por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 20 de dezembro de 2015

OS VENDEDORES DE GARRAFADAS DO GLOBO.
O Jornal O GLOBO, da família Marinho, faz um editorial sobre o petróleo brasileiro e afirma que toda a pose nacionalista dos brasileiros sobre esta fonte de energia não é nada. Que melhor seria ter vendido tudo antes do preço cair. Ter embolsado alguns bilhões e esquecido o problema para as imbecis do petróleo por terem doado a “dinheiramente” toda ao povo brasileiro e ao final tomarem redondo prejuízo.
Além do mais, alega o editorial:  “Há, ainda, o sinal de alerta da COP-21 de que a era dos combustíveis fósseis pode ter entrado na reta final. O Brasil, país cuja população envelhece sem que tenha ficado rica, pode ter chegado ao pré-sal tarde demais, até por preconceitos ideológicos. Perda histórica dupla.”
O editorial é como aquele vendedor de garrafadas na feira nordestina, que traziam cobras dentro do vidro, peixes do Amazonas e outras bizarrices para a abrir o bolso do comprador. Não vendiam o que mostravam, vendiam panaceias para quem tinha todos os problemas do mundo.
A técnica central destes vendedores é a enganação. O malandro gritando para todo mundo ouvir: “Não se chegou à autossuficiência, apesar de toda a propaganda político-eleitoral em torno do tema...” Parei a frase por aqui porque a técnica editorial é emendar uma frase como se tivesse apresentando toda a verdade, quando o início da frase é o que ficará na cabeça do leitor. Em qual proporção não se chegou à autossuficiência?
O déficit ente exportação e importação de Petróleo foi de 4% em 2014. A produção de petróleo cresce 51% a mais do que o consumo, portanto, agora no final de 2015 já devemos nos encontrar superavitário. Argumento de enganador.
Daí em diante o editorial usa o Petróleo apenas para combate ideológico do nacionalismo brasileiro histórico, desde o estabelecimento do monopólio nacional do petróleo e de outras autonomias.  O editorial comemora os baixos preços do petróleo.
Não porque o preço baixo do petróleo seja bom para todo mundo, mas porque a euforia do “bilhete premiado” com o pré-sal não corresponde à realidade e os brasileiros ficaram pobres antes de serem ricos. E seguindo os vendedores de feira perdemos o caminho para o futuro porque não vendemos logo tudo antes dos EUA virarem campeões em extração de Petróleo de xisto e a China diminuir o consumo. Resultado: os preços do Petróleo despencaram.
E aí a garrafada que querem vender não é petróleo é essa aqui: “Confirma-se que foi erro crasso do lulopetismo, movido a ideologia, suspender por cinco anos os leilões, a fim de instituir o modelo de partilha no pré-sal, com alta intervenção do Estado.  Assim, o Brasil perdeu importante janela para atrair bilhões de dólares.”
Enfim o produto amargo para você se curar da sua eterna pobreza. Venda tudo que puder, entregue tudo que tem, junte dólares, porque esta moeda é dos compradores também e depois empreste para eles que sua paz tumular será eterna. Eis o que dizem: não acreditem em você (ideologia), não acredite nos seus líderes (lulopetismo), descarte seu Estado Nacional (estatismo), venda tudo à petroleiras (que pagam os comerciais).
Bom como não é mesmo sobre petróleo, compreenda que os “corretores” da venda do petróleo brasileiro e da Petrobrás por brinde, estão insatisfeitos com a queda dos preços. Assim como um dono de imóvel brasileiro que se achava dono de um imenso patrimônio e hoje não acha nem a metade para vender.

E sobre a produção de petróleo de xisto e suas contradições ambientais e alto custo eles não falam nada. E sobre a COP-21 eles não falam de outras coisas: a matriz do transporte público que implica num setor que fez a glória das grandes economias, os carros individuais. Enfim enganação de vendedor de garrafada. 


APESAR DE VOCÊ AMANHÃ HÁ DE SER OUTRO DIA.

Poucos tomaram conhecimento. Quando Castelo Branco tornou-se Presidente, foi simpático ao governo Americano que estava junto ao golpe, mas não levou a unanimidade das Forças Armadas, especialmente do Exército.

A rigor ele sofreu uma deposição branca, na falta de um conceito melhor. Costa e Silva, comandante do Exército juntou todo o descontentamento com Castelo, desde militares cassados até Chateaubriand, passando por vários comandantes de regiões militares.


Castelo apenas cumpriu a tabela do fim de mandato. Não mandava mais nada. O Costa e Silva assumiu, governou junto com o levante mundial da juventude. Foi uma explosão de manifestações nas ruas, ao lado de intensa repressão.

Costa e Silva sofreu um acidente vascular cerebral, morreu e uma junta Militar assumiu o governo. Isso com o AI5 e uma série de decretos para controlar as ruas, especialmente estudantes. A repressão teve um crescimento enorme.

Os grupos secretos das Forças Armadas e até mesmo oficiais de alta patente ficaram soltos para explorar seus ódios e desafetos. Não havia governo. Cada arma prendia e arrebentava como queria. Destacou-se com uma sanha enlouquecida o brigadeiro Bournier, que planejava fazer o que se fez na Argentina em larga escala: jogar de aviões no alto mar o que ele classificava como inimigo.

Fato curioso. Um grande amigo, militar, político, conservador, mas um nacionalista, cassado e sem direitos políticos. Era da Aeronáutica. Bournier mandou buscá-lo. Por sorte ele não estava em casa, os soldados seguiram o filho mais velho e assim ele soube da perseguição. Foi para o Comando Militar do Exército e se entregou. Lá sua vida foi salva, pois o Bournier fazia aquilo por conta própria, na desagregação do Governo durante a Junta Militar.

Garastazu Médici foi nomeado Presidente com a divisão do poder entre o grupo ligado ao Castelo e o grupo do Costa. A rigor ele não mandava em nada, apenas distribuía os assuntos segundo o acordo entre os dois grupos.

Nesta época a repressão, a tortura e morte, a censura e a perseguição a qualquer cidadão, sob suspeita, de qualquer membro do grande esquema de repressão. Se fosse um desafeto a questão pessoal logo evoluía para uma questão de Segurança Nacional.

E assim Chico Buarque fez uma música chamada "Apesar de Você" que passou pela censura como se fosse uma questão entre duas pessoas. Uma mulher como era comum nos sambas. A música foi gravada e divulgada.

Foi na exibição pública que a censura percebeu o real sentido da música e ele chamava-se Emílio Garastazu Médici. A cantora Leila Silva gravou a canção em 1971 e seus discos, também, foram recolhidos.