por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 7 de outubro de 2011

beatitude

Quantas vezes te roguei,
não laves minha xícara
com os teus dedos.

A minha xícara é sensível.
Acostumada somente
aos meus lábios.

Há uma verdade especial entre eles.
Os meus lábios são os responsáveis
pelas fissuras na circunferência dela.

E ela de tanto queimar-lhes a pele
modelou-lhes o bico a tal ponto
que aprendi assobiar.

Há uma mística relação entre eles.
A minha xícara só sossega
quando meus lábios sorvem
o último cafezinho,

aí, então, ela dorme
sobre a estante.

A minha xícara é sagrada.
Os meus lábios o que há de corpo em mim.

Atitude Nobre - Colaboração de Joaquim Pinheiro





Atitude Nobre: Miguel Arraes - Cícero Dias - Salomão Kelner

Na década de 50, o pintor Cícero Dias foi estudar na França e, terminado o curso, resolveu fixar residência em Paris. Como não tinha mais a bolsa, mandou que suas irmãs organizassem exposição e vendessem os quadros que havia deixado em Recife e lhe mandassem o valor arrecadado para organizar sua vida. Dr. Arraes, na época prefeito do Recife, foi à exposição pela manhã, escolheu uma das telas, acertando com a irmã do pintor que no final do dia levaria o dinheiro e pegaria o quadro. No intervalo do almoço, a pessoa que atendeu Dr. Arraes saiu para a refeição, deixou outra irmã na exposição mas esqueceu de avisar que o quadro havia sido vendido. Dr. Salomão Kelner, médico e professor da UFPE, aproveitou o horário do meio dia, interessou-se pelo mesmo quadro e o comprou. Mais tarde, quando Dr. Arraes foi buscar a obra, ela não estava mais lá. Somente após trocas de telefonemas e muitos contatos, esclareceram o mal entendido. As irmãs de Cícero Dias chegaram a falar com o comprador pedindo a devolução, prontamente aceita pelo médico, mas Miguel Arraes preferiu levar outro quadro. No Natal de 1964, Dr. Arraes preso no quartel do corpo de bombeiros, a maioria dos correligionários presos ou cassados, poucos amigos presentes, Dr. Salomão vai ao quartel e pede ao Oficial do dia para entregar o quadro de Cícero Dias a título de Presente de Natal. Como agradecimento, Dr. Arraes escreveu a carta transcrita abaixo e que lhe mando em anexo, juntamente com a imagem do quadro, hoje em poder do Instituto Miguel Arraes:


Meu Caro Salomão,

Não sei como você se lembrou do quadro de Cícero dias, de que, em algumas ocasiões e não muito freqüentes, tive oportunidade de falar, porque constituiu uma espécie de abertura para a apreciação de trabalhos de arte moderna, muitos anos atrás. Sei, apenas, que sua lembrança ficou valendo muito mais do que o quadro, agora indispensável, não mais por ser um trabalho de que gostei, mas porque representa um testemunho de um gesto muito amigo, numa hora difícil para mim.

A sua e outras demonstrações de amizade, de apoio e dedicação que tenho recebido, se não apagam as marcas da injustiça, criam a compensação necessária para que possamos suportá-la. Mais ainda, nos dão ânimo para continuarmos a acreditar nas grandes mensagens que haverão de libertar a humanidade dos preconceitos e das desigualdades.

Felicidade para você e para os seus no ano que inicia. Minhas melhores recomendações à Dra Miriam.

Um grande abraço do amigo de sempre,

Miguel Arraes de Alencar


7 de Outubro - Dia do Compositor - Por Norma Hauer


DIA DO COMPOSITOR
Hoje, dia 7 de outubro é considerado o “Dia do Compositor”. Mas será que o público conhece os compositores de nossa música?
Nos tempos áureos do rádio, somente os compositores que atuavam em outras áreas, dentro do próprio meio, é que se tornavam conhecidos, mesmo assim pelos seus desempenhos dentro dessas outras áreas.
Assim foi o caso de Ari Barroso, com seu programa de calouros e sua atuação como locutor esportivo, quando usava uma “gaitinha” para assinalar um gol, principalmente se fosse do Flamengo. Assim foi Lamartine Babo, que comandou vários programas de rádio, desde seu “Lamartinadas”, ao seu mais aplaudido programa, o “Trem da Alegria”, com Yara Sales e Herbert de Bôscoli.
Assim foi Herivelto Martins e seu famoso Trio de Ouro”, com Dalva de Oliveira e Nilo Chagas. Assim também foi Braguinha, que fez parte com Almirante do “Bando de Tangarás”. Nesse grupo, os participantes tinham nome de pássaros, mas apenas Braguinha continuou usando o nome do pássaro com o qual compôs centenas de músicas: João de Barro.
O próprio Noel Rosa se tornou conhecido quando, com Marília Batista passou a fazer improvisos no então mais famoso programa de rádio: o “ Programa Casé”. Aliás, é bom saber que está sendo exibido, no Unibanco Arteplex (sala 2) em Botafogo, um documentário exatamente sobre o “Programa Casé”. Aconselho a quem se interessa pela história de nosso rádio a assistir a esse documentário sobre o programa que marcou época, antes do apogeu da Rádio Nacional. É interessante ver “fatos e fotos” de um Rio que ficou “lá para trás”.

Mário Lago, como compositor, obteve grandes êxitos, mas seu nome ficou mais conhecido quando passou a participar de tele-novelas da Rede Globo. Poucas pessoas que o viram em novelas sabiam que ali estava o co-autor de um dos maiores sucessos de Orlando Silva: o fox-canção “Nada Além”, ou o famoso samba “Ai Que Saudade da Amélia”. Isso sem falar em “Devolve”; “Não Quero Saber”; “Será?”, gravados por Carlos Galhardo, ou “Fracasso”, gravação de Francisco Alves ou ainda “Aurora”, gravado por Joel e Gaúcho, sucesso absoluto no carnaval de 1941.
Lembro-me que Ari Barroso ficava “uma fera” quando o calouro não sabia o nome do autor da música que iria apresentar.

Gostaria nesta data de relembrar grandes compositores que, desde Chiquinha Gonzaga, ainda no século 19 àqueles que enriqueceram nossa música popular, principalmente na primeira metade do século 20 quando o rádio era absoluto.
Depois de Chiquinha, ainda nascidos no século 19, tivemos Donga, João da Baiana, Pixinguinha, Zequinha de Abreu, Marcelo Tupinambá, Orestes Barbosa, Paraguassu, Bastos Tigre, Hermes Fontes, Vicente Celestino...mas o domínio aumentou com os nascidos nos primeiros 20 anos do século 20, tais como Oswaldo Santiago, Paulo Barbosa, José Maria de Abreu, Custódio Mesquita, Roberto Martins, Roberto Roberti, Assis Valente, Benedito Lacerda, Mário Rossi, Gastão Lamounier e centenas de outros que, ao lado de nossos grandes intérpretes, fizeram a história de nossa música popular.
A partir dos anos 60 nossa música seguiu um novo rumo, com a chegada da bossa nova e da jovem guarda. Muitos compositores passaram a gravar suas próprias músicas para que seus nomes ficassem conhecidos. Ao lado disso, ritmos estrangeiros como o “rock” passaram a dominar a música não somente do Brasil, como de quase todos os países ocidentais.

E até nosso samba acabou .
Os próprios sambas das Escolas só o são nos nomes porque seus ritmos são de marcha, para facilitar os desfiles.
De qualquer forma, todos aqueles que batalharam ou ainda batalham pela nossa música merecem ser referendados no dia de hoje.
Norma

Encontro da SOBRAMES - Programação Hoje !


P R O G R A M A Ç Ã O


Sala J u a z e i r o


07 de outubro , 6ª. feira


09:30-10:15hPalestra: “Bárbara de Alencar”

Presidente: Dr. José Maria Chaves

Palestrante: Dr. Geraldo Bezerra


10:15-11:00h – Palestra: O ritmo na criação do soneto”

Presidente: Paulo Camelo (PE)

Palestrante: Prof. Lucarocas


11:00-12:00h - Palestra: “O Príncipe da Medicina”

Presidente: Dr. Francisco Tomaz Ribeiro Ramos

Palestrante: Dr. Vladimir Távora Fontoura Cruz


12:00-14:00h - Intervalo para o almoço


14:00-15:30h - Temas Livres

Presidente: Jorn. Vicente Alencar

Secretária: Jorna. Margarida Alencar


15:30-15:45h - Cafezinho


15:45-16:45h - Conferência: “Ritmo na Poesia”

Presidente: Dr. Walter Gomes de Miranda Filho

Conferencista: Dr. Paulo Camelo (PE)


16:45-17:45hTemas Livres

Presidente: Dr. José Maria Chaves

Secretário: Dr. Luiz de Araújo Barbosa


20:00h - Conferência Magistral: Mozart Cardoso de Alencar – Vida e Obra”

Presidente: Dr. Francisco Flavio Leitão de Carvalho

Conferencista: Dr. Gualter Alencar

Coquetel

Torta especial de goiaba - Colaboração de Monalissa Figueirêdo



Camadas:

Primeira - Creme :
1 lata de leite condensado, a mesma medida de leite, 3 gemas, 2 colheres de maisena misturadas com meia xi. de leite gado, misture tudo e leve ao fogo até formar uma papa grossa. Deixe esfriar um pouco e acrescente 1 cx. de creme de leite, mexendo levemente. Derrame num refratário e reserve.

Segunda - doce :

Dissolva 1 lata de goiabada bem picadinha com uma xi de água, leve ao fogo até formar um creme grosso. Jogue por cima da camada anterior.

Terceira -massa :

Quebre bem muidinho 1 pacote de biscoito Clube Social(original) e jogue por cima.

Quarta -chantilly

Bata 3 claras em neve, acrescente 2 colheres de açúcar e 1 cx de creme de leite, misturando levente.

Quinta e última - cobertura :

400gr de queijo coalho ralado bem grosso.

Leve ao congelador e deixe por 1 hora. Depois, passe para a parte mais alta da geladeira. Bom apetite!

Por Corujinha Baiana



E o céu resplandece !

Sol ou Lua ?
Ouro ou Prata ?
Dia ou Noite ?
Estrela ou Satélite ?

No céu
o brilho nos confunde.

Mas os dois astros sabem
Em todo seu esplendor,
Que é preciso um sair
Para que o outro brilhe.

E lá, nas alturas,
quando os dois teimam
em disputar o mesmo Espaço ...

O Céu escurece ...
A Luz desaparece ...
E o encanto se desfaz.

Uma pessoa especial - Por Rosa Guerrera



Pode até não falar a nossa linguagem,mas entende tudo que dizemos !Uma pessoa especial não precisar entrelaçar nossas mãos,mas nos conforta com um simples olhar !Uma pessoa especial não tenta ser especial ,mas nos faz especial no seu caminho !Uma pessoa especial não insiste em ficar ,mas aceita o convite para entrar no nosso coração!Uma pessoa especial não se emoldura em virtudes,mas mostra humildemente suas falhas !Uma pessoa especial não precisa gostar dos nossos gostos,amar nossos livros,vibrar com nossas músicas ou seguir a nossa religião...Uma pessoa ESPECIAL é aquela que não se dá ...mas , se doa !!E doação é entrega, é caminho ,é verdade, e pureza de coração ...Uma pessoa ESPECIAL é finalmente aquela que se alegra quando consegue trazer para nossa vida, a verdadeira alegria de VIVER .

rosa guerrera

"Minha festa"- por socorro moreira


Meu pai achava que morrer seria dormir sem sonhar e sem acordar- o sono eterno!
Acho a morte muito triste, e sinto mais pena de quem fica (mas que pode se alentar nas boas lembranças). Quem parte, enquanto é lembrado, continua vivo!
Acordaremos juntos um dia?
Nosso Universo é pleno do vazio de quem partiu, e vazio de quem nunca chegou.
Um bom tempo da vida, a gente passa dormindo... Um cansativo exercício para tolerar a eternidade.
Acordamos pela sobrevivência material e imaterial: comer, beber... Amar!
-O amor?
Objeto e objetivo.
Ele se edifica na vida, e se eterniza na morte.
É a essência e o instrumental de todas as artes.
"È porisso que eu canto assim..."!
La, lalaia laia laia, lalaia laia laia, lalaia laia laia, ia
La, lalaia laia laia, lalaia laia laia, lalaia laia laia
Graças a deus minha vida mudou
Quem me viu, quem me vê, a tristeza acabou
Contigo aprendi a sorrir
Escondeste o pranto de quem sofreu tanto
Organizaste uma festa em mim
É por isso que eu canto assim
La, lalaia laia laia, lalaia laia laia, lalaia laia laia, ia
La, lalaia laia laia, lalaia laia laia, lalaia laia laia

Rádio Azul na madrugada...


Tomas Tranströmer - 3 POEMAS


PÁSSAROS MATINAIS (1966)

Desperto o automóvel
que tem o pára-brisas coberto de pólen.
Coloco os óculos de sol.
O canto dos pássaros escurece.

Enquanto isso outro homem compra um diário
na estação de comboio
junto a um grande vagão de carga
completamente vermelho de ferrugem
que cintila ao sol.

Não há vazios por aqui.

Cruza o calor da primavera um corredor frio
por onde alguém entra depressa
e conta como foi caluniado
até na Direcção.

Por uma parte de trás da paisagem
chega a gralha
negra e branca. Pássaro agoirento.
E o melro que se move em todas as direcções
até que tudo seja um desenho a carvão,
salvo a roupa branca na corda de estender:
um coro da Palestina:
 
Não há vazios por aqui.

É fantástico sentir como cresce o meu poema
enquanto me vou encolhendo.
Cresce, ocupa o meu lugar.

Desloca-me.
Expulsa-me do ninho.
O poema está pronto.


EM MARÇO DE 79 

Farto de todos aqueles que com palavras fazem palavras mas onde não há uma linguagem,
Dirigi-me para a ilha coberta de neve.
A veação não conhece palavras.
As páginas em branco dispersam-se em todas as direcções.
Eu dei com vestígios de cascos de corça na neve.
Linguagem, mas nenhuma palavra.


ADERNAGEM DA NOITE PARA O DIA 

Quieta, a formiga acorda, espreita para dentro do
nada. E para além das gotas da escura folhagem e
do murmúrio nocturno, profundo no desfiladeiro do verão,
não se ouve mais nada.

O abeto ergue-se como o ponteiro de um relógio,
espinhoso. A formiga arde na sombra da montanha.
Gritos, pássaros! E por fim, vagarosamente, a carroça
das nuvens começa a rolar.

Tomas Tranströmer - Prêmio Nobel de Literatura 2011