por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 28 de abril de 2016

A "FARSA" DENTRO DO "GOLPE" - José Nílton Mariano Saraiva

Se, tal qual o escriba, os quase 55 milhões de eleitores da Presidenta “Ficha-Limpa” Dilma Rousseff ainda alimentam a esperança de que o ilegal processo de impeachment poderá ser obstado no Congresso Nacional (ou mesmo no Supremo Tribunal Federal), após os seis meses em que ela compulsoriamente terá que ausentar-se do cargo, é bom “tirarmos o cavalo da chuva”.

Sim, porque a admissibilidade do processo de cassação do mandato já aprovada na Câmara Federal pelo gângster Eduardo Cunha e sua quadrilha deverá ser confirmada tranquilamente pela comissão formada pelos raivosos integrantes do Senado Federal, já que em sua relatoria estará ninguém menos que o senhor Antônio Anastasia (citado na Lava Jato), “braço direito” do “playboy do Leblon” (Aécio Neves, também citado), e que, não por mera coincidência, quando governador de Minas Gerais adotou as mesmas medidas e modus operandi (pedaladas fiscais) que agora servirá de peça acusatória e mote do relatório a ser por ele elaborado para destituir a Presidenta “Ficha-Limpa” Dilma Rousseff; ou seja, o uso de tal prática pelo Governo de Minas Gerais (pelo próprio Anastasia e mais 16 governadores) foi algo legal, absolutamente aceitável, enquanto haveria ilegalidade quando usado por Dilma Rousseff (algo do tipo “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”).

Assim, e lamentavelmente, a verdade é que o “golpe” já está sacramentado e sem perspectiva de retorno: a Presidência da República será entregue de mão beijada ao traidor (sem povo e sem voto), Michel Temer (que também “pedalou” e é denunciado na operação Lava Jato) e por extensão ao verdadeiro “chefe” de tudo isso, o gângster Eduardo Cunha (já réu num processo e com vários outros a serem apreciados), mas que inexplicavelmente é “imexível” perante o Supremo (e se ninguém nele toca, se os processos contra ele não andam, claro que deve existir “rabo preso”, ao fim e ao cabo).

No mais, para “fechar o caixão de vez e jogar a última pá de cal” sobre, eis que, sem qualquer escrúpulo, o atual Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski praticamente confirmou que aquele poder foi parte ativa e decisiva no “golpe”, ao se recusar a julgar o “mérito” da questão (a legalidade do uso das tais pedaladas fiscais), adstringindo-se à análise do burocrático “rito processual”; tanto é que, às pressas convocou os líderes partidários para um suculento café da manhã, onde apresentou-lhes a salgada “fatura” pelos relevantes serviços prestados: o comprometimento formal da Câmara dos Deputados para aprovar em caráter de urgência urgentíssima (inclusive o “mérito”, no mesmo dia) da marombada e generosa reposição salarial (que Dilma Rousseff houvera vetado lá atrás para não comprometer as finanças públicas) não só dos funcionários do Judiciário, como também de toda a magistratura (para todos os níveis e no Brasil todo: ou seja, delegados, escrivães, agentes, investigadores, técnicos, pessoal burocrático e, claro, as “excelências”). Prego batido e ponta virada: o projeto entrou ontem em pauta, hoje foi aprovado e já vigora o “aumentão-gigantão” para o pessoal do Supremo (o complemento da “paga”, pelo Supremo, será feito daqui a seis meses, com o afastamento definitivo da Presidenta).

Mas, enquanto isso, para o distinto público continuará a ser encenada a “farsa” dentro do “golpe”, ou seja: reuniões se “sucederão sucessivamente sem cessar”; autoridades contra e a favor do impeachment passarão horas e horas nos enchendo o saco com argumentos que todos já sabemos de cor e salteado; será aventada teimosamente a possibilidade (mentirosa) de que no momento preciso o “guardião da sociedade” exercerá em toda a sua plenitude o que constitucionalmente lhe é atribuído (julgamento do “mérito”); e, enfim, palavras ao vento serão jogadas fora durante meses e meses (180 dias) para, ao final, o povão constatar e entender que foi ludibriado, que um “golpe” jurídico-político-midiático anulou o voto de quase 55 milhões de pessoas, sem choro e nem vela; e quem se sentir ofendido que vá reclamar ao político e carismático Papa Chico.

E como vivenciamos um período de absoluta hipocrisia e degeneração de conceitos, não há que se descartar a perspectiva de que nos bastidores já tenha sido firmado um “acordo de cavalheiros” visando a que um ladrão confesso (Eduardo Cunha) assuma a Presidência da República interinamente, após uma “providencial” licença do seu preposto (Michel Temer). Teríamos, assim, a “excrescência” devidamente chancelada pelo “Supremo Tribunal Federal”, de ter a nação comandada por um “Condomínio de Delinquentes”.

Resumo vergonhoso de tudo isso: para o mundo, houve, sim, um “golpe” no Brasil; para o mundo, o Brasil mostrou não passar mesmo de uma “republiqueta de bananas”; só que agora adornada pela volta do “complexo de vira-lata” de um povo que aceitou bovinamente a ruptura do processo democrático por parte de políticos ladrões, segmentos da mídia e integrantes do próprio judiciário. Que imagem fantástica estamos a legar aos nossos sucessores.

Já quanto aos mais carentes, que se preparem: vem chumbo grosso (e bote grosso nisso) por aí. Vejam abaixo uma “pequena amostra” do Plano Temer:


GENOCIDIO