por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 25 de maio de 2011

Gilberto Gil



Gilberto Passos Gil Moreira (Salvador, 26 de junho de 1942) é um músico e político brasileiro.

Em 2009 obteve a cidadania italiana, por ser casado com Flora Giordano, neta de italianos.


Pearl S. Buck



Pearl Sydenstricker Buck, nascida Pearl Comfort Sydenstricker (Hillsboro, 26 de junho de 1892 — Danby, 6 de março de 1973), também conhecida por Sai Zhen Zhu (chinês: 賽珍珠) foi uma sinologista e escritora estadunidense.

Ganhadora do Prémio Pulitzer de 1932, recebeu o Nobel de Literatura de 1938.

Não Sei-Por Rosemary Borges Xavier

Parece que vejo alguma coisa, não sei
Penso que está faltando alguma coisa, não sei
Procuro por alguma coisa, não sei
Percebo alguma coisa, não sei
Planejo mais alguma coisa, não sei
Prometo alguma coisa, não sei
Pergunto sobre alguma coisa, não sei
Partilho entre alguma coisa, não sei
Preciso de alguma coisa, não sei
Partirei com alguma coisa, isto eu sei

No parlamento inglês Obama fez o reconhecimento - José do Vale Pinheiro Feitosa

Quem assistiu ao noticiário da tarde ou assistirá ao da noite de hoje, 25 de maio, ouvirá uma notícia histórica. O primeiro presidente de uma república a falar no parlamento Inglês local antes franqueado apenas à monarquia inglesa.

O presidente Obama falou para os representantes do povo inglês. Só que o importante da matéria não é bem o fato, embora demonstre a angústia de um tempo anglo-saxão. O importante da matéria, ouvirão, é Obama afirmar a hegemonia Americana e Inglesa e dos seus aliados europeus em face da movimentação dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

É possível que o jornalismo brasileiro se amue no costumeiro complexo de vira lata. Fique fazendo sinais de que o poderoso do mundo puxou as orelhas do Brasil. Pois é, antes os Beatles nem vinham ao Brasil e, no entanto, Paul teve vida nesta semana no Rio. Pois o poderoso do mundo, Obama que mata, citou o Brasil e seus aliados como pólo adverso ao mundo anglo-saxão.

Agora ao resultado: hoje o presidente do EUA reconheceu o que nunca antes fora reconhecido, existem dois pólos no mundo. Os velhos rapinadores do colonialismo, do neocolonialismo e do imperialismo enfrentando as ex-colônias agora com alguma condição de ditar regras também.

E o mais importante do avanço histórico: antes os anglo-saxões enfrentavam um pólo socialista e quase perdem a Europa para este pólo, mas agora o jogo é dentro do capitalismo. Todos os pólos em disputa estão no campo capitalista. Aí a novidade é maior e os efeitos mais transformadores.

Maiores e transformadores por que não se trata de confrontos de modelos diferentes, mas de uma “luta” por mercados dentro da camisa de força do mesmo sistema. Como a mãe natureza já reclama e os códigos do mercado são livres para consumi-la, é de se esperar desta briga grandes efeitos e a busca desesperada por outro mundo.

Como a conquista do espaço sideral ainda é uma virtualidade de sonhos, não tem como na era do renascimento, do mercantilismo e do iluminismo conquistar outras terras em outros mares, só nos resta construir outro mundo aqui mesmo nas nossas relações humanas.

SIDERAL - por Stela Siebra

LUA EM ESCORPIÃO

Emoções fortes e intensas e, quem sabe, até radicais ou passionais são experimentadas por quem tem Lua em Escorpião.
Quando a pessoa vivencia a morte emocional, possibilita o renascimento de novos sentimentos e sensações. É preciso aprofundar para transformar.
Normalmente a pessoa com Lua em Escorpião é reservada e desconfiada; para sentir-se segura necessita averiguar a profundidade das emoções suas e dos outros, pois o que está na superfície não lhe interessa, é preciso cavar ou mergulhar para atingir o âmago do sentimento e da emoção.
Intensamente emotivo, você pode reagir muitas vezes com rispidez, ciúme ou rancor.
Profundamente sensível, você pode usar a intuição para ajudar a si mesmo e aos outros a livrarem-se do sofrimento percorrendo o labirinto da alma, para aí descobrirem as dores, traumas e medos e suas possíveis causas.

Por ser Escorpião um signo de transformação, quando a pessoa sintoniza-se com sentimentos mais profundos (aqueles que estão guardados no porão da alma) e os reconhece e os aceita, pode iniciar um processo de mudança de padrão e hábitos emocionais.
Portanto, vá fundo, mergulhe no poço das suas emoções, conheça as vulnerabilidades, mas também a força dos seus sentimentos. Você vai verificar que sua força interior pode suprir suas necessidades de segurança, que a intensidade de suas paixões, tão inerente à sua alma, pode ser canalizada num exercício de entrega e comunhão, que sua essência lunar tanto anseia.

CALMARIA


Ana Jácomo

Quando a minha mente está calma, eu acesso uma confiança que é descanso e proteção. Uma fé genuína na preciosidade da vida. Sinto que tudo em mim se reorganiza, silenciosamente, o tempo todo. Que isso tem mais a ver com o meu olhar, com a natureza das sementes que rego, do que eu possa perceber. Minha expectativa, tantas vezes ansiosa, de que as coisas sejam diferentes, dá lugar à certeza tranquila de que, naquele momento, tudo está onde pode estar. Em vez de sofrer pelas modificações que ainda não consigo, eu me sinto grata pelas mudanças que já realizei. E relaxo.

Quando a minha mente está calma, eu acesso uma clareza que me permite sentir, com mais nitidez, que há uma sabedoria que abraça todas as coisas. Que o tempo tem uma habilidade singular para reinventar nosso roteiro com a gente, toda vez que redefinimos o que, de verdade, nos importa. Que há um contentamento perene no nosso coração. Um espaço de alimento amoroso. Uma fonte que buscamos raras vezes, acostumados a imaginar a felicidade somente fora de nós e a deslocá-la para distâncias onde não estamos.

Quando a minha mente está calma, os sentidos se expandem e me permitem refinar sensações e sentimentos. Posso saborear mais detalhes do banquete que está sempre disponível, mesmo quando eu não o percebo. Nesse lugar de calma e clareza, não há nada a desejar. Nada a esperar. Nada a buscar. Nenhum lugar onde ir. Eu me sinto sentada sob a sombra de uma árvore generosa, numa tarde azul sem pressa, os pássaros bordando o céu com o seu balé harmonioso. O meu coração é pleno, nenhuma fome. Plenitude não é extensão nem permanência: é quando a vida cabe no instante presente, sem aperto, e a gente desfruta o conforto de não sentir falta de nada.
Postado por Ana Jácomo

do BLOG anajacomo.blogspot.com

HERIBERTO MURARO- por Norma Hauer


UM, ARGENTINO QUE VENCEU NO BRASIL

Quero deixar aqui um pequeno lembrete de quem foi Heriberto Leandro Muraro, que ficou conhecido apenas como HERIBERTO MURARO ou simplesmente MURARO, nascido em 25 de maio de 1903 na cidade de La Plata-Argentina.

Heriberto Muraro, depois de viver algum tempo em Montevideo, veio para o Brasil em 1932, fixando-se primeiro em Santana do Livramento, vindo depois residir no Rio de Janeiro.

Foi pianista da Rádio Mayrink Veiga, onde, além de acompanhar ao piano os cantores da emissora, fez alguns programas de destaque.
Foi, durante algum tempo, diretor da Rádio Nacional e, por 6 anos, pianista na Rádio Globo.
Sua carreira foi muito vasta, tendo gravado em várias gravadoras.

É de sua autoria a valsa "Roleta da Vida", feita em parceria com Oswaldo Santiago.
Essa música fez parte de um concurso intitulado "Valsa Inacabada", quando os ouvintes deveriam completar a respectiva letra, que era interpretada com algumas partes incompletas e escolher quem a gravaria.
Esse concurso foi transmitido por três emissoras: na Mayrink, quem cantava a valsa era Carlos Galhardo, na Nacional era Orlando Silva e na Tupi, Sílvio Caldas.

Quem Fo o escolhido para gravá-la completa ?
Foi o óbvio : Carlos Galhardo.

ROLETA DA VIDA
A vida é uma roleta,
Gira, gira...
A sorte é uma mentira,
Que logo se desfaz.
Uns ganham venturas,
Outros amarguras,
E troca-se o prazer pelo sofrer.

Tu foste em minha vida o pano verde da ilusão
Em ti, como uma ficha, eu arrisquei o coração.
Tive delícias,
De mil carícias,
Ao soluçar.
O olhar em fogo,
Senti o jogo
Me alucinar.
Depois a sorte ingrata abandonou o jogador.
Perdi no pano verde o coração e o teu amor.
E a roleta, indiferente, ao meu penar,
Prosseguiu sem descanso
A girar a girar...

Sem parceiro, MURARO compôs a valsa “Rebeca”, também gravada por Carlos Galhardo.

Como pianista, MURARO gravou centenas de músicas e, depois de sua morte, ainda foram lançados LPs com composições de sua autoria.

Deixando de trabalhar em rádio, passou a dar aulas particulares de piano até seu falecimento, em 8 de março de 1968, sem completar 65 anos.

Norma

Questão de “CARÁTER” – José Nilton Mariano Saraiva

Um recém-nascido, terminantemente rejeitado pelo próprio (e aristocrático) pai, a ponto de não poder ostentar seu sobrenome; uma mulher, mãe-solteira, profissionalmente realizada, porém atormentada e solitária, pagando um alto preço (o exílio), por ter-se aventurado numa relação proibida: um homem já maduro, casado, e academicamente reconhecido, mas que, em função de conveniências políticas e, também, para salvar o próprio casamento, somente admite o adultério depois de pressionado, embora negue uma paternidade indesejada: uma esposa, traída e infeliz, que embora intelectual bem sucedida, é humilhantemente obrigada a conviver com a sombra de uma “outra”, numa forçada acomodação de interesses.
Em “A História Real-Trama de uma Sucessão”, de Gilberto Dimenstein (páginas 152-153), conhecemos, com detalhes, lances da relação extraconjugal entre o então Senador e futuro Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, com a jornalista global Mirian Dutra, mãe de Tomás, à época com oito anos de idade, produto de um equívoco, prematuramente órfão-de-um-pai-vivo.
O mais estranho, em tudo isso, foi a hermética blindagem, autêntica conspiração de silêncio, patrocinada pelos Diretores de Redação das principais revistas e jornais nacionais, conhecedores privilegiados da matéria, que sonegaram da população, às vésperas de uma eleição presidencial, tão preciosa informação, sob o débil e inconsistente argumento de NÃO se tratar de um “fato jornalístico”, embora numa outra eleição, por um fato semelhante, tenham enxovalhado com um dos candidatos (Lula da Silva), tornando-se partícipes ativos da mudança então verificada no rumo da história.
História, aliás, testemunha e reveladora do “caráter” de duas personalidades antagônicas: de um lado, um homem simples, humilde, pouco letrado, mas sensível e presente ao assumir o produto de uma relação adúltera, agregando-lhe o sobrenome; de outro, um homem nascido em berço-de-ouro, herdeiro de família tradicional, detentor de títulos e honrarias mil, mas insensível e incapaz de admitir e reconhecer o filho gerado, condenando-o a carregar apenas o sobrenome materno; e, ainda por cima, desrespeitando acintosamente a ex-companheira, ao insinuá-la uma mulher de múltiplos e vários homens, porquanto mãe de um filho de pai desconhecido (já que dele não era).
Questiona-se: pode um jornalista, ao bel-prazer, sustar indefinidamente a publicação de uma matéria de interesse coletivo, por “sugestão” de políticos influentes, como foi feito na ocasião ??? O que se constitui em um “fato jornalístico”, digno de ser levado ou não ao conhecimento público ??? Onde a ética jornalística, ditada por manuais e normas inflexíveis, pode determinar seja ele (o fato jornalístico), imputado aleatoriamente para situações idênticas ??? Até quando a liberação de verbas publicitárias por parte de um Governo determinará o escamoteamento da verdade, sob o pueril argumento de “falta de provas” ???
Com a palavra, os senhores Diretores da Redação.

Post Scriptum:
Texto originalmente elaborado em 19.04.2000. Posteriormente, depois de ser eleito e exercer a Presidência da República em duas oportunidades (de 1995 a 2002) e após o falecimento da esposa, só então – ufa !!! - FHC resolveu enfim reconhecer oficialmente Tomaz, agregando-lhe o sobrenome e destinando-lhe a “mesada” respectiva.
Questão de “caráter” (ou a falta de).

Taturana e a Ordem Divina - José do Vale Pinheiro Feitosa

Taturana acredita na ordem divina. Cada coisa que acontece no mundo é ligada a outras tantas que igualmente estão acontecendo. Entre um jornal velho e outro que junta para vender para reciclável, Taturana não apenas entende a ordem, como chega a ver uma linha tênue ligando todas as manchetes.

Mas Taturana isso não pode ser apenas a coincidência da ideologia dos editores e donos de jornais? Perguntei e ele me respondeu mais rápido do que a diarréia do Português: não deu tempo de pensar e nem de acender a luz e já estava todo breado.

Não senhor, tudo se liga mesmo, de verdade como minhas juntas ligam meus dedos! Veja ontem (a conversa é hoje, tá) o Netanyahu foi aplaudido de pé no Congresso dos Estados Unidos, o Código Florestal com aditivo e tudo do PMDB foi aprovado, o Pimenta da Veiga foi preso após 11 anos que deveria ter sido e os BRICS não estão gostando de levar um FMI dos Europeus.

Taturana! Mas que retalho mais doido é este teu? Não existe uma única coincidência que não seja as manchetes terem acontecido no mesmo dia. Não existe ordem nenhuma nisto.

Ele deu um murro no papelão que dobrava e terminou, com esta força, de dobrá-lo para melhor acomodá-lo no seu carrinho de feita. Terminou de aplicar a força e seu olhar veio fulminando em direção à minha observação.

É a classe cidadão! Eu e tu, por exemplo. Um na rua comendo cada dia o que colhe naquele dia e tu com este ar gordo de quem tem guardado para comer por muitos anos.

Que é isso Taturana? Tu estás me estranhando? Por falta de argumento está querendo me agredir?

É a classe mesmo! É a divisão da humanidade em classes! Os israelenses são da classe alta e os Palestinos da baixa; os grandes donos de terra levantaram a poeira e esconderam o individualismo do pequeno agricultor; o Pimenta da Veiga é a prova de que rico só paga prisão no juízo final e os BRICS não agüentam mais o FMI do Europeus por que sabem quem paga a conta na entrada e na saída.

Mas Taturana assim tudo pode ser explicado. Basta hierarquizar os eventos e tudo se explica não pela ligação entre eles, mas pela hierarquia.

Tá bem! Então acabe com a hierarquia para ver o que acontece? Outras coisas acontecerão no mundo, mas não estas.

O Netanyahu nem existiria pois há muito que haveria paz na Palestina, as Florestas e as plantações existiriam por equilíbrio e não por pressão dos negócios, o Pimenta da Veiga nem ousaria matar pois não haveria impunidade de classe e o FMI nem existiria, pois nações também não. Apenas nós assim como conversamos agora embora não concordemos em nada do que dizemos um ao outro.

Classe? Isso é coisa do passado. Isso morreu com o muro de Berlim.

Ia com o meu resmungo me afastando do olhar convicto do Taturana quando pisei na merda que o rapaz que passeia com oito cachorros de madame havia deixado para as minhas sandálias franciscanas se atolarem até a soleira do pé. Era uma merda de classe.

EMPATIA

hoje amanheci quase minha avó:

cabelos brancos

rugas acentuadas

olhar sereno

nenhuma pressa

silêncio

saudação ao sol

louvação à chuva

oração

gratidão

(StelaSiebra)

Convite !


Amigos e amigas queridas,
vejam minha exposição virtual "TEMPORADA DE DANÇA"
seguindo o link http://artedenicodemos.blogspot.com/p/exposicao-virtual-temporada-de-danca.html
Será uma grande alegria recebê-los.
Esta é a primeira expo-virtual de uma série que estou programando.
Espero que gostem e divulguem para os seus contatos.
É uma forma bem gostosa de compartilhar o nosso gosto pela Arte.

Grande Abraço a todos!!!

João Nicodemos
www.poemasdonicodemos.blogspot.com/

Música na madrugada


Oração de uma Camponesa de Madagascar - José do Vale Pinheiro Feitosa



Este texto foi escrito a partir de PPS que recebi trazendo uma oração cristã recolhida na África e que se chama Oração de uma Camponesa de Madagascar.


Senhor,

Que me deu o dom das panelas e marmitas

Não posso resumir-me a este corpo faminto,
pois sou o sagrado aos vossos pés.

Não posso rezar no fausto que os homens deram ao vosso altar.

Então, que seja a santa de todas as colheitas,
a fome saciada pelo meu fogão.

Que o vosso amor distribua o calor da chama que acendi
e faça calar a miséria que sufoca os explorados da terra.

Eu tenho as mãos que colhe,
Mas quero também ter a alma que suplanta. .

Quando eu lavar o chão,
lave Senhor o zinabre das guerras que nos consomem.

Quando a comida for posta à nossa mesa,
alimente-nos, Senhor, da liberdade nascida na manjedoura.

É ao divino ser humano que eu sirvo,
servindo à igualdade de todos.

E, finalmente, que meu espírito seja terra, que a terra seja meu cotidiano, que o meu cotidiano seja coletivo, pois fruto da contradição de ser eu e nós; nada mais belo que a contradição do amor; quando nós buscamos fundir nossos corpos; ao invés de nos reduzirmos à fusão de nós; nos multiplicamos no espaço feito eles - (os filhos).


por José do Vale Pinheiro Feitosa

O PRIMEIRO SCARPIN, A GENTE NUNCA ESQUECE ! - POR SOORRO MOREIRA



Moça , oficialmente, a gente só era considerada, quando completava 15 anos. Depois dos 30, se continuasse solteira, já era vitalina.
Mas eu tinha menos de 13 anos, quando viajamos em excursão para Salvador. Eu era a caçula do grupo, e só me dei conta das desvantagens, na noite em que todas nos preparávamos para um concerto musical , no teatro. Eu estava de luto do meu avô materno, e preto era considerado luxo. Mas, e os sapatos sem saltos? Deselegância pura ! Enquanto as meninas se "emperiquitavam" , eu timidamente fui ficando, literalmente amuada.
Não afirmo que Regina Vilar tenha sido a mais amiga...Todas nos dávamos muito bem ! Mas, sem dúvidas, naquela hora foi a mais sensível.
- Socorro, você não pode sair com esse sapato baixo.Que número você calça ?
- 35 , respondi baixinho...
-Pois é justo o meu número ! Venha escolher um dos meus sapatos.
Ela tinha um exemplar para cada vestido. Todos novos, na moda, brilhantes !
Sem muita exigência fiquei com um de trancelim preto , de bico fino, e saltos altíssimos.
Era a primeira vez que eu calçaria um sapato alto !
Até que pisei legal... Aproveitei pra usar batom, pela primeira vez, e sai vestida de moça, antes de chegar a hora !
Acho que nem contei pra minha mãe, nem pras pessoas de casa... Esse simples fato, poderia ser motivo de escândalo !
Pois então ... Fui precoce , em todos os tempos :
Precoce nas letras, nas fantasias dos adultos, no casamento e maternidade. Fui precoce também no divórcio, na aposentadoria... Só não quero ser precoce na morte, mas acho que já sai da garantia !
Agradeço, mais uma vez à generosidade da minha colega Regina...Daquele dia em diante, ficamos todas com a mesma idade !

Canoa dos sonhos- socorro moreira


A praia passeia no meu pensamento
Um pingo do mar seria tão doce !
Busco as tuas mãos
E elas me acolhem
Num carinho leve...
Mesmo assim me acordam
Escutar tua voz
Ouvir teu silêncio
São prendas que me alimentam
Lembra daquela noite?
A lua nos clareava,
e dela nos escondíamos
A cama de areia
nos consumia
Foi à noite mais lunar da minha vida
O profano e o divino se uniram.







Somos prometidos
Desde o primeiro sol
Que eu chamo olhar
Desde o primeiro abraço
Eros, encantado.
Desde o primeiro beijo
Dunas, areias.
Cartas, confidência trocadas.
Reencontros vertiginosos
Desencontros
Sem perder o fio da alma
Arco-íris da contemplação
Avisos descuidados
E a onda da volta
De um mar imaginário
Pé na estrada
Sem os saltos...
Estrada longa mais finita
Enfim somos prometidos

(socorro moreira)


O Fado - José do Vale Pinheiro Feitosa


As línguas modernas, especialmente as ocidentais, são filhas da modernidade e da era pós-medieval. Um condão as liga de algum modo por que a ciência e a filosofia, além do cristianismo, adotaram o latim e o grego como guia para juntar os tempos. Por isso o Inglês não se compreende sem os EUA, o Castelhano sem a América Latina e o Português sem Angola, Moçambique e Brasil.

Por isso é que o Brasil por sua natureza confluente dos povos de quase todos os continentes representa algo diferente. Algo sincrético, não apenas os guetos étnico de países por aí. Aqui as coisas se misturaram. Estamos na origem de muito mais coisas que nós mesmos nem sabemos.

O Fado tem muito da modinha e do Lundu, que fez Tinhorão abrir uma bela polêmica com intelectuais portugueses. É claro que o corpo do Fado é Português, mas não deixa de ser brasileira a sua alma. O mesmo se diz de outro grande tema, esse mais internacional e com mais forte impressão sobre a cultura do século XIX e XX, que é o tango Argentino. Os brasileiros têm muito com o tango.

Mas o Fado vai além da frase terminal: este canto langoroso com que certo modismo gosta de passar a régua. O Fado sempre esteve muito presente nos momentos de lazer musical. Nos anos 60, Francisco José, se tornou quase que um cantor de sucesso brasileiro. Mas o fado é belo demais. Tem muito daquela nesguinha de terra pendurada nas bordas da Europa e que viu tantas almas sumirem nos mares. Tantos navegares de separação, de adeus e do final em vida do amor e da amizade.

O fado é a canção de um povo fértil cujas crias, como os italianos, não couberam no seu chão. E quantos pais e avós nunca souberam o destino de seus rebentos a cruzar os mares para fazer histórias jamais contadas na origem. Histórias que se tornaram verdade de outro lugar, em outros povos.

Fiquem com os fados. Apresento quatro significativos e que reproduzem as coisas que falei. Prestem atenção no Carlos Ramos e na letra deste triângulo amoroso. Ouçam Amália Rodrigues a dizer o que é o Fado, Tristão da Silva a olhar os barcos do seu naufragar e finalmente Chico José com seu conhecido Olhos Castanhos.






“Quando a chave de toda a creatura
seja mais do que número e figura,
e quando esses que beijam com os lábios,
e os cantores, sejam mais que os sábios,
e quando o mundo inteiro, intenso, vibre
devolvido ao viver da vida livre,
e quando luz e sombra, sempre unidas,
celebrem núpcias íntimas, luzidas,
quando em lendas e líricas canções
escreverem a história das nações,
então, a palavra misteriosa
destruirá toda a essência mentirosa.”

NOVALIS
in “Henrique de Hofterdingen”
(trad. de Mário Cesariny)

Por Lya Luft





Canção para um desencontro


Deixa-me errar alguma vez,
porque também sou isso: incerta e dura,
e ansiosa de não te perder agora que entrevejo
um horizonte.
Deixa-me errar e me compreende,
porque se faço mal é por querer-te
desta maneira tola, e tonta, eternamente
recomeçando a cada dia como num descobrimento
dos teus territórios de carne e sonho, dos teus
desvãos de música ou vôo, teus sótãos e porões,
e dessa escadaria de tua alma.


Deixa-me errar mas não me soltes
para que eu não me perca
deste tênue fio de alegria
dos sustos do amor que se repetem
enquanto houver entre nós essa magia.

O papel do Estado no Direito à Saúde - José do Vale Pinheiro Feitosa


Como em todo sistema capitalista os papéis públicos e/ou sociais no direito à saúde oscilam entre a finalidade e o processo de acumulação de riquezas pelas empresas e pessoas de negócios. Ao contrário do que dizem os virtuosos do mercado, é mais comum haver contradição entre os papéis e o processo do que igualdade entre os dois.

Como o papel do Estado não é tornar médicos e empresários da saúde em milionários, com carros importados caríssimos, casas espetaculares em alguma ilha de Angra dos Reis, apartamentos em Miami e contas bancárias em paraísos fiscais, fica a primeira lição de quem deseja analisar a gestão de saúde no Brasil. É que a saúde virou um negócio tão estúpido que estamos em vias de perder o direito a ela em face de uma ganância por acumular lucros.

Agora mesmo, com capitais da Bradesco Seguros, o Laboratório Fleury está adquirindo a Rede de Laboratório Dor, numa transação de um bilhão de reais. Para o mercado isso é estimulante, mas para o cidadão, especialmente aquele que detém planos de saúde, pode apenas significar monopólio, preços altos e redução de pontos de atendimento. Diga-se que no Rio de Janeiro isso é pedra de cal dos últimos anos de laboratórios associados a pioneiros destes meios diagnósticos como Helion Povoa, Maiolino e Sergio Franco.

Aí é que entra o papel do Estado e especialmente do Ministério da Saúde que parece ter se tornado apenas num grande gestor de planos de saúde público. Ao contrário cabe ao ministério todos os assuntos espinhosos da sociedade, entre epidemias como a Dengue e o monopólio de agentes privados que põem em risco a economia popular.

Os quase cinqüenta milhões de brasileiros que têm planos de saúde sofrem em consultas médicas rasteiras, de uma epidemia de exames desnecessários e de uma restrição, contraditoriamente, em exames essenciais que são caros. Sofrem nas emergências dos hospitais privados, não têm acesso a medicina intensiva e problemas com cirurgias, até mesmo eletivas.

Há um movimento de concentração de empresas gestoras de planos de saúde, compras de carteiras e medidas, até mesmo do agente regulador do Estado numa idéia que a concentração dar sustentação ao mercado sem o devido contraponto à monopolização danosa à economia. O Estado que sofre a erosão da corrupção em suas verbas, também recebe o “assédio” destes agentes que tentam apenas concentrar poder e dinheiro cada vez mais.

Não é possível uma democracia com acesso universal à saúde do modo como o Estado está sendo usado para facilitar negócios concentrados, albergar “fornecedores” que não passam de lobistas, muitos dos quais no caixa das campanhas de deputados e senadores, a “vender” normas que obrigam o consumo de certos “produtos de saúde”. O problema da saúde pública brasileira não é má gestão, isso é desculpa para privatizar ainda mais. O problema é não enfrentar a contradição entre o processo de acumulação das empresas de saúde que se tornaram mais poderosas e capitalizadas após a Constituição de 1988
 por José do Vale Pinheiro Feitosa

Reflexões- por Socorro Moreira




"É sempre realizar auto-análise de seus” porquês “, rever tudo em que se crê. Se suas ações têm razão de ser, se sua cultura é realmente” correta “, se você não seria diferente criado noutro canto do planeta.
Pensar nas possibilidades das coisas, manter” os pés no chão', só "dar bola" ao possível. E, acima de tudo, mudar-se aos poucos em uma busca constante pela verdade das coisas."

Minha mãe costuma dizer que não se pode servir a dois senhores . Eu lhe respondo: sou livre pensadora.Ela não gosta de ciências esotéricas, não se liga em astrologia, tarô, I ching, etc. Eu acho todos esses assuntos interessantes, mas não os valorizo com fanatismo. No fundo sou cética, agnóstica, e o escambau. Mas sou atenta aos arquétipos mitológicos. Sou apaixonada pela mítica, sem perder a noção da essência ou realidade das coisas.
Fico besta quando leio meu perfil astrológico (virginiana), e atesto como nele me enquadro direitinho.
Mas no fundo sei que somos uma mistura de todos os defeitos e qualidades humanas, resultantes de heranças genéticas, meio social, cultura original e sequencial.
Pensando bem sou um ser microcósmico, inserido no macro. Não tenho que questionar sentimentos, o quanto eles são espontâneos e gloriosos, em seus próprios mistérios.
Mistério é o que não se explica ?Milagre é a revelação de um mistério?
Desisti de entender o meu potencial de amar, uma vez que estou sempre surpreendida com as revelações temperamentais e afetivas, que me assaltam.
Racionalmente vou conduzindo a vida . Preparo-me para as perdas e luto por outras conquistas.
Se o afeto não fere, merece ser vivido, e expandido.
Tenho aprendido muitíssimo neste espaço virtual, aonde a maioria se conhece de longas ou poucas datas, mas já checaram suas afinidades reais, e as validaram.
Na idade mais adulta precisamos de poucos dados para entender o outro na sua totalidade. Depois do encontro de "almas" a aceitação incondicional vai se tornando possível e inevitável. Aceitar o outro, em sua realidade solitária : eis a questão !
Minha mãe diz sempre: “para um bom entendedor, um pingo é letra” ·
Eu procuro ampliar minha visão e consciência no entendimento profundo. Chego lá, inevitavelmente, mesmo que no primeiro momento tudo me pareça inexplicável, e absurdamente fantástico ou estupeficante.
Aqui é um laboratório do pensamento humano. Já adotei muitos como mestres, e sou-lhes grata por uma aprendizagem que já esteve fora do meu alcance.
Vamos ser sinceros?
O amor é possível, em todos os cantos ! Exercitemos-lo, sem comprometer o encanto, e a felicidade do próximo e do distante.
Claro que a gente não investe no impossível, mas amar é sempre lícito!
Ser racional é dormir nas nuvens e viver no chão.


 por socorro moreira

Friedrich Novalis




Ao homem é lícito desejar as coisas sensíveis de maneira racional, enquanto à mulher é lícito desejar as coisas racionais de maneira sensível... A natureza secundária do homem é a principal da mulher.
Friedrich Novalis

Só há um templo no mundo e é o corpo humano. Nada é mais sagrado que esta forma sublime. Inclinar-se diante de um homem é fazer homenagem a esta revelação na carne. Toca-se o céu quando se toca um corpo humano.
Friedrich Novalis

A vida de um homem culto deveria simplesmente alternar-se entre música e não-música, como entre o sono e o despertar.
Friedrich Novalis


Na verdade, a filosofia é nostalgia, o desejo de se sentir em casa em qualquer lugar.
Friedrich Novalis

Só é possível transformar-se na medida em que já se é.
Friedrich Novalis

Somos sozinhos com tudo o que amamos.
Friedrich Novalis