On the
Avenue, filme musical de 1937. A clássica forma do folhetim popular que
tão rapidamente cola na autoimagem das pessoas. Especialmente aquelas que
nasceram do século dezenove em diante. Com a ideia de que é possível a ascensão
social. Um pobre charmoso, geralmente homem, que se torna atração romântica
irresistível de uma “pobre menina rica”. A herdeira milionária, a decência
orgulhosa do jovem pobretão e temos a fusão “ética” entre trabalho e capital. O
amor, nesta ficção, seria o intermediário entre tudo. Capaz de apagar as diferenças de classe.
Na verdade, para apimentar a narrativa, constrói-se o
clássico triângulo amoroso envolvendo o jovem e promissor ator (Gary Blake,
interpretado por Dick Powell) com a garota mais rica do mundo (Mimi Carraway,
interpretada pro Madeleine Carrol) e a companheira de show de Gary Blake (Mona
Merrick, interpretado por Alice Faye).
Gary Blake é incensado por toda a imprensa com tendo
construído a peça musical ápice de sua carreira. Acontece que na peça, formada
por vários esquetes, tem um deles que é uma sátira à família de Mimi Carraway,
milionários que vivem na Park Avenue em Nova York.
Na estreia do espetáculo a família vai assisti-lo. Diante da
gozação com os exageros de riqueza da família, o pai, a filha (Mimi) e mais o
seu noivo, um “explorador” de locais inacessíveis que vivia desta fama, resolvem
abandonar o teatro, indignados, com as cenas.
Mimi Carraway termina indo até os camarins e abre o verbo de
indignação com Gary Blake que se defende dizendo que ela é uma figura pública e
que tudo que faz sai nos jornais. Ela termina por se irritar e dá duas tapas na
cara do ator. Ele a expulsa do camarim dizendo que era a pessoa mais sem
esportiva do planeta.
Esta frase é fatal. Naquela altura, milionários americanos,
tinham que ser modernos e ter abertura para o mundo em transformação. Não ter
esportiva era um horror. Além do mais o advogado da família diz que era
impossível processar o show pelas piadas com ela. Mimi Carraway termina por se
convencer que tem de demonstrar a Gary Blake que tem esportiva ao contrário do
que ele diz.
Logo após a discussão com Mimi Carraway, Gary Blake volta ao
palco e canta esta belíssima canção de Irving Berlin, intitulada “The Girl on
the Police Gazette. Preste atenção para o desenvolvimento do arranjo e o coro que
o acompanha na barbearia. É um típico arranjo daquela época, com a polifonia e baixos
em resposta. O grupo que acompanha Dick Powell nesta canção era conhecido como
Barbershop quartet.
The Girl on the Police Gazette - Dick Powell
Alguns companheiros vêm suas garotas amadas em um sonho
Alguns companheiros vêm suas garotas amadas em um córrego
ondulante
Eu vi a garota que não posso esquecer
Na capa da police gazette
Se eu pudesse encontrá-la, a vida teria pêssegos com creme
Oh, minha busca da garota na police gazette nunca cessará
Por causa desta linda jovem morena
Enfeitando a police gazette.
E, acima do meu manto há uma página do police gazette.
Com a bela jovem morena
Enfeitando a police gazette.
Eu a amo e vou parar
Na minha barbearia favorita
Só para ter um outro olhar
Da garota que eu ainda não conheci
(Coro):
E meu desejo vai aumentar com a garota da police gazette
Por causa da linda jovem morena
Enfeitando a police gazette.
Por causa da linda jovem morena
Enfeitando a police gazette.
(coro feminino) E, acima do meu manto há uma página da police
gazette.
Com a bela jovem morena
Enfeitando a police gazette.
Eu a amo e vou parar
Na minha barbearia favorita
Só para ter um outro olhar
Da garota que eu ainda não conheci
Eis a bela jovem morena
Enfeitando a police gazette.
Deus.
Oh! És Linda.
O que gostaria?
Eu gostaria de uma foto sua?
Certo!
Obrigado.
Obrigado!
Jesus! Teria outra com calça e meia?
(E recebe um tapa na
cara).
E, acima do meu manto há uma página da police gazette.
Com a bela jovem morena
Enfeitando a police gazette.
Então encontramos Gary Blake cercado de amigos se arrumando
no camarim quando entra um estafeta dizendo que a jovem Mimi Carraway o convida
para jantar. Ele responde: por que não? E, então, veste-se no melhor estilo,
com jaquetão e cartola, e sai para o encontro. Na saída encontra-se com Mona
Merrick que o convidaria para jantar. Ele todo satisfeito, entra na limusine de
Mimi Carraway e Mona, com ar amargurado, os observa saírem.
Mimi Carraway e Gary Blake têm uma noite e tanto. Dançam em
salões nobres. Vão ao parque de diversões e ele se surpreende com uma garota
que acerta muito bem no tiro ao alvo. Passam por um daqueles restaurantes montados
num vagão de trem. Já não têm mais dinheiro e pagam dois cafés e alguns sonhos
com a cartola de Gary. Finalmente continuam de carruagem e chegam ao Central
Park.
Ali descem da carruagem e dançam ao som do rádio da carruagem.
Em seguida sentar-se num determinado banco, segundo o cocheiro, o preferido
pelos namorados por ter a melhor visão da lua. Neste momento Gary Blake olha
apaixonado para Mimi Carraway e começa a cantar uma linda canção.
Escutem
You´re Laughing at Me.
You´re Laughing at Me. - Dick Powell
Eu te amo, como é fácil de ver
Mas eu tenho que disfarçar e adivinhar
Como você se sente sobre mim
Você escuta as palavras que pronuncio
Mas eu sinto que você me escuta
Com a face de iludir,
Você está rindo de mim.
Eu não posso ser sentimental
Por que você está rindo de mim eu sei
Eu quero ser romântico, mas não tenho uma chance
Você tem um senso de humor
E o humor é a morte para o romance
Você está rindo de mim
Por que você acha que é engraçado
Quando eu digo que eu te amo tanto?
Você tem me atormentado e tenho tudo no mar
Por enquanto eu vou chorar por você
Você está rindo de mim
Você tem me atormentado e tenho tudo no mar
Por enquanto eu vou chorar por você
Você está
rindo de mim
Rindo de mim, rindo de mim
Agora escutem a mesma
música "You´re Laughing at me" com os Fats Waller.
E agora com Ella Fitzgerald, numa ótima gravação.