por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 28 de dezembro de 2014

Quando Quando Quando

Música de Alberto Testa e letra de Tony Renis, "Quando Quando Quando", foi apresentada no famoso Festival de Santo Remo de 1962. O próprio Tony Renis a apresentou e gravou esta que foi o maior sucesso daquele ano na Itália.

Quando Quando Quando com Tony Renis

Esqueça a aparência. Mas as garotas como você, amava o mundo e o amor era paixão, se derretiam de emoção diante da tela dos cinemas ouvindo Pat Boone. E foi ele quem fez a versão para o o inglês de Quando Quando Quando com grande sucesso nos EUA.

Quando Quando Quando Pat Boone

No mesmo ano de sua apresentação em San Remo, Quando Quando Quando, teve uma versão Alemã cantada por Caterina Valente que também fez enorme sucesso no Alemanha.

Quando Quando Quando Caterina Valente

Quando Quando Quando teve uma versão em samba que é aqui cantada por Emílio Pericoli, aquele mesmo que encantou a moçada no dulcíssimo Al Di Lá. Escutem Quando Quando Quando ao ritmo de samba. 

Quando Quando Quando - Emilio Pericoli.

Esta é uma canção do tempo. Anos mais tarde na Austrália foi feita uma versão da música para o Vietnamita. Aqui a canção por dois cantores do Vietnã, em inglês e na fronteira entre a bossa nova e um pouco de jazz. E aqui a grande lição: a humanidade não é inimiga dela mesma. E nem o ser o humano é o lobo dele mesmo. Apenas temos disputa, e se nela as nossas almas se odeiam, também se encontram. Eis o Vietnã tão agredido, tão massacrado, há não muitos anos cantando em inglês. Como Cuba o fará e os EUA também o farão em Espanhol. 

Quando Quando Quando - Tuan Ngoc e Thai Thao

E existem outras versões pelo mundo, entre as quais uma com a cantora americana Connie Francis que fez muito sucesso no disco e no cinema também. Ela está no youtube 


O AMOR QUE NEGA A INTERPRETAÇÃO - José do Vale Pinheiro Feitosa

Os brasileiros tomaram conhecimento detalhado do assunto através do jornalista Fernando Morais que escreveu o livro “Os últimos soldados da Guerra Fria.” Foram onze agentes cubanos infiltrados nos EUA para, em Miami, vigiar os movimentos dos grupos anticastristas.

Em 1998, o FBI prendeu dez deles e um fugiu.

Dos dez restaram presos cinco, conhecidos como Lo Cinco. Eram Antonio Guerrero Rodríguez, nascido em Miami em 1958, engenheiro aeronáutico, poeta com 22 anos de prisão; Fernando González Llort, nascido em Havana 1963, graduado em relações internacionais com 18 anos de prisão; Ramón Labañino Salazar, nascido em Havana em 1963, economista sentenciado a 30 anos; René González Sehwerert, nascido em Chicago em 1956, piloto e instrutor de voo, sentenciado a 15 anos e o quinto é Gerardo Hernández Nordelo, nascido em Havana em 1965, graduado em relações internacionais, caricaturista e sentenciado a duas vezes a prisão perpetua e mais quinze anos.

É a Gerardo Hernández que o caso pertence. Originário de família cubana humilde, nasceu seis anos após o triunfo da revolução. Entre outras experiências em vida, participou, em 1989, de 54 missões de guerra durante a ajuda militar cubana a Angola.

Mas o caso começa agora. Em 1988, vindo de uma história da adolescência, Gerardo casa-se com Adriana Pérez O´Connor. Vai para a guerra. Retorna a Cuba como herói e logo a seguir é enviado em missão secreta a Miami onde trabalha em artes gráficas numa revista. Adriana ficou morando em Havana.

Em 1998 os cubanos são presos, entre eles, Gerardo e este recebe a pior sentença e fica incomunicável. Adriana Pérez se torna uma potência a denunciar a situação do marido e reivindicar sua libertação. Manifesta-se na televisão pelo mundo, vai falar com autoridades diplomáticas de muitas nações. Chega aos EUA, visita até mesmo a Casa Branca para tentar ver o marido.

Impossível até de um encontro através de portas de vidro. Adriana jamais conseguiu ver o marido. Dois dos cinco terminam suas sentenças, são soltos e retornam a Cuba. Não havia qualquer esperança para Gerardo que não fosse a solidão e perpétua cadeia. Mas Adriana é um personagem da liberdade.

Aí chegam estes últimos meses de 2014 (16 anos passados), Gerardo que fora preso com 33 anos, já tem 49 anos e Adriana que tinha 28 anos, tem 44 anos. Numa surpreende manobra, o Presidente Obama dos EUA abre negociação com Raul Castro e todos são libertados. De um lado e outro. Do outro lado, Gerardo Hernández Nordelo volta a pisar o solo de Havana.

E a sentir o calor do corpo abraçado de Adriana, seus beijos latinos, sua história de solidariedade e no limite das possibilidades. Cuba faz uma festa para o retorno dos prisioneiros. O grande Silvio Rodriguez canta com eles em praça pública. Adriana e Gerardo, o caso de amor, estão juntos na cena pública.

Uma pausa narrativa. O amor que é este senso de ter o outro no presente e no futuro é a constituição da reprodução dos tempos neste processo sorvedouro de aconteceres. Por isso o amor é a prova acabada da solidariedade histórica. Na fragilidade, a viga que sustenta, é a história dos dois.

Agora retornando. Eis que surge nas imagens de programas de televisão um casal amoroso, com o marido passando a mão sobre a barriga grávida de Adriana. Uma gravidez de mais de seis meses. E eles a espera do fruto deste amor.

Pronto. A trilha de interpretações e perplexidade se espalha. Quem é o verdadeiro pai do filho de Adriana? Gerardo, este afastado do corpo de Adriana até bem próximo do mês de dezembro, não poderia ser. Um caso de amor aceito como a decisão no limite da idade de Adriana? Aos 44 anos a reprodução lhe era cada vez mais impossível. Então Gerardo tinha um acordo tácito de dar sentido ao útero fértil da mulher?

Nada disto.

Tudo pertencia às negociações secretas entre Cuba e os EUA. Um senador americano, Patrick Leahy (do Comitê de Defesa) teria sido parte de uma ação de inseminação artificial com o sêmen de Gerardo. A implantação do embrião foi feita no Panamá às expensas do governo cubano.

Agora o filho de Adriana restabelece o elo na história.  

ESCOLHA A HISTÓRIA AO INVÉS DA FARSA - José do Vale Pinheiro Feitosa

Nilton Mariano tem levantando aqui no blog um ponto de vista político que é histórico. Tem substância conceitual e é válido para as análises do presente.

Não faz parte deste antepositivo grego “néo” que inunda um pensamento, igualmente histórico, mas com enormes perdas conceituais. A exemplo dos neoliberais e neoconservadores.

O liberalismo, por exemplo, mostrou-se, historicamente, um desastre social e humano e esteve na raiz de duas guerras mundiais. Além, é claro, de criar o império Americano que espertamente se aproveitou das destruições na Europa e na Ásia para criar suas bases.

Ou alguém imagina que enquanto a Inglaterra, a Alemanha, a Itália, a França e a União Soviética (Rússia), China e Japão, eram destruídos, os EUA não estivessem lançando mão de reservas estratégicas, mercados e domínio geopolítico?

Esta é a tragédia do liberalismo, que retornou com o antepositivo do novo, para ter como principal resultado (até agora) a maior concentração de renda jamais vista na história da humanidade. E concentração de renda neste nível é um desastre anunciado.

Concentração de capital nas mãos de poucos e organizado numa rede articulada, que se pretende lógica, de lógica não tem nada. Primeiro porque concentração é feita de capital já realizado. Este estoque não cria nada de novo apenas se marca posição de futuras gerações (os herdeiros estroinas) na fila do futuro. Segundo apaga as decisões democráticas e realça a arrogância destrutiva oligarca.

O componente conservador acrescido do antepositivo néo é um verdadeiro nonsense de ideias. Junta fragmentos de valores que não podem se sustentar porque o mundo todo se transforma e pouco se conserva. Se abraçam a uma religiosidade ou espiritualidade ritualística, formada por frases rígidas e geladas, e muito pouco de transcendência filosófica. A grande vantagem do cristianismo, até mesmo sobre a narrativa bíblica do velho testamento, foi o humanismo filosófico de sua bem aventurança.

A tradição histórica com a qual Nilton Mariano raciocina é válida porque consoante a realidade. A realidade da maioria e não das minorias. Faz parte de um projeto de Nação, quando os impérios e as nacionalidades estão atuantes como nunca. Não caiu no conto da sereia da inevitável sujeição globalizada e luta pela liberdade possível.


Nós que gostamos de ler. De comentar. Analisar. Temos muito a ganhar com as bases bem conceituadas da história.