por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 28 de julho de 2011

VICTOR BACELAR - Norma Hauer



Nesta data de 28 de julho, quero relembrar VICTOR BACELAR, considerado o primeiro cantor da Bahia a vir tentar a vida artística no Rio de Janeiro, nascido em 28/07/1911.

Convidado por César Ladeira, ingressou na Rádio Mayrink Veiga onde Ladeira o denominou "A Voz de Ouro que a Bahia nos Mandou".

Entretanto, antes de Victor, aqui esteve o cantor conhecido como BAIANO, que, em 1916, gravou o considerado 1° samba "Pelo Telefone", de autoria (duvidosa) de Donga. Mas naquela época ainda não se conhecia o rádio (introduzido em 1923), assim, Victor Bacelar foi o primeiro baiano a se apresentar no rádio (na Mayrink Veiga), onde César Ladeira o denominou "A Voz de Ouro que a Bahia nos mandou".

Depois da Mayrink, Victor Bacelar apresentou-se na Tupi, na Nacional, na Globo... e também em cassinos, ao lado de artistas internacionais, como Pedro Vargas.

Suas apresentações nos Cassinos da Urca e Icaraí foram sucessos.

Foi Victor Bacelar que apresentou Dorival Caymmi a César Ladeira, quando aqui ele chegou em 1939.
A primeira gravação de Adelino Moreira ("Meu Castigo") foi gravada por Victor Bacelar, que também apresentou Adelino a Nelson Gonçalves.
Começando a gravar na Victor, VICTOR BACELAR , posteriormente, gravou em quase todas as gravadoras aqui existentes.
Algumas gravações de Victor Bacelar :"Miss Brasil", de Wilson Batista e Jorge de Castro (em homenagem a Marta Rocha, também baiana); "O Grito de Uma Raça ( da trilha sonora do filme "Rio-Zona Norte) "Não sei se é Castigo"; "Valsa da Formatura", de Lamartine Babo e muitas outras.
Victor Bacelar também se apresentou nas extintas TVs Tupi e Rio.

VICTOR BACELAR faleceu em 10 de junho de 2006, sem completar 95 anos. 

Norma

Luz - por José Flávio Vieira



Desde tempos imemoriais já se apregoava : a sala de visitas é o coração de uma casa. Receber bem, recepcionar, sempre se mostrou muito mais arte que técnica. Com a explosão da atividade comercial , hoje já englobando campos virtuais, impensáveis em tempos passados, a sutileza no receber, no acolher, percebeu-se ter uma íntima relação, não só com o fazer amigos , mas também fidelizar clientes. A arte do acolhimento bebe no riacho da sedução. Quem recepciona, assim, deve carregar consigo segredos de diplomata, técnica de dança do ventre, sutileza de gueixa, paciência de monge. Imaginem, então, caros leitores, quando o recepcionista encontra-se ao largo do portão da vida e tem a grata função de fazer adentrar todos numa imensa morada chamada terra ? Pois , esta é a nobre função dos obstetras, dos parteiros : entreabrirem um mundo prenhe de possibilidades e desafios para a vida que explode no vagido de tantos bebês atônitos com a luz incandescente e ofuscante do novo, do belo, do misterioso. Poucas especialidades médicas são tão gratificantes, poucas carregam consigo tanto poder de refazer o gênesis e repovoar o planeta.
Pois este texto de sábado, amigos, é sobre um desses recepcionistas exímios e que, nesses dias, cumprida a missão, abriu a porta do quintal deste mundo para ser acolhido no grande pomar ao lado. Chamava-se Tarcísio Pinheiro e toda a cidade o conhecia, até porque muitos e muitos das atuais gerações foram por suas mãos conduzidos ao milagre da vida. Mais de quarenta e cinco anos de trabalhos dedicados, sem interrupção, num entreabrir incessante das fronteiras do ser, para um sem número de caririenses. Não bastasse isso, fez-se ainda cirurgião do mais fino jaez, um clínico de faro aguçado, qualidades desenvolvidas em tempos em que a medicina ainda carecia de especialistas nas mais diversas áreas. Advindo da seminal Faculdade da Bahia, a primeira do Brasil, Dr. Tarcísio trazia consigo uma sólida formação humanística e ética. E, mais que tudo, trouxe todo o seu conhecimento, adquirido com árduas penas, para junto do seu povo, da sua gente. Profissional do mais fino trato, atendia a todos com uma presteza exemplar. Assumindo inúmeros cargos : diretor de Hospital, Chefe de Perícia, Médico de Saúde Pública; nunca se soube de reclamações dos seus fiéis pacientes ao seu trabalho. Não bastasse isso, desempenhou ainda uma profunda atividade social na cidade, inserindo-se na atividade agro-pecuária e desenvolvendo ainda uma ativa participação na vida política do Crato. Fez parte de uma heróica geração de médicos que, a partir dos anos 60, revolveram os horizontes de uma Medicina ainda de fortes tons empíricos, para os largos caminhos do cientificismo : Dr. Humberto Macário, Dr. José Ulisses Peixoto, Dr. Ebert Fernandes Teles, Dr. Maurício Teles, Dr. Fábio Esmeraldo, Dr. Tarcísio Pierre, Dr. Eldon Cariri, Dr. Luciano Brito, Dr. Mozart Magalhães, Dr. Elígio Abath, Dr. Valdir Oliveira, Dr. Hugo Barreto e muitos outros.
Estupefatos, diante da fragilidade da vida, parecemos todos tristes e cabisbaixos, sem perceber que são tênues e quase imperceptíveis os limites entre a corda bamba e o abismo; entre a luz e o breu; entre o ser e o não ser. O fogo que nos faz brilhar é o mesmo que nos queima, lentamente, a cera da vela da existência. Quanto mais brilho emitimos, mais vida consumimos. O que fica ? A persistente lembrança do brilho que iluminou tantos caminhos e veredas . Ela nos consola em pensar que quem ofereceu tanta luz aos que chegavam ao vestíbulo deste mundo; deve ser recebido, com fogos de artifício, do outro lado da porta do quintal que dá para o pomar.

J. Flávio Vieira

O agricultor e o meio ambiente - Por José de Arimatéa dos Santos

O agricultor tem uma importância muito grande na sociedade em que vivemos. É o homem do campo que põe literalmente a comida na mesa de todos os brasileiros e por incrível que pareça muitas vezes nem é lembrado. É um trabalhador pouco valorizado. O agricultor levanta cedo para tirar leite, cuidar dos animais, de seu roçado e procura manter em bom estado seu sítio, chácara ou fazenda.
Muito agricultor ainda luta, através dos movimentos de sem terra, por uma reforma agrária que possa dar condições a todo agricultor ter seu pedaço de chão para produzir e criar seus filhos de forma digna e feliz. Dessa maneira o agricultor ajuda no desenvolvimento do país e na fixação de boa parte da população na zona rural.
Os governos precisam dar melhores condições para o agricultor quanto a energia, boas estradas e melhores preços para seus produtos. Assim a fixação do homem e da mulher do campo ficará mais consolidada e diminuirá o inchaço populacional nas cidades.
O agricultor verdadeiro é um agente ecológico por natureza, pois suas práticas em relação ao meio ambiente são de defesa e preservação da vida. Elogio aquele que pratica a chamada "agricultura orgânica" e tem a preocupação com o cuidado com as margens de rios e proteção de nascentes. Ou então o agricultor que sabe dosar o uso de agrotóxico de maneira responsável e muito cuidadosa. Ao praticar uma agricultura sustentável o agricultor está a defender a natureza e consequentemente a produção de alimentos mais saudáveis e limpos para toda a população.
Fotos: José de Arimatéa dos Santos

Bolinha de papel.

Tantos são os apelos ao consumo e tantas as formas de divulgar seus produtos que a criatividade nas propagandas não tem limites. Dos “out doors” gigantescos aos pequenos folhetos distribuídos de mão em mão nas calçadas; dos anúncios em radio e TV aos carros de som e até bicicletas sonorizadas, nunca estamos isentos desses apelos. “É bem verdade que a economia precisa se desenvolver e que quanto mais produtos no mercado e mais consumidores, melhor para o sistema econômico, maior a arrecadação de impostos, geração de empregos...” vinha pensando enquanto caminhava pela rua Bárbara de Alencar e me desviava dos transeuntes, dos buracos na calçada e do lixo jogado pelo chão. Reparei que aumentou bastante o numero de transeuntes, buracos e lixo. Parece que existe uma relação entre o aumento da população e a produção de lixo. Gosto de caminhar pela cidade, observar e pensar sobre o que vejo. “Será que o crescimento da população tem alguma relação com o número de buracos na via pública?” Fiquei a pensar enquanto caminhava amassando entre os dedos o folheto de propaganda que recebera numa esquina. Andei algumas quadras segurando o tal papel amassado, que nem me lembro o que anunciava, em busca de um cesto de lixo para jogá-lo. Encontrei restos de embalagens, de caixas de papelão, uma cartela de remédios, e muito mais... Apertava a bolinha de papel em minha mão e sentia um pouco ridículo meu pudor em jogá-lo ao chão. Com tanto lixo na rua parece que não faria diferença. Foi então que vi um garoto, em idade escolar, receber um panfleto de anúncio, ler, amassar e... fui seguindo o garoto pela rua que, depois de caminhar um pouco, jogou o papel no cesto de um vendedor de picolé que passava por ali. Fiz o mesmo e senti uma ponta de esperança na humanidade.

João Nicodemos.

Chapeuzinho Vermelho - Foto de João Nicodemos





Ela é tão linda, esperta, inteligente, educada... E nem saiu de um conto de fadas. È princesa das nossas realidades. Já compõe respostas sedutoras e surpreendentes  para as nossas, e as interrogações do mundo. Na casa dos avós (João Marni e Fátima), reina, sem consciência do paraíso... Mas ela já sente que apesar de tudo que a cerca seja bonito ela tem o amor de todos, e a  alegria de fazer a festa entre todos.

Ela é Maria Alice!

- A chapeuzinho vermelho do Azul Sonhado!

* Parabéns  ao João. Linda foto!

Nós, os "alzheimenianos" - José Nilton Mariano Saraiva

Como todos sabem, o “mal de Alzheimer” é uma doença degenerativa cujo sintoma mais comum é a perda da memória, com tendência a evoluir mais adiante pra confusão mental e, em seu ápice, ao desligamento da realidade.
A introdução acima torna-se necessária para questionar o abaixo: será mesmo que os nossos ilustres e íntegros políticos nos consideram (a todos), uns “alzheimenianos” de carteirinha (portadores de tão terrível mal) ???
Ou você, aí do outro lado da telinha, já esqueceu do protagonizado recentemente pelo então ilustre Presidente do Tribunal de Contas do Estado do Ceará, “Sua Excelência” o doutor Teodorico Menezes Neto (vinculado ao PSDB) ??? É, aquele mesmo, que montou um verdadeiro exército de eficientes “operadores financeiros” (esposa, cerimonialistas, filhos, chefe de gabinete, motorista terceirizado, assessores e conhecidos outros), para, através da assunção de postos de confiança no próprio Tribunal de Contas do Estado (por ele presidido), bem como em associações comunitárias fajutas em diversos e miseráveis municípios (Pindoretama, Pacajus, Chorozinho, Horizonte e Cascavel, dentre outros), se habilitarem ao recebimento de uma penca de dinheiro público, objetivando construir... banheiros ??? (lembremo-nos que foram mais de R$ 2.000.000,00 desembolsados e... banheiro que é bom, ”neca”). Afinal, onde foi parar toda essa grana ???
Pois bem, o Ministério Público Federal descobriu mais uma peripécia (ou seria traquinagem ???) de “Sua Excelência”: é que, além do “irrisório” salário de cerca de R$ 24.000,00 que mensalmente recebe daquela Corte (religiosamente), o distinto houvera se aposentado (desde 1991), proporcionalmente - AOS 43 ANOS DE IDADE E APÓS 31 ANOS DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO - no serviço público federal (Incra-Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), percebendo remuneração parecida.
Além da ilegalidade flagrante da acumulação de vencimentos, vetada pela Constituição Federal (primeiro como “aposentado-Deputado” e, a partir de 1999 como “aposentado-Conselheiro do Tribunal”) o detalhe, para quem não percebeu nas entrelinhas do “grifo”, é que, para se aposentar com a idade e tempo de serviço que declarou (43 anos e 31 anos, respectivamente), o ilustre teria que ter prestado concurso e ingressado no serviço público federal aos – pasmem – 12 (doze) anos de idade (não, você não está “lelé da cuca”, “abirobado” ou “doido-varrido”); a trajetória de “Sua Excelência”, segundo divulgado pela mídia cearense, é essa aí).
Perguntas que não querem calar: Será que quando menino (12 anos de idade) “sua Excelência” não teve tempo pra freqüentar a escola (já que JÁ ERA empregado federal) ??? Mas... lugar de criança não é (e sempre foi) na escola ??? Será que àquela época, não havia um “limite-mínimo” de idade pra se ingressar no serviço público ??? Se não teve tempo de estudar (já que trabalhava), como “Sua Excelência” depois se graduou numa instituição superior, a fim de se habilitar a presidir aquela Corte ???

O parque de exposições de Crato - Emerson Monteiro

Por mais que a gente não queira, se envolve nesses assuntos de governo, quando a população, nas urnas, permitiu aos administradores públicos cuidarem da sorte do povo do jeito que lhes aprouver. Ainda assim, coça por dentro uma vontade de falar qualquer palavra de cidadão no quadro que se estabeleceu.

É que se formou uma espécie de cabo de guerra entre os gestores do Município cratense e o Executivo estadual quanto ao jeito certo de resolver, daqui para adiante, onde funcionará o Parque de Exposições Pedro Felício Cavalcanti.

O tema esquentou mais durante o evento deste ano de 2011, pois cada vez o local fica menor para tanto movimento. A cidade passa por crise de, no mínimo, dez dias diferentes, com carros de todo canto do Brasil a encherem as vias do centro e dos bairros, sem lugar de circular, de estacionar, etc. A selvageria das alturas do som na área dos shows, que ninguém consegue diminuir, nem tem a quem reclamar, judiando, prejudicando a paz, ensurdecendo gerações e gerações, além de incomodar sobremaneira os bichos expostos lá em cima, transtornando as imediações e intranqüilizados as famílias que moram perto.

Bom, segundo aqueles com quem converso, pode haver mais disciplina, inclusive no que diz respeito aos estandes trazidos, aos segmentos e à seleção, talvez controle impossível nesses tempos de mercantilização e dinheiro, a interessar os organizadores da festa tradicional de 60 anos.

Outros pretendem que modernizar o parque no ponto ora existente resolve, que possui área de expansão no sentido Canfundó. Enquanto que o Governo oferece o projeto pronto de deslocar as atividades para o Sítio Palmeiral, nas bandas dos brejos, entorno da Avenida do Contorno.

Em resumo, a querela estabelecida virou domínio público. Impasses, impasses, e nenhum entendimento que pacifique e inicie as construções futuras. Até falam em possível consulta popular através de um plebiscito.

No entanto, prezadas autoridades, há de existir dose suficiente de sensatez nos juízos dos gestores para equilibrar a balança, porquanto é hora de providenciar soluções urgentes, invés de esperar outro ano de contradições para avançar alternativas sem que nada aconteça até a nova edição do apreciado acontecimento, afinal em suas mãos depositamos a nossa confiança.
 Passageiro do vôo 1549 - SER ou TER?

Sempre foi e será meu grande objetivo “Ser um bom pai” e espero um dia, daqui a muitos anos, conseguir olhar para trás e me orgulhar em dizer “Fui um bom pai”.

Para repensar em uma vida exercitando o verbo ser e não o verbo ter.

Geraldo Ananias

Pequena Nota Amorosa. Por Liduina Vilar.


A vida nos convida a amar logo de manhãzinha quando acordamos... Depois de uma noite dormida, onde o amor tornou-se sonâmbulo entre o dormir e o levantar. A vida nos chama a amar de manhã, a tarde e a noite. Ela nos pede para amar os nossos filhos, os filhos dos amigos, os filhos do mundo, a gente do universo. A vida é exigente pois nos sugere amar até quem não nos ama. O amor é então onipotente, não tem falhas. E a minha estrada ás vezes adversa, sempre em seu final, a encontro cheia da luz do AMOR.

CONVITE

A família de José Ricardo de Figueiredo convida parentes e amigos para celebração da missa da esperança, ao sétimo dia de seu encontro definitivo com Deus, a se realizar hoje, quinta-feira, 28 de julho de 2011, às 16h na Catedral de Nossa Senhora da Penha em Crato e em Fortaleza, às 19h na Igreja das Irmãs Missionárias, localizada na Av. Rui Barbosa, 1246A (esquina com Rua Eduardo Salgado, primeira quadra após a Av. Santos Dumont, sentido norte/sul). Antecipadamente agradece a solidariedade de todos.

ALDEIA - Tetê Peretti






Pequeno lugarejo próximo a Recife,

Refúgio.

Simplicidade.

Convivência.

Espaço pequenino, aconchegante. Ocupado por lembranças, costumes e gestos.

Entre as folhagens e as flores, os minúsculos beija-flores cumprem o seu ritual.

Entre pequenos arvoredos, o saltitar dos saguis alegra a natureza.

Entre o silêncio da noite, épocas de madrugadas frias, o canto irritante e constante dos grilos protege a escuridão.

Entre o amanhecer, os seus raios incandescentes despertam a passarada que, na sua inquietude, cantarola e pula entre os galhos verdes, festejando um novo dia.

Entre a tradição da festa junina, o São João é celebrado ao meio do borbulhar da água das chuvas frequentes nesse período. A fogueira imponente, com suas chamas ardentes, vence os obstáculos da própria natureza, assegurando ao santo homenageado as tradicionais manifestações, embaladas pelas vibrações do som das poesias nordestinas, cantadas em versos, que partem da “Sala de Reboco”. Lá, uma foto grande do nosso rei do baião. Outro quadro em que Marcos (meu companheiro irmão) retrata, através da música Numa Sala de Reboco, a cena de um matuto que, embalado pelos seus sentimentos, carrega, em seu alforje, o amor por aquela menina.

Uma casa.

Pequena, de coração grande, com portão, portas e janelas vermelhas – cor de sua preferência, exalta a coragem, a firmeza e a personalidade forte de um homem do campo que não se deixava vencer pelo cansaço. Embora carinhosamente chamada de Mocambo por algumas pessoas que fazem parte de seu cenário, sua legítima identificação é “Recanto Vovô Geraldo”, nome esse que surgiu entre a ternura e os sentimentos ingênuos de uma criança que perdera o seu avô.

Nesse recanto, pela sua essência, não há hospedaria, mas, sim, abrigo.

Abrigo que se expressa com ternura, amor e prazer na acolhida de seus familiares, amigos e daqueles que ali chegam e entram no círculo da amizade.

É esse o meu recanto, de recordações, de paz, de amor, de vivência, de compartilhamento e de receptividade.

Nele, encontro a presença de meu pai, único e inconfundível pela sua sabedoria, pelas suas prosas, pela sua responsabilidade, dedicação, honestidade e solidariedade sem distinção.

Do livro "No Azul Sonhado"







A INVERNADA- Tetê Peretti




Chuva, chuvada, chuvarada.

Chuva do caju, chuva da manga, chuva de Santa Luzia, chuva de São José. Todas alegrando a natureza. Porém, as mais poderosas e esperadas eram as chuvas de inverno. Quem já presenciou no passado esse cenário não esquece o ritual que se prestava nas primeiras chuvas, que davam início à invernada.
Era a natureza em festa. Nuvens escuras e densas no céu já eram motivos de inquietude, de ansiedade e de esperança de uma boa invernada, proporcionando a todos, ricos e pobres, um período de fartura. Os moradores do campo, movidos pelas suas sabedorias, não deixavam de interpretar as mudanças atmosféricas, sinalizando que, em breve, muita água correria. Naquele cenário, cada um se fazia presente, confirmando as crenças que reinavam sobre a natureza. Em um toque de mágica, surgiam as borboletas que, com as suas asas abertas, saudavam cerimoniosamente toda a beleza da chuva. As tanajuras marcavam presença entre imensas nuvens, enquanto a passarada saltitava de galho em galho. O seu regorjeio nada mais era que uma forma de expressar o seu contentamento. Sentir, livremente, o orvalho das folhas ensopar as suas penas de águas cristalinas, como uma benção divina. Os campos logo se revestiam de novas folhagens, onde o verde se confundia com o colorido das pequenas borboletas, que bailavam entre a vegetação nativa. O gado, espalhado pelos pastos, dominava as suas áreas procurando, como forma de sobrevivência, maior proveito em sua pastagem. Saciado, nada melhor que uma pausa para o descanso, ruminando à sombra de um juazeiro.
Os moradores da região, logo ao amanhecer, fortalecidos pela esperança de um vindouro tempo de fartura, procuravam, com enxadas nas costas, os seus roçados. Dias antes, cada um já havia recebido o seu punhado de sementes – feijão, milho, arroz...

A meninada, entre algazarras e brincadeiras, aguardava as fortes chuvas para, também, deleitar-se aos prazeres da invernada. Cada um, ao redor da casa, procurava a melhor biqueira. Ali, com a própria roupa, expunha o seu corpo à correnteza da água cristalina e fria que, livremente, descia pelas telhas. Para isso, a chuva precisava ser forte, grossa. Então, na doce inocência, para apressar o banho, em volta do alpendre, como se fosse um pedido, a meninada, entre o barulho da chuva e de seus trovões, puxava a sua ladainha – “engrossa chuva, engrossa chuva, engrossa chuva”. E a sua chuva aumentava. Vários percursos eram feitos pelas águas em correnteza. Passando por córregos, levadas, rios e estradas, arrastando pedras, pedrinhas e folhas, a água deixava o seu rastro, fazendo em seu trajeto os contornos direcionados pela sua força. Entre esses percursos, durante a noite, acalentadas pelo barulho da chuva e os respingos de água que caíam das telhas sobre os rostos, a meninada era dominada pelo sono. E, quantas vezes, nas altas madrugadas, com os trovões e relâmpagos, que iluminavam o telhado, um “anjo”, com uma lamparina na mão, velava as suas crias.

Hoje, de todo esse cenário restam apenas recordações. A natureza, agredida pelo homem, tomou novos rumos. Já não temos mais aquelas fortes invernadas e, consequentemente, as extensas lavouras, nem a época festiva de plantio nos campos. A meninada cresceu, e cada um seguiu o seu caminho. Os camponeses, que davam vida àquele cenário, não mais pertencem a este mundo terrestre. E, até mesmo aquele “anjo”, que nos vigiava o sono nas noites de trovoada, recentemente, deixou-nos em busca de um novo lugar, onde a invernada é o reino do Criador.


Tetê Peretti
Do livro No Azul Sonhado

Uma longa viagem - Por Marcos Barreto de Melo




Lembro-me do tempo em que eu era criança e via o meu pai fazer uma longa e demorada viagem para a fazenda Boqueirão, no município pernambucano de Bodocó. Tudo me parecia muito distante, um mundo desconhecido e quase inatingível. Os preparativos para a viagem começavam cerca de três dias antes da data marcada, e seguiam um verdadeiro ritual. O meu pai não falava em viagem, mas era fácil para nós descobrirmos seus planos pelas cenas incomuns que ocorriam ao nosso redor. Via o meu pai ir ao Crato para comprar numa serraria algumas peças de pau d’arco aparelhadas e entregá-las ao mestre Zé Nanor, que em menos de dois dias de labuta preparava uma bela cancela. Em seguida, uma primeira pintura em vermelho era aplicada.

À sombra de uma generosa e frondosa árvore que cobria o oitão da nossa casa, trabalhava o nosso compadre Neco Soares, exibindo toda a sua habilidade no trato de arreios de couro. Fazendo marras de chocalho, cordas de couro, cabeçadas, rédeas para animal, consertando celas ou arrumando cangalhas. Estava desfeito todo o segredo. O meu pai iria mesmo viajar nos próximos dias.

Na véspera da viagem, com o Sol já para se esconder, via os serviçais da fazenda arrumarem os “trens” na carroceria daquela saudosa picape Chevrolet. Sacas de milho e de feijão para semente, algumas bolas de arame farpado, carro de mão, pá, uma enxada bem encaibrada, um esticador de arame farpado, sacas de sal, veneno pra lagarta e remédio para curar bicheira na vacaria.

De madruga, eu acordava com a movimentação dos viajantes entre a sala e o alpendre. A minha mãe acordava muito cedo e ia para a cozinha preparar o café da manhã. Eu me levantava em meio àquela madrugada fria, agasalhado num velho e macio pijama de flanela, cuja estampa de “soldadinhos” ainda tenho bem guardada em minha lembrança. Não podia deixar meu pai viajar sem que me despedisse dele. E, quando ele saía, eu pedia a sua benção. Somente depois de ver o carro virar a curva da estrada, e se perder na escuridão, eu voltava a dormir no quentinho da minha rede. Mas, antes, ainda rezava e pedia a papai do céu para acompanhá-lo em sua viagem. Pedia também para que ele não demorasse muito a voltar.

Depois de alguns longos dias, imagino hoje que não mais que uma semana, ele voltava sem nos avisar. Era aquela alegria quando víamos a picape coberta de poeira e de lama aproximar-se de nossa casa. Com ela vinha também um cheiro diferente de uma terra distante e desconhecida. Tinha um cheiro agradável, de mato que a gente não conhecia, de marmeleiro, de muçambê. E quando ele descia do carro, estávamos os filhos em fila ao seu redor, novamente a lhe pedir a benção.

E, na carroceria da camionete, logo descobríamos um carneirinho a berrar, cuja mãe morrera de parto. De agora em diante, ele seria criado por nós. Tínhamos agora mais uma tarefa. Mas, seria também um novo brinquedo, uma nova diversão. E, no dia seguinte, com o meu pai já em casa, a vida voltava ao seu normal. Até que viesse mais uma nova e longa viagem.

Marcos Barreto
Do livro "No Azul Sonhado

AVE DE RAPINA - por Marcos Barreto




Como ave de rapina
Você chegou de repente
Numa madrugada fria
Sem estrela e sem luar
E o dia nasceu cinzento
Sem ter o Sol a brilhar

Veio trazendo na bagagem
Dias de amargo sabor
E noites de escuridão
Com o seu jeito indigesto
Marcado por cada gesto
Ao nascer de um novo dia

Ainda tentou me envolver
Com um aceno de paz
Querendo me alegrar
Mas, eu não acreditei
Pois conheço o seu passado
Sei de tudo que é capaz

Ao passar de cada dia
Você foi se revelando
Demonstrando a sua ira
E num gesto traiçoeiro
Num momento de descuido
Colheu tudo o que queria

Não sei se foi por maldade
Ou mesmo por vaidade
De quem procura um troféu
Para exibir lá no céu
Você levou minha prenda
E por isso eu o detesto
Deixando aqui meu protesto
Maldito mês de agosto



Do livro "No Azul Sonhado"

Personagens da minha infância- por Socorro Moreira




TIA ROSA

Acanhada , aluada , órfã de pai e mãe , tinha o semblante de um anjo desmantelado , mas de luz intensa !
Chegava e saia calada . Ficava de cócoras num canto da cozinha , a espera de um prato de comida , de um cumprimento , de um mimo. Maltrapilha e rota , minha mãe , que a chamava de Roseira , dava-lhe um trato ;  na unhas , cabelo , e banho de cheiro . Ficava tão linda , como uma rosa vermelha ! Tem gente que parece bicho do mato pelos maltratos ...
Tia Rosa era minha tia marginal , pela pobreza e simplicidade . Culpo-me por todas as vezes que deixei de lhe pedir a bênção, ou senti vergonha daquela velhinha com aura de santa !


A Virgem das macaúbas

Corria , quando chegava. Corria , porque esperava ... Trocava qualquer mantimento , subtraído da despensa da casa , por um saquinho de macaúbas : pequenas , maduras e doces. Depois de roídas , elas viravam xibiu . Com dez coquinhos , a brincadeira estava completa . Com eles , jogava , interessantemente , nos batentes de casa , com a meninada da rua .
Vestia-se como a Virgem : manto azul , branco véu ...
Parecia ,a minha Mãezinha do céu !


Seu rosto era protegido por um chapéu. Tinha sons metálicos que anunciava, inconfundivelmente,
a sua chegada :"Mói, Mói, Mói ..."
Um artista fantasiado de esmoler . Um esmoler com talentos artísticos . Seu cachê era um pedaço de pão , uns tostões , um prato de comida ... A meninada alegre , lhe socorria , sorrindo !

Nota!


O Walmart Brasil inaugura nesta quinta-feira, 28, a sua primeira unidade ecoeficiente do Ceará. Com investimento de R$ 35 milhões, o Hiper Juazeiro do Norte conta com mais de 50 iniciativas sustentáveis, que vão desde a gestão ambientalmente responsável de resíduos sólidos, energia e água, até o uso de materiais recicláveis e certificados. A nova unidade é também a primeira loja da empresa na cidade e na região do Cariri.

O Hiper Juazeiro – cujo salão de vendas ocupa área de 3,6 mil metros quadrados - está gerando mais de 270 novos empregos diretos, valorizando a mão de obra local. “Após pesquisas de mercado, verificamos que a região do Cariri necessitava de uma loja do formato hipermercado para atender à clientela com produtos de qualidade, mais baratos e ainda oferecer vários serviços em um só local”, afirmou Oswaldo Leivas, Vice-presidente de Hipermercados do Walmart Brasil.

Serão comercializados cerca de 45 mil itens, entre alimentos e não-alimentos, incluindo eletroeletrônicos, bazar, setor automotivo, têxtil, livros e CDs, entre outros. Pães de fabricação própria, bolos e comidas regionais poderão ser encontrados na padaria e na rotisseria. Além disso, frutas de época e regionais, legumes e verduras sempre frescos fazem parte da categoria de perecíveis, contemplada também pelo açougue e pela peixaria.

Sustentabilidade
A nova loja deve consumir 25% menos energia e 40% menos água. Para isso, foram desenvolvidas ações como a iluminação com lâmpadas LED nos caixas e letreiros da fachada, aproveitamento da luz natural e uso de lâmpadas T5, que podem reduzir em até 20% o consumo de energia, além da aquisição de equipamentos com maior eficiência energética. Torneiras com fechamento automático e instalação de grama no piso do estacionamento, intercalando verde com concreto para haver maior absorção de água, também fazem parte das iniciativas sustentáveis.

Outra medida é a aplicação de placas de sinalização feitas com PS reciclado (poliestireno) - material produzido a partir de garrafa pet, que atende a política de sustentabilidade da empresa para ajudar a reduzir a quantidade de plástico no meio ambiente. Além disso, a cola usada para a fixação de sinalização e informes é feita à base de água.

No País, o Walmart Brasil conta com 489 lojas em funcionamento em 18 estados mais o Distrito Federal, sendo 204 no Nordeste. No Ceará, a rede varejista opera no Estado por meio de 9 lojas no estado do Ceará (já contando com o Hiper Juazeiro do Norte), sendo sete na capital cearense, uma em Maracanaú, região metropolitana de Fortaleza, e uma em Juazeiro do Norte. Juntas, elas empregam mais de 1.500 pessoas no Estado.


SERVIÇO
Inauguração do Hiper Juazeiro do Norte
28 de julho, às 8h
Avenida Padre Cícero, 2241, Triângulo - Juazeiro do Norte


Redação O POVO Online