por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 31 de dezembro de 2011

A paz do esquecimento - por Socorro Moreira



Sandoval foi a pessoa mais leal que conheci.

Quando se apercebeu do meu olhar, lembrou outro olhar.

Quando sentiu o gosto do meu beijo, lembrou outro beijo.

E , cada palavra dita , tinha o peso de um silêncio,

que dominava o instante seguinte ...

Sandoval foi fiel...

" mesmo em face do maior encanto" ,

ao seu amor de sempre !



Fechei meu olhar

Engoli palavras de ternura,

cruzei as mãos do carinho,

numa prece contrita ...

pela paz e pelo esquecimento !



E as minhas preces foram ouvidas !

Ontem, na boca da noite, espreitamos a lua. Acendemos outras luzes, e tudo aceso ficou: cidade, saudade, e nuvens de lembranças. Senti falta do nada. O nada que comporta uma parte de mim que se foi.
Senti falta de tudo que de bom já passou.
Não quis a volta de nada, mas quis a presença de tudo.
Estava serena, sem o mar do teu olhar. Estive serena, diante do caos, concentrado numa simples luz, que ilumina certa nuvem, num céu que ainda é azul, e azul sempre será.
Vejo o teu rosto refletido no espaço. Rosto desanuviado, inserido, nas palmas das carnaúbas. Agora que tudo é passado, te retiro, e te incrusto num álbum de retratos. 

 socorro moreira



Reconstituição


Tive de repente
saudade da bebida que eu estava bebendo...
tive saudade e tentei me lembrar que gosto faltava,
qual era a bebida...
Fui procurando entre copos e móveis
e dei com sua boca.

A saudade era dela
A bebida era o beijo.

Elisa Lucinda

por João Nicodemos


Olvidei os advinhos
a eles não dou ouvidos.
Mundo novo há de vir
Há os que crêem no porvir
E na Lei dos merecidos...


Eu, porém, vivo sem pressa
O labor do dia certo
Vejo o fim, no que começa
Sinto que um dia desperto

Vejo o pó que cobre a estrada,
O vento que nela passa,
Apaga minha passada.

Uma fruta sob o sol,
Amadurece o meu dia.

Uma vela empurra o Mar...

Quem conjuga o verbo Amar?


(se soubesse, lhe diria).

FIM DE ANO por Rosa Guerrera


No ar um toque colorido
saúda o ano novo que se aproxima.
No ar o canto triste de um ano
Que se finda.

No ar a fumaça do meu cigarro
forma caracóis que contam historias...
Lindas,
tristes
saudosas
acontecidas .

Vultos debruçados
em dias que não mais virão...
Dores,
mágoas, desalentos,
Gemidos que se perdem com o vento
lembranças do que foi
e que já não podem ser.

Se sofri ...não sei !
Já não choro nem sofro mais.
Misturo as cinzas do passado
a cinza que cai do meu cigarro
E enxergo as luzes do novo ano.!

Fim de ano ! Fim de ano !
O cigarro também chegou ao fim.
O show terminou !
Abro a janela
No calendário de amanhã
Em letras garrafais “ 1 DE JANEIRO”
Um tapete verde esperança se estende aos meus pés.

Outros dias me esperam...
No meu livro de vida
muitos fatos
ainda a escrever!