por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
História de Juazeiro
PAULO MAIA DE MENEZES
“Nunca mais você mata um irmão de um homem”
(Pedro Maia).
Por Fernando Maia da Nóbrega
1 - SÚMULA
Nome: Paulo Maia de Menezes
Filiação: Aristides Ferreira de Menezes
Ana Leopoldina Maia
Nascimento: 1879 - Crato-Ce (01)
Morte: 09 de junho de 1914 – Juazeiro do Norte-Ce
Causa Mortis: Assassinato
Motivo: Vingança
Acusados: Nazário Landim (mandante), Mané Chiquinha (executor).
2- ANTECEDENTES
A morte trágica de Paulo Maia, também
alcunhado de Paulo Aires, ocorrida em Juazeiro do Norte no ano de 1914,
teve como fonte motivadora um acontecimento havido muitos anos antes do
seu nascimento, na cidade do Crato em 1856 , e que se desdobrou ao longo
de 72 anos. Essa é a história de um tempo em que muitas vezes a herança
deixada era um rastro de sangue...
O século XIX caracterizou-se no Cariri
por profundas crises sociais e políticas, imprimindo uma marca de
violência que se alastrou, além dele, por três décadas da centúria
seguinte. De início, a “Revolução de 1817” frutificou sérias inimizades
entre os políticos e líderes cratenses, tendo alguns sido presos
enviados para calabouços na Bahia. Em seguida veio a “Revolução do
Equador” em 1824 onde muitos morreram entre eles Tristão de Alencar
Araripe, membro de importante família da região. A “Guerra do Pinto” em
1832 fez florescer antigas desavenças cujo desfecho foi, anos depois, a
execução do chefe Joaquim Pinto Madeira. Culminando com essas
conturbações sociais, surgiu a “Revolução de Juazeiro” em 1914.
E foi justamente em um desses
acontecimentos sociais tão em voga, que se gestou a futura morte de
Paulo Maia. No dia 08 de setembro de 1856, às três horas da tarde, se
processava, dentro da igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha, na
cidade do Crato, as eleições para as câmaras municipais e juiz de paz. O
clima emocional estava quente e pesado, posto que em Barbalha dias
antes ocorreram cenas de violência durante a apuração dos votos. No
Crato, duas facções do Partido Conservador disputavam com o Partido
Liberal os cargos disponíveis. Determinado momento, surgiu uma discórdia
entre os grupos rivais gerando uma briga generalizada entre os
participantes. Dr. Jaguaribe, presidente da eleição, pede a
interferência do corpo policial do município com o intuito de apaziguar
os querelantes. Com a chegada dos militares, sob o comando de José
Ferreira de Menezes os ânimos se exaltaram mais ainda havendo uma troca
de tiros de ambas as partes, vindo a falecer o coronel José Gonçalves
Landim. (02). O crime emocionou todo o Cariri a ponto do Vigário Geral
Forâneo Tomaz Pompeu de Sousa Brasil excomungar o Padre Manuel Joaquim
Aires do Nascimento, Pároco da Freguesia, bem como o delegado e dois
soldados. (03)
Com o passar dos anos, um dos filhos do
delegado José Ferreira de Menezes, de nome Aristides, tornou-se um dos
mais influentes políticos cratenses no final do século XIX, exercendo
vários cargos públicos de destaques, chegando a ocupar as funções de
promotor, deputado provincial pela região e candidato a senador da
república. (03) Ressalte-se que Aristides Ferreira de Menezes casara-se
com Ana Leopoldina Maia, filha do renomado Coronel Mainha, um dos
maiores políticos cratenses do século XIX. Partidário do prefeito local ,
Coronel Belém de Figueiredo, Aristides sofreu grande revés quando em
1904, Antonio Luiz Alves Pequeno tomou a prefeitura a “manu militari” e
passou a perseguir ferozmente seus adversários por meio da montagem de
uma violenta guarda municipal.
Investido na função de delegado e
comandante da Guarda Municipal do Crato, Nazário Landim cometeu toda
espécie de arbitrariedade possível. E em sendo neto do Coronel José
Gonçalves Landim, morto na igreja em 1856, ressuscitou a velha discórdia
entre as famílias. Certa feita, em meados de 1904, encontra-se numa
esquina com o velho e respeitável Coronel Aristides e o agride a socos,
pontapés, empurrões e lhe bate com a vareta da espingarda por várias
vezes. Segundo sua lógica, vingava assim a morte de seu avô numa pessoa
que à época tinha somente quatro anos.
Essa atitude inconseqüente viria a gerar
outra de igual teor. Paulo Maia, filho de Aristides, inconformado com a
agressão sofrida pelo seu genitor agiu rapidamente em represália: ao se
encontrar com o delegado aplicou-lhe violenta surra, prostrando-o
desfalecido por terra. Os cronistas narram que ao ser preso e
interrogado pelo juiz, houve o seguinte diálogo:
-"Moço, que parentesco tem com o delegado Nazário”? Perguntou o juiz.
- “Ele é meu avô!” Respondeu com firmeza Paulo Maia.
“Mas... seu avô?” Contesta o Juiz.
- “Se ele é de sua idade mais ou menos, talvez seja mais moço, como explicar isso”?
-"Se ele bateu em meu pai, se deu em meu pai, certamente que é pai dele; e sendo pai dele, é meu avô.” Foi a resposta (04).
3- A MORTE
É certo que após o desentendimento com
Nazário e cumprir prisão por mais de um ano, Paulo Maia foi residir em
Juazeiro. Além deste motivo outros contribuíram sua para ida: era primo
do Padre Cícero e sua mulher, Aurora Adélia, era parenta de José André
de Figueiredo, um dos líderes políticos da vila. Além do mais, cuidaria
das terras do sítio Muquém, naquele município, pertencentes a seu pai.
Pouco a pouco Paulo Maia foi-se inserindo na vida político-social de sua
nova terra.
Em 1910 Juazeiro já se consolidava como
um lugarejo em constante desenvolvimento graças à presença do Padre
Cícero Romão Batista e a repercussão dos milagres ocorridos em 1889. Com
uma população expressiva, sendo alvo de romarias freqüentes e de um
comercio se expandindo constantemente, a vila clamava pela sua
emancipação política. Objetivando chamar a atenção das autoridades,
Padre Cícero, Floro Bartolomeu, Padre Alencar Peixoto, Joaquim André e
tantos outros, pregaram a desobediência civil ao povo ao propor que
“(...) não se pagaria mais impostos ao Crato” (05) Tal movimento
culminou com uma passeata realizada no dia 07 de setembro de 1910, pelas
ruas de Juazeiro, em prol da independência da vila. À frente de todos,
Paulo Maia conduzia uma bandeira verde-amarela com os dizeres “Viva a
Independência!” (06).
Eis que em 1913 irrompe a chamada
“Sedição de Juazeiro” com o objetivo de depor o governador do estado,
Major Franco Rabelo. Para concretizar esse intento, Dr.Floro armou um
expressivo contingente de bandidos e cangaceiros, recrutando os mais
afamados pistoleiros de Pajeú das Flores, Paraíba, entre eles, Zé
Pinheiro, Senhorzinho, Antonio Godê, Mané Chiquinha, Côco Seco e
Quintino Feitosa. Para as funções de subdelegado foi nomeado o Major
Nazário Landim (07), “indivíduo de péssima conduta” (08).
Nos idos de 1913/14 imperou no nosso
Estado completa selvageria. No Cariri, principalmente, um número
incalculável de crimes foram praticados, com a conivência das
autoridades, sem nunca ter sido tomadas as providências legais cabíveis.
Após o término do movimento sedicioso de Juazeiro em março de 1914, a
cidade ficou totalmente lotada de facínoras remanescentes da guerra.
Bandidos de alta periculosidade, sem trabalho, perambulavam pelas ruas
bebendo, fazendo confusões, provocando brigas e matando pessoas.
Como a ociosidade é a mãe de todos os
vícios, Mané Chiquinha lembrou a Nazário Landim que seu desafeto, Paulo
Maia, andava impune na cidade. Não obstante as ponderações iniciais, o
subdelegado contrata o pistoleiro por 100 contos de réis e uma mula.
(09) Xavier de Oliveira insinua, nas entrelinhas, que um crime
envolvendo uma pessoa de prestígio como Paulo Maia tinha que haver o
consentimento do chefe, no caso, presumo eu, Dr.Floro Bartolomeu. (09).
Há alguma razão para se aceitar a tese, posto que tanto o Coronel
Aristides, pai de Paulo, quanto o cunhado Joaquim Inácio Figueiredo
faziam oposição ao Médico e ao Padre Cícero. (10)
Paulo Maia residia numa casa, hoje
demolida, localizada à Rua do Brejo, em frente à Matriz de Juazeiro. Na
noite de 09 de junho de 1914, enquanto conversava com o vizinho Doroteu
Sobreira, foi avisado por este que parecia haver alguém escondido no
matagal à frente da casa. Paulo Maia não levou à sério a observação do
amigo e continuou conversando alegremente. Mané Chiquinha, aproveitando a
escuridão da noite, escondido entre o pasto de bamburral, mirou a
carabina modelo 1908, dormiu na pontaria e disparou um certeiro tiro que
varou o peito da vítima indefesa.
4- VINGANÇA
Após o assassinato de Paulo Maia, Mané
Chiquinha enfronhou-se pela Serra do Araripe e vivia em lugar incerto e
não sabido. Porém, em decorrência da determinação do Governador do
Estado, Benjamim Barroso, em eliminar de vez o banditismo no Ceará,
convocou ao palácio o Coronel Medeiros e deu-lhe uma ordem seca: ”Você
vai ao Cariri e outras cidades do sertão. Não poupe bandidos. Execute-os
sumariamente.” (11). A mesma incumbência foi dada pelo Governador ao
Tenente Peregrino Montenegro quando o nomeou delegado de Campos Sales:
“Soube que é homem disposto. Liquide todo criminoso nato.” (12).
Seguindo as determinações recebidas, perseguindo a bandidos na Serra do
Araripe, o Tenente Peregrino executa sumariamente os cangaceiros Bimbão,
Caxeado, Pedro Paulo e Mané Chiquinha. (13).
Quanto ao autor intelectual, Nazário
Landim, este achou mais prudente se afastar da região e por muito tempo
não se soube de seu paradeiro. Há certa probabilidade que tenha se
refugiado na cidade de São João do Rio do Peixe, hoje Antenor Navarro,
na Paraíba, local onde seu primo e conselheiro Quinco Vasques fugindo de
uma briga em Lavras da Mangabeira, viveu sob a proteção do Padre
Joaquim Cirilo Sá. (14)
Após 72 anos dos fatos ocorridos na
Matriz de Nossa Senhora da Penha e 14 da morte de Paulo Maia, Nazário
Landim apareceu às caladas da noite, no Crato, com o intuito de pegar o
trem em rumo a Missão Velha onde viviam seus parentes. Enquanto
aguardava o passar das horas para o embarque, entrou em um quiosque, ao
lado da estação ferroviária, onde os passageiros tomavam
café,fumavam,conversavam, à espera da partida do trem. Nesse ínterim,
foi reconhecido por um padeiro que incontinentemente correu até a casa
de Pedro Maia, irmão de Paulo, bateu à porta e falou:
- “Seu Pedro, quanto o senhor paga pelas alvíssaras?”.
- “O que você quiser. O que foi?” Retorquiu Pedro (015).
-“ Nazário Landim está aqui no Crato. Na estação de trem.” Respondeu o padeiro.
Era início da madrugada do dia 28 de
julho de 1928. Pedro Maia, também conhecido por Pedro Aires dirigiu-se à
cidade de Juazeiro do Norte e foi ao encontro dos dois filhos homens de
Paulo Maia, Zezé e Odilon, e lhes falou:
“- O homem que matou seu pai está no Crato. Se querem vingar a morte dele a hora é essa.”
Em companhia dos jovens, Pedro se
dirigiu à estação ferroviária do Crato. Entregando um revólver à Zezé, o
mais velho, apontou o Nazário e disse:
-“É aquele o homem. Vá lá e mate-o!”.
Consta que Zezé titubeou. É verdade que teve medo de executar a tarefa. Vendo a indecisão do sobrinho, Pedro Maia falou ríspido:
- “Vejam como é que se mata um homem!”.
Secamente se dirigiu ao encontro de Nazário e para certificar-se que era ele mesmo, embora o conhecesse, indagou:
- “Com quem tenho o prazer de falar?”.
Pressentido o desfecho macabro daquele encontro, pálido e afásico respondeu:
-“Com Nazário, seu criado.”.
“- Eu sou irmão de Paulo Maia. Levante-se para morrer. Você nunca mais mata um irmão de um homem!”
Surpreso, Nazário não se levantou. Nisso,
Pedro Maia desfechou alguns tiros quase à queima roupa. Nazário caiu
emborcado na mesa do bar e exalou seu último suspiro.
Encerrava-se assim drasticamente uma
desavença costurada por tanto tempo. Durante 72 anos, vidas foram
ceifadas em nome de um tempo e costumes que queira Deus não se repitam
nunca mais.
NOTAS
01 - Os dados sobre a descendência,
nascimento e morte de Paulo Maia encontra-se no artigo de Bruno de
Menezes “Uma Parcela da Família Menezes do Cariri”, revista
Itaytera nº. 5, página 177 - Crato-Ce. 1959.
02 – Irineu Pinheiro, Efemérides do Cariri pág.142. Imprensa Oficial do Ceará. Fortaleza 1963.
“1856, 8 de setembro – Eleições na matriz
do Crato para juiz de paz e membros da câmara municipal. Morreu o
eleitor José Gonçalves Landim, pelo Partido Liberal, baleado na
igreja pela força pública comandada pelo delegado local que era
conservador (...)”.
Joaryvar Macedo in O Império do
Bacamarte, pág.25. Edição UFC. Fortaleza 1992 afirma:
“Acontecimento sangrento, de bastante repercussão, se deu em 1856, aos
8 de setembro. Por ocasião de eleições de membros da câmara
municipal e juízes de paz, no recinto da Matriz de Nossa Senhora da
Penha, no Crato, a força pública promoveu violentíssimo ataque aos
eleitores, visando o Partido Liberal. Da agressão, comandada
pelo próprio delegado substituto em exercício, José Ferreira de
Menezes, resultaram na morte do tenente-coronel José Gonçalves Landim
e ferimentos em várias pessoas (...)”.
03 – Guilherme Chambly Studart (Barão de
Stuart) & Newton Jacques Studart – Dicionário Biobibliográfico
Cearense 2ª edição, pág.305/306. Tipografia Progresso 1980.
Aborda sobre a vida do deputado Aristides Ferreira de
Menezes.
04 – Guilherme Chambly Studart. O.Cpág. 306.
05- Amália Xavier de Oliveira – O Padre Cícero que eu conheci. Pág.133 Rio de janeiro 1969
“(...) o padre Cícero incentivou o povo de não mais pagar imposto ao Município de Crato, desta vez, sem complacência.”
06 – Idem, ibidem.
“Paulo Maia, ardoroso revolucionário,
conduzia à frente a bandeira verde-amarela, com os dizeres ‘VIVA A
NOSSA INDEPENDÊNCIA’”.
07 – Joaryvar Macedo. Temas Históricos Regionais. Nota na pág.47. Secretaria de Cultura e Desporto. Fortaleza 1986.
08 - Joaryvar Macedo. Império do Bacamarte pág.72. Edição UFC. Fortaleza-Ce 1992:
“Indivíduo de péssima conduta, o major
Nazário Landim fruíra, entretanto, da confiança do coronel
Antonio Luís, que o investiu nas funções de subdelegado de polícia
do importante município de Juazeiro.”
09- Antonio
Xavier de Oliveira, Beatos e Cangaceiros pág.17 Rio de Janeiro. O autor
deixa aberta a possibilidade do assassinato de Paulo Maia ter sido do
conhecimento de Dr.Floro ou do coronel Antonio Alves Pequeno, este
último, inimigo político de Aristides Ferreira de Menezes,
pai de Paulo. De pronto, o autor elimina a hipótese do envolvimento do
padre Cícero:
“(...) Em geral, no Sertão, os
cangaceiros só cometem um crime, quando teem as costas quentes,isto
é quando teem patrão forte e de cima na política. (...) (um coronel,
ou um doutor, nunca um padre)” (sic).
10 – Ralph Della Cava. Milagre em
Joaseiro pág. 151. Paz e Terra. Rio de Janeiro 1977, apud
inéditos de Aires de Menezes.
“(...) não se tornando inimigos do padre
Cícero”... ficaram afastados... Aristides Ferreira de
Menezes, o velho João da Rocha, Pedro Jacintho da Rocha, Cel.Coimbra,
Joaquim Inácio de Figueiredo. (...) (sic)
11 – Abelardo Montenegro. Fanáticos e
Cangaceiros pág.pág.268. Ed.Henrique ta Galeno. Fortaleza
1973. Apud entrevista do Sr. Antonio Botelho Filho, presente
que estava na hora da recomendação do governador.
12 – Abelardo Montenegro, o.c.pág.269. Informações prestadas ao autor pelo próprio Peregrino Montenegro.
13 – Abelardo Montenegro. O.c.ibidem.
14 – Joaryvar Macedo, Império do Bacamarte pág.119, esclarece onde o coronel Quinco Vasques se refugia da polícia:
(...) Quinco Vasques (...) se refugia sob
a proteção Joaquim Cirilo de Sá, o célebre padre Sá do antigo São
João do Rio do Peixe, hoje Antenor Navarro, Paraíba (...)”.
Por essa razão somos levados a
crer que Nazário Landim após o assassinato de Paulo Maia tenha se
refugiado em Antenor Navarro.
15 - Os detalhes da vingança
perpetrada por Pedro Aires nos foi transmitida por
Odilon Figueiredo,filho de Paulo Maia, presente na hora do assassinato.
É fidedigno e tem exatidão o diálogo, posto que do conhecimento de
todos e por uma testemunha do caso, o português Ângelo de Almeida
que narrou os acontecimentos a meu pai Antonio Adil da Nóbrega.
BIBLIOGRAFIA.
Della Cava, Ralph. Milagre em joaseiro. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976.
Macedo, Joaryvar. Temas históricos regionais. Fortaleza, Secretaria de Cultura e Desportos, 1986.
Macedo, Joaryvar. Império do bacamarte. Fortaleza, Universidade Federal do Ceará, 1990.
Montenegro, Abelardo. Fanáticos e cangaceiros. Fortaleza. Editora Henriqueta Galeno, 1973.
Revista Ytaytera, Crato. Instituto Cultural do Cariri, 1959.
Oliveira, Antonio X. Beatos e cangaceiros. Rio de Janeiro
Oliveira, Amália X. O padre Cícero que eu conheci. Rio de Janeiro, 1969.
Studart, Guilherme C. & Studart, Newton J. Fortaleza, Tipografia Progresso, 1980.
PAULO MAIA DE MENEZES
“Nunca mais você mata um irmão de um homem”
(Pedro Maia).
Por Fernando Maia da Nóbrega
1 - SÚMULA
Nome: Paulo Maia de Menezes
Filiação: Aristides Ferreira de Menezes
Ana Leopoldina Maia
Nascimento: 1879 - Crato-Ce (01)
Morte: 09 de junho de 1914 – Juazeiro do Norte-Ce
Causa Mortis: Assassinato
Motivo: Vingança
Acusados: Nazário Landim (mandante), Mané Chiquinha (executor).
2- ANTECEDENTES
A morte trágica de Paulo Maia, também
alcunhado de Paulo Aires, ocorrida em Juazeiro do Norte no ano de 1914,
teve como fonte motivadora um acontecimento havido muitos anos antes do
seu nascimento, na cidade do Crato em 1856 , e que se desdobrou ao longo
de 72 anos. Essa é a história de um tempo em que muitas vezes a herança
deixada era um rastro de sangue...
O século XIX caracterizou-se no Cariri
por profundas crises sociais e políticas, imprimindo uma marca de
violência que se alastrou, além dele, por três décadas da centúria
seguinte. De início, a “Revolução de 1817” frutificou sérias inimizades
entre os políticos e líderes cratenses, tendo alguns sido presos
enviados para calabouços na Bahia. Em seguida veio a “Revolução do
Equador” em 1824 onde muitos morreram entre eles Tristão de Alencar
Araripe, membro de importante família da região. A “Guerra do Pinto” em
1832 fez florescer antigas desavenças cujo desfecho foi, anos depois, a
execução do chefe Joaquim Pinto Madeira. Culminando com essas
conturbações sociais, surgiu a “Revolução de Juazeiro” em 1914.
E foi justamente em um desses
acontecimentos sociais tão em voga, que se gestou a futura morte de
Paulo Maia. No dia 08 de setembro de 1856, às três horas da tarde, se
processava, dentro da igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha, na
cidade do Crato, as eleições para as câmaras municipais e juiz de paz. O
clima emocional estava quente e pesado, posto que em Barbalha dias
antes ocorreram cenas de violência durante a apuração dos votos. No
Crato, duas facções do Partido Conservador disputavam com o Partido
Liberal os cargos disponíveis. Determinado momento, surgiu uma discórdia
entre os grupos rivais gerando uma briga generalizada entre os
participantes. Dr. Jaguaribe, presidente da eleição, pede a
interferência do corpo policial do município com o intuito de apaziguar
os querelantes. Com a chegada dos militares, sob o comando de José
Ferreira de Menezes os ânimos se exaltaram mais ainda havendo uma troca
de tiros de ambas as partes, vindo a falecer o coronel José Gonçalves
Landim. (02). O crime emocionou todo o Cariri a ponto do Vigário Geral
Forâneo Tomaz Pompeu de Sousa Brasil excomungar o Padre Manuel Joaquim
Aires do Nascimento, Pároco da Freguesia, bem como o delegado e dois
soldados. (03)
Com o passar dos anos, um dos filhos do
delegado José Ferreira de Menezes, de nome Aristides, tornou-se um dos
mais influentes políticos cratenses no final do século XIX, exercendo
vários cargos públicos de destaques, chegando a ocupar as funções de
promotor, deputado provincial pela região e candidato a senador da
república. (03) Ressalte-se que Aristides Ferreira de Menezes casara-se
com Ana Leopoldina Maia, filha do renomado Coronel Mainha, um dos
maiores políticos cratenses do século XIX. Partidário do prefeito local ,
Coronel Belém de Figueiredo, Aristides sofreu grande revés quando em
1904, Antonio Luiz Alves Pequeno tomou a prefeitura a “manu militari” e
passou a perseguir ferozmente seus adversários por meio da montagem de
uma violenta guarda municipal.
Investido na função de delegado e
comandante da Guarda Municipal do Crato, Nazário Landim cometeu toda
espécie de arbitrariedade possível. E em sendo neto do Coronel José
Gonçalves Landim, morto na igreja em 1856, ressuscitou a velha discórdia
entre as famílias. Certa feita, em meados de 1904, encontra-se numa
esquina com o velho e respeitável Coronel Aristides e o agride a socos,
pontapés, empurrões e lhe bate com a vareta da espingarda por várias
vezes. Segundo sua lógica, vingava assim a morte de seu avô numa pessoa
que à época tinha somente quatro anos.
Essa atitude inconseqüente viria a gerar
outra de igual teor. Paulo Maia, filho de Aristides, inconformado com a
agressão sofrida pelo seu genitor agiu rapidamente em represália: ao se
encontrar com o delegado aplicou-lhe violenta surra, prostrando-o
desfalecido por terra. Os cronistas narram que ao ser preso e
interrogado pelo juiz, houve o seguinte diálogo:
-"Moço, que parentesco tem com o delegado Nazário”? Perguntou o juiz.
- “Ele é meu avô!” Respondeu com firmeza Paulo Maia.
“Mas... seu avô?” Contesta o Juiz.
- “Se ele é de sua idade mais ou menos, talvez seja mais moço, como explicar isso”?
-"Se ele bateu em meu pai, se deu em meu pai, certamente que é pai dele; e sendo pai dele, é meu avô.” Foi a resposta (04).
3- A MORTE
É certo que após o desentendimento com
Nazário e cumprir prisão por mais de um ano, Paulo Maia foi residir em
Juazeiro. Além deste motivo outros contribuíram sua para ida: era primo
do Padre Cícero e sua mulher, Aurora Adélia, era parenta de José André
de Figueiredo, um dos líderes políticos da vila. Além do mais, cuidaria
das terras do sítio Muquém, naquele município, pertencentes a seu pai.
Pouco a pouco Paulo Maia foi-se inserindo na vida político-social de sua
nova terra.
Em 1910 Juazeiro já se consolidava como
um lugarejo em constante desenvolvimento graças à presença do Padre
Cícero Romão Batista e a repercussão dos milagres ocorridos em 1889. Com
uma população expressiva, sendo alvo de romarias freqüentes e de um
comercio se expandindo constantemente, a vila clamava pela sua
emancipação política. Objetivando chamar a atenção das autoridades,
Padre Cícero, Floro Bartolomeu, Padre Alencar Peixoto, Joaquim André e
tantos outros, pregaram a desobediência civil ao povo ao propor que
“(...) não se pagaria mais impostos ao Crato” (05) Tal movimento
culminou com uma passeata realizada no dia 07 de setembro de 1910, pelas
ruas de Juazeiro, em prol da independência da vila. À frente de todos,
Paulo Maia conduzia uma bandeira verde-amarela com os dizeres “Viva a
Independência!” (06).
Eis que em 1913 irrompe a chamada
“Sedição de Juazeiro” com o objetivo de depor o governador do estado,
Major Franco Rabelo. Para concretizar esse intento, Dr.Floro armou um
expressivo contingente de bandidos e cangaceiros, recrutando os mais
afamados pistoleiros de Pajeú das Flores, Paraíba, entre eles, Zé
Pinheiro, Senhorzinho, Antonio Godê, Mané Chiquinha, Côco Seco e
Quintino Feitosa. Para as funções de subdelegado foi nomeado o Major
Nazário Landim (07), “indivíduo de péssima conduta” (08).
Nos idos de 1913/14 imperou no nosso
Estado completa selvageria. No Cariri, principalmente, um número
incalculável de crimes foram praticados, com a conivência das
autoridades, sem nunca ter sido tomadas as providências legais cabíveis.
Após o término do movimento sedicioso de Juazeiro em março de 1914, a
cidade ficou totalmente lotada de facínoras remanescentes da guerra.
Bandidos de alta periculosidade, sem trabalho, perambulavam pelas ruas
bebendo, fazendo confusões, provocando brigas e matando pessoas.
Como a ociosidade é a mãe de todos os
vícios, Mané Chiquinha lembrou a Nazário Landim que seu desafeto, Paulo
Maia, andava impune na cidade. Não obstante as ponderações iniciais, o
subdelegado contrata o pistoleiro por 100 contos de réis e uma mula.
(09) Xavier de Oliveira insinua, nas entrelinhas, que um crime
envolvendo uma pessoa de prestígio como Paulo Maia tinha que haver o
consentimento do chefe, no caso, presumo eu, Dr.Floro Bartolomeu. (09).
Há alguma razão para se aceitar a tese, posto que tanto o Coronel
Aristides, pai de Paulo, quanto o cunhado Joaquim Inácio Figueiredo
faziam oposição ao Médico e ao Padre Cícero. (10)
Paulo Maia residia numa casa, hoje
demolida, localizada à Rua do Brejo, em frente à Matriz de Juazeiro. Na
noite de 09 de junho de 1914, enquanto conversava com o vizinho Doroteu
Sobreira, foi avisado por este que parecia haver alguém escondido no
matagal à frente da casa. Paulo Maia não levou à sério a observação do
amigo e continuou conversando alegremente. Mané Chiquinha, aproveitando a
escuridão da noite, escondido entre o pasto de bamburral, mirou a
carabina modelo 1908, dormiu na pontaria e disparou um certeiro tiro que
varou o peito da vítima indefesa.
4- VINGANÇA
Após o assassinato de Paulo Maia, Mané
Chiquinha enfronhou-se pela Serra do Araripe e vivia em lugar incerto e
não sabido. Porém, em decorrência da determinação do Governador do
Estado, Benjamim Barroso, em eliminar de vez o banditismo no Ceará,
convocou ao palácio o Coronel Medeiros e deu-lhe uma ordem seca: ”Você
vai ao Cariri e outras cidades do sertão. Não poupe bandidos. Execute-os
sumariamente.” (11). A mesma incumbência foi dada pelo Governador ao
Tenente Peregrino Montenegro quando o nomeou delegado de Campos Sales:
“Soube que é homem disposto. Liquide todo criminoso nato.” (12).
Seguindo as determinações recebidas, perseguindo a bandidos na Serra do
Araripe, o Tenente Peregrino executa sumariamente os cangaceiros Bimbão,
Caxeado, Pedro Paulo e Mané Chiquinha. (13).
Quanto ao autor intelectual, Nazário
Landim, este achou mais prudente se afastar da região e por muito tempo
não se soube de seu paradeiro. Há certa probabilidade que tenha se
refugiado na cidade de São João do Rio do Peixe, hoje Antenor Navarro,
na Paraíba, local onde seu primo e conselheiro Quinco Vasques fugindo de
uma briga em Lavras da Mangabeira, viveu sob a proteção do Padre
Joaquim Cirilo Sá. (14)
Após 72 anos dos fatos ocorridos na
Matriz de Nossa Senhora da Penha e 14 da morte de Paulo Maia, Nazário
Landim apareceu às caladas da noite, no Crato, com o intuito de pegar o
trem em rumo a Missão Velha onde viviam seus parentes. Enquanto
aguardava o passar das horas para o embarque, entrou em um quiosque, ao
lado da estação ferroviária, onde os passageiros tomavam
café,fumavam,conversavam, à espera da partida do trem. Nesse ínterim,
foi reconhecido por um padeiro que incontinentemente correu até a casa
de Pedro Maia, irmão de Paulo, bateu à porta e falou:
- “Seu Pedro, quanto o senhor paga pelas alvíssaras?”.
- “O que você quiser. O que foi?” Retorquiu Pedro (015).
-“ Nazário Landim está aqui no Crato. Na estação de trem.” Respondeu o padeiro.
Era início da madrugada do dia 28 de
julho de 1928. Pedro Maia, também conhecido por Pedro Aires dirigiu-se à
cidade de Juazeiro do Norte e foi ao encontro dos dois filhos homens de
Paulo Maia, Zezé e Odilon, e lhes falou:
“- O homem que matou seu pai está no Crato. Se querem vingar a morte dele a hora é essa.”
Em companhia dos jovens, Pedro se
dirigiu à estação ferroviária do Crato. Entregando um revólver à Zezé, o
mais velho, apontou o Nazário e disse:
-“É aquele o homem. Vá lá e mate-o!”.
Consta que Zezé titubeou. É verdade que teve medo de executar a tarefa. Vendo a indecisão do sobrinho, Pedro Maia falou ríspido:
- “Vejam como é que se mata um homem!”.
Secamente se dirigiu ao encontro de Nazário e para certificar-se que era ele mesmo, embora o conhecesse, indagou:
- “Com quem tenho o prazer de falar?”.
Pressentido o desfecho macabro daquele encontro, pálido e afásico respondeu:
-“Com Nazário, seu criado.”.
“- Eu sou irmão de Paulo Maia. Levante-se para morrer. Você nunca mais mata um irmão de um homem!”
Surpreso, Nazário não se levantou. Nisso,
Pedro Maia desfechou alguns tiros quase à queima roupa. Nazário caiu
emborcado na mesa do bar e exalou seu último suspiro.
Encerrava-se assim drasticamente uma
desavença costurada por tanto tempo. Durante 72 anos, vidas foram
ceifadas em nome de um tempo e costumes que queira Deus não se repitam
nunca mais.
NOTAS
01 - Os dados sobre a descendência,
nascimento e morte de Paulo Maia encontra-se no artigo de Bruno de
Menezes “Uma Parcela da Família Menezes do Cariri”, revista
Itaytera nº. 5, página 177 - Crato-Ce. 1959.
02 – Irineu Pinheiro, Efemérides do Cariri pág.142. Imprensa Oficial do Ceará. Fortaleza 1963.
“1856, 8 de setembro – Eleições na matriz
do Crato para juiz de paz e membros da câmara municipal. Morreu o
eleitor José Gonçalves Landim, pelo Partido Liberal, baleado na
igreja pela força pública comandada pelo delegado local que era
conservador (...)”.
Joaryvar Macedo in O Império do
Bacamarte, pág.25. Edição UFC. Fortaleza 1992 afirma:
“Acontecimento sangrento, de bastante repercussão, se deu em 1856, aos
8 de setembro. Por ocasião de eleições de membros da câmara
municipal e juízes de paz, no recinto da Matriz de Nossa Senhora da
Penha, no Crato, a força pública promoveu violentíssimo ataque aos
eleitores, visando o Partido Liberal. Da agressão, comandada
pelo próprio delegado substituto em exercício, José Ferreira de
Menezes, resultaram na morte do tenente-coronel José Gonçalves Landim
e ferimentos em várias pessoas (...)”.
03 – Guilherme Chambly Studart (Barão de
Stuart) & Newton Jacques Studart – Dicionário Biobibliográfico
Cearense 2ª edição, pág.305/306. Tipografia Progresso 1980.
Aborda sobre a vida do deputado Aristides Ferreira de
Menezes.
04 – Guilherme Chambly Studart. O.Cpág. 306.
05- Amália Xavier de Oliveira – O Padre Cícero que eu conheci. Pág.133 Rio de janeiro 1969
“(...) o padre Cícero incentivou o povo de não mais pagar imposto ao Município de Crato, desta vez, sem complacência.”
06 – Idem, ibidem.
“Paulo Maia, ardoroso revolucionário,
conduzia à frente a bandeira verde-amarela, com os dizeres ‘VIVA A
NOSSA INDEPENDÊNCIA’”.
07 – Joaryvar Macedo. Temas Históricos Regionais. Nota na pág.47. Secretaria de Cultura e Desporto. Fortaleza 1986.
08 - Joaryvar Macedo. Império do Bacamarte pág.72. Edição UFC. Fortaleza-Ce 1992:
“Indivíduo de péssima conduta, o major
Nazário Landim fruíra, entretanto, da confiança do coronel
Antonio Luís, que o investiu nas funções de subdelegado de polícia
do importante município de Juazeiro.”
09- Antonio
Xavier de Oliveira, Beatos e Cangaceiros pág.17 Rio de Janeiro. O autor
deixa aberta a possibilidade do assassinato de Paulo Maia ter sido do
conhecimento de Dr.Floro ou do coronel Antonio Alves Pequeno, este
último, inimigo político de Aristides Ferreira de Menezes,
pai de Paulo. De pronto, o autor elimina a hipótese do envolvimento do
padre Cícero:
“(...) Em geral, no Sertão, os
cangaceiros só cometem um crime, quando teem as costas quentes,isto
é quando teem patrão forte e de cima na política. (...) (um coronel,
ou um doutor, nunca um padre)” (sic).
10 – Ralph Della Cava. Milagre em
Joaseiro pág. 151. Paz e Terra. Rio de Janeiro 1977, apud
inéditos de Aires de Menezes.
“(...) não se tornando inimigos do padre
Cícero”... ficaram afastados... Aristides Ferreira de
Menezes, o velho João da Rocha, Pedro Jacintho da Rocha, Cel.Coimbra,
Joaquim Inácio de Figueiredo. (...) (sic)
11 – Abelardo Montenegro. Fanáticos e
Cangaceiros pág.pág.268. Ed.Henrique ta Galeno. Fortaleza
1973. Apud entrevista do Sr. Antonio Botelho Filho, presente
que estava na hora da recomendação do governador.
12 – Abelardo Montenegro, o.c.pág.269. Informações prestadas ao autor pelo próprio Peregrino Montenegro.
13 – Abelardo Montenegro. O.c.ibidem.
14 – Joaryvar Macedo, Império do Bacamarte pág.119, esclarece onde o coronel Quinco Vasques se refugia da polícia:
(...) Quinco Vasques (...) se refugia sob
a proteção Joaquim Cirilo de Sá, o célebre padre Sá do antigo São
João do Rio do Peixe, hoje Antenor Navarro, Paraíba (...)”.
Por essa razão somos levados a
crer que Nazário Landim após o assassinato de Paulo Maia tenha se
refugiado em Antenor Navarro.
15 - Os detalhes da vingança
perpetrada por Pedro Aires nos foi transmitida por
Odilon Figueiredo,filho de Paulo Maia, presente na hora do assassinato.
É fidedigno e tem exatidão o diálogo, posto que do conhecimento de
todos e por uma testemunha do caso, o português Ângelo de Almeida
que narrou os acontecimentos a meu pai Antonio Adil da Nóbrega.
BIBLIOGRAFIA.
Della Cava, Ralph. Milagre em joaseiro. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976.
Macedo, Joaryvar. Temas históricos regionais. Fortaleza, Secretaria de Cultura e Desportos, 1986.
Macedo, Joaryvar. Império do bacamarte. Fortaleza, Universidade Federal do Ceará, 1990.
Montenegro, Abelardo. Fanáticos e cangaceiros. Fortaleza. Editora Henriqueta Galeno, 1973.
Revista Ytaytera, Crato. Instituto Cultural do Cariri, 1959.
Oliveira, Antonio X. Beatos e cangaceiros. Rio de Janeiro
Oliveira, Amália X. O padre Cícero que eu conheci. Rio de Janeiro, 1969.
Studart, Guilherme C. & Studart, Newton J. Fortaleza, Tipografia Progresso, 1980.
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