por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 17 de março de 2011

A PESTANA - por Ulisses Germano

CALEM-SE POEMAS


 
Cansado 
das 
falas 
tortas

fUi

tirar
uma

p           e         s        t         a     n         a
e
  fechei
todas 
as 
portas:
Calem-se poemas!
o
sono
quer 
dormir




POEMA NUM CÁLICE AZUL SONHADO - por Ulisses Germano






preciso dizer que é preciso
 que é preciso dizer que
 não é preciso dizer
ao  outro o que
o o u t r
tem que
fazer
***
cada
qual
 é 
igua
no prazer
de  escolher
v i v e r  sozinho
 

Ulisses Germano

O tempo João Marni


No engatinhar da raça humana, a noção de tempo limitava-se à observação do movimento das estrelas ou à intensidade do brilho solar. Passaram-se muitas luas e muitos sóis até que as civilizações aprendessem a identificar no tempo as estações do ano. Séculos se foram até a teoria da relatividade de Einstein e a precisão suíça dos relógios. Mas o que nos fascina mesmo e o que nos motivou a escrever essa crônica, é o tempo como lenitivo, intervalo do refluxo das marés, qual na canção COMO UMA ONDA, de Lulu Santos: - “... nada do que foi será igual ao que a gente viu há um segundo/ tudo muda o tempo todo no mundo”...

É esse tempo que age como bálsamo, alívio na grande dor da perda. Que enxuga nossas lágrimas e nos tira da desolação no amanhã. Traz de volta a cor rosada e o semblante alegre à mãe que chorou ontem, faz-nos esquecer um desafeto e tranqüiliza nossa alma após sepultarmos os entes queridos. Diminui nossas culpas, se as tivermos; pede carona ao passado e lá, amigo da memória, permite que abracemos nossos bons momentos e que reflitamos sobre nossas distorções da vida.

É o apagador do quadro negro das nossas dores. Somos o antes no agora. O passado a onda já lavou e levou. Hoje é o grande momento. Deus não retirou o sol, a lua nem as estrelas, quando perdeu, feito homem, seu astro maior. Não deixou na escuridão os outros filhos. Com o tempo perdoou-nos, sob uma condição: que ficássemos à deriva, tal barcos desmastreados, quanto ao terceiro estágio do tempo, que só a Ele pertence – o futuro, a outra ponta do elástico do Khronos. Daí a verdade na expressão popular, de que “o futuro a Deus pertence”.

É a casa onde mora a grande dúvida do homem. Pode ser o céu, pode ser o inferno. Somos meros arrogantes, infinitos apenas no nosso breve tempo!



No Azul, sonhamos...
sonhados azuis,
versos brancos
da mais pura nobreza...

no café da manhã
Servimos saudade
todo dia em nossa mesa
um bocado de saudade
temperada com beleza

e assim vamos vivendo
nossa vida preciosa
aos amigos predizendo
vida boa, proveitosa

tanta rima tanta resma
tanto tremo quanto espremo
que um dia a vida mesma
se fará meu verso extremo

canto agora esta cantiga
este verso rosamundo
pra que tua voz amiga
mergulhe no azul profundo

no buraco de outro mundo
me explique a explicação
porque a dor e a saudade
movem nossa inspiração?

O silêncio dos idosos - Emerson Monteiro

Se há qualquer característica especial nas pessoas idosas, que sacode essa convicção irreverente que os jovens carregam de peito aberto, feita medalha de vitória colada ao peito, se trata do silêncio contundente, grave, que adorna esses senhores, essas senhoras, quietos pelos cantos à espera do farnel da derradeira viagem.
Parados, de olhares vazios presos nas extensões infinitas do espaço, eles mergulham na distância quais enxergassem de longe as portas do Reino, o porteiro e sua chave crepuscular. Às vezes, sorriem consigo, cúmplices das saudades que, presunçosas, amaciam as bordas das camas, a alvura dos lençóis e os braços gastos das poltronas puídas, nos abrigos transitórios.
Quando outros chegam, e quebram o clima sério dessas virtudes solitárias, de leve abrem o pano dos olhos baços e desprendem simpatia marota, como quem sabe para além dos saberes daqui de fora. E largam restos de sociabilidade nas poucas interrogações que lhes perseguem, atentos aos anos posteriores que ainda restam.
Pois bem, a solene presença desses avozinhos, campeões da longevidade, contempla netos e bisnetos, suas últimas relíquias preciosas. Passeiam pelo ar já rarefeito as ilusões que sumiram nas esquinas do passado, dança de cadeiras das gerações que saem bem devagar à coxia do teatro. Nisso, umas nesgas de alegria ainda persistem a escorrer da ponta dos dedos aos cabelos macios dos inocentes, atitude instintiva, débeis carícias abandonadas aos que tanto ensinaram a amar.
De outras feitas, contudo, ali, assim, fecham o semblante e demonstram lances pessoais de uma luta interna que lhes joga poeira às redondezas do rosto. Quais testemunhas isoladas nas primeiras sessões dos tribunais que defrontarão no campo da Eternidade, envoltos na eloquência desses julgamentos de consciência, crescem ao sabor da chama das réplicas os olhos murchos de lágrimas secas.
Postos de face com a face do destino, o drama secular das irrealizações humanas chora, quase grita. Por isso, angustia com força quem andar por perto deles, nos respingos da tempestade, no mar imenso dos sentimentos e ações antigas. Sofrer, com eles, esses tais silêncios incontidos das crises terminais dos sonhos significa, também, sofrer dentro da gente o alerta de que se aproxima a transição das certezas. Pernas parecem quase não cumprir os trechos finais da estrada de volta para casa. Olho, contudo, assustado essa indiferença dos nossos heróis que, agora, desfazem gavetas e arrumam as malas. Aquela gravidade carrancuda virará o rosto nessa hora da verdade, impondo maior respeito. Monumentos de outrora, erguerão a riste o indicador e reclamarão coragem aos que permanecerem, quando vestirem o manto da despedida. Nessa hora, vencerão a batalha das quimeras morais e dores físicas, e repousarão, em paz, nos braços aconchegantes da ausência inevitável.

Quando os pensamentos voam...

Imagem/Internet

A cabeça gira mais que um girador;
Até mais que um liquidificador.
São as ideias revirando o cérebro;
São milhões de pensamentos procurando encaixe.
Estou tonta de tanto que é o embate.
E eu que cate e dê um jeito nesse encaixe.

Mara

Mãe para o filho: "Quando quiser me achar, eu estarei na linha da telepatia"

G. Balchê
"Quem quer ser rico sem poder, fica pobre sem querer"

Ditado popular
"Prefiro a felicidade duradoura do que a alegria efêmera que nos leva de volta ao inferno. As pessoas felizes nem sempre estão sorrindo."

 Ulisses Germano
"O dinheiro não muda o homem. Desmascara-o."
(Henry Ford)
As pessoas mudam e esquecem 
de avisar os outros.
"Nada é maior ou mais digno de respeito do que você próprio." 
Daisaku Ikeda

SIDERAL - por Stela Siebra

MEU SIGNO É...

É muito freqüente, entre as pessoas que não têm conhecimento astrológico, as dúvidas entre o que é Ascendente e o que é signo solar. É comum ficarem satisfeitas com o que lêem nos jornais e revistas sobre “seu signo”.
Quando você diz, por exemplo, “meu signo é Touro, ou Aquário, ou Virgem”, está se referindo, mesmo que não saiba, ao signo em que transitava o Sol no dia do seu nascimento. Este é o seu signo solar. E isso não é tudo para você ter a compreensão astrológica da sua vida, embora seja bastante importante a posição do sol no Mapa natal.
Normalmente as pessoas querem saber sobre “seu signo”, mas esquecem, ou não sabem, que existem outros componentes igualmente importantes no Mapa do Céu, como por exemplo, o Ascendente ou a Lua, além dos outros planetas, cada um simbolizando um plano da alma.
Saiba que o Ascendente é considerado o impulso de orientação, porque era o signo que estava subindo no horizonte oriental no momento do nascimento. Por isso é ele quem inicia o percurso do Mapa astrológico pelas 12 Casas. Ele é a ponta da Casa I, a casa da nossa identidade, aquela que mostra nossa fachada, nosso temperamento e comportamento. Daí a importância do Ascendente, porque o princípio desse signo é quem vai dar o horizonte de nossa vida, simbolizando nossa forma de expressão imediata e espontânea. O Ascendente é como nos mostramos, como somos vistos, como inauguramos a vida.
Já o signo solar é quem vai dar a forma como dirigimos a vida, como crescemos dentro dela. O Sol é como eu vejo a vida. É a consciência. Dessa forma, o signo solar indica como conduzimos a vida. Expressa a jornada do herói lutando contra os dragões do ego inferior para atingir a solidez, a coerência e a luz do EU verdadeiro.

Calúnia e difamação- Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

A minha avó sempre dizia, que nunca devemos falar mal de alguém que não está presente para se defender. Ela agia com a sabedoria que vem de Deus, pois só quem tem o coração cheio de Deus é capaz de dar conselhos tão úteis aos netos. São esses valores recebidos dos pais e avós e que as pessoas deveriam absorver e aplicar na vida, para serem felizes e promoverem a felicidade dos outros. Infelizmente as pessoas hoje, deixam de lado as orientações tão importantes passadas pelos pais, para se apegarem a ambição desmedida que leva à prática da maldade e do desejo de destruir a reputação do outro.

O ser humano pode escolher dois caminhos: o da bondade e o da maldade. O da bondade nos aproxima do projeto de Deus, pois Ele quer que amemos uns aos outros e vivamos em harmonia. Só assim poderemos colocar a cabeça no travesseiro com a consciência leve e sabermos que estamos no caminho do amor. “É preciso saber viver”, diz Roberto Carlos na sua linda canção. A vida é um aprendizado para cada um que deseja fazer a vontade de Deus e construir a fraternidade entre os homens.

Se abrirmos a Bíblia, vamos logo encontrar a Palavra de Deus expressa pela palavra dos homens, onde é revelado o projeto de Deus. Pedro em suas cartas nos diz: “De fato, aquele que ama a vida e deseja ver dias felizes guarde sua língua do mal e seus lábios de proferir mentiras; afaste-se do mal e pratique o bem, busque a paz e procure segui-la.” (1Pd 3,10-11). Essa mensagem nos orienta para a vida, assim como toda a Palavra de Deus que nos revela a Bíblia. Viver praticando o bem e promovendo a paz é o verdadeiro caminho da felicidade. Não os bens materiais, como muitos pensam ser a felicidade suprema.

Tiago diz em suas cartas: “Irmãos não fiquem criticando uns aos outros! Quem critica o irmão ou julga seu irmão, está criticando uma lei ou julgando uma lei. E se você julga uma lei , você não é alguém que obedece a uma lei, mas alguém que a julga. Ora, só um é o legislador e juiz: aquele que pode salvar e destruir. Quem é você para julgar o próximo?”(Tg 4,11-12) . A lei de que Tiago está falando nesse trecho de suas cartas, é sobre o mandamento do amor. Só Deus pode julgar, pois só ele conhece inteiramente o coração do homem. Já no relacionamento humano não temos competência para julgar o outro, pois acabaríamos cometendo grandes injustiças.

O homem difamador separa os maiores amigos, destrói a reputação do seu semelhante, a harmonia de muitas famílias, colocando irmão contra irmão.

O Evangelho nos ensina: “se o seu irmão pecar, vá e mostre o erro dele, mas em particular, só entre vocês dois. Se ele der ouvidos, você terá ganho o seu irmão”. (Mateus 18:15-17). Vamos agir com justiça e nunca prejudicar ninguém, até para nosso bem-estar e felicidade, pois agindo assim teremos nossa consciência tranqüila.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Convite! - Por Socorro Moreira


Vamos trocar figurinhas, dançar cantigas de roda, ouvir e inventar estórias, que falem de fadas... Aquelas que modificam a vida, como um café solúvel, nas águas ferventes.
"Dizei, senhora viúva, com quem tu hás de casar... Se é com o filho do Conde ou com o Seu General...”.
- “Eu não quero esses homens/ porque não são para mim/ Sou uma pobre viúva / triste , coitada de mim ".
-Pêra, uva ou maça?

Quem está na berlinda?
-Os nossos sonhos?
-Os nossos desejos?
-Os nossos pecados?
-As nossas dores e amores?
Catei carrapetas no Parque Municipal, me lambuzei de sorvete e outras porcarias;
Rodei, rodei, rodei...
Fiquei tonta, sonolenta e saciada...
Desejei ser adulta, livrar-me das tarefas escolares, namorar, casar, e ter uma fila de meninos. Todos com a cara do pai... Claro!
- Aquele que de certo chegaria, num cavalo branco... De porte e gestuais românticos /aristocráticos.
Ora, ora... Nem conclui a infância, e o perfil do homem dos meus sonhos, já se perdia, noutros moldes:
Nem príncipe, nem sapo, nem sábio, nem nobre... Apenas um Dom Quixote!
Depois, quando tudo é passado... Cadê o gato?
Nas ruas solitárias, vagueio até a praça;
Nenhuns vira-latas...
Cadê Napoleão?
Engraçado, como alguns sonhos continuam intactos!
Vamos brincar de circo, de anel, de cinturão-queimado...
Quero achar minha alegria, escondida por aí...
Vamos lá, meninada do Azul Sonhado!
Brincar de poetar, filosofar,informar...
- Troco um picolé de cajá por uma bala de anis!


Monsueto



Monsueto Campos de Menezes (Rio de Janeiro, 4 de novembro de 1924 — Rio de Janeiro, 17 de março de 1973) foi um sambista, cantor, compositor, instrumentista, pintor e ator brasileiro

Elis Regina




Elis Regina Carvalho Costa (Porto Alegre, 17 de março de 1945 – São Paulo, 19 de janeiro de 1982)

Foto de Pachelly Jamacaru !!!


ENTRE AMIGOS


Caro amigo Ulisses,

Germano de germinado
Germano de irmanado
Pela Musa difusa, tocado
de Sol e de chuva, molhado
aqui em solo distante,
canto, não fico exitante,
o presente presenteado.

Sigo seguindo a missão
abro abrindo o coração
canto pra ti, meu irmão
que a vida não é mole não
buscando resiliência
aprendo esquecendo a ciência
fazendo rima com "ão"

canto cantando a cantiga
canto a mão e a voz amiga
canto a cigarra e a formiga
canto a coceira da urtiga
canto a vida e canto o pão
canto e me chamo João -
rima rica não intriga.

a cantiga não tem fim
é mais doce que alfinim
mais linda que um querubim,
pó de pirilim pim pim
nela fico encantado
meu céu, de estrela qualhado,
meu sorriso é de marfim

a canção que a noite entôa,
um sapo feliz na lagoa
chuva fina, de garôa
vida bela, vida boa.
canto assim, emocionado,
num verso desobrigado
sua rima, sua lôa.

João Nicodemos


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Caro amigo Nicodemos

E eu agora lendo o seu poema

que me enternece
Veio um sentimento
para o amigo que merece:


Tão integro de si mesmo

Nicodemos meu irmão
Que jamais vive a esmo
Sempre fez jus a João
Mas é como um peregrino
Tem o canto de um menino
Que tem bola e pé no chão

Ao lado dos seres francos

A tua resilência
Foi aos troncos e barrancos
Conquistada na ciência
Que estando atento ao telhado
Já dançou até um fado
Colado com a  Clemência

Fez morada nas estrelas

As canções que nos inspiram
Ninguém pode entrete-las
Lá de cima elas  respiram
Pois são como pirilampos
Que piscando lá nos campos
Aspiram o que iluminam...

Amigo não tem escudo
Somos o que merecemos
A somatória de tudo
Que nessa vida fizemos
Quero viver na franquia
Espalhando a alegria
Feito João Nicodemos!

Ulisses Germano

CORDEL PRA MANOEL DE BARROS - por Ulisses Germano


As pessoas transparentes
Nos olhares se revelam
Sinceras em suas mentes
Não procuram, nem esperam
Agradar por simpatia
Jamais usam da apatia
Por issso sempre prosperam

Ser sincero é complicado
Pra quem mascara o que sente
É preciso ter cuidado
Com as águas de muita gente
Quem se julga sem espelho
Sempre vive no vermelho
Se achando "o diferente"

Ulisses Germano
Crato, 15/03/11





Por João Nicodemos

sinto muito doutor:


o mais poderoso
analgésico

é



a dor.