por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 13 de março de 2011

Marasmo- socorro moreira



Que venham as chuvas
Que venham os silêncios
Os encontros ensolarados
Os sonhos por baixo das cobertas ...

Olho a Chapada nesse marasmo domingueiro.
Parece estática...
Mas tudo é móvel , e é passado
Como é passado a manhã desse dia,
que já se fez tarde,
e precisa da noite para amanhecer.

No azul- socorro moreira




Faltou chão
Faltou ar ...

Respirar para aturar
Respirar para esperar

Presente com tinta
Futuro sem papel
Passado amarrado

Pipas voam alto...
Do além para cá,
vejo tudo no céu!

Rádio Azul

ASSIS VALENTE- Por Norma Hauer



No dia 10 de Março, há 53 anos, o compositor ASSIS VALENTE resolveu colocar fim em sua vida, ato que já tentara duas vezes antes.

Por que alguém acha que não vale a pena viver?

Segundo soube, Assis Valente era um homem triste, não se sentia feliz, apesar de ser um nome famoso. Sente-se em sua composição "Boas Festas" que havia certa mágoa em seu interior. Ouvi falar que ele estava bastante amargurado quando compôs essa música, que vem a ser uma espécie de hino do Natal, visto ter sido a primeira composta no Brasil para as festas de fim de ano.

Conheci Assis Valente quando ele, protético, trabalhava no então Edifício Carioca, em cuja galeria, os bondes de Santa Teresa faziam ponto terminal. Assis fazia seu lanche em um dos bares que existia naquela galeria. Gostava de conversar, era animado, ali não parecia uma pessoa triste, como seus colegas sempre afirmaram ser.

Naturalmente, ao conversar com seus fãs, com aqueles que apreciavam suas composições, procurava não transparecer seu infortúnio. Mas ele existia, tanto que tempos depois, subiu ao Corcovado e de lá, talvez pedindo perdão ao Redentor, atirou-se no vazio ( que não estava tão vazio assim) ficando preso em uma árvore e retirado pelos bombeiros.


Mais tarde, em uma nova tentativa de suicídio, cortou os pulsos, sendo atendido e salvo a tempo.

Na terceira vez conseguiu seu intento, ao fazer a mistura (infelizmente famosa) de guaraná com formicida. Era a data de 10 de março de 1958. Partiu. Mas deixou seu talento em suas músicas ainda hoje lembradas.

No dia 19 de março, data de seu nascimento, farei um relato maior do que foi sua vida, que enriqueceu nosso cancioneiro durante vários anos, a partir do início dos anos 30.

A data de hoje marca seu triste fim, mas a de 19 traz à luz seu talento.
Norma

DIA INTERNACIONAL DA MULHER- Por Norma Hauer


. Gostaria de tecer alguns comentários sobre o Dia Internacional da Mulher. Sabemos que existem mulheres que venceram preconceitos e "abriram as portas" para nós, que nascemos no século 20.
Mas sabemos, que ainda na metade desse século, a mentalidade era a de mulher esposa e mãe,"dirigindo" tanques e fogões.

É muito bonito comemorarmos nosso dia entre flores e abraços, é muito bonito o porquê (ou os porquês) dessas comemorações, é muito bonito sabermos que nossos amigos, nossos parentes, nossa imprensa, nosso comércio festeja, cada um a seu modo, o dia Internacional (?) da Mulher, mas...será internacional mesmo?

E como nasceu “esse dia”?
Tudo começou no dia 8 de março de 1857, quando operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica em que trabalhavam e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga horária para dez horas, equiparação com os salários dos homens e outras reivindicações.
Que conseguiram?.
A morte, através de um ato selvagem que as matou em um grande incêndio na mesma fábrica,
Nada foi feito na época, mas a data ficou marcada e em, 1910, em uma conferência na Dinamarca foi decidido que o dia 8 de março seria o Dia Internacional da Mulher.
A data só seria oficializada em 1975, por um decreto da ONU.
Mas nessa data já existiam aquelas que venceram as fronteiras do possível e do impossível e que foram verdadeiras heroínas.

Uma que mais admiro é Nair de Teffé que, mesmo esposa de um Marechal que "estava" Presidente da República, ousou apresentar obras e a própria Chiquinha Gonzaga no Palácio do Catete (já no século 20) sendo, também, uma cartunista em um meio masculino.
Adotou para tal o nome Rian.

Tudo ótimo, mas... será Dia Internacional ou Ocidental da Mulher?

Vencemos e nos gabamos de que hoje podemos quase tudo, mas será?

Como são vistas as mulheres na China, com todo o comunismo? Por que lá se tem o direito (e até o dever) de abortar fetos do sexo feminino? Agora é fácil; antes tinha-se que esperar o nascimento para saber o sexo da criança. E matava-se, se fosse menina.
E no Japão ?
Até há pouco tempo, o Imperador pensava como Henrique VIII e queria divorciar-se porque sua mulher não lhe dava um filho homem. Parece que ele não sabe o que determina o sexo da criança. Para nascer um menino, o pai deverá "doar" um cromossoma Y, que a mãe jamais terá. Logo é ele e não ela que terá de gerar filho homem. Henrique VIII não sabia disso, mas Ankito deve saber
A princesa não agüentava mais viver no claustro da família imperial. Definhava. Hoje não sei com estão as coisas por lá.

Pobres mulheres dos países islâmicos !...Essas, além de serem totalmente subordinadas aos homens, ainda têm de dividir seus maridos com outras esposas e concubinas. A lei permite 4 esposas e quantas concubinas quiserem, desde que possam sustentá-las.
Estive com 4 amigos em Casablanca e fomos convidados a cear na casa de um motorista de táxi que nos tratou com toda cortesia, mas sua esposa não pode sentar-se à mesa,ou melhor, nas almofadas como anfitriã.

As mulheres dos países árabes ainda se podem considerar felizes.
Há países na África (parece-me que um é a Nigéria) em que as meninas são castradas ao nascer; além disso, têm seu órgão genital "costurado", deixando uma pequena passagem para a menstruação. Não basta ser virgem.
O órgão será "descosturado" pelo marido.
Há, ainda, países africanos nos quais, na puberdade, mutila-se novamente a menina, dessa vez retirando os "grandes e pequenos lábios".
Tudo para que elas não sintam prazeres

É, nós mulheres ocidentais podemos agradecer a Deus, ou ao destino ou que outro nome tenha (não Alá) termos nascido sob o signo da liberdade "abrindo as asas sobre nós".
E podemos comemorar o Dia Internacional (? ) da Mulher, mas...será internacional mesmo?

Ou será, apenas Ocidental ?

Como já disse, no país mais povoado do mundo, com mais de 1 bilhão de habitantes (a China) , ainda se tem o direito de abortar feto do sexo feminino ( antes eram mortas após o nascimento, porque não se tinha como saber o sexo antes do parto),

E a China é um país adiantado, em grande desenvolvimento, apesar de ser um dos mais antigos do mundo.

Os esquimós (considerados primitivos) também têm o hábito (e mais do que isso, o dever) de eliminar crianças do sexo feminino.

Os muçulmanos, podem ter tantas mulheres quanto desejarem, mas se acham no direito de apedrejar em público, até a morte, a mulher adúltera.

Em seus países, a mulher não pode, sequer, sair às ruas desacompanhada de seu "dono" e, toda coberta, tendo, “por muito favor”, um pequeno espaço aberto em sua vestimenta, para ver, ouvir e respirar.

Viva nosso Brasil, embora aqui também, tenhamos os "donos" que não admitem ser abandonados.

Casos conhecidos estão aí, como Pimenta (jornalista de importante jornal de São Paulo, até hoje não punido; Lindomar Castilhos (cantor) este foi punido, Doca Street (play-boy) todos e muitos mais se acham, com o direito de eliminar suas companheiras que não mais o querem; acham-se DONOS delas.

Esses são nomes conhecidos, mas existem espalhados por toda parte milhares de homens que se consideram com o direito de tirar a vida daquelas que não o querem. E, na maioria das vezes, são aprovados e não pagam por esse "direito de matar".

Posso considerar-me hoje uma pessoa feliz, com algo para comemorar, mas agradeço a todas que sofreram (e ainda sofrem) para que eu possa estar aqui manifestando minha opinião.

Às grevistas americanas e russas, às vítimas de criminosos, às pioneiras, como Chiquinha Gonzaga, Berta Lutz, Nair de Tefé, Ana Neri... meu MUITO OBRIGADA!!


Norma

Contrastes





Contrastes
Ismael Silva
Composição: Ismael Silva

Existe muita tristeza
Na rua da alegria
Existe muita desordem
Na rua da harmonia

Analisando essa estória
Cada vez mais me embaraço
Quanto mais longe do circo
Mais eu encontro palhaço

Cada vez mais me embaraço
Analisando essa estória
Existe muito fracasso
Dcntro do largo da Glória

Analisando essa estória
Cada vez mais me embaraço
Quanto mais longe do circo
Mais eu encontro palhaço

Ismael Silva


Mílton de Oliveira Ismael Silva (14 de setembro de 1905 - 14 de março de 1978), conhecido como Ismael Silva. foi um músico do Brasil.

O amendoim e a fábula - CARLOS HEITOR CONY



Carlos Heitor Cony (Rio de Janeiro, 14 de março de 1926) é um escritor, jornalista brasileiro, e imortal da Academia Brasileira de Letras.

VEIO DE longe para tentar a vida no Rio. Queria ser escritor. Até a idade de oito anos vendera amendoim torradinho.

Entre o amendoim torradinho e a glória, o caminho era duro, mas ele seria forte. O físico não ajudava: pequenino, magrinho, nervoso. Tipo ideal para extrema esquerda do Olaria.
Sabia escrever e escrevia bem. Não tinha cultura, mas ninguém precisa ter cultura para escrever. Cultura até atrapalha.

Amor também atrapalha. E começou a amar e a ficar atrapalhado. Quando levou o primeiro fora respeitável, deixou crescer a barba em sinal de protesto ou de dor. Protesto um tanto lírico, dor um tanto velhaca, mas a cara adquiriu aspectos sombrios, parecia efígie de selo belga.

Murmuram as línguas informadas que nunca esqueceu esse primeiro amor. Se não esqueceu, pelo menos não abriu as veias: enfrentou novamente a vida e o amor, e foi amando e escrevendo para os jornais. Mas, ao fim da noite, quando se olhava no espelho, ele sabia que amara e fora traído, sofrera e gozara apenas para esquecer a primeira.
Saía então para beber. Bebia e perdia o emprego. Mudou de jornal, em um ano percorreu todas as redações do Rio e todos os bairros onde houvesse mulher digna de seu amor e de sua dor. Ameaçava escrever um romance quando os amigos diziam que ele estava se perdendo.

Até que um dia correu a notícia: fugira com uma mulher casada para Brasília, num Volkswagen. A notícia tinha metade digna de crédito: a fuga com a mulher casada. A metade inverossímil era o Volkswagen -os tempos andavam magros, e ele não tinha dinheiro nem para o bonde.

Mas o carro podia ser da mulher, e aí a fuga faria sentido. Não fez sentido foi a semana seguinte. Voltaram os dois de Brasília, ele e ela, sem Volkswagen mesmo. O marido perdoou a esposa prevaricadora, e a esposa, livre da prevaricação, tomou fobia pela cara do ex-amante, e o ex-amante tomou pifões em diversos bares e escreveu cartas que os suplementos literários publicavam.

Recusou oferta de um emprego em Brasília. Volta e meia os governantes querem prestigiar a classe e convidam tudo quanto é intelectual para os gabinetes. Em uma dessas ondas, veio o convite e seguiu a recusa:

-Vim ser escritor no Rio, e não funcionário em Brasília!

Atitude e a frase eram dignas de figurar na Enciclopédia Britânica, e, por causa disso, pediu R$ 500 ao amigo: estava na negra. Precisava encher a cara, uma infiel de Ipanema. Dera-lhe sopa no teatro e bolo no dia seguinte.

-Como pode, hein?

-Mulher é assim mesmo.

-Mas elas mudam tanto!

-Isso já está em ópera.

Não foi beber com os R$ 500. Foi é enfrentar um macarrão com bastante queijo, matar a fome de dois ou três dias.

E, dois ou três dias depois, ameaçou suicídio. Uma mulata fatal, de olhos enormes, carnuda. Tomou enorme pifão e tentou a morte: pulou da janela.
Mas não morreu nem se feriu: dois meses atrás morava num oitavo andar, agora morava no chão -a altura da janela não deu nem para curar a bebedeira.

Agora sim, iria escrever um romance. Todo mundo acreditou no romance, inclusive ele.
Comprou resmas de papel, máquina portátil, fez um esboço que chegou a publicar. O livro passou a ser citado. Duas ou três passagens conhecidas de relato oral foram incorporadas definitivamente aos melhores momentos da ficção nacional.
Raspou e deixou crescer a barba inúmeras vezes, amou e foi traído, pulou janelas e empregos, foi envelhecendo e perdendo a pinta de menino prodígio, os olhos ficavam baços atrás das lentes cada vez mais grossas.

Pelas madrugadas da cidade, é agora um vulto que passa sempre às mesmas horas e nos mesmos lugares, procurando público e amor. Qualquer um dos dois serve: tanto o amigo que ouvirá mais um trecho do romance que ainda não escreveu como a moça que lhe despertará paixão, ciúmes, novas e sofridas epístolas.
Some pela rua escura. O passo é nervoso, ligeiro. Tem ainda a agilidade do vendedor de amendoim. E o cansaço do homem grande que o vai envolvendo em silêncio e tornando cada vez mais obstinada a vontade de ser feliz.

Preparativos para o fim do mundo




O poema cresce independente de mim.
Eu o escrevo, escolho as palavras, as poucas imagens,
procuro controlar minha ânsia de metáforas.
Eu o escrevo, mas ele não tem nada a ver comigo.

O mundo lá fora é o que interessa.
O poema me expulsa do calor do ninho.
O poema me expulsa dos ovos com a vida regurgitando.
Há uma guerra lá fora e só essa guerra interessa ao poema.

Se uma gralha grita, é para estourar a paisagem.
Se o melro voa de um lado a outro do rio,
é para me lembrar que tudo passa,
que não é este lado
ou aquele que interessa.
Aliás, nada mais interessa.

Interessa o que está fora do meu controle.
Um frio me gela a espinha.
Parece que vou quebrar.
O meu poema caminha na rua,
quebrando o cimento
e a insensatez humana,
com a sua carga de dor
e estupefação.
           É como o fim do mundo.                                                             

 __________

" Noite Cheia de Estrelas " Para Stela Siebra

Essa maravilha de Cândido das Neves e imortalizada por Silvio Caldas

Por Socorro Moreira



A luz te invade,
como em labirintos,
a deixar passar o vento...
que se sente, sem se ver.

Exposto ao tempo,
que a cor vem tomar

Exposto ao vento,
que seu calor vem esfriar

Mesmo assim quero ativo:
na primeira,
na segunda pessoa...
- Sempre interno!

Éter - Por Lupeu Lacerda




Éter pra reter o retorno eterno
Esquecer o terno pendurado no cabide empoeirado
Do esquecimento mensurado
Esquecer o aperto terno no coração balançando
Em um balanço velho de infância esquecida ali sei lá onde
Eterno retorno ao que parece bom
Porque longe, porque editado
O osso duro que na lembrança parece carne macia
O tempo é um cachorro sem dentes
Que esqueceu o sabor da comida
Éter


Convite - Aloísio

Convite

Tens na noite por companhia a solidão
Por isso tu fantasias tua audição
Sempre ouvindo vozes e ruídos
Dentro de teu quarto na escuridão

Vens, te aproximes, saia dessa
Sempre há alguém que te convida
Quando passares a porta verás luz
Pois é isto que falta na tua vida!


Foto e Texto: Aloísio

"Autorretrato"


Anti-social ? Um pouco.
Eremita ? Talvez.

Desconfiada ? Por que não ?

Misantropa ? É um termo muito feio!
***
Madrugada ...
Noite...
Luar...
Sol ?
Seu brilho me ofusca,
e o calor me incomoda.
***
Solidão...
Apraz-me ouvir,
e interpretar “Silêncios”.

Amigos... raros.
Conhecidos... não sei quantos.
Pessoas ...
De algumas,
a distância.
De outras ,
a lembrança é um bálsamo.
***
Amo o Belo
na sua mais profunda expressão.
As nuances de uma tela
o bucolismo de uma paisagem
a melodia de uma sonata
a leveza de uma bailarina
a emoção de um poema
o sorriso de uma criança
a ternura de um sentimento.
***
E assim,
de momentos e lembranças ...
Algumas antigas,
outras, nem tanto,
vivo o presente
sem medo de esquecer.

Corujinha Baiana – 12 de março de 2010

"Blue Suede Shoes"Para quem curtiu o "Eterno Rei do Rock"



Um dos maiores sucessos do Eterno Rei do Rock.
Blue Suede Shoes
Composição: Carl Perkins


Well, it's one for the money, two for the show,
Three to get ready, now go, cat, go
But don't you step on my blue suede shoes
You can do anything but lay off
Of my blue suede shoes

Well, you can knock me down, step in my face,
Slander my name all over the place
Do anything that you want to do, but uh-uh,
Honey, lay off of my shoes
Don't you step on my blue suede shoes
You can do anything but lay off
Of my blue suede shoes

You can burn my house, steal my car,
Drink my liquor from an old fruitjar
Do anything that you want to do, but uh-uh,
Honey, lay off of my shoes
Don't you step on my blue suede shoes
You can do anything but lay off
Of my blue suede shoes



Tradução
Sapatos de Camurça azul


Bem, um é pelo dinheiro,
Dois é pelo show
Três é para se aprontar
Agora vá, gata, vá
Mas não pise
Nos meus sapatos de camurça azul.

Bem, você pode fazer qualquer coisa, mas
Fique longe dos meus sapatos de camurça azul.

Bem, você pode me derrubar
Pisar no meu rosto
Caluniar meu nome
Em toda região.
Fazer qualquer coisa que queira
Mas querida, fique longe desses sapatos.
E não pise nos meus sapatos de camurça azul.

Você pode queimar minha casa
Roubar meu carro
Beber meu licor
De um antigo jarro de frutas
Fazer qualquer coisa que queira
Mas querida, fique longe desses sapatos.
E não pise nos meus sapatos de camurça azul

Bem, você pode fazer qualquer coisa, mas
Fique longe dos meus sapatos de camurça azul



Meu filho Rafael...

VOCÊ É...

Você é paz, é calmaria, é tempestade!
É um dia de sol e de chuva; e às vezes, tudo junto.
É leve como o vento num final de tarde...
E forte como grandes vendavais!
É o brilho do sol ao amanhecer;
É o brilho da noite sem um pingo de chuva.
É uma coisa e outra, é outra coisa ou nenhuma.
É paixão, é grande coração, é amor companheiro.
É o sono diário e profundo; e ainda acha pouco.
Você, filho, é um mimo e também mima...
E rima e anima...
É carinho, é mel, é brigadeiro com pipoca...
É um tantinho de paçoca... Não muita.
É o doce e o salgado. O salgado e o doce.
É tudo junto.
É bolo de chocolate, é pão de queijo, é queijo e um beijo!
É discussão, aceitação é canção dos ventos...
Você Rafael, é música, é verso, é prosa, é poema...
É Torta delícia, frutos do mar, sorvete de flocos, é massa a granel...
É pimenta quando cai no olho, mas alivia...
É furacão, mas logo passa.
É festa junina e fogos da meia noite.
É um verdadeiro alvoroço!
É reboliço de festa e festa do dia inteiro.
É amor que grita e que cala, que acredita e até embala...
É muita coisa junta.
É agitação, ação, é aperreio;
Você é um forte esteio.
É companhia na hora certa, segurança sempre alerta e sempre esperta;
É cara de beijo doce, sorriso pra lá de doce...
É sol, é mar, é onda ao amanhecer e ao entardecer.
É brilho de estrela, calor do sol e brisa de vento.
Você, filho, é tudo isso e bem mais que isso.
Você é o Meu Amor!
Pra você, um queijo e um beijo!
Será que lhe conheço?
AMO VOCÊ!

Sua mãe,
Mara
14/09/2010

AFAC-ASSOCIAÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DO CRATO

AFAC-ASSOCIAÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DO CRATO, solidaria à situação de varias famílias cratenses que perderam seus pertences na ultima enchente, vem apelar para a solidariedade dos cratenses residentes em Fortaleza, e solicita a doação de lençóis, toalhas e roupas usadas, alimentos não perecíveis e/ou cestas básicas.

As doações poderão ser entregues nos endereços abaixo:

AUDITECE Associação dos Auditores Fiscais do Tesouro do Estado do Ceará
Rua Frei Mansueto Nº 106 (entre a Av. Abolição e Av. Beira Mar)
Bairro Meireles
Fortaleza – CEARÁ

CASA DO LEÃO – Lyons Clube de Fortaleza
Rua João Cordeiro 2181 (entre as ruas Padre Valdevino e Av. Antônio Sales)
Bairro Aldeota
Fortaleza – CEARÁ

As doações serão enviadas para o CORPO DE BOMBEIROS EM CRATO-CE para distribuição entre famílias cadastradas pela Defesa Civil do Município.

CONTATOS DA AFAC:

Wilton Soares: (85) 9613-3936
Graça Barreto: (85) 9959-5242
Amarillo Santana: (85) 9621-6702
Luis Santos: (85) 9621-7016
Pedro Jorge: (85) 8785-6582
Cicera Policarpo: (85) 3246.3662


A AFAC AGRADECE A AJUDA DE TODOS

REPASSE ESSA INFORMAÇÃO PARA OS SEUS AMIGOS

FABULAS DE ISOPOR: O CEGO E O ALEIJADO - por Ulisses Germano

O CEGO E O ALEIJADO
(por Ulisses Germano)

                Dois homens solitários, um cego e um aleijado, viviam no topo da Chapada do Araripe. Separados por uma cerca de arame farpado, eles alimentavam uma individualidade suprema: ninguém se falava. O cego e o seu cajado, o alejado e sua muleta viviam no mais puro estada de indiferença. 
               No mes de dezembro, em meio a uma enorme estiagem, a floresta começou a pegar foto. O vento violento aumentava o incendio que se dirigia exatmente para as terras onde moravam os dois indivíduos. O desespero tomou conta dos dois moradores ameaçados pelo fogo. O aleijado tentou fugir, mas não tinha força nas canelas. O cego tateava as matas, mas corria o perigo de esbarrar com alguma labareda. A sorte do destino fez com que os dois se ebarrecem entre os arames farpados que separavam o terreno. Num instante mágico de sobrevivêncio o aleijado, sem nenhum receio ou contrangimento, montou em cima do cego dizendo: 
             -"Vamo lá meu irmão, tu me empresta tuas pernas e eu lhe empresto minha visão! Vamos sair daqui!!! 
             Foi assim que o aleijado e o cego conseguiram sobreviver a um incendio que destruiu tudo que eles tinham. Hoje cego e aleijado voltaram para o mesmo local, retiraram as cercas, e nunca mais temeram o fogo.


MORAL DA HISTÓRIA
EM PERIGO EXTREMO 
O ORGULHO SE  DISSIPA
ALEIJADO MONTA NO CEGO
PRA SE LIVRAR DO NÓ NA TRIPA

INTELIGÊNCIA CONSTROI BOMBA, SABADORIA DESARMA - Por Ulisses Germano


I
Os olhos do mundo
Estão voltados para o Japão
Que terá de provar
Mais uma vez
Que é capaz de superar
Mais uma crise
Que ira influenciar
Todo o planeta
No sentido de repensar
De forma mais séria
E responsável
O futuro de nossa espécie

II
Tomara que não surja
Nenhum líder proclamando
A superioridade de uma raça ou nãção
Ou até mesmo proclamando
a proprieda suprema de Deus
Tomara que a revolução
Seja humana, desprendida 
Ao máximo do egoísmo
E apaixonadamente atrelada
A sabedoria de desarmar 
De vez para sempre
As armas nucleares

Ulisses Germano
Crato, 13/03/2011


COMENTÁRIO


                 "O Buda nascido no Japão, Nitiren Daishonin, em sua Carta de Sado escreveu: "É da natureza dos animais ameaçar os fracos e temer os fortes. Nossos eruditos contemporâneos das várias escolas são exatamente assim. Despresam um sábio sem poder e temem os governantes malígnos." Este texto, escrito na idade média, continua sendo atual. Acontece que nos mortais comuns ainda não abrimos nossas mentes para uma Lei que rege todo o universo. Definitivamente: Deus não castiga ninguem, nós é que nos castigamos quando tentamos sobrepor nossas leis a uma Lei Suprema. Einstein  declarou certa vez que "Deus é a Lei e o Legislador do Universo".  Creio que se ele estiivesse vivo entre nós neste início de século , talvez fosse a imprensa mundial esclarecer a dimensão do perigo para a vida na Terra do vazamento de reatores nucleares.           
               O que eu sei daqui de minha aldeia, é que em Santa Catarina ventos acima dos 150 quilômetros por hora qualificaram a presença do primeiro furacão a atingir o Brasil, e que no Rio de Janeiro famílias inteiras desapareram e agora no Japão a constatação de que a bola de neve vem aumentando é visível. Muitos assistem a tudo isso no conforto de suas casas, apreciando um suco ou comendo um sanduiche. Tudo bem, o cheiro da morte não aparece na tela. O que sei daqui da minha aldeia, é que as Cartas Geograficas estão sendo modificadas. O início de uma nova Gondwana? Tecnologicamente, somos o máximo! Espiritualmente ainda somos crianças boiando no Universo. Mais uma vez devo recorrer a Einstein que deixou escrito em sua carta a Maurice Solovine (1921): "(...) ainda que os domínios da religião e da Ciência estejam, por si mesmos, nitidamente demarcados, existem contudo, entre ambos, fortes relações e dependências recíprocas. Embora seja a religião que determine o objetivo final, foi com a Ciência, contudo, que ela aprendeu, em semtido lato (amplo), quais os melhores meios que haverão de contribuir para alcançar os objetivos visados. Mas a Ciência só pode ser criada por aqueles que estão totalmente imbuídos da aspiração pela verdade e pelo entendimento. Esta fonte de sentimento, contudo, nasce da esfera da religão. A ela também pertence a fé na possibilidade de que os regulamentos válidos para o mundo da existência sejam racionais, isto é, compreensíveis à razão. NÃO POSSO CONCEBER UM VERDADEIROS CIENTISTA SEM ESSA FÉ PROFUNDA. A situação pode ser expressa por uma imagem: A CIÊNCIA SEM RELIGIÃO É ALEIJADA, A RELIGIÃO SEM CIẼNCIA É CEGA".  


Do baú de Stela















Trilha

Quanto à trilha que minha alma elegeu,
difícil é reconhecê-la.
Mas já a percorro
com pés doloridos e
faces escavadas.
O coração é uma chama
Buscando o orvalho das estrelas.

Minha alma carece banhar-se numa noite só de estrelas.
Quedar-se fitando o céu
Numa comunhão
De silêncio e plenitude.
Reconhecer a trilha
Livrar-se do peso do corpo
e das angústias da alma.

Livre e plena
Orvalhada de estrelas
Iniciar a caminhada.

(Olinda, 26/6/94)

CURTAS. Liduina Belchior.


Dos choros de uma vida
nociva, curtida, sofrida, repulsiva,
veio no além dia, pós dia,
a brisa suave do livre viver,
do amor que divisa.
Veio também o sentido
da vida, agora vivida.

FÁBULA DE ISOPOR: O LUTO DO GRAVADOR -- por Ulisses Germano


Desenho de Nandi Riguero

O LUTO DO GRAVADOR

                  Conheci um poeta que não escrevia, não datilografava e nem digitava os textos no momento tempestivo da creação. O poeta, sabedor de um fato simples de que a escrita não acompanha a velocidade do pensamento, passou a registrar todo seu processo imaginativo e creativo em um gra-va-dor. Para o poeta aquele aparelhinho, guardador da oralidade humana, era uma  caixinha de memória que economizava tempo e espaço.  Brinquedo melhor não havia! Um giga de memória – 266 horas e trinta minutos de gravação! Então o poeta encheu os arquivos com registros de sua imaginação: poesias aos borbotões, músicas feitas na hora, entrevistas com personalidades de sua cidade, enfim, um tesouro de valor sentimental-particular inestimável!
           Até que um dia, vivendo num país onde as pessoas  dão esmolas para garantir um cantinho no céu, roubam cabelos, tênis e até mesmo o senso crítico, o poeta teve o seu estimado gravador roubado. O impacto foi tão grande e avassalador para o poeta, que ele passou a sentir uma emoção esquisita de vazio. O aparelho roubado guardava um tesouro importante de sua vida: sua poesia, seu discurso e todos os sentimentos autorais frutos de uma vaidade tola, mas que todo artista honesto tem de reconhecer possuidor, salvaguardando as proporções. Pode parecer meio doido, mas  o roubo do gravador provocou uma sensação muito aproximada da morte que faz a vida parar pra  refletir. 
        Sabendo que quem lamenta só aumenta, o poeta resolveu agir apelando para os amigos e a imprensa, com anúncios prometendo recompensa e o total anonimato na transação de trazer de volta  o gravador. O locutor de maior audiência,  Antonio Anselmo, da rádio AM local anunciava com sua voz trovejante:  


"Rádio Renovadora; serviço de utilidade pública: Quem por ventura achou um gravador digital da marca Panasonic (modelo: RR-US551) devolver para o poeta Flávio José, pessoa estimada de nossa cidade. Quem achar o gravador, por favor, telefonar a cobrar para o celular de Flávio José - 987654321 -  que pagará uma rechonchuda recompensa. 
     São 7 horas da manhã na cidade Princesinha de um Dia..." 
            Quando constatou a enorme audiência do radialista, o poeta passou a nutrir uma esperançosa esperança, aleada a promessas de sua mãe e amigos a São Longuinho, de um dia ter de volta a caixinha registradora dos sons do mundo.  No entanto, depois de alguns dias de anúncios na rádio AM, o gravador continuava desaparecido e nenhuma pista do seu paradeiro. Sendo assim, o poeta resolveu esquecer definitivamente tudo e, apelando  para um axioma tupiniquim - "o que não tem jeito, jeito 'tá dado", engavetou  de vez o problema. A  constatação e conscientização deste axioma popular deu fim ao luto do gravador. A vida continuou, e os arquivos aos poucos foram queimados pela ação do tempo que retira os problemas e lembranças aparentemente irreparáveis do foco central.  O poeta comprou um novo guardador da oralidade humana e deu início a uma Fábula sobre o Luto do Gravador.

MORAL DA HISTÓRIA

 "Quem faz cópia de segurança (backup) de seus dados, evita transtornos de perdas irreparáveis".

Ulisses Germano
Crato, 130311

Fábula dedicada ao imprescindível amigo e escritor e poeta  Dr. Zé Flávio

Colaboração de Geraldo Ananias

Considerada a foto do ano!


"A foto acima orgulhou os especialistas em reprodução humana.

Foi publicada em várias revistas especializadas e em muitos jornais do mundo!!!

Esta é a família da cidade de Columbus, estado de Ohio (USA), pais de sêxtuplos."



Sábado ,no "Paraíso dos Avós"

Fernando, Fátima e João Marni









É através do carinho , que nos aproximamos  de uma convivência feliz.
Lugar que resgata o "não julgar"- ser criança , no encontro com a verdade e simplicidade.
De lá , eu avisto a Chapada, e sinto-me embriagada por todas as nuances do verde...Vista abençoada !