por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 16 de maio de 2011

Mandaram o FMI intervir no Palocci, detonar o Garrincha e algemar o gerente - José do Vale Pinheiro Feitosa

Taturana é um misto de mendigo e catador de papelão da esquina da rua Jardim Botânico. Pela conversa vê-se que é observador, letrado, lê toda a traquitana de jornais e revistas que junta para ganhar o pão. Tem uma dignidade que, infelizmente, não se adere à ética vigente. De vez em quando me recebe, na sombra úmida da árvore sob a qual se abriga e me dá o direito de ouvir suas observações essenciais. Hoje me deu três parágrafos de conversa.

O ex-ministro do supremo, de sobrenome Pertence, nos diz que passa uma vista de olhos e que não existem razões para julgar a fortuna de ministros pobres e ricos do governo. Em primeiro lugar é uma ironia: não tem fortuna de pobre, a não ser a sarna da necessidade. Segundo: o Ministro Palocci é do Partido dos Trabalhadores e com os milhões declarados passou à condição de infiltração dos patrões. Terceiro para crescer o patrimônio numa velocidade como esta que teve o ex-médico, ex-prefeito, ex-ministro da fazenda e atual da casa civil só existem duas explicações. Ou foi sorteado na improvável Megasena ou é um atestado que o capitalismo é de fato o ambiente de mega-acumulações.

E a esperança da esquerda francesa nas próximas eleições? A esperança da Europa em salvar o Euro com a ajuda do FMI? Tudo caiu no Canal da Mancha. O Dominique Strauss-Khan, francês, do partido socialista e diretor gerente do FMI está sendo acusado de assustar uma camareira com aquele corpo nu em fase avançada de decrepitude senil. Os americanos passaram as algemas no velhote: pegaram o safado querendo passar o dinheiro do FMI para as economias falidas do Euro. Como dizem do batido de asas das borboletas que causam terremotos na Costa Rica, quem está com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando as eleições chegarem, é o Sarkozy.

Agora o show máximo das palhaçadas políticas e da engenharia nacional, que tanto gosta de financiar políticos tem, aconteceu na nossa famigerada Brasília. O povo vadio das tardes de domingo, esperando o espetáculo da detonação do estádio de futebol. O vice-governador mais ridículo que penteadeira de cabaret, acionou o botão da detonação, subiu a fumaça e o espírito do Mané Garrincha ficou intacto. Os assessores, com aqueles chapéus que protegem a ossatura febril do crânio acobertado na cenografia televisiva, prometendo o segundo tempo. Que veio e nada. A noite veio, o povo foi e com ele os carrões das autoridades.

Terminada a conversa eu estava confuso: tentaram detonar o Palocci e ele é mais forte que o Mané Garrincha, que não mandava no FMI, gostava de cantoras, mas nem tanto das camareiras.

Poesia de Zélia Gattai



... VIAJO QUANDO FALAS DO AMADO,

ME DEIXA ENCANTADA,COM TANTO AMOR;

EM DEVANEIO... NAVEGO,

SUFOCANDO MINHA IMENSA DOR.

...ADMIRO QUANDO FALAS,

DO AMADO,

SINTO AS PALAVRAS ,

ELAS ME DEIXAM INEBRIADA.

VIAJO EM DEVANEIO,

ENCANTADA COM TANTO AMOR.

Zélia Gattai



Zélia Gattai Amado (São Paulo, 2 de julho de 1916 — Salvador, 17 de maio de 2008) foi uma escritora, fotógrafa e memorialista (como ela mesma preferia denominar-se) brasileira, tendo também sido expoente da militância política nacional durante quase toda a sua longa vida, da qual partilhou cinquenta e seis anos casada com o também escritor Jorge Amado, até a morte deste.

wikipédia

Quando se tem 15 anos- socorro moreira



Vontade de ir ao futuro, sem deixar de brincar no passado, só pra colar uma música , que a Rita canta bonito:

Só de Você
Composição: R. de Carvalho / R. Lee

.
Será que a gente ainda será
A velha estória de amor que sempre acaba bem, meu bem
Meio demodée para hoje em dia
Antigamente, tudo era bem mais chique

Porque a gente nem sabe porque
Mas acontece que eu nasci pra ser só de você
É claro que a sorte também ajudou
Ultimamente, um romance dura pouco

Cola, seu rosto no meu rosto
Enrola, seu corpo no meu corpo
Agora, está na hora de dançar...

As mãos estão suando, e o coração descompassado.
Sorrio, tem gente chegando... E eu num canto,  fazendo renda, brigada com meu primeiro encanto, que dança com outra menina.
Mas, fazer o que ?
Um dia é da caça, o outro de um novo amor. É muito fácil trocar de par, quando se tem 15 anos !


Socorro Moreira

Parabéns, Ismênia !

Rosineide,Stela,Joaquim,Ismênia,vera Lúcia e Zailde Maia
Ismênia, Sérgio Cardoso e Ângela




"Procura-se um amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive. " (Vinícius de Moraes"


* Ismênia Maia é assim!
Fotos do acervo de Ismênia.


VASSOURINHA- MÁRIO RAMOS DE OLIVEIRA- por Norma Hauer



VASSOURINHA

‘ No dia 16 de maio de 1923 nasceu Mário Ramos de Oliveira, cantor que ficou conhecido com o nome de VASSORINHA.
Desde menino,ele demonstrou aptidão para o canto e, com apenas 12 anos, em 1935, tomou parte de um filme de nome "Fazendo Fita".
No ano seguinte, com apenas 13 anos, foi trabalhar como contínuo na Rádio Record de São Paulo; cantarolava durante o trabalho e à noite apresentava-se ao microfone da emissora como cantor, com o nome de Juracy (que serve para os dois sexos). Isso porque sua voz ainda era infantil.
Mais tarde, resolveram arranjar outro nome para ele, quando se tornou o Vassourinha.
A história que sempre ouvi a respeito desse apelido é que ele, como contínuo da rádio, fazia faxina e "cantava" enquanto varria a emissora. Isaurinha Garcia ouviu-o, sugeriu o nome de Vasourinha e ele passou a cantar profissionalmente.
A outra história sobre seu apelido, consta da Internet, mas, para mim, a que descrevi é a verdadeira porque a conheço há muitos anos .
O compositor Antonio Almeida, indo a São Paulo, gostou de Vassourinha e o trouxe para o Rio, a fim de que lhe dessem chance de gravar.
Como ele cantava as músicas do repertório de Silvio Caldas,João Petra de Barros e Luiz Barbosa,sentiu que era deste que mais se aproximava, cantando também samba de breque.
O grande sucesso de Luiz Barbosa era um samba de Braguinha e Alberto Ribeiro de nome "Seu Libório",cantado por Luiz no filme "Alô Alô carnaval". Por motivos de contratos com gravadoras , sendo Luiz Barbosa da Odeon e Braguinha da Colúmbia, Luiz não gravou esse samba.

Com a morte deste, em 1938, Vassourinha teve sua chance de fazer sua 1ª gravação desse samba e, na outra face do disco, gravou "Juracy. Daí começou a fazer sucesso, gravando: "Emília";"Ela Vai à Feira"; "Chik,Chik,Chik, bum";"Apaga a Vela";"Olga";"E o Juiz Apitou";"Amanhã eu Volto" e "Volta pra Casa Emília".
Foram apenas essas suas gravações e, posteriormente, a Musicolor gravou todas em um LP.

Seu maior sucesso foi "Emília"

"Quero uma mulher, que saiba lavar e cozinhar..."
E de manhã cedo, me acorde na hora de trabalhar.
Só existe uma e sem ela eu não vivo em paz
Emília, Emília, Emília
Não posso mais”..

Ainda aqui no Rio, Vassourinha começou a padecer de uma doença degenerativa; retornou a São Paulo e faleceu dessa doença, que nunca foi bem esclarecida, em 3 de agosto de 1942, com apenas 19 anos.

Norma

PROGRAMAÇÃO DA EXPEDIÇÃO ACROBATAS DA SERRA DA CAPIVARA - Por Cristina Diogo




“ Todas Trilhas Caminham para a gente se achar....”





Programação Expedição Acrobatas da Serra da Capivara





“A alegria não chega apenas no encontro do achado


mas faz parte do processo da busca


Ensinar e aprender


não pode dar-se fora da procura


fora da boniteza


e da alegria


gente miúda


mas gente em processo de busca


gente formando-se


crescendo...


é com gente que lido...


não com coisa


se porque lido com gente


não devo negar a quem sonha


o direito de sonhar.”

Paulo Freire



TRILHANDO A GENTETUDE CIRCENSE

Aconteceu com sucesso!


Dia 07/05/2011

Manhã e tarde – Acolhimento: chegada dos integrantes da Expedição – credenciamento e distribuição de material.

Noite – Abertura

Roda de diálogo entre todos os participantes e representantes do Museu e do Proart

Apresentação de números circenses



Dia 08/05/2011 –
Manhã –

8:00 - Momento Bússola
10:00 – Roda de Diálogo com Alice Viveiros – A pesquisa
Tarde
14:00 – Vivênia de Acrobacia de solo

Noite

20:00 – Exibição de Filme

Laboratório de Criação da Trilha Sonora

História da expedição em retalhos

Programa "Sem Censura" - Leda Nagle, em 16.05.2011



Cristina Diogo no "Sem Censura" !

O Sem Censura desta segunda-feira (16), às 16h, abre a semana falando de atividades voluntárias. Cristina Diogo , socióloga, é uma das convidadas da edição. Fala  da expressão digital. Ela é presidente da ONG Juriti, que ajuda crianças em situação de risco social.

Para quem não assistiu, o programa será reprisado  ás 13:30 h, desta madrugada.

ONG democratiza informática



Instituto de Ecocidadania Juriti promove a pedagogia itinerante, com projeto vencedor de seleção

Juazeiro do Norte. Uma sucata de ônibus, transformada em ferramenta móvel de divulgação das políticas públicas de inclusão digital e difusão do conhecimento começa a percorrer os bairros de Juazeiro do Norte. O projeto chamado Expresso Digital iniciou seu percurso por bairros da cidade no dia 24 de março, a partir da Colina do Horto do Pe. Cícero. O Expresso Digital é uma das iniciativas selecionadas pelo programa Novos Brasis, do Oi Futuro, instituto de responsabilidade social da Oi, que objetiva democratizar o acesso ao conhecimento, incentivar a criação artística e valorizar a diversidade cultural nas grandes e pequenas cidades do Brasil. A ONG Juriti foi a única experiência vencedora no Estado do Ceará.

O projeto é uma ação do Instituto de Ecocidadania Juriti, organização não-governamental criada em 1998 para desenvolver ações político-educativas nos campos social, cultural, ambiental e econômico. A proposta de pedagogia itinerante foi selecionada pelo Oi Futuro para promover a cidadania em Juazeiro do Norte, município onde 29,3 mil moradores têm menos de um ano de estudo. “Com a parceria do Oi Futuro, efetivamente iremos realizar nosso sonho de inclusão digital na cidade”, afirma a socióloga Cristina Diogo, fundadora da ONG Juriti.

Equipado com oito computadores ligados à internet, o ônibus levará tecnologia da informação para comunidades de 24 bairros do município. Nele, um telão exibirá diariamente filmes nacionais e estrangeiros. Também serão realizadas teleconferências sobre temas como saneamento, energia, educação, saúde e infra-estrutura. Servirá como um canal de comunicação na busca de soluções viáveis que gerem desenvolvimento local.

Segundo Cristina, o trabalho não se restringe apenas à inclusão digital. Vai mais longe, com a exibição de filmes nacionais e estrangeiros, por meio de um telão, fora do circuito comercial, além de inclusão cidadã. A meta é proporcionar a prestação de serviços, com a participação da comunidade, por meio de teleconferências, na busca de soluções viáveis que gerem o desenvolvimento. “Se a comunidade tem algo a dizer sobre os serviços da Cagece, colocamos ela ao vivo para dialogar com os responsáveis pela instituição”, diz Cristina.

Outro ponto interessante da iniciativa será a criação do Portal Expresso Digital, com links de serviços, para que as pessoas possam atualizar documentos como CPF, 2ª via de documentos, além da Feira Digital, onde poderão expor produtos para venda ou troca.

O Expresso Digital realizará ainda oficinas e promoverá a reciclagem de computadores. Dentro do ônibus, que rodará pelas comunidades, serão ministrados cursos de introdução à informática. Na parte externa serão montadas as oficinas de metareciclagem — técnica que busca transformar um computador em desuso em uma nova máquina com mil utilidades.

Durante um ano, o Expresso Digital disseminará as tecnologias de informação e sua utilização para melhoria da qualidade de vida. A idéia é que, ao final do aprendizado, os alunos sejam encaminhados para espaços públicos de inclusão digital como telecentros, laboratórios de informática, ilhas digitais e escolas especializadas.

O Expresso permanecerá 15 dias em cada bairro. Emanuel da Silva, 12 anos, e Abraão Manoel de Freitas, 13 anos, moradores da Colina do Horto, aprovam a idéia. “Os computadores vão permitir aprender mais sobre o respeito ao meio ambiente”, afirma Emanuel.

SAIBA MAIS

Educação

O Instituto de Ecocidadania Juriti foi criado em 1998 para desenvolver ações político-educativas nos campos social, cultural, ambiental e econômico.

Vocação

No sertão do Cariri cearense, extremo sul do Estado, Juazeiro do Norte é considerado o maior centro comercial do interior com vocação também para o artesanato. A cidade é famosa pelas romarias em homenagem ao Padre Cícero.

Intercâmbio

Nesta região, a socióloga Cristina Diogo criou a ONG Juriti. Ela avalia que a seleção da ONG inclui a entidade numa rede de projetos bem sucedidos espalhados pelo País, possibilitando o intercâmbio de experiências.

Mais informações:
Instituto de Ecocidadania Juriti
Rua Eletricitário João Rocha Matos, 330, bairro Leandro Bezerra
(88) 3571.1580

Colaboração de Altina Siebra





UBUNTU


A jornalista e filósofa Lia Diskin, no Festival Mundial da Paz, em Floripa (2006), nos presenteou com um caso de uma tribo na África chamada Ubuntu.
Ela contou que um antropólogo estava estudando os usos e costumes da tribo e, quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta pra casa. Sobrava muito tempo, mas ele não queria catequizar
os membros da tribo; então, propôs uma brincadeira pras crianças, que achou ser inofensiva.

Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo de uma árvore. Aí ele chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo
até o cesto, e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro.

As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse "Já!", instantaneamente todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem felizes.

O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou porque elas tinham ido todas juntas se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces.

Elas simplesmente responderam: "Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"

Ele ficou desconcertado! Meses e meses trabalhando nisso, estudando a tribo, e ainda não havia compreendido, de verdade,essência daquele povo. Ou jamais teria proposto uma competição, certo?

Ubuntu significa: "Sou quem sou, porque somos todos nós!"

Atente para o detalhe: porque SOMOS, não pelo que temos...

UBUNTU PARA VOCÊ!








SIDERAL - por Stela Siebra

LUA EM TOURO

A pessoa que tem Lua em Touro apresenta características de praticidade, conservadorismo, sensualidade, protetorismo e calma. Necessita de conforto físico e estabilidade financeira para sentir-se emocionalmente segura. Daí ser comum encontrar pessoas, com Lua nesta posição, que têm grande apego aos bens materiais e, comumente, habilidade nos negócios e finanças.
Como Touro é um signo do elemento Terra, a pessoa necessita de emoções estáveis e sólidas.

Você, que tem uma Lua taurina, já deve ter se percebido como uma pessoa muito resistente às mudanças. Pois é... perdas e mudanças representam situações de insegurança e desestabilização emocional. Você precisa de um tempo para digerir cada emoção e introduzir mudanças no seu cotidiano. Mas, na sua peculiar paciência, sempre encontrará soluções práticas.
O contato com a terra ajuda a suprir os anseios da lua taurina. Portanto, um bom exercício é a prática de jardinagem e o trabalho com argila, por exemplo. E não alimente sua preguiça: faça caminhadas, mantenha contato com a natureza. Ah! Sabe que a prática culinária é também uma forma de nutrir sua lua? Vá para a cozinha então, crie e se delicie com receitas maravilhosas. Mas nada de exageros, se não quer ganhar uns quilinhos a mais.

A necessidade de uma lua taurina, quando alimentada inadequadamente, pode levar à obstinação pelas compras e pelo desfrute de todos os confortos e prazeres físicos; pode levar e à compulsão pela comida. Estas são expressões negativas, caracterizadas por uma busca de compensação e gratificação, que se apresentam quando a pessoa não se nutre emocionalmente.
Evidencia-se uma dificuldade de expressar sentimentos e uma tendência a exercer controle sobre ambientes e pessoas.
Se essas necessidades invadem sua alma, procure sintonizar-se com seus sentimentos, porque à medida que eles fluem e você os expressa e, também, à medida que você reavaliar seus velhos hábitos e comportamentos, descobrirá novos, sólidos e verdadeiros recursos internos. Com isso você ficará mais confiante e se sentirá mais seguro para expressar as suas emoções.

É muito provável que você possa relaxar e abrir mão da sua auto-suficiência para render-se a um conforto simples e prazeroso e para experimentar receber e dar, sem reter, o alimento que fartamente nutre sua lua taurina.

Stela Siebra - astróloga

Bolinho de Chuva


Ingredientes

180 gr de açúcar
2 unidade(s) de ovo
1 colher(es) (sobremesa) de fermento químico em pó
2 1/2 xícara(s) (chá) de farinha de trigo
1 colher(es) (chá) de canela-da-china em pó
1/2 colher(es) (chá) de sal
1 xícara(s) (chá) de leite
quanto baste de óleo de soja Sadia para fritar


Modo de preparo
Bata o açúcar com os ovos, um de cada vez, batendo sempre. Peneire juntos a farinha, o fermento, a canela e o sal, acrescentando-os a mistura, alternando com o leite. Misture bem e frite cada bolinho de chuva às colheradas em óleo quente, até que dourem de todos os lados. Retire os bolinhos e os deixe escorrer em papel absorvente, envolvendo-os em açúcar e canela.

http://cybercook.terra.com.br/bolinho-de-chuva.html?codigo=1525

Olhe aqui, meu senhor!- Por José Flávio Vieira


Acredito que nada existe tão sincero e objetivo quanto aquele bilhete de despedida dos suicidas. Nele se colocam as verdades cruas e sem dissimulações, mesmo porque este tipo extremo de literatura não permite revisão e copidescagem. O estilo , normalmente , tende a ser mais substantivo e menos adjetivo. Quem mergulha nos mistérios da escrita busca a transparência dos suicidas. Percebe-se bem que os grandes textos são escritos com aquela certeza do testamento derradeiro, como se o autor estivesse subjetivamente deixando a vida para entrar na história. E num mundo tão pouco poético como o que vivemos, onde esmaeceram definitivamente as amarras do sonho, do mito, da transcendência; quem já não pensou, seriamente, em deixar este mundo pela porta dos fundos ? Muitos talvez tenham desistido com a certeza que a vida é insignificante demais para merecer um ato tão heróico. Este assunto veio à baila, quando me lembrei, esta semana da carta de um primo que , anos atrás, buscou a solução definitiva, na tentativa de afastar-se dos fantasmas que o perseguiam sem nenhuma trégua. Entre as mensagens que legava para a família, sem maiores ressentimentos, terminava com uma declaração de amor a uma de suas paixões : “E sempre fui Vascão!”
Não sei bem como, esta frase tocou-me a mente, já passados quase trinta anos do trágico acontecido, no momento em que, por ironia, o Flamengo chegava ao Hexa-Campeonato. Como rubro-negro, misturei minha alegria à satisfação de uma imensa torcida se que espraiou por todos os cantos do país. No fundo, imaginei que lá chegaríamos, pois, este ano, tínhamos enviado para junto dos anjos dois flamenguistas do mais fino jaez : Seu Almir Carvalho e o grande Orney Moura. Certamente eles lá estavam, cutucando nossos santos protetores, mexendo os pausinhos e secando, , dissimuladamente, concorrentes como o São Paulo e o Internacional.
Observando aquela explosão coletiva de euforia por parte da seita rubro-negra e , por outro lado, os atos de vandalismo da torcida do Curitiba, pelo rebaixamento à segunda divisão, pus-me a refletir sobre a fonte de tamanha exaltação que , às vezes , chega a beirar o fanatismo. A televisão só se apoderou das casas e consciências , aqui no Cariri, aí pelos anos 70. Antes disso assistíamos às partidas de futebol apenas pelo Rádio. Até os jornais, entre nós, não chegavam com regularidade. Que magia fazia com que as crianças escolhessem um time para torcer ? Muitos delas nunca tiveram o prazer de ver seus times jogar e, tantas vezes, sequer jamais conheceram fotografias dos seus ídolos. E mais, time de coração é para toda a vida, independentemente de desempenho, de vitórias, de campeonatos. Talvez a paixão do torcedor seja aquela única eterna, definitiva: até que a morte os separe; ou talvez mesmo sobreviva à foice da velha, como , agora, Seu Almir e Orney parecem provar. De que fonte flui tamanho potencial de energia ? Que força misteriosa faz com que o menino ainda pequeno já comece a balbuciar o nome do seu time predileto?
As guerras tão freqüentes na história da humanidade foram, paulatinamente, sendo substituídas pela diplomacia. Nossa sanha quase selvagem de ver escorrer o sangue dos inimigos se foi transferindo, pouco a pouco, para os coliseus. As batalhas hoje se travam, na sua maior parte, nos estádios. No fundo, no inconsciente coletivo, se assiste ao embate não de duas equipes esportivas, mas de dois exércitos. Por isso mesmo é que muito facilmente os estádios se transformam em campo de guerra e o que aparentemente parecia uma simples competição esportiva termina por reeditar as antigas batalhas com muitas baixas e feridos. Os jogadores vencedores são heróis imediatos e louvados como guerreiros míticos. Quando a Seleção Brasileira ganha da Argentina é como se tivéssemos, novamente, vencido a Batalha de Monte Castelo.
Quando diplomata em Los Angeles , Vinicius de Morais conheceu um milionário que não compreendia a razão do poeta querer voltar desesperadamente para o Brasil. Como, se estava residindo no paraíso terrestre, arrodeado das maiores beldades de Hollywood, circulando nas mais sofisticadas rodas da capital mundial do cinema? Em um poema chamado : “Olha aqui, Mister Buster”, Vinicius definiu claramente como é construída a escala de valores de cada um de nós:


“Me diga sinceramente uma coisa, Mr. Buster:
O Sr. sabe lá o que é um choro de Pixinguinha?
O Sr. sabe lá o que é ter uma jabuticabeira no quintal?
O Sr. sabe lá o que é torcer pelo Botafogo?”

Além, muito além do paraíso artificial ofertado pela mídia, pelo consumo, existe, dentro de cada um de nós o sabor inefável dos pequenos prazeres, dos mais simples e inexplicáveis quereres. Ferrari novinha, Bolsa Louis Vuitron, Iate, Hotel 5 Estrelas ? Tudo bem, legal, legal... Mas sabe lá você o que é filhós, o que é um doce de leite da Isabel Virgínia, o que é um baião de dois com pequi, o que é um sanduíche do Enoque, meu Senhor ? O que é torcer pelo Mengão, Mister Buster ?
18/12/09


 por jflavio

Entre moscas - Everardo Norões


Retábulo de Jerônimo Bosch


Se a vida (não) nos deu mais do que uma cela de reclusão, façamos por ornamentá-la, ainda que mais não seja, com as sombras de nossos sonhos, desenhos e cores/mistas/esculpindo o nosso esquecimento sob a parada exterioridade dos muros(Fernando Pessoa)

A mosca cola-se ao vidro da janela. Ela é o alvo (a ‘mosca’) de meu olho, o objeto para onde converge minha atenção, embora além do vidro se estenda o verde da mata e, detrás dele, a casa no alto e outros elementos da paisagem: fios, cercas, monturos. E nos monturos, a lâmina das circunstâncias que corta nossas vidas: favela, sem esgoto ou água encanada, barulho de martelo a pregar algum segredo ou o homenzinho apregoando macaxeira.
Mosca: ao mesmo tempo alvo e inseto (‘insetalvo’, ‘alvinseto’?) da espécie dos esquizóforos, assim denominados por terem um sulco frontal a dividir a cabeça em dois hemisférios. Ela mexe-se, inquieta, alvo móvel a dar voltas em torno de si mesma. Fosse gente, seria considerada alguém que dissocia ação e pensamento, no limiar da esquizofrenia. Mas age assim certamente por ter olhos múltiplos, omatídios, oitocentos grãos translúcidos, esferas cristalinas de alta definição, como um aparelho de televisão LCD. Levam luz ao cérebro minúsculo e agora estão encandeados pela superfície brilhante do vidro que a detém no interior do quarto onde procuro descobrir sua estratégia de livramento da prisão na qual a mantenho.
Ela, a mosca, terá uma duração de, no máximo, vinte e um dias, seu ciclo vital. Terminado o movimento dessa peregrinação (que também pode ser subentendido como realidade subjetiva), ficarei sozinho, sem ter com quem partilhar o fastio, nem mesmo a restrita visão das gotas de chuva sobre as folhas das árvores próximas ou o reflexo do sol a esmorecer-se sobre o ocre dos telhados.
Quando penso nessas sensações, não as considero mera percepção ótica de um mundo que nos estrangula, a mim e à mosca. É como se estivéssemos dentro de uma bolha invisível, dentro da qual contenho meu próprio espaço-tempo.
Quanto à mosca, faço de tudo para não assustá-la, embora às vezes a perca de vista. Procuro segui-la atentamente e durante a perseguição me vem sempre à cabeça o verso do poeta espanhol Antonio Machado:

“(...) vosotras, moscas vulgares/me evocáis todas las cosas”.

Penso, então, na mosca que pousava no olho do primeiro morto que vi. O cadáver, estendido no caixão, mãos postas, rosto escondido com um lenço que de vez em quando era erguido por um curioso ou um parente próximo. Quando o morto era descoberto, a mosca voava, voava, e regressava, com insistência quase raivosa aos olhos do defunto. “Tão moço!”, repetiam todos a mesma frase ao afugentarem a mosca naquele seu voo que se limitava ao território do tamanho de uma camisa de cambraia de linho branca.
Ao “evocarem todas as coisas”, lembro também a que me perseguiu na travessia de um trecho de deserto. Havia sido prevenido de que o instinto de sobrevivência levaria a mosca a se grudar em algum de nós e a seguir-nos até o fim da viagem. Instintivamente, ela sabia que, naquelas circunstâncias, abandonar o hospedeiro significaria a morte. Descuidei-me e tornei-me seu alvo. Feri-me, de leve, de tanto tentar livrar-me do assédio e acabei por guardar uma pequena mancha vermelha, que ainda trago no rosto.
Encontrei-a de novo, a mosca, a minha mosca. Começou a saltitar sobre o livro aberto ao lado, em cima de um pedaço de frase: “to drive home the finality of death”.
Caminha com passadas microscópicas, ultrapassa o trecho “by the monotonous buzzing of the flies?” e depois de roçar meu braço esquerdo aterrissa finalmente na pequena porção de comida, de cerca de 3 gramas, que depositei sobre a folha de papel branco, tamanho A4. Assim, estará abastecida durante a rápida trajetória sobre o nosso reino particular de cinco metros quadrados: mesa, computador, pequena estante com cerca de vinte livros e metade de uma resma de papel reciclável.
Sobre o fundo branco acompanho seus pequenos gestos nervosos, seus rodopios, riscos no papel. Mexe as patas, esfrega no pouco de comida o que se poderia chamar de focinho, mas cujo termo correto é ‘probóscide’. Não pode ingerir sólidos, por isso deposita uma mistura de saliva e suco gástrico, um ínfimo vômito, na queles minúsculos resíduos. Uma digestão ‘externa’, que não consigo observar, nem mesmo com óculos. Se conseguisse examinar melhor diria o quanto de asco poderia causar-me. Mas por ser um ato tão microscópico, como tudo o que não se vê, não me dá nojo. Imagino que assim deve pensar Deus – se é que Ele existe – sobre todos nós humanos, pequenos insetos nervosos a se mexerem, sem objetivo nenhum no nosso pequeno bólido perdido no universo.
Deixo-a mais calma, a mosca, a digerir sua refeição de final de tarde. Levanto da cadeira, onde fico o dia quase todo a ler e a tentar entender os teoremas da incompletude de Gödel. Olho-a como para me despedir e penso de novo:

“(...) vosotras, moscas vulgares/me evocáis todas las cosas”.

Nenhum poema sobre moscas igual a esse de Antonio Machado. Nada de “mosca azul, asas de ouro e granada” daqueles versos do outro Machado, que certamente detestava negros, complexado, submetido a ataques epilépticos, orgulhoso de sua farda de academia, dólmã de antigas turquias. Quanto a mim, prefiro a mosca de verdade: preta, sem metáforas. A que reina sobre nossa podridão, faz brilhar a ferida. Como a mosca-varejeira: pequenos ovos- -luz, larvas esbranquiçadas sobre a úlcera na perna do cego da feira, que nos obrigava a correr para fugir de sua companhia.
Ei-la sobre o papel imaculado: simples ponto escuro sobre o branco, que tudo pode significar: sinal enigmático do texto, buraco negro das origens, fuligem final dos grandes incêndios, caractere original de alguma tradução de Camilo Pessanha. Aquele de barba toda moscas, tuberculose e concubinas, no sujo chão da China.
Desligo o ar-condicionado. Levanto da cadeira, com comichões na perna direita. Fecho a porta com cuidado. Giro a chave, para que ela não fuja durante a noite e eu não perca sua companhia, pelo menos durante os presumíveis 21 dias que ainda lhe restam.
E de repente escuto, numa espécie de murmúrio.
Ligo a grande mosca, a que não se mexe, não volteia no ar. A que mede trinta e seis polegadas, milhares de grãos translúcidos, esferas cristalinas de alta definição, que levam a escuridão ao nosso cérebro minúsculo. E agora encandeiam a noite, na qual, sozinho, confundo- -me com ela...

SOBRE O AUTOR
Everardo Norões é poeta, autor de A rua do Padre Inglês. Esse texto faz parte do seu primeiro livro de contos, ainda sem título.

In Suplemento Cultural de Pernambuco - Março de 2011
http://www.suplementopernambuco.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=317:entre-moscas&catid=10:ineditos&Itemid=4

(A visão do artista) - por Everardo Norões



É de Jurandy Temóteo um livro que merece a leitura de quem se interessa pelas artes plásticas: A xilogravura de Walderêdo Gonçalves. Editado no Crato, pelo autor, trata da obra de um dos grandes gravadores populares do país. É de seu livro o texto que expressa a ‘visão do artista’ sobre a xilogravura que serve de ilustração.
“O Mestre-escola

(A visão do artista)

É uma escola do campo há muitos anos atrás. O Mestre-escola está na barraca com seus alunos. A barraca é simples, coberta de palha e alguns paus segurando. Toda aberta: não tem portas nem janela. O Mestre-escola é um velho professor, de cabelos brancos, de óculos e barba. Ele está sentado no meio da barraca, com uma mesa, um livro aberto, uma palmatória para dar (bolos) nos meninos que errarem a arguição e umas pedrinhas em cioma da mesa. Essas pedrinhas é para quando os menonos irem para a casinha levarem uma pedrinha. Quando outro menino quiser ir também tem de esperar a chegada do outro trazendo a pedrinha. A escolinha não tem carteiras. São bancos toscos. São cinco meninos. Quatro estão de gente para o professor; o quinto, de lado, está sentado só, lendo. O banco cabe mais alunos.
A escolinha não tem piso, é só chão bruto.”

(In Jurandy Temóteo: A xilogravura de Walderêdo Gonçalves. Crato. Edições A Província. 2002).


 por Everardo Norões

Por quem os sinos dobram- Lupeu Lacerda




Fico pensando nos meus mortos enquanto cazuza verbaliza meus sentimentos: “meus heróis morreram de overdose...” engraçado pensar no finito. No que se acaba. Na árvore que tomba sob o seu próprio peso incomensurável. Penso nos vivos que quero mortos. E nos meus mortos – tão vivos – debatendo comigo nos corredores mal iluminados do borba gato. Sebastiana me empresta comprimidos para dor de cabeça, me convida para acender velas, incensos, escutar músicas de maysa. Silencio. Gal costa “esqueçam os mortos, que eles não levantam mais”. Ela e bob dylan e caetano estão errados. Os mortos estão de pé. Cantando. Recitando poemas de amor e vida. Quero não pensar, mas não consigo. Minha vó está ali, sentada em sua cadeira de balanço, fazendo um crochê interminável. É real? É um filme de bunuel? Meu pai vem entrando agora, com uma pasta preta em cada mão. – pixote! Tudo bom? Eu? Tava no maranhão. – minha tia acabou de colocar seus óculos escuros, contar uma piada e perguntar: - será que ainda tem alguma cerveja na geladeira? Normando para o carro em frente ao bar de silvany, calças jeans surradísimas, um chapéu preto. Seu sax repousa no banco traseiro do carro. “esqueçam os mortos...” mortos não são feitos para se esquecer. São feitos para se lembrar. São para pontear nossa história. Ou pelo menos, a minha história. Meu mortos. Meu baú de brinquedos anti-matéria. Todos eles moradores do meu edifício, editando, contando e recriando a história da carochinha onde não existe final.


 lupeu lacerda

Vamos correr ?- Por José do Vale Pinheiro Feitosa



Aviso: qualquer semelhança com algum antropônimo do passado, presente ou futuro é mera coincidência. Estes fatos são uma ficção e nada tem a ver com a realidade, especialmente a brasileira.

Zuleica com roupas de jogging, serelepe para algumas voltas correndo no Parque de Exposições, em pleno das 4h30min dos galos cantantes. Passa na frente da casa de Antonio de Selma. Antonio, para surpresa geral, está com uma mangueira aguando suas plantas desidratadas. É costume esquecer, mas naquele dia, no calor dos eventos jornalísticos da noite passada, ele, o maior repórter do interior (não só do estado, é do Brasil, mas há quem diga que do mundo e eu concordo) não estica a soneca do amanhecer. Vai para suas roseiras com mangueira e tudo.

Zuleica pára e diz: vamos?

Ho..ho...ho... – é a resposta do nosso De Selma. Seu olhar de persiana arriada, como o de Luiz de Borba, é mais expressivo do que todas as reportagens que fez o ano todo.

Zuleica, continua: e a Erenice?

- É Guerra!

- ???? – isso estava estampado no rosto de Zuleica e De Selma continua:

- Tropa perdendo, no recuo é pior do que animal na armadilha, vale tudo: bala dundum, gás mostarda, o negócio é matar, esfolar, não deixar nem rastro.

- E o tribunal de Genebra? – Zuleica brinca.

- Já viu a Bósnia? Com sangue nos dentes só existe o instinto de matar. Depois vem o arrependimento quando o sangue jorrou para o lado deles. Aí vai dizer que só fez o que lhe mandaram. Foi a mídia que trouxe a munição. Foi o inimigo que lhe provocou o ódio irracional. Viu Hitler, suicidou-se para não assumir a história.

Zuleica com os olhos arregalados repete se ele não quer pôr um tênis e ir correr para espalhar o sangue.

- Vou não. Não. Não vou mesmo. Interrompe as negativas um pouco enquanto reflete algo e continua: Nem que o papa peça. Arrematou na língua do “P”.

Zuleica adora provocar De Selma para ouvir as tiradas deles e pergunta o porquê.

- Não vou porque disseram que fazer exercício rejuvenescia. Então fiz esteira com o Doutor, comprei tênis, meias apropriadas, até estes spray de tira chulé eu comprei. E sai com a esperança de que com uma semana, já tivesse rejuvenescido pelo menos um mês. Como são cinqüenta e duas por ano, num ano eu teria voltado no tempo quatro anos. Mas o quê? Qual o quê? Todo mundo era velho. Aquilo faz é envelhecer as pessoas. Não vou mais. Não me chame para corrida que eu deito.

José do Vale Pinheiro Feitosa