por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 19 de março de 2015

Em Busca de Nós Mesmos - José do Vale Pinheiro Feitosa



Este casal morou na Etiópia entre 1976 e 1980. Para eles foi como a duração de uma vida toda. O país estava acossados por guerrilhas (como toda a África foi a época das libertações incluindo Angola, Moçambique e a luta contra o Apartheid). Aconteceu uma guerra verdadeira entre a Somália e a Etiópia na disputa do exército do Ogaden. A Etiópia foi salva pela União Soviética e com a ajuda de tropas cubanas. 

Eles moravam um conjunto de prédios, cercado e com segurança absoluta. Lá vivia o pessoal das embaixadas e dos organismos internacionais. Mas ao mesmo tempo era uma vida de juventude, com tantas culturas se encontrando, gente do mundo todo, frequentando a piscina e um clube que havia por lá. Além de irem aos finais de semana para uma cidade metropolitana cheia de lagos em crateras de vulcões extintos. 

Em Adis Abeba fomos procurar este conjunto no meio de transformações enormes em todo o desenho urbano. Mas por referências terminamos encontrando. E foi esse encontro com o passado que gerou este filme. Aqui em baixa resolução por causa da internet. 

Fim de caso

por Vera Barbosa




"Esquece o nosso amor,  vê se esquece. Vai sofrer, vai chorar, e você não merece. Mas isso acontece." Cartola, elegantemente, disse à moça que acabou. Mas, nem sempre, há sutileza. Normalmente, o fim é conturbado, em alguns casos agressivo e, se bobear, violento. E vem a perguntinha básica de quem sofre de amor: como é que alguém que me fez tão feliz, de repente, pode me fazer tão triste? Porque no amor é assim, quando começa e quando acaba. Ou não. Há quem saiba enfrentar o fim de uma maneira, digamos, mais... madura? Não sei. Equilíbrio, maturidade, inteligência emocional, chamem como quiser. O fato é que, quase sempre, dói. E dói muito. E a gente se vê meio perdida, sem rumo, como se nada mais pudesse ser bom. Entretanto, procure observar o comportamento das pessoas, a fim de aproveitar as lições diversas do desamor. Porque há quem saiba fazer do fim uma grande brincadeira, mesmo quando tudo está ruindo. Dizem que quem ama consegue absorver o impacto do golpe e deixar ir, ficando consigo mesma o tempo necessário para se recompor. Será? Não sei. Apenas torço para que, no fim, reste alguma poesia. Ainda que haja saudade, muita saudade.

O PMDB APOSTA NA CRISE - José do Vale Pinheiro Feitosa

Façamos o seguinte: retiremos toda a visão estadual de Cid Gomes e o coloquemos no cenário da política nacional nos termos desta crise que efetivamente se encontra em curso.

A meu ver ontem a crise política mudou de tom e evidenciou mais alguns rumos do PMDB. Considere que o PMDB vem deste o Governo Sarney (que deveria ser Tancredo) funcionando como uma força de centro que viabiliza projetos de governo no Congresso Nacional e nos governos estaduais e municipais. No que seria o seu próprio governo (Sarney afinal virou PMDB) Ulysses Guimarães montou uma espécie de meio parlamentarismo pois no Congresso Nacional quem mandava era ele.

Nos governos do PSDB ele foi central para integridade do projeto de Reforma do Estado (venda de estatais, redução de órgãos, de direitos sociais etc.) e para o próprio projeto de poder com a aprovação da Reeleição. Nos governos do PT foi a força que sustentou no Congresso Nacional as medidas populares de redistribuição de renda e de fortalecimento do papel do Estado ao mesmo tempo sustentou politicamente o governo diante da pressão oriunda da luta de classe e do papel oposicionista da mídia.

Ondem com a saída de Cid Gomes o PMDB deu um passo no aprofundamento da crise política do Governo Dilma. E isso não foi como a imprensa mostra, uma decorrência do destempero de Cid ou de inapropriada fala deste. Três dias após grandes manifestações da classe média, misturada a segmentos do fascismo e do fundamentalismo religioso, quando a grande mídia, especialmente a Rede Globo de Televisão, avançou o sinal em todos os sentidos, o PMDB aprofundou a crise.

Enfim o PMDB aposta na crise. Seja para tomar uma fatia maior do governo, seja para implantar um meio parlamentarismo à moda Ulysses. Nisso se estabelece uma crise institucional de grandes dimensões, pois a dinâmica do Estado é presidencialista. Some-se este quadro à crise econômica e às  tensões internacionais e estaremos numa turbulência de longa duração.

Nesta altura fica claro que o PMDB (ou setores dele) até se imagina estimulado pelos golpistas do impeachment da Dilma. Que consideremos gerará um grande problema. Com certeza não é a mesma experiência do Collor. Agora tem uma direita furiosa, fascista nas ruas pronta para agredir e os partidos de esquerda são muito mais fortes do que naquela época. Enfim um caldo quente de conflitos políticos e sociais no horizonte.

Qualquer governo do PMDB, mesmo com apoio do PSDB e outros interessados na crise, será um governo autoritário, cassando mandatos (podem perfeitamente usar as operações da justiça: Lava Jato, Castelo de Areia etc.) seletivamente para o projeto de governabilidade sem limite e sem fim. Perseguirá partidos políticos, sindicatos e movimentos sociais. E claro vai proibir manifestações na rua.

Manifestações que como bem lembraram alguns: é um paradoxo. Os manifestantes pedem a ditadura e a volta dos militares cuja primeira medida é calar os próprios sejam maconheiros ou não.