por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 27 de fevereiro de 2011

A poetisa, a mística e a gata - por Leonardo Boff



fevereiro 27, 2011


A Igreja Católica italiana apresenta em sua história uma contradição fecunda. Por um lado há a presença forte do Vaticano, representando a Igreja oficial com sua massa de fiéis mantidos sob vigilante controle social pelas doutrinas e especialmente pela moral familiar e sexual. Por outro, há a presença de cristãos leigos e leigas não alinhados, resistentes ao poder monárquico e implacável da burocracia da Cúria romana mas abertos ao evangelho e aos valores cristãos sem romper com o Papado embora críticos de suas práticas e do apoio que dá a regimes conservadores e até autoritários.

Assim temos a figura de Antônio Rosmini no século XIX, fino filósofo e crítico do antimodernismo dos Papas. Modernamente identificamos figuras como Mazzolari, Raniero La Valle, Arturo Paoli, a eremita Maria Campello. Entre todos destaca-se Adriana Zarri, eremita, teóloga, poetisa e exímia escritora. Além de vários livros, escrevia semanalmente no diário Il Manifesto e quinzenalmente na revista de cultura Rocca.

Era duríssima contra o atual curso da Igreja sob os Papas Wojtyla e Ratzinger a quem acusava diretamente de trair os intentos de reforma provados pelo Concílio Vaticano II (1962-1965) e voltar a um modelo medieval de exercício de poder e de presença da Igreja na sociedade. Veio a falecer no dia 18 de novembro de 2010 com mais de 90 anos.

Visitei-a por algumas vezes em seu eremitério perto de Strambino no norte da Itália. Vivia só num enorme e vetusto casarão, cheio de rosas e com sua gata de estimação Arcibalda. Tinha uma capela com o Santíssimo exposto para onde se recolhia várias horas por dia em oração e profunda meditação.

Na conversa com ela, queria saber tudo das comunidades eclesiais de base, do engajamento da Igreja na causa dos pobres, dos negros e dos indígenas. Tinha um carinho especial pelos teólogos da libertação por causa da perseguição que sofriam por parte das autoridades do Vaticano que os tratavam, segundo ela, “a bastonadas” enquanto usavam luvas de pelica aos seguidores do cismático Mons. Lefebvre.

Seu último artigo, publicado três dias antes de sua morte, dedicou-o à gatinha de estimação Arcibalda. Com ela, como pude testemunhar pessoalmente, possuía uma relação afetuosa como de íntimos amigos. Aquilo que a nossa grande psicanalista junguiana Nise da Silveira descreveu em seu livro Gatos, a emoção de lidar o confirmou Zarri: ”o gato tem a capacidade de captar o nosso estado de alma; se me vê chorando, logo vem lamber minhas lágrimas”. Contam que a gata esteve junto dela enquanto expirava. Ao ver os amigos chegarem para o velório, se enrolava, nervosa, na cortina da sala. Como se soubesse a hora, discretamente, pouco antes de fecharem o féretro, entrou discretamente na capela.

Alguém, sabendo do amor da gatinha por Adriana Zarri, pegou-a no colo e a aproximou ao rosto da defunta. Fixou-a longamente e parecia que lacrimejava. Depois colocou-se debaixo do féretro e aí permaneceu em absoluta quietude.

Isso me reporta à nossa gata, a Branquinha. Parece uma menina frágil e elegante. Apegou-se de tal maneira à minha companheira Márcia que sempre a acompanha e dorme a seus pés, especialmente, quando passa por algum aborrecimento. Ela capta seu estado de alma e procura consolá-la roçando-se nela e miando suavemente.

Adriana Zarri deixou uma epígrafe que vale a pena ser reproduzida: ”Não me vistam de preto: é triste e fúnebre. Nem me vistam de branco porque é soberbo e retórico. Vistam-me de flores amarelas e vermelhas e com asas de passarinho. E Tu, Senhor, olhe minhas mãos. Talvez tenham colocado um rosário, talvez uma cruz. Mas se enganaram. Nas mãos tenho folhas verdes e sobre a cruz, a tua ressurreição. E sobre minha tumba não coloquem mármore frio com as costumeiras mentiras para consolar os vivos. Deixem que a terra escreva, na primavera, uma epígrafe de ervas. Ali se dirá que vivi e que espero. Então, Senhor, tu escreverás o teu nome e o meu, unidos como duas pétalas de papoulas”.

A escritora e a mística dos olhos abertos, Adriana Zarri, nos mostrou como viver e morrer bela e docemente.

" Nosso Amor e a Arte "

"O Beijo" - Escultura em mármore de Auguste RODIN (1840-1917), Musée Rodin – Paris

"Nosso Amor e a Arte"
***
Tu - Da Vinci
Eu - " Gioconda" toda tua.
Eterna "Mona Lisa",
"Esfinge"
de sorriso enigmático.
***
Tu - Monet
Eu - " Impressões".
Lençóis perfumados
"Fleur de Rocaille"
"L 'Amour est Bleu"
"La Vie en Rose".
***
Tu - "Pigmaleão"
Eu - "Galatéia"
Esculpiste a minha alma
alisaste os meus contornos,
e criaste as formas mais perfeitas.
***
Tu - "Orfeu"
Eu - "Eurídice".
Com a lira mais sonora
meus sentidos adormecias.
- Mágico acalanto.
***
Tu - "Quixote"
Eu - "Dulcinéia"
Juntos cavalgamos
nos lençóis - "La Mancha".
Lança em punho,
cavaleiro destemido.
***
Tu - "Nureyev"
Eu - " Giselle"
No palco da nossa cama
na mais bela coreografia,
um sensual "pas-de-deux".
***
Tu - "Dante"
Eu - "Beatriz"
Me conduziste ao Céu e ao Purgatório,
até descermos ao Inferno das paixões,
onde a nossa "Comédia" deixou de ser "Divina".
***
Tu - "Boccacio"
Eu - Religiosa sem pudor ...
Nas linhas do meu corpo,
tanta história...
e um "Decameron" só nosso.
***
Tu - "Debussy"
Eu - Variações do " Clair de Lune"
Nas teclas do meu corpo,
Muitas "Claves",
"Bemóis" ... "Sustenidos".
"Pausas" ... "Staccatos"...
"Pizzicatos"...
"Pausas..."
"Ritornellos"...
***
Tu - "Rodin"
Eu -"Camille"
Amor... Paixão...
Loucura.
Nossos corpos entrelaçados
E nossos beijos eternizados
No frio e leitoso branco dos lençóis.
***
Tantos talentos!
Tantas criações !
***
Eu e Tu
Tu e Eu
Tanta inspiração !
E uma só Obra de Arte:
"O Nosso amor"
***
( Corujinha Baiana - 13 de dezembro de 2009 )

UMA VISITA AO POETA ASCENSO FERREIRA

















Filosofia
Ascenso Ferreira


Hora de comer — comer!

Hora de dormir — dormir!

Hora de vadiar — vadiar!


Hora de trabalhar?

— Pernas pro ar que ninguém é de ferro!

Com a palavra Monyerviny


Monyerveny é uma dessas meninas que escreve, como diz o poeta Chacal que coloca os seus bichos para fora. Após várias tentativas e inúmeros pedidos a jovem Mony, se assim ela permite, tira do seu baú de pandora, as suas escrituras que tem a marca das suas descobertas e dos seus conflitos.

Descobri Mony pelos corredores do EEFM Polivalente do Crato e desde então vinha insistindo para conhecer o seu trabalho com as palavras, insistência que valeu a pena. Uma perseguição do bem, na crença de que a menina de poucas palavras poderia jorrar poesias.

A cada instante quero descobrir e publicar os brincantes e guerreiros das palavras que estão no anonimato. Monyerveny foi uma das primeiras. Se a arma do poeta é a palavra, então Mony não tem outro jeito, agora arma-se.

As angústias do tempo

Tento explicar o que não entendo,

o que não sei dizer,

o que já pude sonhar,

o que já pude viver.

Tento construir meu futuro

com meu simples olhar

por que não sei o que querer

não sei o que pensar.

Sei a dificuldade que sinto,

sei onde eu quero chegar

mas cada lágrima que sai do meu peito

me faz ter medo,

me faz te amar.

Sinto meu coração doer,

mas não consigo entender

porquê me pus a sonhar.

Amar

Amar é uma aventura

amar é um desespero

e não há censura.

O que resta de mim agora

é sonhar ao travesseiro

O que acontece com o sentimento

que aparece de repente?

Que nos faz amar,

que nos faz querer,

que nos faz apoiar

o amor fortemente.

Sigo entre as linhas,

esse amor tão singelo

que me acalma na vida

e que é tão sincero

pois te amo sem te ver

você é tudo que eu quero.

O que resta dessa paixão doentia?

Dessa nossa nova emoção?

Desse amor tão perigoso

que maltrata meu coração.

O que resta desse amor,

é só dor,é só dor.

Chance

Quando quiser partir,vá sem chorar

a escolha é sua,vá sem chorar

já disse para ficar,

mas você não quis escutar.

Será que uma chance

vai rolar entre nós dois?

ao menos um beijo

não se deixa para depois.

Palavras não dizem o que você é para mim

se há uma chance

não me deixe triste assim.

Será que nosso amor vai continuar?

Ou se essa chance nunca vai rolar?

Já disse para ficar

mas você não quis escutar.

Te esquecer

Às vezes,quando penso em te deixar

me sinto só,tentando entender o significado do amor.

Mas me iludo,não sei como evitar

de maneira alguma como não te amar

por que nosso amor tem que acontecer

e eu chorei tentando te esquecer

Alguma vez por amor eu aprendi a confiar

Me apaixonei por você sem perceber

Você me enfeitiçou como em um toque de amor

E desde então,sofro com o adeus.

Onde algum dia pude acreditar?

Como um lugar mágico de amor

Não sei como enviar uma carta escrita para te amar

por que nosso amor tem que acontecer

e eu chorei tentando te esquecer.

Foi embora

As estrelas que eu olho no céu

são tão lindas que não pude evitar

com o olhar você despertou em mim

cada lágrima que pude chorar.

Onde está meu amor que não liga

se não está mais no meu pensamento.

Se não concorda por favor me diga

Por favor meu amor.

Foi embora,

não sei por que me desprezou

de porta a fora,

sem saber o que era amor

Naquela hora,

a solidão que me pegou

Você não quis mais saber

não quis mais saber de mim

Paixão sem fim

Esse olhar que me atrai

mora dentro de mim.

Não tenho como explicar

a paixão nunca teve fim

Sempre quando te vejo

me sinto nas nuvens

com o gosto do teu beijo

me sinto apaixonada,louca,alucinada

querendo então te ver

que desperta em mim um sonho

meu amor eu te proponho

para sempre me querer

Meu mundo é teu

teu mundo é meu

e assim ficamos

pois nos amamos

sinto,mas essa garota te perdeu.

stand by- socorro moreira



Viajo no sonho...

Rio dos meus endereços!

Ressonam teus sinais...

stand by!

Um encontro é lenda

mas se faz carente quando a noite é paz!

Amoreira-por socorro moreira


silenciei o mar, na concha do amar
Reguei folhas mortas, já amareladas
Descobri o verde , numa fruta nova

Miro a noite, miro a vida
Vivo a sorte, conto os dias
No meu hoje você vai voltar

Ainda sinto o coração tremer
Se te acho no mundo...
A tatuagem do amor
É invisível no escuro.

Frases soltas...

"...Quero o sonho, em cada noite do meu dia. Neles encontro pessoas intangíveis, como doces; executo tarefas, que a realidade limita. Nos sonhos a gente tudo pode... Pena, que a gente acorde..."

***

"...Não quero me emocionar com personagens da ficção. Quero um nome, um apelido pra minha ilusão.O importante é que esse amor não implique em desencanto. A gente constrói o sonho."

Socorro moreira

Chiquinha Gonzaga


Francisca Edwiges Neves Gonzaga, mais conhecida como Chiquinha Gonzaga (Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1847 — 28 de fevereiro de 1935) foi uma compositora, pianista e regente brasileira.

Foi a primeira chorona, primeira pianista de choro, autora da primeira marcha carnavalesca (Ô Abre Alas, 1899) e também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. No Passeio Público do Rio de Janeiro, há uma herma em sua homenagem, obra do escultor Honório Peçanha.

Wikipédia

O Filme da vida- Por Socorro Moreira



Eu torcia muito pelos amores, no mundo do cinema.No mundo que me cercava os casamentos eram para sempre, e o amor inevitável... Triste ou feliz!
Em todos os tempos a vida coloria o nosso dia a dia.
Música, Cinema, Leitura (fosse ou não sub-literatura), viagens para as capitais (ver o mar, e assistir um filme no S.Luiz era um premio!), voltear na Siqueira Campos aos domingos, arriscar uma fugida nas tertúlias e dançar uma música; os passeios da escola...Um dia tomando sol, banho de piscina era o máximo!
As festas litúrgicas com parques e quermesses, as quadrilhas de S.João, os blocos nos carnavais...Entrar no corso, num jipe sem capota era demais!
Mas o melhor desse tempo era passar férias numa cidade pequena, em relação ao Crato.A gente era paquerada pelos meninos mais interessantes. Danado era você escolher, não entregar seu coração, e ficar fiel durante todo tempo àquela ilusão. Hoje sei que era ilusão...Mas eu me sentia tão apaixonada, e chorava tanto, quando as férias terminavam...!
E dessas partidas, vivi minhas primeiras dores de amor. Depois entendi que elas representavam apenas arranhões no coração. As grandes feridas ficaram pra depois... Hoje, cicatrizes, imperceptíveis! .

O amor na maturidade tem tantas caras:
a cara dos netos, dos filhos, dos amigos...
a cara dos encantos sem paixão
a cara da serenidade do coração
Queria que o meu coração
Pulasse do peito outra vez
Só pra ver a confusão...Mas não!
Ele fica quietinho, querendo alimentos leves, e com pouco sal. Ele faz caminhadas, pra aguentar a vida e as suas saudades... Ou verdades?
Em qualquer estação, ainda é possível viver a ilusão. Às vezes ela bate na porta, outra aparece num e-mail, nos sentimos tocados com cenas amorosas de filmes e novelas.
Não quero me emocionar com personagens da ficção.Quero um nome, um apelido pra minha ilusão.O importante é que esse amor não implique em desencanto. A gente constrói o sonho.

Uma vez escutei de um amigo, que tem talentos múltiplos:
"Quero ser poeta. Poeta não envelhece!”.
Pode adoecer, ficar barrigudo, e ser o maior coração do mundo.
Naquela hora, entendi superficialmente. Um dançarino se ficar fora de forma, o corpo já não acompanhará os seus movimentos. Poeta não pára de se depurar. Aliás, a poesia só deixa o poeta, se o poeta dispensá-la.
Então descobri que eu gostaria de ser a poesia.
Mas esqueci, o quanto é difícil ser poesia. Em frações de segundos, a varinha de condão corta o encanto. A poesia é fugaz...Constante é a prosa.
Acho que prefiro ser a prosa. Uma prosa ora romântica, ora realista. Ora machucada, ora livre. A vida é prosa, com passagens poéticas, que ficam impressas, no álbum das memórias. Chamo esse álbum poético de oásis. A prosa é um deserto repleto de oásis, com espaços em claro para novas construções. Primeiro a gente mira, imagina... Depois a gente chega perto, toma água na fonte, e adormece, numa sombra pródiga, e sonha, e sonha, e sonha!
Quero o sonho, em cada noite do meu dia.
Neles encontro pessoas intangíveis, como doces; executo tarefas, que a realidade limita. Nos sonhos a gente tudo pode... Pena, que a gente acorde...
Morrer é não acordar de um sonho? Meu pai achava que sim.
É bom pensar que o mundo onírico, um dia, fatalmente tornar-se-á realidade eterna.
A morte pode ser um sono eterno sem sonhos... Aí seria terrível, se a gente sofresse por consciência. Mas não... A morte é o fim do sofrimento, ou a vida de sonhos sem fim!

Sonho e realidade- Socorro Moreira




Já não tenho sonhos
Tenho compromissos.
Os sonhos são passeios nas madrugadas
quando uma realidade paralela
parece mostrar o outro lado da vida.
Nos sonhos a matéria não pesa
Podemos  chegar junto
de quem está  distante

No mundo onírico 
os vivos e os mortos se misturam
Os desejos reprimidos
criam asas
ousam uma aproximação noturna
Dormir pra sonhar
Viver pra esperar
que os sonhos aconteçam 
numa realidade sempre viva !

Acabo de chegar de uma casa iluminada pela presença da minha mãe. Ela já não faz perguntas, não censura, não questiona. Sua luz é sua nova escola. Todos arrodeados, em sua volta . Ela escuta com a serenidade de quem já passou por tudo, e está pronta para um tempo que virá... Em breve, ou não sei quando.

O Nosso computador de cada dia...

Vivemos na era da informatização (o nosso computador de cada dia). Aperta-se um botão e pronto; encontramos o que queremos. Tudo se torna mais fácil com um computador nas mãos. Com ele, temos condições de obter informações diversas e de nos comunicar de forma prática e eficiente.
É realmente incrível! Mas o que é bom, também tem o seu lado negro quando usado de forma nociva e cruel. E falo das muitas coisas que a gente encontra em sites, ou recebe diariamente. Sejam emails que tentam denegrir pessoas (como um email que recebi), vírus que chegam disfarçados em forma de mensagens, ou ao desrespeito aos direitos autorais.
Recuso-me a repassar determinados emails quando desconheço a veracidade dos fatos. Recuso-me por não ter nenhum direito de prejulgar alguém, e, principalmente, quando a pessoa acusada não pode se defender; e cá entre nós, muitas vezes são "estórias" estapafúrdias. Não dá pra digerir.
Veja bem, é fácil, prático e simples usar a Internet como um meio de atingir, acusar, e denegrir uma pessoa. Monta-se uma estória, e a faz passar e repassar através dos contatos, de onde estes consequentemente fazem o mesmo. É a força da internet, é o poder! Só que de uma forma irresponsável. As pessoas muitas vezes não se detêm ao assunto e ingenuamente as encaminham automaticamente pelo simples fato de apenas passar adiante o que ali se encontra na sua caixa postal. Um alívio! Só que, ao encaminhar determinadas mensagens, não sabem que estarão também, contribuindo na acusação e maculando o nome de uma pessoa apenas por não deletar, ou por não buscar a verdade. Faz-se um julgamento prévio. Ouve-se, passa-se adiante. Lêem, e encaminham num simples clique, pois não são nossos irmãos, pais, ou mesmo amigos.
É lastimável que existam pessoas (esses indivíduos de mentes cruéis) capazes de praticar tal ato. Sentam em suas cadeiras, e de forma velada usam de meios escusos para apontar e manchar o nome de quem se deseja, sem que com isso, recorra nenhum ônus sobre si. Lamentável! Portanto, quando vocês receberam esse tipo de email, investiguem para só então repassar adiante.
Pesquisem... Não se perde por procurar fazer a coisa certa. É apenas um alerta, é apenas uma forma de frear notícias inconvenientes e inverídicas.
Desconfiem mais e fiquem mais atentos.

Mara

Águas de Maio - Por João Nicodemos de Araújo Neto


Águas de maio chegando em meus olhos
São águas que um rio me quer navegar
Águas de maio lavando as correntes
São águas de um rio sonhando com o mar

Águas serenas brotando da fonte
Num leito de pedras que vem renovar
São águas que lavam que levam lembranças
Em águas tranqüilas quero navegar

São águas de chuvas, são gotas de orvalho
Vertidas no tempo de tudo molhar
São águas que seguem, são águas que passam
Correndo da serra seguindo pro mar

Águas que banham que sonham sementes
Brotando nos campos, encantos de amar
São águas que cantam serenas, tranqüilas
Movendo montanhas pra outro lugar


Água clara, água fina. Água ensina a navegar
Água cura pura água. Água e Luz a clarear.


João Nicodemos

Poemas - Por Stela Siebra Brito - TEREZINHA DE JESUS NÃO CAIU, NÃO FOI AO CHÃO



Primeiro amor:

Andávamos de mãos dadas

e não nos dizíamos (ou sabíamos)

namorados

os lábios roçavam-se fugidios

tenros

assustados

com a delícia da carícia

com a leveza fugaz

insustentável

oscilante

do amor adolescente,

do amor nascente.



Segundo amor:

Meio dia de luz e calor

teu olhar se adulçorou sobre o meu

lambuzando-me de ternura e frescor.



Noite clara e fria

teu olhar se derramou sobre o meu

como árvore debruçada no rio,

beijando as águas do meu rosto

banhado de chuva e lua.



Terceiro amor:

Subia pela varanda

sem que eu jogasse meus cabelos de Rapunzel.

Dizia amar-me, mas Vênus me piscava um olho, descrente, irônica.

O obstáculo intransponível não era a torre,

era o encantamento feito pela bruxa que morava dentro de mim:

meus olhos só brilhariam com poesia.

E ele era tão somente um príncipe,

desprovido de graça poética,

da loucura e lucidez dos que amam

estrelas,

madrugadas, trovões

e a solidão das palavras.

Rapunzel ainda está na torre,

mas, cadê o poeta?


Stela Siebra Brito

Rapidinhas - Por João Nicodemos




Sabe que não conheço verso bom com mais de 11 sílabas...

e poemas muito longos me entediam

Sinto que seja preciso manter uma tensão

interna no poema para que

ao final, cheguemos a um extase poético-linguístico

(temo que tremas de saudade dos tremas)

em termos de poemas

gosto das "rapidinhas"
assim como
"passarão...
passarinhas "

João Nicodemos

Luiz Gonzaga - Por Joaquim Pinheiro



Tive a sorte de conhecer pessoalmente Luiz Gonzaga e, mais ainda, a satisfação de ser por ele incluído no rol dos seus amigos. Apesar da fama, o Rei do Baião era pessoa humilde. Só me tratava por “Dr. Joaquim”. Uma das suas virtudes pessoais era a gratidão. Não esquecia quem o ajudou. Enaltecia personalidades que agiram em seu favor ou de sua família. Tinha uma simpatia enorme por Dr. Humberto Macário por conta da dedicação dele no tratamento de uma doença no velho Januário, ainda nos anos 60.
Os primeiros contatos com o Rei foi no tempo em que trabalhei no Banco do Estado de Pernambuco (1987/90). O atendi em várias ocasiões, atendimento absolutamente normal, dentro dos padrões bancários.
Uma ocasião, durante um show no Clube do Bandepe, em maio de 1989, o antepenúltimo da sua vida, Gonzagão me avistou na platéia e me “intimou” a subir ao palco. Tenho fotos e filmes deste dia.
Há exatos 20 anos, atendi ligação de Humberto Mendonça, então Presidente da Associação Comercial do Crato, e, por conta dela, passei boa parte da manhã do dia do falecimento de Luiz Gonzaga com os organizadores das cerimônias funerais dele, tendo, inclusive, um diálogo bastante difícil com Gonzaguinha.
Humberto Mendonça em seu livro e em artigo publicado no Diário do Nordeste de 18.02.2002 relata o fato com as palavras a seguir:
“... quero lembrar um detalhe do que aconteceu por ocasião da sua morte, em Recife. Foi criada uma polêmica que envolveu até o seu filho Gonzaguinha, que decretara que o cortejo com os restos mortais passaria somente em Juazeiro, a caminho do Exu, excluindo a cidade do Crato, que ele tanto amou. Foi preciso que eu entrasse em contato com o governador do Pernambuco, Miguel Arraes, através do seu sobrinho Joaquim Arraes Pinheiro, que, incontinenti, autorizou a Casa Militar do seu governo a agilizar e incluir o Crato no roteiro de despedida, rumo ao seu Exu e à eternidade...”

Joaquim Pinheiro

Na beira do Apa- Por Socorro Moreira




Na beira do Apa
tinha uma casa rosada
Aonde Marina morava
Bonita , sem batom !

Na beira do Apa
tinha um pé de manacá
debaixo dele eu fiava
amava e olhava as águas
no turvo turco de um olhar

Na beira do Apa
a vista era de amizade
uma ponte separava
O Brasil do Paraguia

Na beira do Apa
uma guarânia ou o Floyd
no bar Getúlio tocava
A Baby de Bela Vista
fazia doce de abóbora
com ela e os seus filhotes
comia sempre uns pedaços .

Na beira do Apa
o sol, o céu , estrelas e luas
Não tinham nação, nem noção
Da saudade que eu sentia
do meu antigo torrão.

Um amigo cantava "Marinalva"
Tocava "Merceditas"
florzinha singela
lembra bem aquela época
onde o tempo era harpa !

* musicalizado por Calazans Callou

lembrando Abidoral Jamacaru !




Estrelas riscantes
Abidoral Jamacaru / Flávio Paiva

Pensando bem
Bom motivo ninguém tinha
Pra ficar a me esperar
E quem vem da poeira, amarga a soleira
Querendo escapar
E na fuga insensata saíram de mim
Olhares perdidos
No agito das ruas sinistra miragem
Com isca de cores do filme já visto

Estampa o cartaz
Não vira ainda Jornada nas Estrelas
Nem dava notícias dos efeitos Paramount

No cinema mudo, na lente aguçada
De Câmara Cascudo fui ator, fui atriz
Brincante feliz

E imerso no céu de estrelas riscantes
Que não se foi, é bumba-boi, zabumba-boi
É bumda-boi, zabumba-boi, é bumba-boi
Zabumba-boi, é bumba-boi

Estranha é a guerra em nome da paz
Porque tantos ismos e maniqueísmos
Meu coração tem a sã vocação de viver, de viver

Nem que eu viva aqui dez anos...



Jornal O POVO – Vida & Arte, 14/05/1998

Abidoral Jamacaru volta ao disco com o CD O Peixe

O cantor e compositor cratense lança seu primeiro CD, O Peixe, em coquetel para convidados. Abidoral retorna ao disco onze anos depois do LP Avalon, um dos marcos da produção musical cearense na década de 80

Para quem ainda não conhece, uma breve apresentação se faz necessária: Abidoral Jamacaru é um cantor e compositor natural do Crato com mais de 20 anos de carreira; lançou seu primeiro disco há 11 anos com o título Avalon , apontado pelos críticos como um dos principais trabalhos da música popular cearense daquela década pouco produtiva; no dito LP está rgistrada a primeira gravação da cantiga “Flor do Mamulengo” (Luis Fidélis), grande sucesso alternativo. Abidoral volta ao disco com o CD O Peixe , que tem coquetel de lançamento hoje na holding do Grupo J. Macedo, cuja a marca Hidracor patrocinou a produção do disco através da Lei Jereissati.

Apesar da distância temporal, O Peixe se apresenta como uma seqüência natural de Avalon . “É claro que meu trabalho sofreu modificações com o tempo. Há mais informações hoje. Mas os sentimentos continuam os mesmos”, reflete o próprio Abidoral. No disco, se pode conferir todas as características mais marcantes do seu trabalho, que mescla as influências da musicalidade folclórica do Cariri com informações da cultura de massas veiculadas pela mídia, como o próprio artista faz questão de enfatizar. Esta pluralidade pode ser conferida ao se ouvir n' O Peixe um côco (“Canto do Côco pra Azuleika e Asa Branca”) e um blues (“Vá com o Sol, o Vento, A Luz e Os Anos”), lado a lado — só para citar como exemplo. A arte da capa do CD traz a assinatura de Sérvulo Esmeraldo. As gravações aconteceram entre julho e setembro de 1997 no estúdio Planeta e mixado no Pró-Áudio.

Dono de produção extensa, grande parte das faixas gravadas por Abidoral já integram seu repertório de shows há um bom tempo. É claro que, para o disco, as músicas ganharam arranjos assinados por músicos como Lifanco, Herlon Robson, Melquíades e do próprio cantor. Além das músicas próprias, ele ainda gravou composições do irmão, Pachelly Jamacaru, e mais Célia Regina, Luis Carlos Salatiel e Geraldo Urano. Também regravou “Consolança” (Eugênio Leandro / Oswald Barroso). “Sempre quis gravar esta música que gosto muito. Outras pessoas já gravaram mas eu queria dar minha versão”.

Abidoral estréia ainda novos parceiros como Flávio Paiva (“Estrelas Riscantes”), Tiago Araripe (“Oxum”) e o poeta Patativa do Assaré (na faixa título “O Peixe”). “Sempre tenho muito cuidado com parcerias, porque é uma coisa de interferir no trabalho do outro”, explica. Por estes receios, o compositor há anos alimentava a vontade de musicar versos de Patativa do Assaré até achar nos versos curtos e incisivos de “O Peixe”, com um pé de poesia matuta, rural, e outro no urbano — característica comum no seu trabalho. “Ele sabe da parceira mas ainda não ouviu. Não tive oportunidade de mostra pra ele”, revela.


HaiKai fora

Aos vinte e três
tudo aflora
até a catapora.



Ludmilla Lacerda


*HaiKai inspirado em fatos reais da autora.

Refúgio

Refúgio

Se teu sorriso fito
Noite embora seja
Descubro o dia
Luz do infinito
Sinto que um ardor
Me bate
O sol me beija
E em ti sobra
O que em mim limito
Sinto na pele
O hálito da manhã
Olhos que brilham
Peles em terçã
Teu corpo-porto
Faz minha chegada
Teus braços guardam
Minha proteção
A paz que tenho
Vem da tua mão.

Josenir Lacerda

A POESIA DE JOSÉ AUGUSTO SIEBRA














HINO AO CARIRI

No Cariri tudo é belo
Tudo é galas e primores
É belo no sítio ameno
Ver-se flores multicores.

É belo o cantar das águas
Que vem de encontro à pedreira
A brisa a gemer nas folhas
Da majestosa mangueira.

Soluça a patativa
Na folha da bananeira
A juriti tão saudosa
Chamando a companheira.

Vê-se a beleza que tem
Os grandes canaviais
O canto dos passarinhos
Na fronde dos laranjais.

Ouve-se o rumor nas folhas
Do coqueiro pelo vento
Fitar os círios eternos
Que habitam no firmamento.

Que primavera meu Deus
Desponta no mês de abril
Maio, um altar a Maria
Coberto de flores mil.

Eu como sou filho desta
Terra cheia de delícias,
Quero viver no seu seio
Gozando suas carícias.



(A foto acima foi pesquisada no Google.)

A flor do desejo.. Pachelly Jamacaru

"A flor do desejo do Maracujá,
eutambém quero beijar"! Pepeu Gomes

"A flor do desejo do Maracujá,
eu também quero clicar"! Em paródia.