por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 15 de março de 2011

AMIGO É CASA: O CHORINHO QUE GEROU UM CORDEL - por Ulisses Germano

Versão da flor de lótus do xilogravurista Carlos Henrique

                  Um dia qualquer de um ano que não me lembro bem, recebi  de  Socorro Moreira a cópia de um CD contendo  uma música que falava sobre a amizade. Amigo é Casa -  composição de Capiba e Hermínio Bello De Carvalho, para mim é um dos chorinhos mais belos que eu já ouvi na minha vida. O encantamento da melodia, "casando" com a letra,  nos transporta para o universo das grandes celebrações da Amizade. Depois de escutar este chorinho centenas de vezes foi que me veio a idéia de fazer um cordel intitulado A QUINTESSÊNCIA DA EXISTÊNCIA. Os gregos, na sua sabedoria peculiar, falam de uma quinta-essência, incorruptível, que permeia o Universo. Os quatro primeiros elementos essênciais podem ser maculados: a água pode ser poluída, os ventos, o fogo e a terra, no entanto, o éter ,assim chamado o quinto elemento essencial da Natureza - QUINTA-ESSÊNCIA ou QUITESSÊNCIA, é incorruptível! Seguindo essa linha de raciocínio, foi que resolvi escrever um folheto de cordel falando sobre a tese de que a amizade é a quitessência da existência. Segue abaixo três parágrafos do folheto A Quintessência da Existência - um folheto de cordel que nasceu de um chorinho:

I

No trato da convivência
todos somos jardinheiros
quem cultiva a consciência
sem subterfúcios faceiros
saberá do privilégio
do maduro sortilégio
dos seres que são inteiros

II

Toda solidariedade
vem do amigo verdadeiro
quem possuir maturidade
saberá dizer ligeiro
que a amizade é a quintessência
de toda nossa existência 
nesse mundo passageiro

XXXI

Minha canção favorita
e mais cheia de carinho
deixou a amizade escrita
na morada do chorinho
de um tal de Bello e Capiba
que no canto lá de riba
curou a dor do sozinho

Versão da flor de lótus do xilogravurista Maércio Lopes

                 A título de contextualização, eu quis que para este folheto de cordel  fossem impressos duas capas com xilogravuras diferentes. Portanto, um cordel que fala de amizade fala também de pluralidade. Escolhi dois grandes xilogravuristas da região: Carlos Henrique e Maércio Lopes. Numa segunda edição vou querer também o traçado do estilete de Lulu Lacerda, João Nicodemos, Stênio Diniz... e tantos outros que estejam irmanados no sentimento que une e acolhe. O símbolo escolhido para representar a quintessência da existência foi a flor de lótus, é o mesmo simbolo que representa a quintessência do sentimento, que é o amor, palavra gasta, mas que jamais se desgasta.
                 Bem... a história é longa, creio que agora entendo quando algum dos meus amigos aconselham a colocar um clossário ou nota de rodapé nos cordéis que eu escrevo. Dito isto, eis abaixo a letra mais bela do cancioneiro brasileiro que fala sobre A-m-i-z-a-d-e:


 AMIGO É CASA
 Composição: Capiba / Hermínio Bello De Carvalho

Amigo é feito casa que se faz aos poucos
e com paciência pra durar pra sempre
Mas é preciso ter muito tijolo e terra
preparar reboco, construir tramelas
Usar a sapiência de um João-de-barro
que constrói com arte a sua residência
há que o alicerce seja muito resistente
que às chuvas e aos ventos possa então a proteger
E há que fincar muito jequitibá
e vigas de jatobá
e adubar o jardim e plantar muita flor toiceiras de resedás
não falte um caramanchão pros tempos idos lembrar
que os cabelos brancos vão surgindo
Que nem mato na roceira
que mal dá pra capinar
e há que ver os pés de manacá
cheínhos de sabiás
sabendo que os rouxinóis vão trazer arrebóis
choro de imaginar!
pra festa da cumieira não faltem os violões!
muito milho ardendo na fogueira
e quentão farto em gengibre
aquecendo os corações
A casa é amizade construída aos poucos
e que a gente quer com beira e tribeira
Com gelosia feita de matéria rara
e altas platibandas, com portão bem largo
que é pra se entrar sorrindo
nas horas incertas
sem fazer alarde, sem causar transtorno
Amigo que é amigo quando quer estar presente
faz-se quase transparente sem deixar-se perceber
Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar,
se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer
Amigo a gente acolhe, recolhe e agasalha
e oferece lugar pra dormir e comer
Amigo que é amigo não puxa tapete
oferece pra gente o melhor que tem e o que nem tem
quando não tem, finge que tem,
faz o que pode e o seu coração reparte que nem pão.

.

P.S. Peço alguém que tenha essa música pra postar neste blog - a melodia é celestial!
O valuation (absurdo) do Facebook
Julio Daio Borges - do Digestivo nº 476

Mark Zuckerberg também ficou conhecido por ser “o mais jovem bilionário da História”. (Já o era aos 25 anos.) E o Facebook passou de “mais uma rede social” (em 2004) para “a” rede social (2010): The Social Network.

Hoje quase ninguém mais se lembra do Orkut, que já foi febre no Brasil. Muito menos do Friendster, a primeira de todas. E, menos ainda, do MySpace, que conseguiu seduzir até um velho dinossauro como Rupert Murdoch. O fato é que o assunto “Facebook” está à beira da exaustão – o que muitos especialistas apontam como o auge da valorização do site (antes da queda).

Além do livro e do filme, já havia sinais, desde que o Facebook ultrapassou o Google em visitação, nos EUA, atingindo, posteriormente, 500 milhões de usuários no mundo. O Twitter, que pretendia 1 bilhão de usuários, contentou-se com uma aparição no programa de Oprah Winfrey, o máximo de exposição em sua carreira, igualmente, meteórica. (E o Google tentou comprar o Twitter; e o Facebook acabou comprando o FriendFeed...)

A especulação deixa de sê-lo, contudo, quando o Goldman Sachs anuncia que vai comercializar as ações do Facebook, numa das maiores IPOs da História. E, para provar que é bom negócio, o Goldman investe do seu próprio bolso (no Facebook).

Muita gente estrilou, por dois motivos. Primeiro porque o Goldman foi “resgatado” pelo governo, durante a crise de 2008. Logo, não poderia estar, novamente, envolvido num investimento de risco (envolvendo, em última instância, o dinheiro dos contribuintes). Em segundo lugar, porque investir o próprio dinheiro (até onde esse dinheiro pode ser “próprio”) não significa muita coisa, afinal o Goldman vai lucrar muito mais, se o Facebook efetivamente for “a maior IPO da História”.

Quem lança essa tese é Douglas Rushkoff, um analista sobrevivente (desde a primeira bolha de internet, em 2000). Rushkoff não compara o Facebook com o MySpace (outro fiasco), nem com o Orkut (que só trouxe processos ao Google), nem com o YouTube ou o PayPal, valuations “recentes”, mas, sim, com a America Online.

A AOL foi, se é possível lembrar, “maior que a internet”, antes da internet. E a AOL se fundiu com a Time Warner, quando estava no auge, numa tentativa desesperada de aproveitar a onda e adquirir ativos do chamado “mundo real”. Rushkoff lembra que a fusão foi um desastre, que acabou sendo desfeita, e que Steve Case, outrora gênio da internet, teve de se contentar com aparições em eventos como os do blog TechCrunch (aliás, vendido para a mesma AOL, que subsiste...).

Toda a discussão retorna ao encontro memorável entre Jason Calacanis e David Heinemeier Hansson, da 37Signals, que encarnavam, respectivamente, o capitalismo das bolhas, “estilo” Facebook, e o “capitalismo real”, estilo “economia real”.

Hansson argumentava que valorizações estapafúrdias não ajudavam os negócios na internet, criando expectativas incomensuráveis, eternamente condenadas à frustração. Já Calacanis contra-argumentava que investidores bilionários, ou até simples milionários, queriam negócios cada vez maiores, e que as bolhas faziam, sim, parte do jogo.

Não se sabe, exatamente, quem serão os ganhadores e os perdedores, nesta rodada, mas as apostas, no Facebook, já giram em torno de 50 bilhões de dólares...


Comentário: Matéria extraída do www.digestivocultural.com, ilustra bem a fase pós-moderna da nossa história - em que nos temos deixado levar por um narcisismo oco, hedonismo inútil, cosumismo sem jeito, em afã de encontrar saída para tantas contradições e problemas diversificados, alguns dos quais se apresentam quase sem-saída -, que é sinônima do desumanismo famoso 'sem noção'.

Mas nossa aplicação amorosa confraternal e boa vontade ética nos devem livrar dos tantos riscos despropositados em que nos metemos... Tomara que brevemente possamos rir das tantas apreensões que nos acometem hoje, salvos que teremos diso pela criatividade vital maravilhosa, nossa característica fundamental!

MEU SÓCIO - Por Marcos Barreto de Melo

Nasci e me criei no sítio São José, numa área de propriedade do meu pai, onde ele criava gado e praticava a agricultura, tendo como atividade principal a cultura canavieira. Quando menino, perambulava pelo engenho e pela bagaceira. Pegava carona em lombo de burro e ia até o “corte de cana”. Lá, sentado sobre a esteira de cana, chupava a cana torcida e a garapa escorria pelo bucho para depois juntar-se à poeira das veredas por onde passavam os burros transportando a cana para o engenho. Era um tempo de muita liberdade onde a criançada saía de pé no chão, pisando na areia ou na lama, lavando os pés nas levadas que cortavam as áreas alagadiças do brejo e ainda montava cavalo de pau levando o gado para o curral, se fazendo de vaqueiro.
Com tanta liberdade, ainda menino já me interessava em praticar alguma atividade que pudesse me trazer alguns dividendos. Assim, criava um porco em sociedade com um morador e ainda uma meia dúzia de galinhas.
Bem próximo ao engenho ficava uma casa grande de alpendre, construída pelo meu avô paterno e para onde a família se mudava durante todo o período da moagem. Eu não alcancei este tempo. Quando me dei por gente, nela já morava um antigo morador do meu pai. E foi nesta casa que eu vi uma criação de capotes (guinés). Disse a este morador que também queria criar capotes e ele prontamente me presenteou com uma quantidade de ovos capaz de dar início ao meu tão sonhado empreendimento. Seria este o meu primeiro grande negócio. Fazia contas e mais contas do quanto ganharia com a venda dos ovos e de alguns exemplares.
No início, tudo correu bem. Quase todos os filhotes se criaram, o que é muito raro de ocorrer. Entusiasmado, tratei logo de preparar uma nova ninhada. Como estávamos no verão, quase todos os filhotes desta segunda ninhada também chegaram à idade adulta. O capote tem a característica de por seus ovos longe de casa e dos olhos do dono. Era uma trabalheira para encontrar os seus ninhos. Sempre havia um cachorro esperto de plantão e decidido a colher os ovos antes de mim. Havia também uma simpatia de matuto, segundo a qual não podíamos pegar os ovos com a mão e sim, com uma colher de pau. Segundo esta simpatia, se pegássemos com a mão, a fêmea poderia perceber que o seu ninho havia sido descoberto e mudar-se para outro local ainda mais escondido. Toda tarde, próximo ao anoitecer, eu saía com uma panela e uma colher de pau para a colheita do dia.
Mesmo com todo este trabalho, preparei a terceira ninhada aproveitando o final do verão e confiante nas perspectivas de bons negócios. Com três ninhadas passeando pelo terreiro da casa, o que representava algo em torno de 60 capotes, sentia que estava no rumo certo e que o meu negócio era mesmo promissor. E para incrementar a venda dos ovos, ganhei da minha cunhada Norma, de Fortaleza, algumas embalagens de isopor vazias, algo que não havia no Crato neste tempo. E por coincidência, a caixa trazia a inscrição Ovos São José, já que eram vendidos pelo antigo mercantil São José.
De bem com a vida e com os negócios, aos doze anos de idade eu já fazia planos mais ousados, baseando-me no crescimento vertiginoso da minha criação de capotes.
Mas, como diz o provérbio popular, “Deus quando dá a farinha, o diabo vem e rouba o saco”. E foi o que ocorreu comigo.
Numa tarde de janeiro, época chuvosa, um amigo muito íntimo da família visitava o meu pai quando, para o meu azar, desfilou à sua frente todo o meu rebanho de capotes, naquele maior alarido. Tudo aconteceu na hora mais imprópria. Esse desfile fora de tempo foi o bastante para despertar neste visitante o interesse em também criar capotes. Imediatamente chamou-me a compor uma sociedade com ele. Ele pagaria os ovos e eu me encarregaria do restante, ou seja, eu ficaria com o trabalho e o que nascesse seria de nós dois. Diante do olhar do meu pai, eu não tive outra opção a não ser concordar com esta bela proposta.
Negócio fechado, no dia seguinte eu parti para a luta. Acontece que estávamos na quadra chuvosa e o momento não era propício para iniciar uma criação de capotes, já que estes bichinhos são muito frágeis e vulneráveis a doenças. Mas, toquei em frente o projeto. Afinal, o meu sócio nos visitava com muita freqüência, era gente da família e uma vez por semana jantava conosco. A cada visita, ele me perguntava sobre o progresso de nossa criação e, quando eu ia lhe responder, o meu pai se adiantava e dizia a ele que estava indo tudo muito bem. Na verdade, de trinta filhotes que nasceram metade morreu nas primeiras chuvas. Restaram apenas quinze, que foram morrendo aos poucos de doenças ou no bico de um gavião faminto. Eu queria dizer isto ao meu sócio, mas meu pai não deixava. E o meu sócio, certo de que tínhamos trinta capotes já adultos, inventou de comer um capote a cada semana, toda vez que jantava lá em casa. Com isso, eu via definhar o meu rebanho ao tempo em que também ia abaixo o meu sonho de criador. De sócio, ele passou a ser um verdadeiro predador. Pior do que qualquer ave de rapina. E o pior de tudo é que abolira de vez qualquer outro tipo de carne do seu cardápio. Sempre pedia à minha mãe que preparasse para o jantar um capote “dos nossos”. Nunca vi alguém gostar tanto assim dos meus capotes.
Revoltado e indignado com a situação e sem poder dissolver a sociedade, aproveitei-me da ausência do meu pai que fora passar uns dias na fazenda, em Pernambuco, e me vinguei para sempre deste meu sócio incômodo. Vendi tudo que ainda restou para o dono de um restaurante, e com o dinheiro apurado comprei um relógio da marca Hernavim. E depois, conversando com os meus botões, falei: quero ver agora quem é que vai tomar o meu relógio.

Marcos Barreto de Melo

"Dúvida"


Caminho rápido ...
A estrada é comprida
e o tempo é pouco.

Não vejo as pedras
que machucam meus pés,
nem a lama
que anuvia a minha visão.

Que rumo devo tomar ?
Conseguirei ?
Ou o cansaço me fará desistir ?
Não sei.

Só sei que a areia se esvai
e a ampulheta me alerta :
-Não dá mais tempo para covardia.

Corujinha Baiana - 22 de Outubro de 2009
Em nossas vidas há momentos de alegria e de sofrimento. Se conseguirmos entender que sempre haverá bons e maus, poderemos gradualmente a não o esperar somente bons momentos, e nem a detestar os maus.
 
 
 
O sofrimento precisa ser superado, e o único meio de superá-lo é suportando-o.

 
 

Soberania
Manoel de Barros


Naquele dia, no meio do jantar, eu contei que
tentara pegar na bunda do vento — mas o rabo
do vento escorregava muito e eu não consegui
pegar. Eu teria sete anos. A mãe fez um sorriso
carinhoso para mim e não disse nada. Meus irmãos
deram gaitadas me gozando. O pai ficou preocupado
e disse que eu tivera um vareio da imaginação.
Mas que esses vareios acabariam com os estudos.
E me mandou estudar em livros. Eu vim. E logo li
alguns tomos havidos na biblioteca do Colégio.
E dei de estudar pra frente. Aprendi a teoria
das idéias e da razão pura. Especulei filósofos
e até cheguei aos eruditos. Aos homens de grande
saber. Achei que os eruditos nas suas altas
abstrações se esqueciam das coisas simples da
terra. Foi aí que encontrei Einstein (ele mesmo
— o Alberto Einstein). Que me ensinou esta frase:
A imaginação é mais importante do que o saber.
Fiquei alcandorado! E fiz uma brincadeira. Botei
um pouco de inocência na erudição. Deu certo. Meu
olho começou a ver de novo as pobres coisas do
chão mijadas de orvalho. E vi as borboletas. E
meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam
o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no
corpo. (Essa engenharia de Deus!) E vi que elas
podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as
próprias asas. E vi que o homem não tem soberania
nem pra ser um bentevi.

Texto extraído do livro (caixinha) "Memórias Inventadas - A Terceira Infância", Editora Planeta - São Paulo, 2008, tomo X, com iluminuras de Martha Barros.

AMIGO por João Marni

Palavra que ouvimos à nossa mesa e além muros por nossos pais. Referência. Porto seguro. Um amigo se faz presente, não espera. Deseja, de coração, o melhor para seu amigo, e muitas vezes, é anônimo quando o acode. De testemunho, basta-lhe Deus. É desprendido quando diz: Tenhas a minha amizade e o meu amor; usa-os enquanto te faz bem. É um mestre na arte de ouvir e de falar. É incentivador, enxergando no outro apenas qualidades, sendo renegados os defeitos, por serem comuns demais. Não é vigilante como o fofoqueiro nem intrometido, mas atento. Um padrinho sem batismo. Não é como as bolhas do champanhe, mas o sabor: duradouro, memorável, inesquecível. Unanimidade na família. Que tudo de bom aconteça a ti e à tua família

B E S T E I R O L

60
num bar
e
70
sair
100
pagar.
A polícia diz:
20
te
pegar!

Um pingo d'água no oceano- Por José do Vale Feitosa




José do Vale Pinheiro Feitosa
Rio de Janeiro, 30/10/1988



É uma imagem poética muito antiga e usada.

O insignificante querendo ser individual.

Ser algo diante da vasta matéria,

e energia do espaço-tempo universal.



Mas eu vi, foi o primeiro a cair,

Ploft, e sua onda se espalhou na água,

tenho plena consciência,

aquele foi "um" pingo.



Que caiu em cheio na memória,

durou uma pequena fração do meu tempo,

mas teve tempo suficiente,

para ter o mesmo conhecimento,

das nebulosas cósmicas.

Foto de Pachelly Jamacaru




Crianças são anjos , enquanto não crescem .
Adultos são anjos, quando não morrem de infância !

(socorro moreira)



Histórias da Dona Valda-socorro moreira




Minha mãe nasceu no Distrito de Itainópolis , que pertencia a Picos (PI). Meu avô , logo, logo deixou de ser coletor , e foi cuidar das suas terras carnaubeiras, na Fazenda Sta .Rita, perto de Valença do Piauí.
Aos 6 anos deixou pai e mãe , e foi estudar na cidade.Talvez ainda mijasse na rede , tomasse mingau , chupasse o dedo, mas precisava ser alfabetizada. Não tinha outra escolha !
Chegou o dia da viagem.Andou uns pedaços a cavalo para pegar o Caminhão, que passava na estrada principal. E lá se vinha aquele monstro. A poeira medonha , o denunciara. Pela primeira vez , via aquela máquina ... Olhou as rodas girando , o povo na carroceria , rodando, tal como as rodas giravam , e pensou : não vou conseguir me segurar , em cima desse bicho . Vou cair , vou ficar tonta ... Quero ficar... Por que tenho que ir ?
Pra percorrer 5 léguas , a viagem durava um dia. A 20 Km p/hora , aquele transporte andava , mas chegava !
Era quase de noitinha . Calada e desconfiada , cumprimentou os padrinhos , e sorriu sem jeito , para as meninas da casa . Elas se aproveitaram daquela inocente criança , que acabara de nascer para o mundo das províncias .
- Valda , daqui a pouco , o homem vem acender as luzes. Você fique pastorando , e nos chame , quando avistá-lo . É seu primeiro trabalho !
E as luzes magicamente , acenderam-se. Minha mãe ficou pasma, e apavorada . Nunca tinha visto uma lâmpada elétrica , nem o homem que esperara . Foi cobrada , foi gozada .... E a primeira lição , aprendeu !
Depois , enfrentou a escola. Por razões políticas , matricularam-na , num educandário particular . A Família era opositora política , dos chefes do poder . E o tempo era da palmatória. Cada erro na tabuada , valia um bolo em cada mão , e uma lágrima em cada olho. Mas era a regra do jogo. Quem não aprendia , recebia castigo , feito bicho de circo. Assim, se concretizava a o ensino.
Mais para frente , perto do Natal , começaram a escrever as cartinhas para o Papai Noel. Meninas bem comportadas , seriam atendidas...Essa era a promessa da vida. Todas pediam , postavam nos Correios , e os pais as resgatavam, liam , e atendiam ! Ela pediu um bebê de porcelana , pretinho , que vinha namorando , numa loja há muitos dias . Todas ganharam o que pediram... Inclusive o seu bebê , que foi parar nas mãos de uma amiga . Impressionada com os critérios de Papai Noel , questionou-se : sou assim tão pecadora ?
Depois que achou explicação, pensou : meus futuros filhos não acreditarão em Papai Noel ... Eu juro !
Começou a estudar canto e bandolim , aos 8 anos . Férias na fazenda , depois de dois anos de ausência , com direito a todas as mordomias da filha pródiga , carente de colo , de banhos de rio , catar borboletas , bater palma de carnaúba , brincar com as bruxas de pano , que a sua mãe fazia. Nos aniversários ou Natal , Vovó colhia flores do campo , fazia ramalhetes , e colocava nos chinelos dos filhos , debaixo das suas redes. Era de tão bela intenção , que tocava o coração , como uma valsa , no violão .
Aos 14 anos , morando no Crato , na casa dos avós maternos , conheceu meu pai. Um boêmio , cantor, elegante , pintor... Até eu , por ele ,teria me apaixonado. Bicava suas cachaças, fazia serenatas , acompanhado pelo violão de Vicente Padeiro .
Todos os dias presenteava minha mãe com uma margarida , uma fita para o cabelo , e um rabisco artístico...Ora sol , ora lua, ora um céu estrelado , casa ,flores e pássaros ...Projeto de sonhos com todas as cores do amor !
Casaram-se 8 anos depois , a filha de Maria e o Artista ....Dessa argamassa poética e mística , eu nasci !
E foram felizes , dramáticos , cúmplices , amorosos , até que a morte os separou . Elos verdadeiros são inquebrantáveis !
Geraram dez filhos. Vingaram 6(seis). Todos vivos, graças a Deus ! A Prole foi aumentando , aumentando , e agora já são tantos , que a panela da cabidela é enorme , no tamanho !
Se desgostos , os filhos lhe afetaram , já dizia Joaquim Patrício , amigo da minha mãe : "De uma árvore sadia , os frutos não  são podres ! "
A vida prova , ensina , e acaba levando pro céu , quem dela prima !
Diz Dona Valda que o passaporte é caríssimo ... Ela reza todo dia , pra ganhar sua passagem , e o bônus de todo mundo !


Farejando versos- socorro moreira



"Sair correndo ao encontro de alguma coisa..."
ou esperar deitada , que essa coisa chegue?

- Sair pulando buracos e pedras,
até cair exausta,
num verso que apaixone !

Vivo espalhada em ais...
Cadelando versos
Roendo  rimas
Farejando sempre
Arapucas poéticas !



Tenho vários olhares...

Um deles está congelado

num doce momento mágico

quando cruzou com o teu...


Tenho muitos olhares

de brilho, e de opala...

de espantos, de madrugadas

de profunda sonolência ,

e de extremo cansaço...


Tenho teus olhares guardados ...

Uns, extremamente irônicos

Outros , visivelmente amorosos

Mas sempre mirados , mum tempo que ainda vejo


Tenho olhares perdidos, nos abraços dados...

Coração ferido por setas incertas

Feridas lambidas e jamais curadas


Tenho o olhar invisível

Que sinto pousado em mim

Santo ,Divino...

Esse olhar, cuida de mim!

SAUDADE EM NOTAS MUSICAIS-Por Rosa Guerrera



Coloquei hoje pela manhã um CD cantado por Julio Iglesias .E deslizei num arco iris musical á passagens marcantes na minha vida.
Escancarei as portas do tempo e reví imágens que por muitas vezes julguei apagadas , mas que em frases melódicas na voz desse cantor de quem sou fã faz muitos anos , me fizeram sorrir para o passado .
Olhei meu rosto no espelho dos anos, e suspresa não enxerguei nem rugas nem cansaço no olhar.
Nenhum branco também visível nos meus cabelos ! Uma juventude inexplicável tomou conta de todo o meus ser . Parece incrível como algumas músicas conseguem materializar no hoje , os momentos já vividos .
Flutuei nesse espaço colorido enquando o CD ia girando sem parar .
É interessante como uma frase, uma música, um perfume , uma flor possuem o dom de alimentar uma alma !
Um desfile de perfís amados bailaram dentro do meu coração!
Em cada música , uma lembrança... em cada lembrança pedaços meus ... fragmentos de sorrisos, de beijos , de carinhos, abraços e promessas .
Escutei todo o CD, e desliguei o som .
Não me sentí triste com o silêncio que se seguiu .
Sentí sim , uma sensação gostosa que marcou o meu dia , numa certeza gigante de que até hoje não viví em vão .
Valeram todos os minutos que amei , todos os sonhos que sonhei , todas a ilusões que me apeguei , todos os momentos de paixão aos quais me entreguei .
Mesmo sabendo que hoje eles se apresentam mais uma vez diante de mim , em doces acordes musicais !

por rosa guerrera

TEMPO-Rosa Guerrera


Houve um tempo em que eu não tinha tempo para entender o real valor do tempo , e assim deixei correr no espaço da minha vida , todos os dias, segundos e minutos que o outrora presente me ofertou.
Hoje gostaria muito de viver todos os tempos que deixei inutilmente passar !
E nessa busca inútil de tempos perdidos , aprendi que mesmo sendo efêmero o tempo de agora , eu preciso viver intensamente , todos os instantes e todos os presentes que o tempo ainda tem para me ofertar .
 por rosa guerrera

Código do Consumidor - Por José de Arimatéa dos Santos

O Código do Consumidor veio para ajudar todos nós consumidores. Em países sérios nem precisa por que o empresário sabe que se não atender bem em seu estabelecimento perde o freguês. A obrigação nossa é exigir bom atendimento e o que consumimos seja de ótima qualidade. Analisar os rótulos quanto ao vencimento e exigir que o produto comprado esteja de acordo com o contrato assinado por nós, os fregueses. Aqui ainda capenga o bom atendimento ao consumidor. São vários os casos que vemos na mídia de consumidores que reclamam do atendimento nas operadoras de celular, nas faltas de energia(apagões) e as agências reguladoras de vários setores da economia não dar bolas para nós consumidores. Eu pergunto quantas vezes a fornecedora de energia foi aos meios de comunicação dar satisfação das várias faltas de energia? Ou então da mesma forma a empresa responsável pela internet falou a respeito das vezes que os celulares e computadores ficam sem sinal? Vamos ficar só nesses dois casos.
Muita coisa melhorou desde o advento do Código do Consumidor e esperamos que todo cidadão comece a exercer seu verdadeiro papel de cobrar melhor atendimento nas repartições públicas e principalmente cobrar dos políticos as promessas de campanha. É também direito do consumidor exigir que sua rua esteja bem limpa e iluminada, além de melhorias para a cidade. Cuidar verdadeiramente do que é nosso. A administração pública não deve ser cabide de emprego para apaniguados e puxa sacos. Seriedade e ética. É isso que o consumidor consciente quer. Que todos os cidadãos exerçam seu verdadeiro papel de consumidor!
As datas comemorativas são muito importantes, pois assim podemos ver e analisar friamente como andam as leis aprovadas pelos legisladores. O Código do Consumidor já tem 21 anos de vigência e nesse dia 15 de março que é o dia do Consumidor merece uma reflexão em todos os sentidos. A lei é válida para valer quando o cidadão exige o seu cumprimento e nós consumidores podemos e devemos exercer de fato a cidadania ao exigir produtos e atendimento de acordo com a lei. Acredito que vale também como exercício para escolher ótimos representantes na política. Só depende de todos nós.

A dança do amor- socorro moreira




A vontade de amar
busca a unidade do eu fragmentado
Uma estrada curta em cada breve vida
De tão intensa,
paixão resolvida,comprende amor
Acontece da noite pro dia...
Numa aurora-madrugada,
num verso achado...
Nadando em pedaços

-Inteireza contida,ora revelada!
E a permanente vontade de secá-las
decantando o amor inversal
em versos cristalinos!


Sinto a quentura da lágrima

Calor tropical que assola o pequizeiro,

que explode a carne, que deseja vida !


Vou recolher minhas águas

e molhar minha poesia !

(socorro moreira)

LUMINAR - Boletim de Divulgação em Ciências Humanas e Espiritualidade

LUMINAR - Boletim de Divulgação em Ciências Humanas e Espiritualidade
NÚCLEO DE ESTUDOS EM CIÊNCIA, ESPIRITUALIDADE E FILOSOFIA.
UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI
NÚMERO 01/ABRIL 2010

(Texto recebido pela Internet http://luminar.no.comunidades.net/)

Editorial
Este ano, inauguramos o Boletim do Núcleo de Ciência, Espiritualidade e Filosofia - NECEF, Intitulado Luminar - Boletim de Divulgação em Ciências Humanas e Espiritualidade [http://luminar.no.comunidades.net/]. Nosso objetivo é poder oferecer aos alunos e demais leitores o acesso a textos, pesquisas e novidades relevantes que englobam o espectro temático das Ciências Humanas e Espiritualidade.
Em cada boletim, teremos as sessões de artigos, resenhas, dicas de filmes e agenda.
Nesta primeira edição, o professor Dr. Bernardo Melgaço nos presenteia com o artigo 'Por Que Precisamos Amar Uns Aos Outros?', no qual discute dentre outras coisas, a natureza humana do ego. Em outro momento, o Conselho Espírita Internacional oferece algumas informações sobre A Doutrina Espírita e o Espiritismo, como forma de divulgação desta filosofia de vida.
Também nesta edição, algumas notícias interessantes, como a aprovação da Lei Geral das Religiões e o Reconhecimento de Títulos do Mercosul. Na sessão Dicas de filmes os leitores terão acesso a três excelentes indicações. A sessão Agenda dará acesso a diversos eventos científicos que estão por acontecer, tanto no Brasil como no exterior, este ano de 2010.
Convidamos os interessados com escritos originais, afins com o nosso projeto editorial, a enviar-nos seus trabalhos - artigos, notas, resenhas, comentários ou opiniões -, desde que atendam às nossas normas de publicação e linha editorial.
Aos articulistas deste número, queremos manifestar nosso agradecimento por sua competente colaboração.
Gislene Farias de Oliveira e Cláudia Moura Pierre
Editoras do Boletim

POEMAS DE ISOPOR - por Ulisses Germano

 
POEMAS DE ISOPOR XXI

PERAMBULANDO NO PREÂMBULO
A obsessão da felicidade 
e o egocentrismo da humanidade 
são um dos paradoxos 
da vanguarda 
da vida 
pós
moderna
 após 


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Se 
a poesia
ainda não surtiu
o efeito 
de sua dimensão
é porque continua
sendo lida por 
poucos
seres
vi
  tais