por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 20 de março de 2011

Nota!

O Dia Mundial da Poesia celebra-se a 21 de março, foi criado na XXX Conferência Geral da UNESCO em 16 de Novembro de 1999. O propósito deste dia é promover a leitura, escrita, publicação e ensino da poesia através do mundo.

Visualizações "No Azul Sonhado" - Período 12.01 a 20.03

Brasil
18.535

Estados Unidos
530

Portugal
218

Dinamarca
31

Irã
16

Alemanha
15

Rússia
13

Indonésia
10

Japão
8

França
7

"No Azul Sonhado"- Coletânea em Prosa e Verso

Concluímos a primeira revisão.
Sequência operacional:
diagramação e capa;
segunda revisão;
edição;
revisão gráfica;
impressão;
lançamento.

Não temos a data de lançamento, mas apostamos na possibilidade de acontecer na semana da ExpoCrato, ou seja, julho/2011.

Relação de autores:
1.Aloísio Paulo
2.Assis Lima
3.Bernardo Melgaço
4.Carlos Esmeraldo
5.Wilton Dedê
6.Domingos Barroso
7.Edmar Cordeiro
8.Francisco das Chagas
9.Geraldo Ananias
10.Geraldo Urano
11.Isabela Pinheiro
12.José Flávio Vieira
13.João Marni
14.João Nicodemos
15.Joaquim Pinheiro
16.Emerson Monteiro
17.José Carlos Brandão
18.José Nilton Mariano
19.Mara Thiers
20.Liduína Belchior
21.Luís Eduardo
22.José do Vale Feitosa
23.Lupeu Lacerda
24.Magali F.Esmeraldo
25.Manoel Severo
26.Marcos Barreto
27.Marcos Leonel
28.Tetê Barreto
29.Nilo Sérgio
30.Pachelly Jamacaru
31.Abidoral Jamacaru
32.Roberto Jamacaru
33.Pedro Esmeraldo
34.Rejane Gonçalves
35.Rosa Guerrera
36.Luiz Pereira
37.Stela Siebra
38.Tiago Araripe
39.Ulisses Germano
40.Vera Barbosa
41.Corujinha Baiana
42.Everardo Norões
43.Cristina Diôgo
44.Telma Brilhante
45.Socorro Moreira



- Dois textos p/cada autor;
500 exemplares, assim distribuídos:
225 (45 autores - 5 para cada);
25 p/divulgação;
250 para serem vendidos (se algum dos autores desejar comprá-los, faça a sua reserva pelo e-mail:
moreirasocorro757@gmail.com).

Ficha Técnica:
Prefácio: José Flávio Vieira
Orelha: José do Vale Feitosa
Dedicatória: Tiago Araripe (J. de Figueiredo Filho e Patativa do Assaré)
Diagramação :Luiz Pereira
Foto da capa: Pachelly Jamacaru
Revisores: Stela Siebra e Luís Eduardo
Edição: Blog "No Azul Sonhado".
Organização: Socorro Moreira


CORDEL DAS CRÔNICAS CELESTIAIS - por Ulisses Germano


Desenho pescado da internet


O LUAU DE RAUL SEIXAS
Ulisses Germano


*******

Vendo a lua hoje no céu
Vi o quanto que há de belo
Em viver sozinho ao léu
Com o luar que tanto zelo
Sete véus formam o muro
Escondido no escuro
Do Universo Paralelo



-Mas a lua de hoje a noite
Nunca vi tamanho igual
Seu clarão é um açoite
Parece paranormal!
-Mas que nada, bicho burro
Pare com esse jeito turro
Isto é apenas um luau!


-Camarada me respeite
Meu tutano ainda pensa
Se a lua está desse jeito
É porque ela está propensa
Veja só o tamanho dela
Só vi uma igual na tela
De um tal Van Gogh, suspensa

-Meu amigo me desculpe
Eu só quero admirar
O meu nome é Raul
Lendo ao contrário é luar
Por favor não leve a mal
Saiu hoje no jornal
Que a lua vai aumentar


-Já está tarde, vou embora
Meia noite já vai dar
Daqui a pouco é a hora
Do lobisomem chegar
Mesmo sendo  terça-feira
Não vou cair na besteira
Ele pode se adiantar


*******


Dedico aBastinha Job 
Os versos que estão acima
Professora e cordelista
Do humor fez sua sina
E na rima sorrateira
Jamais falou besteira
Ela, sim, é gente fina...
(...que o Brasil precisa)
 

Ulicis
Crato, 20/03/11


DANÇA DA IMAGINAÇÃO - por Ulisses Germano

 DANÇA DA IMAGINAÇÃO
(Letra e Música: Ulisses Germano)

Vou querer dançar maxixe
Respeitando a tradição
Que tem a cor do azeviche
Nossa dança de salão
Chiquinha Gonzaga disse
Deixe desse disse me disse
Se a gente quer alegria
Tem que ter na fantasia
A cara da imaginação

Antigamente era feio
O que hoje já não é
Mulher dançando sozinha
Homem sambando no pé
Já espiei  minha vizinha
Dançando maculelê
Eram passos de andorinha
Dançando pra ninguém vê
Pra ninguém vê, ninguém vê...

A efervescência do frevo
Bota o bloco pra frever
E sendo assim eu me atrevo
A dançar sem ninguém vê
Esta dança proíbida
Misturada com a bebida
Faz o chão estremecer
E a sola do pé no asfalto
A suar sem ninguém vê
Ulisses Germano
Crato, 20/03/11



Dina Sfat


Dina a Kutner de Souza, mais conhecida como Dina Sfat, (São Paulo, 28 de outubro de 1938 — Rio de Janeiro, 20 de março de 1989) foi uma atriz brasileira.

ERNESTO NAZARETH- Por Norma Hauer



Ele nasceu no dia 20 de março de 1863, aqui no Rio de Janeiro e recebeu o nome de Erbesto Júlio Nazreth, ficando conhecido no meio musical como ERNESTO NAZARETH.

Foi pianista e compositor, considerado um dos grandes nomes do "tango brasileiro" ou, simplesmente, choro.


Estudou música com os professores Eduardo Madeira e Lucien Lambert. Intérprete constante de suas próprias composições, apresentava-se como pianista em salas de cinema, bailes, reuniões e cerimônias sociais.

De 1910 a 1913, e de 1917 a 1918, trabalhou na sala de espera do antigo Cinema Odeon (anterior ao da Cinelândia), onde muitas personalidades ilustres iam àquele estabelecimento apenas para ouvi-lo. Foi quando compôs o tango brasileiro “Odeon”, referenciando o cinema em que atuava.

Deixou-nos 211 peças completas para piano.

E suas obras mais conhecidas são: "Apanhei-te, cavaquinho!…", "Ameno Resedá" "Confidências"; "Coração que sente"; "Expansiva"; "Brejeiro", "Odeon" e "Duvidoso", (estes com a denominação de tangos brasileiros).

Suas melodias podem ser interpretadas por um concertista, como Arthur Moreira Lima (pianista), ou um chorão como Jacob do Bandolim.

E é esse espírito, essa síntese da própria música de choro, que marca a série de seus quase cem tangos-brasileiros, à qual pertence "Odeon".

Em 1931, o compositor começou a manifestar problemas mentais que motivaram sua internação na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá.


No dia 1 de fevereiro de 1934, Nazareth fugiu do manicômio e só foi encontrado três dias depois, morto por afogamento em uma cachoeira próxima.

Nunca se soube se foi suicídio ou acidente. Não completou 71 anos.

Norma

NORA NEY -Por Norma Hauer


NINGUÉM ME AMA

Foi com o nome de Iracema de Souza Ferreira que ela nasceu no dia 20 de março de 1922 aqui no Rio de Janeiro.
Mas quem era ela?
Era uma cantora que marcou muito a história da música popular brasileira, com o nome de NORA NEY.
Ainda adolescente, ouvindo suas irmãs estudarem violão, aprendeu o instrumento sozinha, a ponto de seu pai presentear-lhe com um.
Mesmo assim, custou a se interessar pela carreira, carreira de cantora, depois de estudar solfejo e música, havendo primeiro estudado contabilidade no Instituto Rui Barbosa.
Freqüentando auditórios de rádio, sempre que tinha oportunidade de subir ao palco, ela cantava sucessos internacionais. Nessa mesma época, casou-se, teve dois filhos, mas não se deu bem no casamento, separando-se e depois se desquitando.
Nesse tempo, era exclusiva da Rádio Nacional, assim como o cantor Jorge Goulart, que conhecera no Copacabana Pálace e a quem se uniu depois do desquite, mantendo uma vida em comum durante 39 anos.

Seu primeiro grande sucesso foi um samba de Antônio Maria, de nome “Ninguém me Ama”. Depois vieram “Menino Grande”; “Bar da Noite”,(de Bidu Reis); “É Tão Gostoso, Seu Moço”;”Solidão”; “Chove lá Fora”;”Vai, mas Vai Mesmo”e centenas de outros, incluindo aí “De Cigarro em Cigarro”, o que acabou com ela e com a voz maravilhosa de Jorge Goulart.

Em 1964 ambos foram despedidos da Rádio Nacional, afastados pelo Ato Institucional n°1 apontados como pertencentes ao Partido Comunista.
Viajaram para a Europa e Ásia, tendo realizado um show na Praça Vermelha, de Moscou, sendo ovacionados, como poucos cantores internacionais na Rússia.
Regressando ao Brasil, ela passou a fazer parte de um grupo que se apresentava como as “Cantoras do Rádio”, onde atuavam Ademilde Fonseca, Zezé Gonzaga, Rosita Gonzales e Carmélia Alves. Mais tarde, Ellen de Lima uniu-se ao grupo.
11:38 (4 horas atrás)
Norma
NORA NEY -2-
Ao mesmo tempo, fazia shows ao lado de Jorge Goulart.
Foi em um desses shows, no salão do Fluminense Futebol Clube, que ela teve um AVC e nunca mais se recuperou.
Um efizema pulmonar, provocado pelo maldito vício de fumar, agravou seu estado e ela veio a falecer, vítima de falência múltipla dos órgãos, em 28 de outubro de 2003, aos 81 anos.

Jorge Goulart, mesmo tendo perdido a voz devido a um câncer nas cordas vocais, provocado por cigarro, apresenta-se em "shows", com grande sucesso, utilizando o efeito moderno da mímica. Coloca seus CDs e "canta" junto como se fora "ao vivo".

Dessa forma, ele se apresentou este ano, como o faz sempre, no carnaval da Cinelândia, ao lado de outros cantores da "velha guarda", como Roberto Paiva (ativo aos 90 anos) Roberto Silva (com 91) e outros com menos idade.

Norma

A MANSIDÃO PARA CONOSCO

                "Um modo de fazer bom uso desta virtude (mansidão para conosco) é aplicá-la a nós mesmos, não nos irritando contra nós e nossas imperfeições; o motivo, pois, que nos leva a sentir um verdadeiro arrependimento de nossas faltas não exige que tenhamos uma dor repassada de aborrecimentoo e indignação. É quanto a esse ponto que erram muitos continuamente, agastando por estarem agastados e amofinando-se por estarem amofinados, porque assim conservam aceso no coração o fogo da cólera e, bem longe de abrandar deste modo a paixão, estão sempre prestes a exasperar-se à primeira ocasião. Além de que esta ira, pesar e aborrecimento contra si mesmo encaminham ao orgulho, procedem do amor-próprio que se perturba e inquieta por nos ver tão imperfeitos. O arrependimento de nossas faltas deve ter duas qualidades: a tranquilidade e a firmeza"
São Francisco de Sales
(1567 - 1622)

Super lua, supermoon - Por José de Arimatéa dos Santos


Ontem à noite aconteceu um fenômeno inusitado em que a lua fica bem próxima do planeta terra. É chamado de super lua ou supermoon. O supermoon só aconteceu 15 vezes nos últimos 400 anos e não tem comprovação científica  que vem junto com catástrofes naturais. Coincidência ou não o Japão passou nos últimos dias por terremotos e tsunami. A super lua significou a maior lua nesses últimos 18 anos.
Para os poeta e românticos de plantão foi um espetáculo impressionante e inesquecível. E para mim serve para uma reflexão de como estamos tratando do planeta que habitamos. Desmatamentos, poluição dos rios, efeito estufa, desastres radioativos e a falta de cuidado com o nosso lixo de cada dia, além de mudanças no Código Florestal que dá a senha para mais derrubas de árvores na amazônia e no cerrado.
É preciso outro olhar e contemplando a super lua vi o quanto nós seres humanos somos pequenos. Mais do que nunca se faz necessário buscar o amor e a fraternidade entre os povos. Assim, a convivência possa ser melhor entre todos os homens e mulheres.
Vídeo extraído do YouTube/Portal Verdes Mares

SIDERAL - por Stela Siebra

SOL NO SIGNO DE ÁRIES: COMEÇA O ANO ASTROLÓGICO

O signo de Áries é o inaugurador. É com ele que tudo se inicia

Hoje, 20 de março, é o início do ano astrológico com a entrada do sol no signo de Áries, correspondendo ao equinócio de outono para o hemisfério sul e de primavera para o hemisfério norte.
A entrada do sol nos quatro signos cardeais (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio) vai desencadear as 4 estações do ano: outono, inverno, primavera e verão, correspondendo a estágios que nossa alma tende a acompanhar e vivenciar.
Teoricamente, as 4 estações correspondem aos 4 ângulos fixos da mandala astrológica: para Áries corresponde o Ascendente; Câncer corresponde ao Fundo do Céu; Libra ao Descendente e Capricórnio corresponde ao Meio do Céu.
O signo de Áries é o inaugurador. É com ele que tudo se inicia. Para um entendimento deste signo é preciso buscar na mitologia o fundamento dos seus princípios de agilidade e aventura.
A primeira parte do mito está relacionada a Crisômalos – o carneiro de lá de ouro – o melhor de terra, água e ar, pois corria, nadava e voava como nenhum outro animal.
A segunda parte do mito se refere à Expedição do Argonautas para a conquista do Velocino de Ouro.
São os princípios de agilidade e aventura que impelem a alma a buscar o melhor dentro de si, desencadeando uma conquista do seu próprio ouro, ou seja, da sua própria luz e valor. A vida vai exigir essa aventura, exigir que nos arrisquemos a fim de que os processos de crescimento de nossa vida sejam desencadeados.
A entrada do Sol em Áries estimula essa aventura. É hora de agilizar os projetos, é hora de ousadamente arriscar, usando o melhor que se tem internamente, para conquistar o melhor lá fora. Os desejos, os sonhos, as aspirações e buscas devem ser desengavetadas, formalizadas e empreendidas.
A alma anseia por se lançar e imediatizar as coisas. Todos nós temos Áries no mapa astrológico, verifiquemos, pois, que área de nossa vida (a Casa no signo de Áries) está precisando ser agilizada, onde temos que nos aventurar mais, que expedição temos a fazer visando articular e conquistar o melhor de nós mesmos: a nossa luz, o ouro da nossa vida.
O Sol em Áries, signo impulsivo e do elemento Fogo, convida-nos a uma ação confiante na vida.

Fatinha Gomes - Cantora, Comunista e Educadora

Descente dos nativos desta terra, Maria de Fátima Gomes dos Santos, docemente chamada de Fatinha Gomes aprendeu desde cedo como muitas marias nesta vida a perceber o quanto é injusto o capitalismo. Cantora, comunista, educadora, poeta e feminista. Fatinha encontrou na arte uma forma de humanizar e de lutar. (foto: Allan Bastos)

Alexandre Lucas - Quem é Fatinha Gomes?

Fatinha Gomes - Sou Maria de Fátima, brasileira, tenho 30 anos, filha natural da Cidade do Crato, descendente indígena e espanhola. Militante política, cantora, estudante do Curso de Pedagogia da URCA e observadora de todas as linguagens artísticas que vivencio.

Pertenço a uma família que tem como matriarca uma linda sertaneja: Dona Inês.

Curto muito os movimentos sociais, adoro o espaço verde do Cariri, acredito convictamente numa força criadora que rege o universo, sou muito curiosa por assuntos transcendentais ligados a manifestações religiosas afro-descendente, orientais, e pesquisas voltadas para materialismo-histórico-dialético. Rsrsrs!!!

Tenho uma preocupação voltada para a infância, apoio instituições que trilham planos de ação que favoreçam a educação voltada para crianças e jovens, e que tenha como principio a liberdade e a emancipação do ser humano na sua mais plena realização.

Sou louca por povão, por muita gente (...). Identifico-me com pessoas de comunidades periféricas da minha região, aprecio o que é simples. Posso passar horas conversando sobre vários assuntos, fico muito feliz ao poder me comunicar.

Aprecio os conflitos saudáveis do dia-a-dia, aqueles que nos desmascaram, nos fazem mostrar quem realmente somos.

No mais eu vivo intensamente no campo subjetivo das emoções,sou demasiadamente viva,vivo plenamente e admiro a humanidade por sua diversidade cultural,étnica,geográfica,social,tudo enfim.
Sou perdidamente apaixonada por gente, alucinada por história de vida, por trajetórias pessoais dos amigos que me rodeiam.

Sou muito complexa, intensa, tensa, viva e densa!

Alexandre Lucas -
Quando teve inicio seus trabalhos artísticos?

Fatinha Gomes - Muito cedo. Eu tive uma infância muito difícil, ainda criança eu já gostava de cantar, interpretar e dançar, tudo isso para fugir um pouco da realidade em que vivia. Minha casa e a escola onde eu estudava eram os espaços onde manifestava as primeiras inclinações artísticas. Tive meu primeiro curso de dança na SCAC- Sociedade de Cultura Artística do Crato, com a professora Tia Edmar.Foi quando comecei a minha militância com artistas na UEC - União dos Estudantes do Crato onde pude me auto-afirmar através da música,da pintura,da poesia.Nesses primeiros passos pude contar com artistas como Cleivan Paiva,onde vivenciei minhas primeiras aulas de violão e foi com ele também que conheci o CHAMA.Paulinho Lacerda foi meu grande companheiro e incentivador na música.

Alexandre Lucas - Você vem da periferia, isso tem proporcionado um olhar diferente sobre arte?

Fatinha Gomes - Ainda sou de lá, faço parte de tudo o que diz respeito ao meu povo e minhas raízes. Vejo-me em cada um e em cada criança.

O meu olhar se subverteu muito, a arte é o nosso grande estandarte, creio que ela é um importante instrumento de emancipação para todos independente da nossa posição social. A arte pode promover empoderamento intelectual, a arte movimenta nossas possibilidades de sobrevivência e convivência humana. Costumo dizer que não era fácil no meu tempo, mas hoje, com os editais de políticas públicas voltados para arte e para a cultura algumas demandas foram viabilizadas e muitos podem ter na arte um instrumento muito educativo, um intermediador de luta e identidade de um povo.

A periferia é um espaço notável de talento, produção e inspiração artística.

Alexandre Lucas - Quais as suas influências artísticas?

Fatinha Gomes - Muitas. Em se tratando de música eu pude vivenciar do brega, passando pelo baião, jazz...

Hoje posso me deliciar do som da nossa cidade, e em se tratando disso tenho muita admiração pelos grupos populares, o som que vem dos pífanos, dos zabumbas, me remete a ancestralidade, bem como o som dos atabaques e timbres vocais. Tenho respeito por todos os grupos do Cariri, minha maior influência é a resistência de todos eles.

Artistas como você, Ibertson Nobre,João do Crato,Abidoral Jamacaru,Geraldo Júnior,Dihelson Mendonça,André Saraiva,Herdeiros do Rei,Paulinho Lacerda,Luiz Carlos Salatiel,Cleivan Paiva,Zabumbeiros Cariri,Ermano Morais ,Samuel Macedo ,Lifanco,Dr Raiz,Cantigar,Janinha Brito,Di Freitas,os diretores de teatro,os mestres da cultura,os grupos de tradição,os cantores de barzinhos,os artistas visuais como Karimai, Chrystian Marques,Ricardo Campos,Nivia Uchoa,Alan Bastos,os cineastas Franklin Lacerda,Rosemberg Cariri,Rayane,Alanny Brito,Samuel Gomes,Netinho,Diego,são minhas grandes influências e a vocês todo o meu respeito,foram vocês entre tantos outros artistas que me fizeram acreditar que a arte pode permanecer viva em qualquer lugar e pode também ser vivida por qualquer pessoa,desmistificando aqui a ideologia do dom e meu olhar.

Alexandre Lucas - Como você ver o cenário musical do Cariri?

Fatinha Gomes - Crescente, latente, fervoroso, tenho paixão por tudo isso, paixão doida, diga-se de passagem.

Vejo nosso cenário musical como um amplo portal, nosso grande ponto de partida para grandes conquistas. Sou uma sonhadora, vira e meche, eu ainda me vejo numa atmosfera encantadora de tudo isso aqui, custa nada sonhar e de vez em quando perder um pouco o peso das dificuldades que enfrentamos em qualquer que seja a profissão que exercemos. Acredito que a união ainda faz muita diferença em qualquer processo de construção histórica a esse grupo que interessa.

Todo dia eu me surpreendo com a quantidade de grupos musicais que surgem na nossa região, fico tão feliz quando vejo adolescentes montando suas bandas,ensaiando,participando de festivais, com suas mais variadas tendências musicais, com suas mensagens, para mim tudo isso merece uma atenção ainda mais especial do poder público. Seria interessante investir em espaços gratuitos para ensaios, criar grupos que facilite a aproximação entre os artistas, cantores e compositores.

Esse misto de artistas mais renomados com os da nova geração é muito atrativo, um vinculo que fortalece e muito nossa edificação histórica musical,o Cariri é tão respeitado e amado por essas características e eu me orgulho muito de ter nascido aqui e eu quero ainda estar viva para ver meu Cariri avançar ainda mais nesse contexto,sou uma grande entusiasta das causas musicais .

Alexandre Lucas - Seu contato com a política tem inicio no movimento estudantil. O que isso
significou?

Fatinha Gomes - Significou muito, pois só a partir daí eu pude entrar em contato com uma juventude estudantil aguerrida, de escola pública, disposta a compreender transformar uma realidade conjunta. Foi aqui também que me senti inserida, me sentia acolhida, esse foi um divisor de águas na minha vida, pois naquele momento era tudo o que eu queria encontrar; uma galera que estivesse a fim de discutir arte, política,educação e cultura numa perspectiva critica.Consegui adquirir percepções menos ingênuas ao iniciar minha leitura de mundo e da realidade através do movimento estudantil.

Tive a oportunidade de alimentar sonhos de entrar para uma universidade, pintar o sete e desenhar o oito. Experimentei no movimento estudantil a maior de concepção de liberdade que alimentava naquela época.Hoje quero dividir minha experiência com a juventude que consigo manter contato.Eu indico.

Não sei exatamente se adquiri um absoluto amadurecimento político, pois sou inacabada, todos os dias aprendo, ensino,reaprendo,construo e desconstruo algumas das minhas convicções, mesmo assim vou trilhando meu caminho sempre.

Alexandre Lucas - Como você ver relação entre arte e política?

Fatinha Gomes - Livremente ligadas, algum momento elas podem se distanciar, mas muito importante quando se trata de exercer uma arte engajada que contenha forma, conteúdo e, sobretudo desígnios de alteração. Nesse caso seria o antagônico da arte pela arte. Arte e política devem estar alinhadas no intuito de promover a livre expressão critica do artista. Nada que prenda ou que oprima mesmo que esteja ligada a o mais poderoso argumento denunciativo, subversivo ou questionador. Arte-politica e liberdade se fazem necessária. Não necessariamente nessa ordem. Exerça.

Alexandre Lucas - Você acredita que artista deve ter um posicionamento político para ter compreensão do seu papel enquanto artista?

Fatinha Gomes - Desde que essa seja uma escolha dele, ninguém pode ser violentado pelas escolhas que faz ou por aquilo que não escolheu. Todos devem ser respeitados por suas opções e partir para um embate dialético. Nesse momento eu defendo uma arte que politize o sujeito, que faça com que ele sinta a força de transformar o meio em que ele atue, que compartilhe estratégias de superação do processo de desumanização causado pelo sistema capitalista.

Alexandre Lucas - Você tem uma preocupação sobre a ocupação do espaço musical pelas mulheres?

Fatinha Gomes - Tenho. Defendo que essa não é uma guerra pelo poder onde um fica submisso ao outro para que as coisas fluam. Homem e mulher têm o mesmo direito de conquista de espaço, mas em se tratando da mulher, eu defendo primordialmente, pois os meninos tiveram sua vez em muitas iniciativas humanas,mas só a pouco tempo é que a nós afloramos esse desejo de atração de espaço,na música como em qualquer outra escolha, esse é um direito que deve ser respeitado,uma etapa histórica que não deve ser queimada e que sucessivamente nos encontremos num ideal de respeito e igualdade de gênero.Que seja breve.

Na música Cariri eu vejo uma chama constantemente acesa nesse sentido. Muitas cantoras como Elisa Moura,Alci Ventura e Janinha Brito,tiveram um papel revolucionário por fazerem parte de uma das primeiras levas de mulheres que começaram sua profissão em barzinhos da cidade do Crato,sem elas seria muito difícil acreditar numa aceitação atual,essas são mulheres que dizem muito por sua capacidade de ultrapassar limites e barreiras impostas durante tanto tempo por uma tradição que agora ruma a tomar um novo formato cultural.Foi observando elas que comecei a me reconhecer e dizer:Eu também quero,eu também posso.

Cantoras como elas,Amélia Coelho,Mestra Margarida,Mestra Zulene,Dona Maria do Horto,Mestra Edite, fazem parte desse grande “domínio feminino”,( só para provocar,rsrsrs), de guerreiras Cariri .Esse espaço é uma grande miscigenação de estilistas,fotográfas,lavadeiras,cordelistas, modelos,desenhistas,prostitutas,estudantes,políticas, rezadeiras,cineastas e artistas visuais denunciam uma gama de anseios e atenções.

Alexandre Lucas - Depois de muitos anos você tira as suas poesias do baú?

Fatinha Gomes - Pois é. Que baú? Rsrsrsrs! Há pouco mais de um ano que eu tenho vivido muitos momentos poéticos na minha vida, tudo acaba se transformando num implexo de palavras, algo que externalizo para verbalizar as minhas observações. O Cariri é meu grande palco, é aqui que eu vivencio essas experiências. Retiro do meu dia-a-dia, da conivência social todas as coisas que escrevo. Sempre tive esse desejo, mas só agora eu me permito escrevê-las e publicá-las .

Alexandre Lucas - Como você caracteriza sua poesia?

Fatinha Gomes - Híbrida,racional, politizada e romântica imperfeita.

Alexandre Lucas - O que representa o Coletivo Camaradas na sua experiência estética e
artística?

Fatinha Gomes - Representa o plano material das ações, retirar do plano mental um discurso e partir para o campo de batalha.Foi no Coletivo onde reencontrei o desejo de pôr em prática e viver muito do que eu acreditava e desejava que fosse uma arte exercida no campo conceitual.
Ousar iniciativas de trabalhar arte na periferia com o Coletivo Camaradas foi muito interessante, pois foi lá onde tive a oportunidade de trabalhar com crianças e jovens.

O Coletivo Camaradas é minha grande “ escola” artística e que me amplia os horizontes para realizações futuras.

O Coletivo Camaradas é a minha casa.

FÁBULA DE ISOPOR: A DÚVIDA DE UM NOME - por Ulisses Germano

A DÚVIDA DE UM NOME
Ulisses Germano

           No município de Jucás-CE. um homem simples, agricultor,  foi para o cartório de sua cidade  para fazer a certidão de nascimento de seu filho. No caminho  pairou uma dúvida sobre o nome que ele queria dar para o infante. Chegando no cartório perguntou para o escriturário:
          -Bom dia senhor. Vim aqui para fazer a certidão do meu filho. Acontece que eu estou com uma dúvida enorme. Minha esposa aconselhou que eu desse um nome que enchesse a boca. Assim, sabe? Um nome cheio de alegria! Assim como a fartura de uma boca cheia, entende? Que nome o senhor acha que eu devo dar para o meu filho?
         O escriturário, com ares de Quintino Cunha, respondeu de pronto:
          -Que tal  A M A N C E B A D O!

          A criança cresceu no roçado. Tempos depois teve um filho  com o nome de Abirobado, sugestão do mesmo escriturário que , malfadado, morreu entediado por se sentir um desalmado. 

MORAL DA HISTÓRIA 

NA DÚVIDA DE QUAL O NOME DEVA DAR PARA O SEU FILHO, JAMAIS PEÇA UMA SUGESTÃO DE UM ESCRITURÁRIO DESALMADO!

Fábula dedicada ao amigo Dr. José Flávio que sempre nos ensina como poeta, compositor, escritor e doutor que o bom humor é  a forma mais simples e natural  de evitar a dor e o  tumor.

(

POEMAS DE ISOPOR :TRAVA LÍNGUA - por Ulisses Germano

Na ligeireza da língua
O verso todo se enrola
Fale rápido e sem demora:

A JABUTICABA JABUTICOU NA JABUTICABEIRA

Na ligeireza da língua
Todo fonema amingua
Fale rápido, sem demora!

O BABAR DO JABÁ BABOU O BABABALORIXÁ


Colaboração de Geraldo Ananias


Fotógrafo profissional e jornalista científico, Laurent Laveder criou a série Moon Games, composta por diversas imagens que mostram pessoas interagindo com a Lua.

Capturando as cenas por um ângulo específico, o artista faz parecer que o satélite está realmente ao alcance das mãos dos homens e mulheres que, posando para as lentes do artista, brincam de jogá-lo para cima, ou pousá-lo na xícara de café.

Especializado em fotos do céu, Laveder faz parte do coletivo The World At Night, que reúne 30 dos
melhores astrofotógrafos do planeta.























Dia de domingo (tudo vai ficar por conta da emoção)

por Vera Barbosa


Sábado à noite, e decidi ficar em casa. Está frio, convidativo. Tomei um banho quente, vesti meu pijama, fiz um chazinho e vim para o computador por volta das 19 horas. Pouco depois, o bairro ficou sem energia elétrica, e minha única opção foi ouvir rádio. Sintonizei a Alpha FM no celular.  Estou acomodando (para não incomodar ninguém) os sentimentos, então, nada melhor que ouvir o próprio silêncio e divagar em canções tranquilas.

Entre tantos pensamentos vãos e descompromissados, viajei no porquê de eu preferir o sábado ao domingo. Dentre outras reflexões, lembrei-me de ter nascido num domingo à tarde, mais precisamente às 13h45, o que, provavelmente, deixa tal dia tão preguiçoso para mim. Afinal, domingo é dia de estar em família, esperando a famosa macarronada (ou aquela saladinha no caso de, como eu, você estar de dieta). É dia manso, morno, bom para quem está namorando ou estudando para uma longa semana de provas. Salvo raras exceções, os dois dias que o antecedem são bem mais movimentados e interessantes, ao menos, para a maioria.

Observe a fisionomia das pessoas numa sexta-feira à tarde/noite. É dia de happy hour, descontração, hora de esquecer o paletó e a gravata e todas as preocupações profissionais. É o anúncio do tão aguardado fim de semana, que promete um bate-papo em boa companhia, namoro no cinema ou sob o edredom, o futebol com os amigos, a baladinha com a galera, um churrasco no fundo do quintal. Na sexta-feira, as pessoas se reúnem para uma cervejinha e degustam seus prazeres em mesinhas nas calçadas. Entre um aperitivo e outro, elas discutem todos os problemas do planeta e encontram soluções para todos eles! Salve a democracia, a tolerância, a diversidade. Numa sexta à noite, não há lugar para combatentes, apenas para quem está a fim de relaxar. A palavra de ordem é alto-astral.

Sábado é dia de soltar os bichos e sacudir! Todo mundo quer estar bonito e atrair os olhares de todos que estão à sua volta. Você escolhe o melhor vestido, a camisa mais irada, modela os cabelos, pinta olhos e lábios, analisa cada perfume. É dia de ser fashion no seu estilo próprio, dançar, ousar, conhecer uma nova paquera, liberar suas mais íntimas fantasias ou, apenas, ficar bem consigo mesmo(a). No sábado à noite, tudo pode acontecer! Até porque sabe-se haver o dia seguinte para descansar e curar a ressaca ou, simplesmente, o cansaço semanal. É o momento de se permitir, extravasar, transgredir (sem agredir), se divertir e experimentar. É possível ser excêntrico, exótico, emo, dark, gótico!  E tudo de uma forma bem natural, sem rótulos. O único limite é o respeito à individualidade.

Domingo bom, para mim, é na cama: ver um filme, ouvir música, ler um bom livro ou uma de minhas revistas prediletas. Raramente, fico inspirada para sair de casa, embora aconteça algumas vezes. Gosto de sair à tarde, para ver a rua, tomar um sorvete... ou para ir à Livraria Cultura admirar meus mais adorados objetos de desejo enquanto tomo um café expresso. Um cineminha também pode me excitar, confesso, mas vencer a inércia domingueira é o grande desafio. Acordar cedo nem pensar! Só se for para ver algum evento esportivo muito aguardado. Porque domingo tem cara de preguiça e aconhego, tons e sons de quietude. Sobretudo, quando está chovendo e a gente está apaixonada. Porém, tudo muda se eu estiver na praia. Ali, tiro os pés do freio! Saio para caminhar, chutar água do mar, pegar umas conchinhas e uma cor enquanto espero o pôr do sol, que sempre me fascina.

Quando a noite cai, o encanto termina. É o silêncio que precede a segunda-feira, e tudo se transforma. Uma certa melancolia invade as casas, as pessoas entristecem. Hora de preparar a cama, escolher a roupa do dia seguinte, pensar naquela reunião com os superiores, fornecedores ou clientes; separar o material, reler a cola para a prova matinal, que será assustadora, e programar o despertador. Quando entra a trilha do Fantástico, então, todo mundo sabe que o fim de semana acabou, e o ciclo tenso recomeça. É hora de a irreverência dar lugar às responsabilidades.  Não gosto de domingo. Será que, se ele fosse no meio da semana, seria diferente?