por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

"IPSIS LITTERIS" - José Nilton Mariano Saraiva


Numa postagem anterior (Os Felizes e Ricos Afilhados do Juiz Sérgio Moro) afirmamos, de forma peremptória e contundente, que ao deixar o comando da Operação Lava Jato e renunciar ao cargo de Juiz Federal (para receber sua “paga” – ministério da justiça - pelos relevantes serviços prestados), Sérgio Moro já houvera redigido a sentença e definido a “pena” a ser aplicada a Lula da Silva na ação sobre o tal sítio de Guarujá (embora sem nenhuma prova), restando à sua substituta apenas e tão somente subscreve-la e passar adiante.
É que, desde o princípio, a “República de Curitiba” sempre se nos apresentou como uma congregação de raivosos (pra esconder a incompetência ???)  juízes e procuradores, cujo objetivo primeiro sempre foi o de inviabilizar a candidatura de Lula da Silva à Presidência da República, se possível prendendo-o. O que foi feito devido à covardia explícita dos prolixos, pernósticos e preguiçosos membros do tal Supremo Tribunal Federal (isso todo mundo tá careca de saber).
Para o lugar de Sérgio Moro, interinamente ficou respondendo pela Operação Lava Jato a juíza-substituta Gabriela Hardt que, devido ao tratamento ríspido e deseducado nos interrogatórios com o ex-presidente, foi literalmente ungida à condição de um “Moro 02” ou um “Moro de saias”. E, como esperado, foi ela que assinou a nova sentença (REDIGIDA POR SÉRGIO MORO, SIM) condenando Lula da Silva.
Se alguém tinha ou tem alguma dúvida a respeito, veja abaixo e observe que, quando questionada, Sua Excelência simplesmente “tira o braço da seringa” e recusa-se a dar explicações sobre o vergonhoso uso das combinações CTRL+C (copiar) e CTRL-V (colar).
Lastimável.
Perícia indica “copia e cola” em sentença de Lula por sítio
POR FERNANDO BRITO · 26/02/2019
http://www.tijolaco.net/blog/wp-content/uploads/2019/02/copypaste.jpg
A defesa do ex-presidente Lula enviou a decisão em que Gabriela Hardt condenou o petista no caso do sítio de Atibaia (SP) para exame pericial. Resultado: o laudo sustenta que a juíza aproveitou “o mesmo arquivo de texto” usado pelo colega Sergio Moro no caso do tríplex.

O parecer foi feito pelo Instituto Del Picchia. Ele aponta similaridade na formatação dos dois textos
e o que chama de lapsos de Hardt, que chegou a copiar trecho do caso do Guarujá na penúltima página de sua sentença, reproduzindo referência a um “apartamento”.

O material será anexado a recursos que os advogados vão apresentar ao TRF-4 e a tribunais superiores. Procurada, a assessoria da 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná disse que Gabriela Hardt não iria se manifestar.
O trecho a que a nota se refere é o item 953 da sentença de Sérgio Moro que, ao estabelecer o valor da multa condenatória diz que “Evidentemente, no cálculo da indenização, deverão ser descontados os valores confiscados relativamente ao apartamento.” A expressão é literalmente repetida na página 359 da sentença da juíza Hardt, com a “curiosidade” que, no processo do sítio de Atibaia, não há apartamento algum…

**********************************
Como a “papelada” será distribuída para o TRF-4 (Tribunal Regional Federal de Porto Alegre) composto por três juízes comprovadamente parciais, dificilmente teremos alguma novidade.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

"AÇÃO HUMANITÁRIA",,, UMA OVA - José Nilton Mariano Saraiva

Constitui-se frescura pura e viadagem explícita a massacrante e uníssona ofensiva da amestrada mídia internacional (inclusive e principalmente a brasileira, aliada de primeira hora aos Estados Unidos), no sentido de nos fazer crer que os “yankes” estão mesmo preocupados com a situação do povo venezuelano, daí a necessidade dessa grotesca encenação apelidada de “ajuda humanitária” (uma ova).

Na verdade (e quem tem na cabeçona pelo menos dois neurônios interligados) sabe perfeitamente que existem no mundo muitos outros povos e países em situação mais delicada e difícil que na Venezuela (e já faz tempo), sem que os “xerifes” do mundo se preocupem com isso (Honduras, Cuba, Guatemala, República Dominicana e o paupérrimo Haiti, por exemplo, todos localizados no quintal dos gringos).

Mas, como nenhum deles tem seu território assentado num oceano-amazônico de petróleo, vão morrer à míngua, sem que os americanos demonstrem dó ou piedade (pelo contrário, se puderem dizimam de vez; e o “bloqueio”, de toda ordem e modalidade, contra a Venezuela, e do qual ninguém fala, é o exemplo emblemático).

Intervencionistas de primeira hora, preferencialmente se do outro lado se encontra um país periférico e subdesenvolvido, mas que tenha algo do seu interesse (em termos estratégico ou econômico), os Estados Unidos nunca respeitaram os tratados de “não intervenção” ou a “autodeterminação dos povos”, constante das cartilhas dos organismos internacionais - ONU, OEA e por ai vai , daí se meterem em tudo que é canto. Basta observar que onde tem uma guerra tem americano metido no meio.

Para tanto, de um certo tempo até os dias presentes uma nova modalidade de “terrorismo” foi implementada pelos “xerifes” do mundo, através da incitação de países até então amigos a se digladiarem em defesa de supostas “causas humanitárias”. Mas que, ao fim e ao cabo, terão os Estados Unidos como beneficiário final.

Nos dias atuais (caso presente), como a Venezuela e seu povo nunca representaram nem representam nenhum risco à soberania brasileira, há que se levar em conta que, além da tomada/posse das generosas jazidas do petróleo venezuelano (fator econômico), o conflito provocado pelos “gringos” representa, sim, um iminente e sério risco à soberania brasileira (fator estratégico), porquanto, não é de hoje que se sabe da ambição americana em tomar de conta da nossa Amazônia, consubstanciada na doutrina de James de Monroe, do século XIX: “A AMÉRICA PARA OS AMERICANOS... DO NORTE”.

E como o idiota que foi eleito presidente do Brasil já disse em certa oportunidade que, como o Brasil não tem condições de explorar as potencialidades da região amazônica, ela deveria ser entregue a quem pudesse explorá-la, não custa nada ficarmos atentos. Afinal, ali estão as maiores reservas de água doce do mundo, a maior floresta tropical do mundo, sua inigualável e incrível biodiversidade, além das portentosas riquezas minerais do seu subsolo.

E se invadirem a Venezuela não tenhamos dúvida: seremos a “bola da vez”, e em bem pouco tempo. Alguém duvida ???

*************************
Post Scriptum:
Risível, para não dizer ridículo, os dois “caminhões meia-tigela” que o governo brasileiro apresentou como contendo a “ajuda humanitária” brasileira para os “famintos” venezuelanos; não dariam para satisfazer, por um dia sequer, as necessidades dos moradores de uma única favela do Rio de Janeiro.

domingo, 24 de fevereiro de 2019

UM "PASSADO QUE CONDENA" 02 - José Nilton Mariano Saraiva


"Eu não entendo porque não estamos olhando para a Venezuela. Por que não estamos em guerra com a Venezuela ? Eles têm todo esse petróleo e estão na nossa porta dos fundos". 

(Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, em reunião na sede do FBI, meses atrás).

E aí, é preciso desenhar ???

sábado, 23 de fevereiro de 2019

UM "PASSADO QUE CONDENA" - José Nilton Mariano Saraiva


UM “PASSADO QUE CONDENA” – José Nilton Mariano Saraiva

Não é necessário que se seja nenhum expert em Geografia para saber que o Iraque se acha encravado no longínquo Oriente Médio (do outro lado do mundo) enquanto a Venezuela é nossa vizinha, aqui na América do Sul. Assim como, também, que em termos de costumes, história, cultura, religião e, enfim, do modus vivend, são países totalmente antagônicos.

Num aspecto, entretanto, os dois guardam uma semelhança muito grande e... preocupante: ambos detêm em seu subsolo portentosas e invejáveis reservas do “ouro negro” (petróleo). Assim, literalmente nadam de braçada, mas por outro lado são alvos da cobiça internacional.

De outra parte, na América do Norte, o outrora maior país do mundo, Estados Unidos, paulatina e progressivamente começa a perder poder, principalmente em razão do exaurimento das suas reservas de petróleo (que após beneficiado é usado numa miscelânea de outros produtos essenciais).

Como desde o fim da Segunda Grande Guerra Mundial os “yankes” (Estados Unidos) incorporaram o espírito de “xerifes” do mundo, com direito a dar pitaco e interferir onde bem entender (escudado em seu portentoso arsenal bélico/militar), a solução encontrada foi “ir atrás do petróleo onde ele estiver”.

Para tanto, é só arranjar um país que seja portador de reservas “suculentas” do petróleo, desqualificar seus governantes, “fazer a cabeça” da mídia amestrada para difundir o perigo que representam tais governos e, ato contínuo, invadir o país e tomar de conta das suas jazidas.

Foi assim no Iraque, em 2003, quando o alcóolatra George Bush, então na presidência dos Estados Unidos, resolveu que era chegada a hora de tomar tal providência contra Saddam Hussein, sob o mentiroso argumento de que o Iraque detinha um fabuloso arsenal de armas químicas a serem usadas contra seus vizinhos do Golfo Pérsico. Não encontraram porra nenhuma (porque inexistia), mas depuseram e mataram o “sanguinário” e se apossaram do petróleo do Iraque. E ficou por isso mesmo.

2019, a bola da vez é a Venezuela, cujas reservas de petróleo são as maiores do mundo (maiores até que as da Arábia Saudita). O modus operandi é o mesmo: demonizar o governo através do estardalhaço de uma mídia de via única e parcial, conseguir o apoio de países alinhados a fim de perpetrar o crime e partir para o aniquilamento.

E a declaração do psicopata que atualmente está presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante uma reunião no FBI, meses atrás, é emblemática e não deixa dúvidas:  
"Eu não entendo porque não estamos olhando para a Venezuela. Por que não estamos em guerra com a Venezuela? Eles têm todo esse petróleo e estão na nossa porta dos fundos".

O lamentável e preocupante nisso tudo é que o desonesto e medíocre que foi alçado à Presidência do Brasil (Jair Bolsonaro), haja concordado em meter o Brasil nessa enrascada, já que o território brasileiro irá funcionar como um dos pontos de apoio para a invasão de um país com o qual sempre tivemos excelentes relações.

E se a Rússia e China, apoiadores de primeira hora da Venezuela, resolverem “bater de frente” com os Estados Unidos (um passado que condena), o que sobrará para o Brasil ??? Estaremos preparados para participar de uma guerra civil da qual nada temos a ver ???

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

CORRUPÇÃO X CAIXA 02 (A VERGONHOSA COOPTAÇÃO DE SÉRGIO MORO) - José Nilton Mariano Saraiva


Para explicar a repentina metamorfose experimentada pelo ex-juiz Sérgio Moro, hoje Ministro da Justiça, nada como uma velha e surrada expressão: “na prática a teoria é outra”.

Aos fatos.
Em abril de 2017 (portanto a menos de dois anos), em palestra proferida para estudantes brasileiros na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, o então todo poderoso e midiático juiz federal Sérgio Moro foi categórico e incisivo: "CAIXA 02 NAS ELEIÇÕES É TRAPAÇA, É UM CRIME CONTRA A DEMOCRACIA. Me causa espécie quando alguns sugerem fazer uma distinção entre a corrupção para fins de enriquecimento ilícito e a corrupção para fins de financiamento ilícito de campanha eleitoral. PARA MIM A CORRUPÇÃO PARA FINANCIAMENTO DE CAMPANHA É PIOR QUE PARA O ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. Se eu peguei essa propina e coloquei em uma conta na Suíça, isso é um crime, mas esse dinheiro está lá, não está mais fazendo mal a ninguém naquele momento. Agora, se eu utilizo para ganhar uma eleição, para trapacear uma eleição, isso para mim é terrível", concluiu.
Vida que segue, em 2018, em plena campanha eleitoral para a Presidência da República, o juiz Sérgio Moro começa a ser cooptado progressivamente pela nefasta classe política quando, convidado pelo candidato Jair Bolsonaro a participar do seu governo, na perspectiva de que saia vitorioso, de pronto aceita.
A razão do convite ??? Retribuição por ter impedido o favorito do pleito (Lula da Silva) de concorrer, condenando-o e prendendo-o (mesmo sem nenhuma prova) abrindo o caminho para Bolsonaro.
Empossado Ministro da Justiça (depois de renunciar ao cargo vitalício de Juiz Federal, que não é pouca coisa), o agora ex-juiz continua a derrapar feio e a constatar que “na prática a teoria é outra”; é que o principal ministro do senhor Bolsonaro, e agora seu colega de ministério Ônix Lorenzoni, não só confirma aos jornalistas que recebeu caixa 2 (e em duas oportunidades) como apresenta ao próprio um simplório pedido de desculpas; que Sérgio Moro,  cândida e pateticamente aceita e perdoa, sob o mambembe argumento que ele (Ônix) houvera “se arrependido e lhe pedido desculpas”. Simples assim.
Eis que hoje, ao apresentar na Câmara Federal seu badalado projeto de combate sem tréguas à corrupção, Sérgio Moro finalmente “bateu de frente” com os mafiosos políticos que lá habitam (quase todos respondendo processos) e, esquecendo suas convicções e achismos, sucumbiu humilhantemente ao revelar que a criminalização do Caixa 2 não é um crime tão grave assim e, portanto, apresentará um projeto separadamente, sobre.
Como o que não falta é ladrão e corrupto no governo Bolsonaro e entorno, a dúvida é se um simples pedido de “desculpas” (individual ou coletivo ???) será suficiente para ser perdoado por Moro, ou mesmo se esse tal projeto será algum dia votado pelos mafiosos.
Resumo: ou Sérgio Moro mostra que é inflexível em suas convicções e achismos, ou se deixa cooptar de vez, se acovarda e “esquece” rapidinho e mesmo que momentaneamente a abissal diferença entre corrupção e caixa 2, por ele explicitada categoricamente aos alunos de Harvard, menos de dois anos atrás (afinal, mesmo sem que haja logrado aprovação no exame da OAB, sua vaga no tal Supremo Tribunal Federal já está garantida em razão dos “relevantes serviços prestados”: colocar a corrupta família Bolsonaro no poder). 



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

"BABYCRACIA" - José Nilton Mariano Saraiva


E não deu nem para esperar pelos tradicionais 100 dias de arrego, normalmente concedidos a quem chega lá, a fim de que pudéssemos emitir algum juízo de valor. Com menos de dois meses de assunção do poder, muitos daqueles que sufragaram o atual inquilino do palácio do Planalto (Jair Bolsonaro) já mostram inequívocos sinais de arrependimento e desesperança ante a falta de comando e inaptidão para a função de Presidente da República, demonstrados pelo próprio.

É que, acostumado à inoperância e vadiagem reinante no baixo clero da Câmara Federal, onde passou 28 anos sem nada produzir (a não ser em benefício próprio), o truculento, despreparado e incompetente ex-capitão do exército já deve ter se perguntado o que está fazendo ali e como tantas pessoas tiveram a coragem de o sufragarem (é, literalmente, uma barata-tonta a zanzar sem rumo pelos corredores do palácio).

Já nós outros, estupefatos, descobrimos, da noite pro dia, que embora muitos militares hajam sido alocados em postos-chaves da estrutura presidencial como uma forma de escudo protetor ao descalabro que mais cedo ou mais tarde eclodiria (como está a ocorrer), constatamos que estamos a ser geridos por uma inédita “congregação-familiar”, a “babycracia”.  

Que nada mais é que a oportunista, perigosa e deslavada cessão do direito de governar, de Bolsonaro aos três filhos, todos “empregados” na política pelo próprio pai (vereador, deputado e senador) e, portanto, seus fiéis escudeiros.

Arrogantes, prepotentes e sem escrúpulos, os “babys” (Carlos, Eduardo e Flávio) em tão pouco tempo baldearam o coreto de uma forma tal que findaram por, inadvertidamente, “entregar o ouro”: é que, tal qual as tradicionais  famílias italianas  vinculadas à máfia, por aqui o clã Bolsonaro tem a proteção desabrida das perigosas milícias-militares estabelecidas no Rio de Janeiro (gente da pesada, que atira antes de perguntar).

A propósito, o atual Ministro da Justiça, o todo poderoso ex-juiz, Sérgio Moro, bem que poderia nos informar por onde anda o “motorista-milionário” do Flávio Bolsonaro, por cuja conta bancária transitaram milhões e milhões de reais ???  

Ante o exposto, a dúvida que nos assalta é se os “milicos”, já lá instalados, aceitarão passivamente que os “babys” irresponsáveis mandem e desmandem, casem e batizem, façam e desfaçam e, enfim, assumam de vez o poder, já que com carta-branca do pai, para tal.

O retrato emblemático de tal situação nos foi mostrado hoje, quando o presidente do partido, coordenador, tesoureiro da campanha e Ministro do governo de Bolsonaro (outro meliante) foi sumariamente escorraçado do Planalto em razão de divergência com um dos rebentos do presidente (Carlos).

Seria essa a senha para que os “estrelados” forcem a barra e assumam de vez o poder, na perspectiva que o estado de saúde de Bolsonaro inspira sérios cuidados ???  Ou prevalecerá, por cima de pau e pedra, a “babycracia” ???

A conferir.
  


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

CIRO "CAMALEÃO" GOMES - José Nilton Mariano Saraiva


Metade do mundo e a outra banda sabem que os camaleões se distinguem de outros lagartos pela habilidade de algumas espécies em trocar de cor, assim como por sua língua rápida e alongada.

Pois bem, apadrinhado por Tasso Jereissati, que o lançou na arena política cearense, de princípio Ciro “camaleão” Gomes tratou de “empregar” toda a família na política, talvez por entender ser aquele um meio de vida de ganho fácil e promissor (hoje, os irmãos Ivo Gomes, Cid Gomes, Lúcio Gomes e até a ex, Patrícia Gomes, estão bem situados na vida, sem nunca terem se dado  ao trabalho de batalharem por um emprego na área em que se formaram; portanto, todos, indistintamente, devem ao primogênito da família a folgada situação que hoje desfrutam, daí a fidedignidade canina ao próprio).

Após descobrir os “encantos da política” ($$$ e tráfico de influência), Ciro “camaleão” Gomes não se importou em trair espetacularmente o ex-padrinho, Tasso Jereissati, aplicando-lhe um sonoro pé-na-bunda e partindo em voo solo (sem que antes haja rotulado o ex-amigo de “coronel”).

E foi a partir de então, pulando de galho em galho, que ficamos a saber da sua falta de coerência e de ideário programático, já que movido apenas e tão somente por interesses pessoais; assim é que nos seus 30 e poucos anos na política, já transitou pela antiga ARENA, PDS, PMDB, PSDB, PPS, PSB, PROS e PDT;  como se vê, um verdadeiro camaleão em crise de identidade.

Há que se destacar que, talvez por ser um admirador do baiano Raul Seixas, parece ter adotado para si ou apropriou-se de uma de suas pérolas, “EU PREFIRO SER ESSA METAMORFOSE AMBULANTE...” objetivando se dar bem na vida.

Arrogante, prepotente e, antes de mais nada e acima de tudo messiânico, meteu na cabeça que bastaria seu “papo-furado” ou sua facilidade de verbalizar asneiras, para ascender à Presidência da República, nem que para tanto tivesse que, momentaneamente, aderir ao puxa-saquismo desenfreado para com o seu então “chefe”, Lula da Silva, degrau mais fácil para “chegar lá”. Para tanto, tornou-se um lulista de quatro costados, tão sincero e verdadeiro como uma cédula de sete reais.

Só que, experiente, passado na casca do alho e autêntico professor na área da política, Lula da Silva massageou seu ego convocando-o para ser um dos seus ministros, o que o fez pensar que faltava pouco para atingir seu objetivo; sonho que se esvaiu quando o então presidente convocou Dilma Rousseff para concorrer ao seu lugar.

Apoplético e fora de controle, deu um jeito de arranjar espaço nos principais jornais televisivos noturnos (nos diversos canais de TV), para desancar daquela que havia “tomado o seu lugar”; e aí, Lula da Silva mostrou-lhe que, ante ele, Ciro “camaleão” Gomes não passava de um imberbe, um amador, um iniciante; orientou a candidata a oferecer-lhe uma simples coordenação política de campanha, no Nordeste. Foi o bastante e suficiente para silenciá-lo.

Nesse interregno, através de agremiações políticas consideradas “barrigas-de-aluguel”, conseguiu lançar-se em três eleições candidato à Presidência da República, quando “engasgando-se com a própria língua”, conseguiu pífios 10/12% dos votos.

Mui recentemente, aflorou mais uma vez um fato denotador da sua incoerência e instabilidade emocional:  quando surgiram indícios de que a “caçada implacável” do raivoso juiz Sérgio Moro estava nos seus "finalmentes" e este se preparava para prender o ex-presidente Lula da Silva (mesmo sem qualquer prova que o credenciasse pra isso, mas tão somente  objetivando tirá-lo da corrida presidencial, como aconteceu), Ciro “camaleão” Gomes apressou-se em anunciar que estaria à frente de um movimento visando sequestra-lo e  acomodá-lo em uma embaixada de algum país amigo. Só papo-furado, como se viu a posteriori.

Foi aí que a “metamorfose raulseixiana” mais uma vez se manifestou: após consumada a prisão de Lula da Silva e pressupondo que o PT o convocaria para substituí-lo como cabeça de chapa do partido, ainda hoje não se conformou em razão do partido ter lançado candidatura própria, via Fernando Haddad. Que, mesmo desconhecido, em 20 dias de campanha conseguiu quase 50% dos votos, deixando-o atrás, bem atrás.

Sua metralhadora então giratória foi fixada numa base sólida e alvo determinado: Lula da Silva. Assim, se meses antes o ex-presidente era por ele considerado um “preso político” (como a maioria da população mundial pensa), agora não passa de um “político preso” e “babacas” são os que pensam o contrário.

Já se lançou candidato à Presidência da República em 2022, mas certamente morrerá de novo longe, muito longe da praia. Até lá será um zumbi a zanzar nas noites sem fim. Politicamente está liquidado. 
    


terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

OS FELIZES (E RICOS) AFILHADOS DO JUIZ SÉRGIO MORO - José Nilton Mariano Saraiva


Condenado a mais de 40 anos de prisão (em regime fechado), de repente o marginal Leo Pinheiro, dono da OAS, teve sua pena reduzida para pouco mais de dois anos e, ainda assim, em prisão domiciliar (aquela farsa grotesca em que se faz uso da fajuta tornozeleira eletrônica, que nunca impediu algum bandido de circular por aí).

Na mesma toada, Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef, Nestor Cerveró, Pedro Barusco, Sérgio Machado e mais uma ruma de bandidos de alta periculosidade, os comprovadamente e verdadeiros ladrões da Petrobras (afilhados do juiz Moro), também se encontram em casa usufruindo do fruto do roubo, já que devolveram uma merreca à República de Curitiba (aliás, num desses finais de semana o Pedro Barusco foi flagrado numa praia em Angra dos Reis, “melando o bico” com whiskie, e mostrando sem nenhum constrangimento a tal tornozeleira).

Em comum, para obterem tais privilégios, o comportamento ensaiado e decorado, ad nauseam: desdizerem o que haviam dito num primeiro depoimento e, em um novo, pronunciarem a “senha-salvo-conduto” que o juiz Sérgio Moro exigia, a fim de relaxar suas prisões: Lula da Silva.

Foi dessa maneira vergonhosa, e assim mesmo só depois de quatro longos anos, que o juiz Sérgio Moro, na iminência de ser desmoralizado em razão da não obtenção de uma única prova contra Lula da Silva, resolveu condená-lo por “atos de ofício indeterminados”.

E, no entanto, se tivéssemos uma mídia séria e isenta e uma Suprema Corte digna da expressão, bastaria atentar para uma das peças produzidas por aquele juiz: “Este Juízo jamais afirmou, na sentença ou em lugar algum, que os valores obtidos pela construtora OAS nos contratos com a Petrobrás foram utilizados para pagamento da vantagem indevida para o ex-presidente"  (sobre o tal triplex do Guarujá).

Como ninguém lembrou disso (???), Sérgio Moro, antes de renunciar ao cargo vitalício de juiz federal para receber a “justa paga” (assumir um ministério num governo de corruptos) pelos relevantes serviços prestados (impedir o ex-presidente de se candidatar), já deixou pronta a denúncia sobre o sítio de Atibaia (suas digitais estão lá), que a sua substituta só teve o trabalho de assinar, condenando o ex-presidente Lula da Silva a mais 13 anos de prisão, mesmo sem nenhuma prova (de novo, outra vez, novamente), como já houvera acontecido com o tal triplex.

Como consequência, o Brasil virou alvo de gozação e ironia por parte da mídia e governos internacionais, que não conseguem entender como uma pessoa inocente e de relevantes serviços prestados não só ao seu país, mas ao mundo) é mantida presa e incomunicável (sem nenhuma prova de algum malfeito), enquanto os comprovadamente ladrões estão livres, leves e soltos, usufruindo do produto roubado e rindo da cara de todos nós.

E a tudo isso os prolixos, preguiçosos e covardes integrantes do tal Supremo Tribunal Federal fizeram vista grossa, atestando de forma bem eloquente que Lula da Silva é um preso político, com a chancela e complacência daquele colegiado.

Uma vergonha.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

AFLOROU A SENSIBILIDADE DO "GG" - José Nilton Mariano Saraiva


Embora tardiamente, alguns Auditores da Receita Federal se pronunciaram publicamente sobre possíveis e cabeludas barbaridades perpetradas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes (e sua esposa Guiomar).  Foi o suficiente para que aquela “excelência” togada se valesse do exacerbado corporativismo tão comum entre eles, ao apelar para que o Presidente daquela Corte (Dias Toffoli) tomasse providências contra os bravos auditores.

A propósito, permitimo-nos transcrever artigo de nossa autoria, postado neste espaço no distante crepúsculo de 2017, onde já tratávamos sobre as “peripécias” do distinto. Vide abaixo:

**************************
O MINISTRO E OS DONOS DO DINHEIRO – José Nílton Mariano Saraiva

Aécio Neves, Daniel Dantas, Roger Abdelmassih, Jacob Barata, Ike Batista, José Riva, Anthony Garotinho, Adriana Ancelmo, Beto Richa e Benedito Lira, dentre muitos outros (a lista seria infindável), têm alguma coisa em comum: 01) trafegaram na ilegalidade por anos e anos e, portanto, são comprovadamente marginais; 02) têm muito dinheiro; 03) depois de roubarem estratosféricas somas de dinheiro foram liberados da prisão por decisão monocrática do excelentíssimo senhor ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.

E como na lista do Gilmar Mendes não figura um só pobre, sequer um remediado da classe média, o que metade do mundo e a outra banda pode pressupor é que, por caminhos que o mortal comum desconhece, o tal ministro deve receber, sim, algo em troca. Não no Brasil, mas, provavelmente, lá fora. O quê, fica a critério de cada um emitir algum juízo de valor.

Fato é que, embora já houvesse um certo e previsível ar de “desconfiômetro” da população em razão da postura ousada do ministro, agora temos uma outra grave denúncia pública de um juiz federal com atuação na cidade de Campos, no Rio de Janeiro, tratando da liberação do Anthony Garotinho por Gilmar Mendes, a saber:

“Em um vídeo estarrecedor, o juiz Glaucenir Oliveira, que prendeu de forma extremamente polêmica – e, para muitos juristas, ilegal – o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, decidiu atacar o ministro Gilmar Mendes, que determinou a libertação do político nesta semana; na mensagem, o magistrado acusa Gilmar Mendes de ter recebido dinheiro em troca de decisão favorável: “a mala foi grande”, afirmou. Gilmar soltou Garotinho, apontando que não havia qualquer elemento que justificasse a prisão preventiva; procurado pela reportagem, o juiz Glaucenir ainda não se manifestou.” (ipsis litteris).

Arrogante, sarcástico e prepotente, Gilmar Mendes já humilhou advogados em sessões do Supremo Tribunal Federal, assim como “peitou” os colegas daquela Corte (em mais de uma oportunidade), por “ousarem” questionar suas bravatas (lembremo-nos que em um embate duríssimo, no recinto do STF, o ex-ministro Joaquim Barbosa o acusou de “coronel” e de destruir o Judiciário brasileiro).

Não esquecer, também, que nos dias atuais Gilmar Mendes funciona como principal “conselheiro-orientador” do ilegítimo presidente, e que, coincidentemente, sua esposa Guiomar (do ministro) foi aquinhoada com uma polpuda remuneração para funcionar como um dos membros efetivos de um dos Conselhos da Itaipu Binacional (fala-se em mais de R$ 30.000,00 mensais).

Pode até não ter nada a ver, mas tudo isso nos faz lembrar o grande e sempre atual Nelson Rodrigues, ao afirmar que: “Se os homens de bem tivessem a ousadia dos canalhas, o mundo estaria salvo.”

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

JUDICIÁRIO: UM PODER DESMORALIZADO - José Nilton Mariano Saraiva


Em priscas eras (ou no tempo da vovozinha), o Poder Judiciário (no Brasil) era nominado de “guardião da sociedade”, no pressuposto de que demandas não resolvidas ou que dúvidas suscitassem (de qualquer ordem), ali desaguariam e seriam resolvidas sem maiores traumas ou celeumas.

No entanto, como os tempos são outros, o outrora bem-conceituado Poder Judiciário passou por uma metamorfose colossal e, hoje, figura como uma das instituições de credibilidade seriamente comprometida ante a sociedade, mercê das incríveis peripécias dos seus integrantes.

Tráfico de influência, venda de sentenças, desobediência sistemática à Constituição Federal, condenações sem provas, abuso de autoridade e por aí vai, o levaram a tal patamar.

Com o surgimento da tal Operação Lava Jato é que a coisa piorou (e muito), porquanto, se antes a coisa era circunscrita a determinados segmentos judiciais, agora os próprios componentes do Supremo Tribunal Federal (instância maior do Judiciário), tiveram que “entrar na dança”, pra valer.

Só que o fizeram fora de ritmo, de forma descompassada  e atabalhoada, já que, frouxos, prolixos e covardes, com medo da reação popular no tocante à Operação Lava Jato chancelaram todas as flagrantes e cabeludas ilegalidades praticadas por um despreparado e abusado juiz de primeira instância (conduções coercitivas sem a devida notificação, longas prisões sem necessidade de provas, condenações por personalíssimas convicções e achismos e por aí vai).

Pra completar, as notificações do STF enviadas aos mafiosos políticos com assento no Congresso Nacional (Eduardo Cunha, Renan Calheiros e outros), foram simplesmente ignoradas, e ficou o dito pelo não dito.

No entanto, o clímax da desmoralização veio nesses dias, quando o próprio Presidente do Supremo Tribunal Federal (Dias Toffoli) determinou que a votação para a eleição do Presidente do Congresso Nacional fosse realizada via voto secreto.

Como os mafiosos políticos não gostaram nem um pouco da presumível interferência do Judiciário no Legislativo, fizeram questão de, ao votar, exibir para a televisão como o tinham feito.  Ou seja, bateram de frente com o dito cujo, sem o menor temor, como que a indicar que, “aqui, você não apita nada”.

Justa e merecida desmoralização pública do STF, ao vivo e a cores.
   

domingo, 3 de fevereiro de 2019

“CIRCO” ou “PUTEIRO” ??? – José Nilton Mariano Saraiva


E quando se pensava que o ambiente iria mudar, com a entrada de novos atores, eis que os “palhaços-engravatados” com assento no tal Senado Federal nos propiciaram, nos dois últimos dias, espetáculos tristes e deprimentes, de 5ª categoria, dignos da mais recôndita periferia (com todo respeito à periferia).

É que, sem nenhum respeito a quem quer que seja (já que com transmissão ao vivo e a cores pra todo o Brasil), durante a eleição interna para eleger quem comandaria aquela casa, as supostas “excelências” quase que entram em luta corporal, ao tempo em que sobraram expressões “carinhosas”, do tipo canalha, ladrão, bandido e por aí vai.

A dúvida que ficou é se aquilo é um “circo” de periferia com seus “espetáculos” dantescos, ou se podemos compará-lo a um “puteiro” mambembe, onde as “damas” geralmente entram em confronto para ver que consegue ficar com o dote (cliente) que ofereça mais.

A certeza é que, lamentavelmente, nos próximos quatro anos tudo vai continuar a mesma merda de sempre e vamos ter que suportar e conviver com essa corja de bandidos que fazem da vida pública nada mais que um rentável meio de vida. E o Brasil ??? Que se foda.

Triste... mas verdadeiro.

WINNER (Dr. Demóstenes Ribeiro)



          Quando eu era criança, em meio a tantas histórias, vovô acariciando os meus cabelos, falava repetidamente: Comandante, eu perdi a guerra civil espanhola, mas você será um vencedor. Voluntário contra o fascismo, ao lado de Apolônio de Carvalho e outros heróis, ele jamais aceitou a vitória de Franco.
          No entanto, contrariando o seu desejo, não estudei no Colégio Militar. Aluno medíocre em escolas particulares, nunca me afeiçoei aos livros. Gostava mesmo era de nadar, surfar e jogar futebol. Inventaram de eu ser franciscano e foi um fracasso. Frei Anselmo me viu com uma revista “Play Boy” e, fui expulso. Vovó chorou muito, mas eu só pensava em mulher. Não tinha a menor vocação.
          Aí, fora do convento, conheci a maconha e as baladas. Minha mãe pensou que um intercâmbio me colocaria nos eixos e me mandou pro Canadá. Porém, nada é tão ruim que não possa piorar. Lá eu só me diverti e não aprendi nada. Trouxe um diploma de conclusão do ensino médio e apenas um inglês razoável. Veio o vestibular e nenhuma profissão me fascinava. Cocaína, ecstay e LSD eram a minha felicidade. Pra ganhar um automóvel, entrei numa faculdade qualquer.
          Carro novo e boa mesada. Roupas de grife e heavy metal. Festas rave, o maior barato. O dia dormindo e a noite por aí. Passei a vender, além de consumir. Vieram as dívidas e as ameaças de morte. A minha mãe se desesperou, saldou os débitos e me internou numa clínica. No final, ela faliu, caiu na mão de agiota e estourou o cheque especial.
          Escapei da clínica e continuo numa boa. Não tomo remédio nem gosto de psicólogo. Vez por outra me entristeço quando encontro alguém da pré-escola. Hoje são médicos, advogados, engenheiros e eu nessa vida de merda. Perdi a faculdade. Como outros colegas, fui reprovado por faltas.
          Mas, com humildade, devagarzinho e, em memória do meu avô, eu vou me recuperar. As coisas estão melhorando. Um amigo meu, que é dançarino, bolou uma grande jogada. Ele me apresentou a umas velhotas como “personal trainer” domiciliar. Sou bonito, sarado, bom de papo e elas se encantaram comigo.
          Por uma boa grana, ensino qualquer exercício e topo qualquer parada. Às vezes, me aborreço, é claro. Outro dia, uma masoquista siliconada berrava para eu lhe apertar mais e mais: quase a matei e por pouco não estourei a sua prótese.
          Hoje, sou quase exclusivo da viúva de um desembargador. Ela pesa uns cento e trinta quilos, mas paga bem e me chama de Neném. Na última vez, chegando à sua cobertura, estava bem embriagada. Deixou o uísque na minha mão e disse que já voltava. Logo as luzes se apagaram, ficou somente um abajur lilás.
          Completamente nua e dando uma de soprano, Lola sacudiu as banhas cantando “Babalu” e me beijou desesperada.  Numa das mãos balançava a chave de um carro e dizia imperativa: vem Neném, vai descendo, bota essa língua bem dentro de mim, bem dentro mesmo, o mais fundo que você puder.
          Tomei um uísque triplo e fui descendo. Uns peitos enormes, ela girou e tinha a bunda fria, mas a boceta fumegava. Fechei os olhos, tapei o nariz e mandei bala.
          Está enojado? “I’m not a  loser!”: moro na Beira Mar e foi assim que ganhei esse “Corolla.”


É NA AUSÊNCIA QUE A SAUDADE VIVE (Rubem Alves)


Porque concordamos em gênero, número e grau, postamos o texto de Rubens Alves, à reflexão de todos os que não se deixam manipular por essa farsa chamada "religião" (católica, protestante, evangélica e por aí vai).

José Nilton Mariano Saraiva

*******************************

EU NÃO TENHO RELIGIÃO.

Não vou a igrejas, não participo de rituais, não acredito nos seus dogmas. Preciso não ter religião para amar a Deus sem medo, com alegria e, principalmente, sem nada pedir. NÃO TENHO RELIGIÃO PORQUE NÃO CONCORDO COM AS COISAS QUE ELAS DIZEM DE DEUS. Deus é um Grande Mistério. Está além das palavras. Diante do Grande Mistério a gente emudece. Fica em silêncio.

Discordo a partir do pronome “ele”.
DEUS “ELE”, MASCULINO ? ONDE FOI QUE APRENDERAM SOBRE O SEXO DE DEUS ? DEUS TEM SEXO ? SE TEM SEXO, POR QUE NÃO “ELA”, DEUS MULHER ? Como a mulher do Cântico dos Cânticos? A IGREJA CATÓLICA NÃO CONHECE A MULHER. CONHECE APENAS A “MÃE” QUE FOI MÃE SEM TER SIDO MULHER.

DEUS, por que não uma flor, a mais perfumada? Por que não um mar sem fim onde a vida navega? Místicos houve que disseram que Deus é uma criança que nos convida a brincar... Mas pode ser também que Deus seja música, como pensaram os místicos pitagóricos.

Ter uma religião é falar as palavras sagradas daquela religião e acreditar nelas. As religiões se distinguem e se separam: pelas diferenças das palavras que usam para se referir ao sagrado. Se elas nada falassem, se houvesse apenas o silêncio diante do Grande Mistério, a Babel das religiões não existiria. Diante do Grande Mistério apenas uma palavra é permitida, a palavra poética, porque a poesia não o diz, mas apenas aponta para ele. O Grande Mistério está além das palavras.

Só tenho uma religião, ela se chama poesia. Por isso, amo a Cecília Meireles, sacerdotisa profana, que quando queria se referir a Deus falava sobre um mar sem fim, misterioso e selvagem. Quem em silêncio contempla o mar sem fim ouve vozes em meio ao barulho das ondas. Também Fernando Pessoa sabia disso. Mas, prestando bem atenção, é possível ver, a voar sobre o mar sem fim, um pequeno pássaro que canta: “Leve é o pássaro, e a sua sombra voante, mais leve. E a cascata aérea de sua garganta, mais leve. E o que lembra, ouvindo-se deslizar seu canto, mais leve...”

Os poetas escrevem em transe: não sabem sobre que estão escrevendo. Faz muitos anos, escrevi um livro para minha filha. Ela tinha 4 anos. Eu iria fazer uma demorada viagem pelo exterior e ela ficou com medo de que eu morresse e não voltasse. Apareceu-me, então, uma estória, A menina e o pássaro encantado.

Resumida, era assim: era uma vez uma menina que amava um pássaro encantado que sempre a visitava e lhe contava estórias; o pássaro a fazia imensamente feliz. Mas sempre chegava um momento quando o pássaro dizia, “tenho de ir”, a menina chorava porque amava o pássaro e não queria que ele partisse. Menina, disse-lhe o pássaro, aprenda o que vou lhe ensinar:

EU SÓ SOU ENCANTADO POR CAUSA DA AUSÊNCIA. É NA AUSÊNCIA QUE A SAUDADE VIVE. E A SAUDADE É UM PERFUME QUE TORNA ENCANTADOS A TODOS OS QUE O SENTEM. QUEM TEM SAUDADES ESTÁ AMANDO. TENHO DE PARTIR PARA QUE A SAUDADE EXISTA E PARA QUE EU CONTINUE A AMÁ-LA, E VOCÊ CONTINUE A ME AMAR...”.

E partia. A menina, sofrendo a dor da saudade, maquinou um plano: quando o pássaro voltou e lhe contou estórias e foi dormir, ela o prendeu numa gaiola de prata dizendo: “Agora ele será meu para sempre”. Mas não foi isso que aconteceu. O pássaro, sem poder voar, perdeu as cores, perdeu o brilho, perdeu a alegria, não mais tinha estórias para contar. E o amor acabou. Levou tempo para que a menina percebesse que ela não amava aquele pássaro engaiolado. O pássaro que ela amava era o pássaro que voava livre e voltava quando queria. E ela soltou o pássaro que voou para longe. A ESTÓRIA TERMINA NA AUSÊNCIA DO PÁSSARO E A MENINA SE ENFEITANDO PARA A SUA VOLTA.

Minha intenção, ao escrever esta estória, era simples: consolar a minha filha. Mas quando foi publicada ganhou um sentido que não estava nas minhas intenções: começou a ser usada em terapia, com casais possuídos pela ilusão de que, engaiolado, o amor seria posse eterna.... Desde então passei a presentear noivos com uma gaiola da qual eu arrancava a porta. Mas, passado algum tempo, uma pessoa me disse: “Que linda estória você escreveu sobre Deus!” “Sobre Deus ?”, eu perguntei sem entender. “Sim”, ela me respondeu. “O PÁSSARO ENCANTADO NÃO É DEUS ? E AS GAIOLAS NÃO SÃO AS RELIGIÕES, NAS QUAIS OS HOMENS TENTAM APRISIONÁ- LO ?”

Aprendi, então, da minha própria estória, algo que não sabia: Deus como um Pássaro Encantado que me conta estórias. Amo o Pássaro. Odeio as gaiolas. O Pássaro Encantado não pousa em galhos para cantar. Não é possível fotografá-lo. Canta enquanto voa. Dele, o que temos é apenas a sua leve sombra voante e a cascata aérea de sua garganta... Quando ouço o seu canto, ele já passou. Só é possível vê-lo em seu voo, por trás. Vai-se o Pássaro. Fica a memória do seu canto.

Um pássaro voando é um pássaro livre. Não serve para nada. Impossível manipulá-lo, usá-lo, controlá-lo. Pássaro inútil. E esse é, precisamente, o seu segredo, a sua inutilidade; ele está além das maquinações dos homens. Sua única dádiva é o seu canto. Só faz um milagre, um único milagre: quando, chorando, lhe peço “Passa de mim esse cálice”, ele canta e o seu canto transforma a minha tristeza em beleza. Por isso eu nada lhe peço. Sei que ele não atende a pedidos. O seu canto me basta: ao ouvi-lo transformo-me em pássaro. E voo com ele...


MAS AÍ VÊM OS HOMENS COM AS SUAS ARAPUCAS E GAIOLAS CHAMADAS RELIGIÕES. E cada uma delas diz haver conseguido prender o Pássaro Encantado em gaiolas de palavras, de pedra, de ritos e magia. E cada uma delas afirma que o seu pássaro engaiolado é o único Pássaro Encantado verdadeiro…

Por que prenderam o Pássaro? Porque o seu canto não lhes bastava. Não lhes bastava a beleza. Na verdade, não o amavam. O QUE OS HOMENS DESEJAM NÃO É A BELEZA DE DEUS. O QUE ELES DESEJAM É MANIPULAR O SEU PODER. O que eles querem é o milagre. O canto do pássaro poderia lhes dar asas para voar. Mas não é isso que querem. O que desejam é o poder do pássaro para continuar a rastejar: Deus, transformado em ferramenta. Ferramenta é um objeto que se usa para se atingir um fim desejado. Assim são os martelos, as tesouras, as panelas... O QUE AS RELIGIÕES DESEJAM É TRANSFORMAR DEUS EM UMA FERRAMENTA A MAIS. A MAIS PODEROSA DE TODAS.

A ferramenta que realiza os desejos. Como o gênio da garrafa. POIS NÃO É ISSO QUE É O MILAGRE, A REALIZAÇÃO DE UM DESEJO POR MEIO DA MANIPULAÇÃO DO SAGRADO ?    Só é canonizada santa uma pessoa que realizou milagres: o milagre é o atestado do seu poder para manipular o divino.

E é assim que as religiões se multiplicam, porque os desejos dos homens não têm fim, e os seus santuários se enchem de santos de todos os tipo.  Os santos milagreiros são nossos despachantes espirituais, todos eles a serviço dos nossos desejos, atenderão nossos desejos a preço módico, se rezarmos a reza certa e prometermos publicar o milagre em jornal, e pela televisão se anunciam fórmulas, sessões de descarrego, águas bentas milagrosas, exorcismo de demônios, os DJs de cada religião têm uma música na fala que lhes é própria…

Assim, a poesia do canto do Pássaro Encantado se transforma em manipulação do pássaro engaiolado. E não percebem que aquele pássaro que têm dentro de suas gaiolas não é o Pássaro Encantado, que não se deixa engaiolar, porque é como o vento, e voa como quer, e tem uma única dádiva a oferecer aos homens: a beleza do seu canto.

À TRANSFORMAÇÃO DA POESIA EM MANIPULAÇÃO MILAGREIRA OS PROFETAS DERAM O NOME DE IDOLATRIA...