por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 6 de março de 2011

CRÔNICA DE CARNAVAL - por Ulisses Germano


BORBOES  DE FANTASMAS FOLIÕES 

Quando chega a meia noite
Os fantasmas vão brincar
O trânsito num açoite
Parece se engarrafar
No meio da multidão
A velha abelha zangão
Minha pinga vem sugar

Ouço então o saxofone
Do grande maestro Azul
Apertei no interfone
E ouvi um lindo blues
Era o que me faltava
Minha amiga não estava
Foi pro carnaval do sul

Então fui olhar o corso
Na Rua Pedro Segundo
E fiquei com dor no dorso
Entrei em sono profundo
Carnaval hoje no Crato
Só existe mesmo de fato
No delírio moribundo

Ulisses Germano
Crato-CE...

 "A gentesabe que é carnaval no Crato, quando liga o rádio!"
Mestre Chiquinho

Refletido por Ulisses Geremano




A melhor definição que já li até hoje sobre a diferença entre  poesia  e  filosofia foi esta de Osvaldo Orido que escreveu:: "O filósofo transforma um sentimento numa idéia e o poeta transforma a idéia em um sentimento". Seguindo este raciocício  resolvi mexer um pouco com essa idéia de transfomar uma idéia em sentimento:

IDÉIA EM SENTIMENTO

Quando eu me for deste mundo
Pr'um lugar que ainda não sei
Minha alma num segundo
Achará, enfim, a Lei

Chega um dia
Em que a gente chega
Num beco sem saída:
 escada sempre tão perto
Acompanhe-me,querida!

Ulisses Germano
6 de março de 2011

Rima de Stela Siebra - José do Vale Pinheiro Feitosa



Stela Siebra,
Brechas da memória,
Uma mescla de feijão verde e rádio,
Um rádio, verde o estampado da Mescla.

Almécegas, que nem breu dava,
Era um lugar,
Mas um lugar de parar o coração,
Numa curva aterrando o abismo.

Stela Siebra,
Desde o prenúncio, um deslize de rima,
O restaurante esquecido de Adelino Moreira,
Aqui em Campo Grande, uma chácara de estrada.

E tinha a maldição da Semana Santa,
Armar arapuca aos passarinhos,
Apagando com uma borracha a risca do seu vôo,
Amofinados até a morte no roxo.

Stela Siebra,
A vala que valava os passos da moça,
Quando do ardor da bala de pipper,
Só para cheirar o sopro quente da alma.

E toda festa da penha perfumada de Lancaster,
O brilho da dura trunfa de gumex,
O elevador do Banco do Brasil por diversão,
E tão solitário entre o moderno e a estrada da Batateira.

Stela Siebra,
Desde o princípio deste feijão verde,
Deste debulhar-me em gotas de sabor,
O que pretendia mesmo é cantar,

Rimando Stela Siebra,
Com Dolores Sierra,
Nasceu em Barcelona,
A beira de um cais.

Mas alguém dirá,

E daí?

E então responderei:

Só para rimar,
E lembrar,
Stela Siebra,
Nasceu no Carás,
Na beira de um pasto.

Pandora Hera Dora- socorro moreira



Essa mulher me estranha
quando penso que sou outra
Nos espelhos invertidos
imagens reveladoras

Na projeção de si mesma
descobre o quanto foi tola
Foi amante ,foi covarde ,
e foi procrastinadora.

O espelho ofuscou
seu jeito de moura torta
Escondeu língua ferina
Sua caixa de Pandora

Escondeu ventre de Hera
Sua espera
nas esquinas imaginárias
das esferas

Mistérios diluídos - quimeras
Mistérios escondidos
verdades, que
os astros lhe disseram !

Véus guardados
depois da procissão de passos
Véus rasgados
depois dos últimos tragos

Naquele salão dos espelhos
sua imagem evaporou-se
na fumaça de velas
A luz foi ficando parca...
-Uma noite sem estrelas.

(socorro morera)

CONCRETUDE - por ULICES

                                
                                   PESO

                                    O

                                    PESO

                                 Q U E 

                              B   L    n      A
                         A   A    Ç

                                    

                          P ON TE IRO 

                                    D A

B A      L A N Ç A







 


Por Nicodemos


Reflexão Oportuna para este Momento. Liduina Vilar.

Oração da Gestalt

"Eu faço as minhas coisas e você faz as suas coisas.
Eu sou eu, você é você. Não estou neste mundo para
viver de acordo com as suas expectativas.
E nem você o está para viver de acordo com as minhas.
Mas...
Se por acaso nos encontrarmos, é lindo.
Se não, não há o que fazer".

( Fritz Perls )

Pensamento para o Dia 05/03/2011


“Há três estágios de Sadhana (prática espiritual). Eles são contemplação, concentração e meditação. Quando você fixa o olhar em uma forma, isso é concentração. Quando essa forma se afasta fisicamente e, depois de algum tempo, você ainda olha para tal forma com seu olho mental, isso é contemplação. Como resultado desse exercício, essa forma fica gravada em seu coração para sempre. Isso é meditação. Se você continuar meditando assim, a forma permanece em seu coração permanentemente. Você não deve limitar suas práticas espirituais apenas à concentração e contemplação. Embora seja verdade que esses representam os primeiros passos em suas práticas espirituais, você deve progredir. Você deve transformar concentração em contemplação e, posteriormente, em meditação. Quando você fizer essa transformação, você continuará a visualizar a forma de Deus a todo o momento. Os antigos Rishis (videntes) adotaram essa forma de meditação. É por isso que Deus se manifestava diante deles sempre que quisessem, conversava com eles e atendia seus desejos.”
Sathya Sai Baba

A HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA DO CANGAÇO - por Ulisses Germano

II

Lampião, Dadá e Corisco
Sairam pra passear
Dadá com seu jeito arisco
Mandou Lampião se calar:
-Não traia Maria Bonita
Pois o seu laço de fita
Pode um dia lhe enforcar


Ulisses Germano
Dedicado a Manoel Severo que ajuda a costurar a colcha de retalhos do cangaço brasileiro.

QUATRO QUADRAS ENQUADRADAS NO CARNAVAL - por Ulisses Germano

I
Colocou água no leite
E pos pedra no feijão
Uma rima de enfeite
Não tem serventia nao

II
O mundo tem fartura
Mas também pouca vergonha
Veja quanta criatura
Se escondendo atras da fronha!

III

Solidão saia de mim
Eu não quero companhia
Teu tinir é muito ruim
Só nos tras microfonia

IV

Quatro quadras enquadradas
 Aindakeru'escrever
Mesm'estand'enfadadas
Ajudam a esquecer
 


Dedicado ao amigo João Nicodemos

Prarefletir...

“A alma volta finalmente a quem ela pertence.”

( Sufi Inayhat Khan.)


“Só depois que a sobriedade substitui a embriaguez da vida começa o homem a refletir.”



Assis Lima- Poemas Arvanos



Francisco Assis de Sousa Lima. Este é o nome de um poeta. Diante de tantas festividades e vaidades afloradas, diante de tanta gente que não é o que pensa ser, eis que surge um livro de poesia, de um poeta cearense. Francisco Assis de Sousa Lima. Este é seu nome. Um poeta.
Psiquiatra e pesquisador em cultura popular. Nesta área publicou Conto popular e comunidade narrativa. O poeta reuniu poemas escritos ao longo de 30 anos. O resultado é resplandecente, e a expressão é essa mesma. Basta ver o livro Poemas arcanos, que ele assina apenas como Assis Lima.
Assis Lima é o nome do poeta que, ao meio desses escombros, surge do Ceará, nascido em Crato. De vez em quando é bom ver um livro de poesia. E isso, em relação à literatura inclui, também, o caráter duvidoso de muitos que julgam ter a grandeza que nunca terão. Mas a poesia ainda existe. De alguma maneira, apesar de tudo, ainda existe poesia no Brasil. Ainda existem alguns poetas. Só alguns, mas existem. Prova disso é este livro.
Lima abre seu livro com palavras de um autor anônimo, para melhor situar seu poema e o que pensa, afinal, da própria poesia e da existência, existência mesmo, sem discursos: "O mistério é protegido não pelo segredo, mas de outra maneira. A sua proteção é a sua luz, ao passo que a proteção do segredo é a obscuridade. Quanto ao arcano, que é o grau médio entre o mistério e o segredo, é protegido pela penumbra. Porque ele se revela e se oculta por meio do simbolismo. O simbolismo é a penumbra dos arcanos". A verdade é que a poesia de Assis Lima se impõe por uma qualidade cada vez mais difícil neste país de gente que se diz poeta e faz da poesia um cartão de visita para expor a vaidade dos imbecis.
Assis Lima sabe que não é assim. A poesia é a poesia, ela mesma, sem mais nem menos. O poema se constrói com dedicação e trabalho, exercício existencial e não mecânico e com o alarde dos que se julgam sábios: "Minhas certezas são poucas,/ são pulsações que nem peço./ Trago uma herança de medo/ e a dor de um banzo tão velho/ que já não posso, nem quero,/ suportar tamanho peso". O poeta fala da sua dor de ser, quando ser parece impossível. As pessoas que andam procurando boa poesia para ler devem sair em busca deste livro. Um livro que se impõe pela beleza.
Um livro de poesia que se impõe só pela poesia, sem aquela movimentação ridícula da política literária, que manda e desmanda, faz e acontece. Não. Assis Lima apenas mostra sua poesia, uma poesia que é poesia. Como estes quatro versos, início de um soneto. É, um soneto!: "Pelos ventos nativos, ruminantes,/ brincam pastores céleres de outrora./ Saltam leves, ligeiros, ou contemplam/ como quem doura o trigo e se abstrai". Destaque-se, especialmente, os seis poemas que compõem a parte Temas para Lua Cambará: "O tempo me ensinou a ruminar./ Eu rumino o bredo dos séculos que comi".
Poemas arcanos é um livro de poemas e de poesia. Sem discursos inócuos. Isso é o que mais se vê, especialmente em causa própria.Neste livro de poesia, o poeta narra o que vê e se envolve, até porque poesia sem envolvimento não é poesia. É outra coisa que nem convém dizer. "

Ateliê Editorial

De Zé Nilton para Bastinha Job


Patativana tu éis
Ó guerreira professora
Cortante feito tesoura
Teus versos, dos menestréis
A minha nota é dez
Pois verseja rima rica
Diferente da coisica
Que sai dessa minha lavra
Tu tens o dom da palavra
Quando fala a rima fica.

Adônis Cratense dos anos 60

Adivinhem !

Porn Socorro Moreira

Olhar que aperta o céu
e faz chover em mim ...
atiça, pergunta ,
sorri ...
olhar sempiterno
penetra e fica
na menina dos meus...



"Luna Rossa" - por Socorro Moreira



Noite quente
Noite voa
Um pingo de orvalho
é mar !
Teu pensamento
imã meu olhar
Fases que se fecham
Esperança tênue
Rasuro um verso
e o risco foge...
Cortamos elos
Tecemos tramas
Nada resta
de tantas retas...
Apenas arcos e flechas
sem miras certas!

Círculo confidencial...
Espero-te!
Ilusão acesa,
sofre o apagão
Tremor de mãos
Sinal que rasga...
Espera finda!

Poema da lua cheia- Por Socorro Moreira


era gase véu de noite
um mês em cada ano
palavra cara
carne viva
corpo e dor
de manhã letras
cruzadas no amor
lua cheia da loucura
grega fala
não te escuto
rosa  rima
eu te sinto
violeta não te culpo
fogo pira
endoidamos

morremos tantos sonhos
e acordamos
eu te amei
no último vexame...
cortados de serras
nos deixamos.

Efígie - Por : Rosa Catarina



Meu pai deu adeus...
Livrou-se do cansaço dos anos
E da sua consciência abstrata.
Semeou o bem, não plantou desenganos.
Mas sua imagem ficou:
Na memória da estante da sala,
Onde está seu tesouro:
Os livros que tanto citou;
Hoje seu maior legado,
Que uma traça banqueteou.
Ficou na memória da quina da mesa,
Na cadeira do canto da varanda,
Nos retos caminhos que trilhou
E nas horas da minha saudade.
Meu pai deu adeus...
E eu, aceno chorando.

Rosa Catarina – Cadeira Nº 37 Patronesse Ruth Alencar Leão