por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 16 de março de 2012

Meu Olho de Vidro- por Jackson Oliveira Bantim

"Um olhar Emocionado sobre Paisagens
Paragens e personagens
Do Mundo que vi".


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Cada imagem é um poema, um conto, uma história...
Belo trabalho, "Bola"!

"quem tem alma não tem calma" (Fernando Pessoa)

O ghostoso da simplicidade - Emerson Monteiro

Acharam, pois, de artificializar tanto, e de tal forma, as categorias gramaticais que de regra obesa ninguém vive mais o prazer das primeiras vezes, nessas murrinhas rodeadas na moldura dos cabelos amarfanhados, parafinados, que só aprisionam a boneca da velha civilização. Onde eles esconderam o desgosto do amor aberto das praças e a paixão dos filmes ardentes, as flores miudinhas abandonadas ao vento, o inesperado das cenas, os sambas clarividentes de Chico Buarque?

A emoção definitiva dos jornais de antigamente que chuva levou para sempre, então? E as máquinas sabidas de dar corda, os brincos de argola pendurados perto dos lábios de mel, olhos acesos de desejo às menores carícias, os brejos dos canaviais ondulantes, as cores vivas dos tetos de telha das choupanas e suas chaminés esvoaçantes tingindo de cinza o verde da matas em festa animada? Os pirilampos, as cabrochas, os sugares das concertinas, estalidos de comboeiros conduzindo cargas de rapadura em travessias de sertão? Que é disso, daquilo e doutros tamanhos blocos de granito que jamais imaginou sumirem?

E o ghostoso das mínimas atenções que escorregou dos dedos a preço de inutilidades, a troco de nada, sem botão de respostas saracoteando nas histórias estrangeiras das conversas pra boi dormir dos vídeos games e tudo?! Argumentos falsos desconfiados dessa gente que repete as produções, no lucro incessante em jeito sabido, incutindo colesterol nas barrigas esfomeadas dos subdesenvolvidos e carrões platinados!?...

Começaram tocando nas rádios assuntos desconhecidos em músicas de línguas desconhecidas, e venderam fácil aos índios geniais camaradas, samurais enferrujados. Passaram que passaram turnos de mercadorias ilustradas, sarapintadas no sabor de artificial, e encheram maneiro o quintal da moçada efusiva.

Depois era ver e crer o quanto sucata emprenha o teto dos armazéns, casas e dormitórios. Nisso, o barco segue tingindo o mar dos puxadores da guerra, nos exteriores das fazendas de gado, na superpopulação do tecido social. Cultura mesmo adormeceu preguiça no território de um globo inteiro, que esmoreceu nas calças. Bossa abusada que fuça, fuça, a estrutura caduca na farra de ração que atocha de hormônio o tanque da macacada sideral.

Há tempo, sim, nas folhas dos calendários... No treme-treme dos relógios. Ia esquecendo falar a saudação de fechar a carta.

"Vitrine do mundo" - José Nilton Mariano Saraiva

Demorou, mas... vingou.
Após anos de tentativas infrutíferas de voltar a sediar uma Copa do Mundo de Futebol (um mega evento, de significativa amplitude, queiram ou não os radicais), o Brasil chegou lá e transformar-se-á, no período da sua realização, em 2014, numa espécie de “vitrine do mundo”, para onde convergirão olhares, mentes e corações.
Em termos eminentemente futebolísticos, embora o sucessor (José Maria Marin) já tenha anunciado aos quatro ventos a sua intenção de deixar “tudo-como-está-para-ver-como-é-que-fica”, a verdade é que a saída do arrogante, desonesto e prepotente senhor Ricardo Teixeira do comando da CBF abre a perspectiva para que urgentes e necessários ajustes sejam processados, objetivando evitar uma espécie de “fracasso anunciado” da nossa seleção de futebol na referida competição.
Sim, porque embora faltando pouco mais de 2 anos para seu início , a expectativa é que esta “poderá” ser a grande oportunidade do futebol brasileiro tirar o pé da lama, espantar o fantasma da mediocridade (vigente na atualidade), reconquistar a supremacia futebolista, voltar ao panteão de “melhor do mundo” e, enfim, propiciar à sua apaixonada torcida momentos de alegria.
Poderá ???
Pelas atuações medíocres do time nos gramados e o mercenarismo fazendo moradia entre os atletas, mui dificilmente teremos uma equipe coesa e disposta aos sacrifícios inerentes à tal empreitada; além do que, do lado de fora das quatro linhas vige um comando técnico reconhecidamente incompetente e desmoralizado (o tal do Mano Menezes & Cia ainda não mostraram a que vieram e o tempo urge), porquanto calcado na vaidade pessoal, no jogo de interesse e conveniência de grupos específicos.
Assim, a preço de hoje e pelo andar da carruagem, se medidas draconianas não forem tomadas, a tendência é que não nos será permitido sequer abolir da mente a doída frustração e apagar a imensa nódoa provocada pela “tragédia do Maracanã” (em 1950), já que para tanto teríamos que, ao menos, chegar à partida final (e, se não houver mudança no comando técnico da seleção, certamente lá não estaremos).
Alguém tem duvida ???

A guerra contra o Irã já está pronta - José do Vale Pinheiro Feitosa

Acabo de assistir a um programa da Globo News chamado “Sem Fronteira”. O programa seria um debate sobre um possível conflito de EUA e Israel contra o Irã em razão do programa nuclear do país. E edição do programa é simplesmente um terror: uma propaganda de guerra. Uma propaganda a justificar a ação armada das potências nucleares de EUA e Israel contra o Irã.

Uma propaganda com todas as marcas do Pentágono e da CIA. Apenas se ouvem os interesses dos países que querem a guerra e o Sem Fronteiras apresentou uma reportagem feita por um Português, visando o Brasil, é claro, em que o sujeito nitidamente é porta voz da propaganda belicista do governo israelense. A “reportagem” chega a filmar dentro de bases aéreas e de submarinos israelenses.

A reportagem é a preparação para uma ação armada a qualquer momento. Estejamos convencidos que, sem adivinhações, Israel vai atacar o Irã e será logo. A Globo News é parte do esquema de propaganda deste ataque. E aí o que será do mundo?

Um cenário muito provável e apontado por muita gente é o aprofundamento da crise econômica com mais uma disparada no preço do Petróleo. Aliás, o preço do petróleo vem subindo e fugindo das leis econômicas básicas: a demanda por petróleo tem diminuído entre os grandes consumidores do mundo, especialmente Europa e EUA.

Um artigo de Nouriel Roubini traduzido em português, que criou fama ao prever a crise americana, diz que os Estados Unidos e Israel atacarão o Irã de qualquer modo, a diferença é apenas de data: Israel quer o ataque ainda neste verão (a partir de junho) e Obama para depois das eleições. O EUA estão armando Israel em velocidade e já realizam manobras assassinando cientistas iranianos e fazendo guerra eletrônica contra as instalações iranianas.

O cenário previsto por Nouriel é de uma generalização de conflitos no Oriente Médio, inclusive no estreito de Ormuz por onde passa uma grande parte do petróleo para os mercados ocidentais e em vários países, inclusive envolvendo a América Latina. Aliás está cada vez mais próximo da realidade uma paranóia que certos setores apontam sobre o câncer que matou o ex-presidente Nestor da Argentina e o de Hugo Chavez.

O analista diz que se tambores de guerra baterem mais forte no verão do hemisfério norte, o Petróleo irá subir para uma escala que afetará ainda mais as economias ocidentais e mundiais. O quadro de tensão que esta guerra desencadearia poderia ampliar os conflitos no Iemen, na Síria, Egito e atingir a Arábia Saudita. E quando se fala em conflito deve sempre se imaginar que todas as forças possíveis poderão emergir, especialmente as radicais.

Nouriel termina o seu artigo assim: “O Petróleo já está acima de US $ 100/barril, apesar de fraco crescimento econômico nos países avançados e em muitos mercados emergentes. O prêmio medo pode empurrar os preços significativamente, mesmo se nenhum conflito militar em última análise, tiver lugar, e provocar uma recessão global.”

Por falar em músicos...- por socorro moreira


Eu conto nos dedos as vezes que participei das matinais, tertúlias e festas dançantes que aconteciam frequentemente no Crato dos anos 60, 70... Mas desde os anos 50 que a dança /música me fascinavam.
É com muito prazer e entusiasmo que participo do grupo que organiza a festa de Hugo Linard.
Acredito que a nossa gente se não viveu estes tempos (hoje nostálgicos), deseja um flash de um passado glamoroso.
Nas noites festivas eu ficava olhando as meninas da minha idade ou mais velhas se prepararem. Era de praxe um vestido novo, sapatos, bolsas, jóias, meias finas, além de arrumar o cabelo, fazer as unhas, tomar um bronze , e por fim a maquiagem. O melhor era no dia seguinte, quando eu corria pra saber quem tinha dançado com quem... Dona Valda era mesmo uma mãe zelosa ou carrasca?
Dançava nos corredores da casa, entre as árvores dos quintais, na imaginação, no recreio do colégio. Dançava!
Beleza quando me permitiam passar férias em Mauriti ou Várzea-Alegre. Aí, eu tirava o atraso. Longe do olhar vigilante e proibitivo da minha mãe, eu conseguia meus calos nos pés.
Na fase adulta detonei minha vontade de dançar. Por uma década, precisamente nos anos 80, vivi um pouco ou muito o encanto de dançar face a face. A gente fechava os olhos, escutava a música e flutuava com o parceiro que de certa forma era a gente que escolhia.
Hoje depois de quase duas décadas, eu sinto vontade de provocar o reencontro da nossa geração, e da geração atual. 
Nada como Hugo Linard e orquestra pra trazer de volta a música dos bons tempos: o fox, bolero, samba, blues, jazz, mambo... Os ritmos latino-americanos.
E como se não bastasse comemoraremos os seus 65 anos de vida/60 anos de música.
Hugo, figura tão presente nos nossos sonhos e serenatas; parceiro de quase todos os músicos caririenses. Ele, a representação- relevando o valor individual e coletivo da música caririense de todos os tempos!
Estou na sintonia de muitos, e vice-versa. Queremos uma noite de encanto. Estamos aguardando a noite de 14 de abril, no Crato Tênis Clube, para dançar, ouvir, sonhar e, principalmente rever as pessoas que o dia a dia nos faz desencontrados.
Vamos nessa, minha gente!
Ninguém pode perder esta possibilidade de alegria... O luto e a saudade já entraram no nosso coração, que deixou de ser menino, mas a festa ainda faz parte da vida. Estamos vivos!

Saravá, Hildelito Parente, Francisco Peixoto, Chico Soares, Correinha, Leninha Sobreira, Leninha Linard, Cleivan Paiva, Abidoral Jamacaru, Ranier, Luciano Brainer, Nicodemos, Ulisses, João do Crato, Nivando, Franciné, João Dino, Ricardo Bezerra, Jr.Rivadave, Nélio, Demontier, Manoel de Jardim, Dihelson, Jairo Starkei, Marcelo Randemarck, Cássio, Pachelly Jamacaru, Hidelgardo Benício, João Hilário, Ibertson, José Flávio Teles, Silvino Neto, Glauco, Lamar, Cleuton, Zé Prazeres, Lira, Flaviano, Fernando Callou, Célio Silva, Fernando, Calazans Neto,Lifanco, Tiago Araripe, Zé Nilton Figueirêdo, Leonel, Nacélio Oliveira, Ricardo Brasileiro, Carlos Rafael, Geraldo Urano, Elisa Moura,Divani Cabral, Diana Pierre, Padre Davi, Pe Ágio, Nivaldo, Célia Dias, Auci Ventura,João Neto, Amélia, Álvaro, Batista, Luiz Gonzaga, e tantos outros...!
 Enfim, que Deus abençoe na terra e no céu esses anjos que tocam e cantam para o nosso coração vibrar!

Feliz aniversário, Tetê Peretti!




Abraço amoroso dos amigos do Azul Sonhado!

Festejando o 18 de março por antecipação!

É hoje! - Museu vivo com Zé Flávio


Local: SESC Crato
19 h

Rabugem


Recentemente o “Jornal do Cariri” publicou artigo assinado pelo Técnico Judiciário Jailson Matos Nobre sob o tema : “ Até quando temos que suportar o descaso com a Saúde ?” . Nele Jailson desabafa problema vivido por ele mesmo, naqueles dias, quando necessitou atendimento médico por conta de uma suposta virose. As queixas do articulista não são novidade no noticiário cotidiano: somam-se a inúmeras outras , Brasil afora, no que tange ao caos onipresente da Atenção Hospitalar no país. E vejam que Matos Nobre é usuário de Plano de Saúde e mesmo assim sentiu-se desprezado quando buscou assistência médico-hospitalar. Imaginem aí a leva de mais de 160.000.000 de brasileiros que dependem única e exclusivamente do nosso Sistema Único de Saúde ! Mesmo assim, pagando um dispendioso Plano, o nosso técnico judiciário peregrinou por vários hospitais da região, sempre abarrotados de pacientes nos ambulatórios, com filas imensas e consulta médica, a seu ver, superficial e morosa.

Solidarizamo-nos com a aflição do Jailson. Não é preciso ser sequer técnico para entender a fragilidade do atendimento emergencial no Brasil. Isso é simplesmente revoltante e injustificável. Há, no entanto, um outro ponto no artigo que se repete reiteradamente nas outras denúncias vistas no dia a dia . A culpa recaí facilmente sobre o médico que , a seu ver, fez um juramento na formatura e que o está descumprindo seguidamente . Além de tudo,no final, Jailson enfaticamente volta suas baterias novamente para a classe médica, ipsis literis : “os sem vergonhas se apoderam do dinheiro público e fazem o que bem querem, sem que nada aconteça”.

Como médico, sei perfeitamente que para se tratar uma moléstia qualquer é imprescindível um diagnóstico etiológico correto e preciso. Pois bem, acredito que Matos Nobre foi perfeito na descrição dos sintomas e sinais da patologia, mas falho no fechamento do diagnóstico causal. Estando na ponta do Sistema , somos o alvo mais próximo e visível aos petardos da população revoltada. “O médico não atendeu, o médico demorou demais, o médico só pensa em dinheiro e por aí vai... Somos apenas um elo da imensa corrente, caro Jailson, e o seu link mais frágil. Não representamos o carrasco que superficialmente aparentamos ; bem ao contrário: estamos indo para o cadafalso junto com aqueles que se pensa iremos executar. Seria como condenar um Técnico Judiciário pela sentença imposta ao réu, ou a um juiz pela morosidade da justiça, esquecendo que por trás existe toda a máquina emperrada da justiça brasileira.

Para que se entenda: o SUS, criado há mais de vinte anos, se propôs desde o início a dar saúde integral e de qualidade para todos os brasileiros, indistintamente. Esquecemos, porém, que este é um país capitalista e não se pode socializar apenas a saúde, sem socializar, igualmente, o Supermercado. O resultado é que desde então o SUS é sub-financiado, inclusive, recentemente, o Congresso se negou a aprovar a Emenda 29 original que daria um melhor aporte de subsídios ao Sistema. Investimos apenas R$ 2,00 ( menos que o preço de um picolé) por dia para cada habitante e os Planos de Saúde , no Brasil, gastam mais de 60% das verbas destinadas ao setor, para dar cobertura a apenas a 40 milhões de usuários. Essa equação não fecha. O resultado é fácil de se observar : consultas pagas a pouco mais de dois reais, cirurgia de ponte de safena pagando ao cirurgião oitenta reais; o último concurso público para médico no Ceará apresentava proposta salarial de pouco mais de um salário para vinte horas semanais. A escassez de recursos prejudicou principalmente a rede hospitalar procurada pelo denunciante que teve mais de dois mil serviços fechados no país, nos últimos anos. Os Planos e Seguros de Saúde , por sua vez, têm pago valores por consulta e procedimentos bem abaixo do mínimo preconizado pelas entidades médicas.

Os médicos que o atenderam , nos diversos serviços, estavam , segundo suas próprias informações, com um número imenso de pacientes em igual situação, para serem atendidos. Estafados, sobrecarregados, fazendo uma Medicina de guerra, talvez, por isso mesmo, esses profissionais não tenham podido se deter melhor nas suas queixas. São sacerdotes sim, trabalhando após uma formação de mais de doze anos, por salários irrisórios, em péssimas condições de trabalho, a maior parte das vezes sem qualquer vínculo empregatício; sem terem tempo , nem disposição para se dedicar à família e à atualização de conhecimentos. E mais, caro Jailson, exigem deles não mais sacerdócio, mas santidade. É tanto que o grosso da população brasileira já percebeu isso e pesquisa de 2010 ( feita pelo Grupo alemão GFK) apresentava índice de confiabilidade dos médicos de 87%; bem acima, inclusive, dos profissionais da sua área : juízes 67% e advogados 57 % .

Concordamos, plenamente, com a famigerada frase com que você perorou seu artigo: “Os sem vergonhas se apoderam do dinheiro público e fazem o que bem querem, sem que nada aconteça”. Só que, caro Jailson, estes desavergonhados não estão dentro dos hospitais , nem se vestem de branco. Eles estão em outros gabinetes, ganham muito bem e têm a cumplicidade da maior parte do povo deste país. Não se cura a rabugem do cachorro , envenenando o veterinário. Se você pretende ajudar a pôr fim ao descaso da saúde, amigo, é preciso antes identificar o germe para poder usar o antibiótico específico.

J. Flávio Vieira