - Por Norma Hauer

DENIS BREAN

Foi a 28 de fevereiro de 1917 que nasceu, na cidade de Campinas, Augusto Duarte Ribeiro, que ficou conhecido nos meios musicais, como DENIS BREAN.

Com esse nome apareceu pela primeira vez como compositor, ao fazer o “Poema da Uva”, para a “Festa da Uva de Jundiaí”, sendo a canção gravada particularmente por Ciro Monteiro.


Mas foi em 1944 que Carlos Galhardo lançou mais uma valsa para o carnaval: “No Tempo do Onça”, de autoria de Denis Brean, e foi essa valsa que, na realidade, projetou seu nome.

Posteriormente, Francisco Petrônio regravou "No Tempo do Onça".


Como estamos às vésperas do carnaval, aqui vai a letra de


NO TEMPO DO ONÇA


Oh ! Que saudades que eu tenho,

Daquelas valsas, do tempo do onça,

Valsas que tinham alegria,

Dansadas ao som de uma geringonça.


Oh ! Que saudades que eu tenho,

De ouvir a bandinha do seu Thomaz,

Ele tocava, pulado,

E a gente dançando,

Achava gozado.


E a banda fazia,

Parará,

Pum... Pá, Pá, Pum...

Parará,

Pum... Pá, Pá, Pum...

Parará,

Pum... Pá, Pá, Pum...

Parará,

Pum... Pá, Pá, Pum

Em seguida, Ciro Monteiro gravou “Boogie-Boogie da Favela” e Francisco Alves o samba “Bahia com H”.

Denis Brean trabalhou em emissoras de rádio e televisão em São Paulo, enquanto continuava compondo, como o fez com “Franqueza”, gravada por Nora Ney ou “Cansado” na voz da cantora Maysa.
Durante a Copa do Mundo de 1958, gravou um LP de músicas suas e de Oswaldo Guilherme, seu mais constante parceiro.
Denis Brean faleceu em São Paulo no dia 13 de agosto de 1969, aos 51 anos.

Norma

Ari Kerner - Por Norma Hauer


ARI KERNER
Em 1906 nasceu, aqui no Rio de Janeiro, o jornalista, poeta e compositor Ari Kerner Veiga de Castro, que ou simplesmente ARI KERNER.

Como jornalista atuou em revistas (“O Malho”; “O Cruzeiro; “Fon´Fon”) e em jornais (“O Globo” e “Correio da Manhã”) . Como compositor não chegou a ser um nome conhecido,embora suas primeiras gravações tenham sido na voz de Francisco Alves, no final dos anos 20.
Podemos considerar como sucessos duas composições suas: “Trepa no Coqueiro”, gravação original de Patrício Teixeira e “Na Serra da Mantiqueira”, gravada originalmente por Gastão Formenti e depois por Cândido Botelho, o que era raro no tempo dos discos de 78 rotações. Dificilmente dois cantores gravavam uma mesma música.

“Na Serra da Mantiqueira” foi uma das músicas compostas em referência à Revolução Constitucionalista de São Paulo, em 1932..

Eis sua letra:

Na Serra da Mantiqueira
Sob a fronde da mangueira
Que ela em moça viu plantar
Sentadinha no seu banco
Trançando o cabelo branco
Mãe Maria, vai sonhar

Dos amores do passado
Só lhe resta um filho amado
Que lhe dá felicidade
Sua vida, o fruto santo
Da longínqua mocidade.

E nas nuvens que correndo
Vão no céu aparecendo
Pra no ocaso descansar
Ela vê seus belos dias
De venturas e alegrias
Que não mais hão de voltar...

Eis porém que veio a guerra
Abalando toda a serra
Com o rugido do canhão
E a velhinha amargurada
Viu seu filho, lá na estrada
Se sumir, num batalhão...

Segurando seu rosário
No seu banco solitário
Mãe Maria reza agora
Pede a Deus ardentemente
Que lhe mande o filho ausente
Que já tanto se demora.

E numa tarde ao sol poente
Ela escuta de repente
A voz meiga do rapaz
Que lhe diz, tal como em vida:
Muito em breve, mãe querida
Lá no céu me encontrarás...

Em 1940 Carlos Galhardo gravou duas composições de Ari Kerner: “De Braços Abertos”, que se refere a um “duplo centenário” de Portugal, que nunca consegui saber de que. Que ocorreu em Portugal em 1740 , que mereceu ser festejado 200 anos depois ?

N outra face do disco foi gravada a “Canção do Trabalhador”, lançada no Campo do Vasco da Gama, onde Getúlio Vargas fazia seus discursos em todo primeiro de maio.
Nesse ano (1940) a voz de Carlos Galhardo ecoou naquele estádio, embelezando o espetáculo.

Esta é a letra da “Canção do Trabalhador:

Somos a voz do progresso
E do Brasil a esperança.
Os nossos braços de ferro
Dão-lhe grandeza e pujança.
Seja na terra fecunda,
Seja no céu ou no mar.
Sempre estaremos presentes,
Tendo na Pátria o altar.

Trabalhador,
Incansável, febril
O teu fulgor
Exalta o Brasil
Trabalhado,.
Expressão verdadeira.
Do lema altivo
Da nossa bandeira.


Em 1950, “Trepa no Coqueiro” foi reapresentada por Carmélia Alves no espetáculo “Estão Voltando as Flores , de Ricardo Cravo Albin, realizado no Teatro de Arena.

Ari Kerner faleceu, aqui no Rio de Janeiro, em 4 de abril de 1965, aos 59 anos.

Norma

MENSAGENS ESPIRITUAIS PARA TODOS OS DIAS

Prezadas Amigas e Amigos,

Estou enviando abaixo duas mensagens espirituais do mestre indiano Sathya Sai Baba que devem ser gravadas em nossos corações (principalmente a primeira delas - dia 23/02/2011).

A primeira delas foi responsável pela minha saida da depressão no dia 23 de fevereiro último.

Atenciosamente,

Um abraço,

Bernardo


Pensamento para o Dia 23/02/2011
“A menos que uma crença seja mantida inabalável dia e noite, ela não pode ser usada para alcançar a vitória. Quando uma pessoa afirma que é inferior, desprezível e que tem muito pouco conhecimento, ela torna-se inferior, desprezível e seu conhecimento diminui. Nós nos tornamos aquilo que pensamos que somos. Nós somos os filhos de Deus Todo-Poderoso, dotados de supremo poder, glória e sabedoria. Somos filhos da Imortalidade. Devemos entender essa verdade fundamental e nos apegarmos a ela sempre. Quando vivemos nesse pensamento, como podemos ser inferiores e ignorantes? A cultura Bharathiya (Índia antiga) ordena a todos que acreditem que a verdadeira natureza do homem é suprema e que todos devem estar sempre conscientes dessa verdade.”
Sathya Sai Baba


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Pensamento para o Dia 28/02/2011
“Religião significa "experiência" e nada menos. É realmente lamentável que muitas vezes esqueçamos esse fato importante. Esse segredo deve ser impresso no coração de cada um, e somente então pode haver proteção e segurança. É preciso também compreender que as coisas não podem ser alcançadas apenas por esforço próprio; a Vontade Divina é a base de tudo. Princípios religiosos devem ser praticados e sua validade experienciada. Ouvir sua exposição não tem qualquer utilidade; aprender um conjunto de argumentos e conclusões e repeti-los como papagaio não é suficiente. Se eles apelam para o seu intelecto e são aprovados por ele como corretos, isso não o ajudará de forma algum; isso deve transformá-lo.”
Sathya Sai Baba
Escrevo de grão em grão
Como se não precisasse
Ganhar o pão.

Haikai

No alto do Rochedo
nasce na flor
o segredo


Ludmilla Lacerda

Sou o que faço de mim - Emerson Monteiro

A tradicional conceituação de existirem os três aspectos comuns de personalidade para formar a constituição da individualidade, quais sejam id, o eu primitivo; o superego, o eu ideal; e o ego, o centro real da pessoa, a consciência do eu, o que representa a base original de onde procede ao que se fará de si mesmo. Tais são conteúdos iniciais de um longo itinerário a chegar na transformação do ser rumo à realização maior das existências, o que se dará sob as leis fundamentais do reconhecimento dessa longa estrada, até a individuação definitiva. Há, em consequência dessa dialética, uma personalidade suprema das individualidades em formação, o que admite, desde as religiões mais arcaicas, passando pelas teses estruturalistas das escolas científicas que estudam a psicologia humana, uma confluência ao Eu verdadeiro, que ora recebe nomes diversificados, a depender dos códigos que aprofundam o assunto. Cristo, Senhor, Consciência Cósmica, Suprema Personalidade de Deus, Eu Superior, Krishna, etc.
Enquanto de um dos lados, na vida de relações, observa-se essas configurações para a formação da personalidade instalada em todo ser humano, o aspecto instintivo animal; o eu moralista que a tudo define sob o prisma da fundamentação teórica do que deveria ser e ainda não o é; e o eu das relações consigo mesmo e com o universo, o que expressa nomes, pessoas, memórias, pensamentos, sentimentos e valores externos do ente social; no outro pólo dialético apenas a ordenação objetiva da síntese, ou nova tese, indica tão só a completa integração da personalidade com a natureza mais perfeita, inclusive acima dos juízos de valor, justificativa da existência da espécie e causa primeira à qual regressará à medida que reencontre o ele perdido, na vertente universal de tudo. Será o regresso à casa do Pai, qual dito nalgumas escolas místicas.
Todo o sentido daquela interpretação fragmentária da realidade, que obedece ao prisma dos três aspectos científicos das variações que formam a personalidade conhecida, apenas, portanto, significa uma fase primária de localização dos conceitos do eu consigo próprio, à mercê dos vetores da realidade interpretativa enquanto inexiste a conversão a que se destina no objeto do processo vida, uma razão maior e motivo primordial da existencialidade humana e dos demais seres e objetos materiais.
Ao instante da percepção criadora do Ser definitivo, o que aborda a epopéia da civilização no decorrer da história das existências, revela em si o ápice da criação e o crepúsculo das coisas na matéria, conquanto fundir-se-ão as consciências na luz espiritual da imortalidade eterna, a resultar na totalidade plena e satisfação absoluta da existência e do movimento que formam a Natureza.

RODA DE HISTÓRIAS COM BISAFLOR

Hoje, segunda feira, dia astrologicamente regido pela Lua, é dia especial para a magia das histórias fabulosas, que tanto encantam crianças e adultos. Bisaflor chamou todas as crianças pra juntinho dela, disse que os adultos também deviam se aprochegar, pois a história de hoje é muito comprida, mas é muito bonita. É um conto narrado pelos irmãos Grimm.

O PÁSSARO DE OURO

Era uma vez um rei que tinha um belo jardim onde havia uma macieira que dava maçãs de ouro. Quando as maçãs ficaram maduras, foram contadas, mas o que se observava era que ao amanhecer faltava uma maçã. Isso foi comunicado ao rei e ele ordenou que fosse montada guarda debaixo da árvore, todas as noites. Na primeira noite o rei, que tinha três filhos, mandou o mais velho deles para o jardim. Mas, quando deu meia noite, o príncipe não resistiu ao sono, e, na manhã seguinte, tornou a faltar uma maçã. Na noite seguinte, o rei mandou o segundo filho montar guarda, que também não resistiu ao sono e dormiu por volta da meia noite e, na manhã seguinte, faltava mais uma maçã. Então, chegou a vez do filho mais novo, que, apesar de não merecer muita confiança do rei, seu pai, insistiu e foi autorizado a montar guarda debaixo da macieira.
O jovem príncipe não se deixou vencer pelo sono e quando o relógio bateu doze horas, algo zuniu pelo ar e ele viu, à luz da lua, um pássaro cujas penas brilhavam como ouro puro. O pássaro pousou na árvore e acabava de tirar uma fruta quando o rapaz disparou uma flecha nele, acertando sua plumagem. O pássaro fugiu, mas uma das suas penas de ouro caiu no chão.
Na manhã seguinte, com todo seu Conselho reunido, admirando a pena de ouro e avaliando que uma pena daquela valia mais que todo o reino inteiro, o rei cobiçava ter todo o pássaro em suas mãos. Assim, mandou que o filho mais velho fosse pelo mundo procurar o pássaro de ouro.
O príncipe pôs-se a caminho, confiante na sua própria inteligência, achando que encontraria o pássaro de ouro. Depois de andar um pouco, ele avistou, à beira de uma floresta, uma raposa sentada. Apontou a espingarda para ela, mas a raposa gritou: - “Não me mates, eu te darei em troca um bom conselho. Estás no caminho do pássaro de ouro, chegarás hoje à noite a uma aldeia onde há duas estalagens, uma em frente da outra. Uma está toda iluminada e cheia de alegria. Mas não entres nela, mas sim, na outra, embora ela te pareça pior”.
“Como pode um bicho tolo desses dar-me conselho sensato?” – pensou o filho do rei, e apertou o gatilho, mas errou a pontaria, e a raposa esticou o rabo e fugiu para a floresta. Então ele continuou seu caminho e ao anoitecer chegou à aldeia que tinha as duas estalagens. Numa delas havia música e danças, mas a outra tinha aspecto pobre e miserável. “Eu serei tolo”, pensou ele, “se entrar na estalagem indigente em vez da outra, bonita”. Pensando assim, o príncipe dirigiu-se para a estalagem alegre e, no meio dos ruídos e das festas, ficou morando, esquecido do pássaro, do pai e de todos os bons ensinamentos.
Quando passou um bom tempo e o filho mais velho não voltava para casa, o segundo pôs-se a caminho, à procura do pássaro de ouro. Como o mais velho, ele encontrou-se com a raposa, mas não ouviu seu bom conselho, e quando chegou à aldeia, escolheu a alegre estalagem onde se encontrava o seu irmão mais velho. Ficaram os dois vivendo por lá, em meio à alegria que ali reinava.
Novamente o tempo passou. O príncipe mais novo quis partir, o rei não queria deixar, achava que seu caçula não tinha determinação, se os dois mais velhos não conseguiram encontrar o pássaro de ouro, imagine ele... O jovem insistiu e o pai permitiu que ele partisse. Quando o príncipe mais novo chegou à beira da floresta, encontrou a raposa que suplicou por sua vida em troca de um bom conselho. O moço foi benevolente e disse-lhe: - Sossega, raposinha, eu não te farei mal”, ao que a raposa respondeu: -“Pois não te arrependerás, e para que chegues mais depressa, monta na minha cauda”.
E nem bem ele montou, a raposa disparou a correr, zunindo por sobre paus e pedras, até o vento silvar nos seus cabelos. E quando chegaram na aldeia, o rapaz desmontou, seguiu o bom conselho e entrou, sem olhar para trás, na estalagem simples, onde pernoitou tranquilamente. Quando de manhã ele chegou ao campo, a raposa já estava lá e lhe disse:
- Eu vou dizer-te o que deves fazer daqui em diante. Caminha sempre em frente até chegares a um castelo, diante do qual está um grande grupo de soldados deitados. Mas não te importes com eles, pois estarão todos dormindo e roncando. Passa por entre eles e entra diretamente no castelo, atravessando todos os compartimentos. Por fim chegarás a um quarto, onde está um pássaro de ouro dentro de gaiola de madeira. Ao seu lado está uma gaiola suntuosa de ouro puro, mas toma cuidado, não tires o pássaro da gaiola simples para colocá-lo na rica, pois poderás te dar muito mal.
Com essas palavras a raposa esticou de novo o seu rabo e o príncipe montou nele, e lá se foram eles, zunindo sobre paus e pedras, até o vento silvar nos seus cabelos.
Quando o príncipe chegou no castelo, encontrou tudo tal qual a raposa alertara. Foi até o quarto onde estava o pássaro numa gaiola de madeira, tendo ao lado a gaiola de ouro. E as três maçãs de ouro estavam ali, espalhadas pelo chão. Aí ele pensou que era ridículo deixar o belo pássaro naquela gaiola de madeira; abriu a portinhola, agarrou-o e o colocou na gaiola de ouro. No mesmo instante o pássaro de ouro soltou um grito estridente. Os soldados acordaram, invadiram o quarto e levaram o moço pra prisão. Na manhã seguinte ele foi levado a julgamento e condenado à morte. O rei disse, porém, que lhe pouparia da morte se ele trouxesse o cavalo de ouro que corre mais depressa que o vento, e que ainda ganharia, como recompensa, o pássaro de ouro.
O príncipe pôs-se a caminho, mas ia suspirando tristemente, pois onde poderia encontrar aquele cavalo de ouro? Então, ele vê de repente, a sua velha amiga raposa, sentada na estrada.
- Estás vendo? - disse a raposa, - isso aconteceu porque não escutaste as minhas palavras. Mas, anima-te, eu cuidarei de ti e te direi como poderás chegar até o cavalo de ouro. Deves andar reto em frente, e chegarás a um castelo, onde o cavalo está numa cocheira. Diante da cocheira estarão os cavalariços dormindo e roncando, e poderás retirar o cavalo, tranquilamente. Mas presta atenção: coloca nele a velha sela de couro e madeira, e de modo algum a sela de ouro, pendurada ao seu lado, senão de darás muito mal.
E a raposa esticou o rabo, o príncipe montou nele, e lá foram eles zunindo sobre paus e pedras até o vento silvar nos seus cabelos. Tudo aconteceu conforme a raposa dissera, mas na hora de colocar a sela, o príncipe pensou: “Um animal tão belo fica desfigurado se eu não lhe puser a sela nova que lhe cabe”. Mas nem bem a sela de ouro tocou o cavalo, este começou a relinchar com toda a força. Os cavalariços acordaram, agarraram o jovem e atiraram-no na prisão.
Na manhã seguinte ele foi julgado e condenado à morte, mas o rei prometeu poupar-lhe a vida e ainda dar-lhe o animal de ouro, se ele conseguisse trazer a bela princesa do castelo de ouro. De coração pesado, o príncipe pôs-se a caminho, mas por sorte, logo encontrou a raposa, sua fiel amiga, que lhe disse: - “ Eu devia abandonar-te ao teu infortúnio, mas tenho compaixão de ti e vou ajudar-te mais uma vez a sair das tuas dificuldades. O teu caminho te levará diretamente até o castelo de ouro. Chegarás lá ao anoitecer, e de noite, quando tudo estiver em silêncio, a bela princesa sairá para a casa de banhos. Quando ela estiver passando por ti, agarra-a e dá-lhe um beijo. Então ela te seguirá e poderás levá-la contigo. Mas não permitas que ela se despeça dos pais, senão te darás mal’.
E a raposa esticou o rabo, o príncipe montou nele e lá foram eles zunindo por sobre paus e pedras até o vento silvar em seus cabelos. Quando chegaram no castelo de ouro, tudo aconteceu como a raposa dissera e o príncipe esperou pela meia noite. Tudo estava mergulhado em sono profundo, a linda donzela saiu para o seu banho e o príncipe deu-lhe um beijo. Ela disse que o seguiria de bom grado, mas implorou com lágrimas que ela a deixasse antes despedir-se dos seus pais. Ele resistiu no começou às suas súplicas, mas como chorava cada vez mais e se atirou a seus pés, acabou cedendo. Mas assim que a moça chegou perto da cama do pai, todo castelo se acordou e o príncipe foi preso. Na manhã seguinte o rei lhe disse:
- Tua vida está perdida, mas poderás encontrar clemência somente se retirares a montanha que está diante da minha janela e que me atrapalha a visão. E tens de consegui-lo em oito dias. Se o conseguires terás a minha filha como recompensa.
O príncipe pôs mãos à obra, começou a cavar e a cavar, sem descanso. Mas quando viu, no fim de sete dias, quão pouco conseguira, e que todo seu trabalho fora em vão, caiu em profunda tristeza e perdeu toda a esperança. Ao anoitecer do sétimo dia, apareceu a raposa e disse:
- Tu não mereces que eu me preocupe contigo, mas, vai e deita-te e dorme, que eu farei o trabalho em teu lugar.
Quando ele acordou na manhã seguinte e olhou pela janela a montanha havia desaparecido. O jovem correu muito alegre para o rei e comunicou-lhe que a tarefa estava cumprida, e o rei, quisesse ou não, teve que manter sua palavra e entregar-lhe a filha. Então os dois partiram juntos, e não demorou muito para a fiel raposa reunir-se a eles.
- Já tens o melhor, é verdade, - disse a raposa – mas à donzela do castelo de ouro deve pertencer, também, o cavalo de ouro.
- Como poderei consegui-lo? – perguntou o jovem.
- Isto eu te direi, - respondeu a raposa. – Primeiro leva ao rei que te mandou para o castelo de ouro, a famosa donzela que ele pediu. Então haverá enorme alegria, eles te darão o cavalo de ouro de bom grado, e o trarão para ti. Monte imediatamente nele, e dá a mão em despedida a todos, por último à bela donzela, e quando pegares na sua mão, puxa-a para junto de ti com uma arrancada, e parte a galope. E ninguém será capaz de alcançar-te, pois esse cavalo corre mais que o vento.
Tudo saiu conforme o combinado, e o príncipe levou consigo a bela donzela no cavalo de ouro. A raposa não ficou para trás e disse ao jovem:
- Agora te ajudarei também a conseguir o pássaro de ouro. Quando estiveres perto do castelo, onde está o pássaro, faz a princesa descer do cavalo, eu tomarei conta dela. Então, entra no pátio do castelo montado no cavalo de ouro. Quando o virem, eles ficarão muito contentes e te trarão o pássaro de ouro. Assim que tiveres a gaiola na mão, galopa de volta para nós e apanha a tua donzela!
Quando a empreitada terminou, bem sucedida, e o príncipe quis voltar pra casa com os seus tesouros, a raposa falou para o jovem príncipe que queria uma recompensa pela ajuda que lhe tinha prestado: - “Quando chegarmos lá na floresta, mata-me com um tiro e decepa-me a cabeça e as patas”.
O príncipe estranhou muito aquele tipo de recompensa, recusando-se a fazer tal coisa. A raposa lhe afirmou que sendo assim teria que abandoná-lo, mas que ainda lhe daria um bom conselho: -“Guarda-te de duas coisas: não compres carne de forca e nem te sentes à beira de nenhum poço”. Falando isso, ela fugiu para a floresta.
Tal conselho soou também muito inusitado para o príncipe, que passou a considerar aquela raposa um animal muito esquisito, com pedidos tão estranhos, mas prosseguiu sua viagem com a princesa. O caminho o levou àquela aldeia onde haviam ficado seus dois irmãos. Havia um grande alarido e ele quis saber o que acontecia. Foi informado que dois homens seriam enforcados, e qual não foi sua surpresa ao constatar que os homens eram seus irmãos, que praticaram muitos desmantelos por ali, inclusive ficaram endividados. O príncipe mais novo quis saber se não haveria perdão para seus irmãos e todos se admiraram dele querer pagar as dívidas daqueles dois perversos.
Mas, assim fez o príncipe: libertou os dois irmãos e seguiram viagem de volta ao castelo do pai. Quando chegaram à floresta, onde encontraram a raposa pela primeira vez, os irmãos sugeriram que parassem para descansar e se alimentar, pois o sol estava muito quente, e ali era um lugar muito agradável, sentariam junto do poço e fariam uma refeição. O príncipe mais novo concordou e, envolvido com a conversa, nem reparou que sentava-se na beira do poço, esquecido do conselho da raposa. Os irmãos o empurraram pra dentro do poço, pegaram a princesa, o cavalo e o pássaro e voltaram para o reino do pai.
Lá chegando se vangloriavam da façanha de, não só ter trazido o pássaro de ouro, pois muito mais tinham feito, conquistando a moça do castelo de ouro e o cavalo de ouro. Houve grande alegria no palácio; no entanto, o cavalo não comia, o pássaro não trinava e a moça só chorava.
O príncipe mais novo não morreu, teve sorte, pois o poço estava seco e ele caiu sobre musgo macio e não se machucou. Mas, “como sair daqui do poço?”, pensava e se afligia, até que foi mais uma vez socorrido pela fiel raposa, que o repreendeu por não ter seguido seu bom conselho.
Quando retirou o príncipe, a raposa lhe disse que tivesse cuidado porque os dois irmãos colocaram sentinelas por toda floresta para matá-lo, se por acaso ele escapasse do poço. Para se proteger, o jovem trocou de roupa com um mendigo que logo encontrou na estrada e partiu para o castelo do pai. Entrou pelo pátio, ninguém o reconheceu, mas o pássaro começou a trinar, o cavalo começou a comer e a donzela parou de chorar.
Admirado, o rei quis saber o que estava acontecendo, a princesa não sabia explicar como tão de repente passara sua tristeza e falou: “É como se meu verdadeiro noivo tivesse chegado, sinto-me tão alegre”. E passou a contar para o rei tudo que havia acontecido, apesar de ter sido ameaçada pelos príncipes mais velhos.
O rei mandou vir a sua presença todas as pessoas que estavam no castelo, e aí veio, também, o jovem príncipe disfarçado de mendigo, que foi logo reconhecido e abraçado pela princesa. Os perversos irmãos foram agarrados e castigados. E quanto ao mais novo deles, casou-se com a princesa do castelo de ouro, foi nomeado herdeiro único e sucessor do rei, seu pai.
Mas... e a fiel raposa? Que aconteceu com ela?
Um belo dia o príncipe foi até a floresta e encontrou a amiga raposa, que lhe disse:
- Tu tens agora tudo o que podias desejar, mas a minha desgraça não tem fim, e, no entanto, está em teu poder libertar-me.
E novamente ela implorou que o jovem a matasse e lhe decepasse a cabeça e as patas. O príncipe, finalmente, atende ao pedido da raposa, e assim que o fez, a raposa transformou-se num homem, que não era outro senão o irmão da bela princesa, que agora enfim estava livro do feitiço que o prendia.
Acabou-se o conto e o levou o vento e todo o mal se foi, e o bem que ficou que seja pra todos nós.