por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 11 de julho de 2021

PÂNICO NOS QUARTÉIS - Leandro Demori (The Intercept Brasil)


O que temem os oficiais das Forças Armadas? Por que estão nervosos soltando notas golpistas? Por que mostram desespero em entrevistas?

Eu respondo: porque sabem que o rastro da corrupção na compra de vacinas pode chegar no general Braga Neto, ministro-chefe da Casa Civil de Jair Bolsonaro.

É preciso estar atento às falas dos senadores na CPI. Não às bombásticas e pensadas como meme de rede social, mas às que verdadeiramente importam. Os senadores estão ouvindo muita gente e recebendo muita documentação. Omar Aziz, por exemplo.

Ele tentou arrancar de Roberto Ferreira Dias o nome de quem dava as ordens na cadeia de pessoas que, agora se sabe, criaram as condições ideais para roubar dinheiro público enquanto brasileiros morriam sem vacina.

Dias chegou no Ministério da Saúde pelas mãos de Abelardo Lupion, ligado à Cida Borgheti, mulher de Ricardo Barros, o líder do governo na Câmara. Barros está implicado nos casos Covaxin e Sputnik (revelado pelo Intercept ontem).

Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, não respondia apenas a políticos, mas também a militares. Acima dele estava Élcio Franco, militar. E acima de Franco, Eduardo Pazzuelo, militar. E quem comandava o comitê de crise contra a covid-19 criado pelo governo Bolsonaro? O general Braga Neto.

Dias, na CPI, disse que dois dos três coordenadores comandados por ele foram trocados por ordem superior, ordem de Élcio Franco, sem motivo informado. Um de logística e outro de finanças. E mais não disse.

Aziz estava tentando arrancar de Dias uma confissão, esperava que, com a pressão da CPI, o ex-diretor entregasse o esquema no qual aparenta ser um mero executor. Como não conseguiu, o próprio Aziz deu a senha: revelou que Dias fez um dossiê “para se proteger”, disse que sabe “onde e com quem” o dossiê está e garantiu que Dias “recebeu várias ordens da Casa Civil por um e-mail”.

O governo Bolsonaro é um governo militar, com mais de 6000 fardados pendurados na máquina. Muitos nas altas bocas de cargos de diretoria. Muitos em ministérios. ENTRE ELES, COMO ESTÁ FICANDO CADA VEZ MAIS CLARO, HÁ UMA PARCELA DE LADRÕES. A CPI está aí para apurar e oferecer embasamento para que as instituições cheguem nos culpados.

As Forças Armadas podem lidar com isso como desejarem, mas a sociedade não vai permitir que bandidos saiam impunes, vistam eles ternos ou fardas.

A "FOTOGRAFIA" - José Nílton Mariano Saraiva

A "FOTOGRAFIA” - José Nílton Mariano Saraiva

Não deve existir coisa pior do mundo para o ser humano do que ser pego no “flagra”, no exato momento do cometimento de algum deslize ou da materialização (prática) de um ato excrescente, não tão convencional, que vá de encontro aos bons costumes e à normalidade.


E quando tal situação (ou momento) é “imortalizada pela fotografia” e posteriormente veiculada em primeira página num veículo de penetração nacional (como um jornal de grande circulação, por exemplo), o constrangimento de quem o praticou deve ser algo amazônico, capaz até de fazê-lo recolher-se durante um tempo, até que a poeira baixe e os ânimos serenem. Pelo menos pra quem tem um mínimo de SEMANCÔMETRO.


Pois bem, como é de conhecimento público, nas eleições para a Prefeitura de Fortaleza normalmente o clima é pau puro, briga feia, embate acirrado, jogo bruto e pra lá de pesado, com acusações de ambas as partes.


Pois, à época, despedindo-se do cargo, a então prefeita Luizianne Lins lançou seu candidato, que concorreria com o candidato do governador do Estado (Cid Gomes).


No meio do embate, como fiel da balança e alvo de todas as atenções, quem findou levando a melhor foi o eleitor dos bairros periféricos da capital, porquanto caminhões e mais caminhões, com carradas de “dinheiro vivo”, teriam sido distribuídos na noite anterior ao pleito. E aí, por uma apertada margem de votos (presumivelmente comprados) o candidato apoiado pelo senhor Governador do Estado acabou por suplantar o indicado da prefeita.


Vida que segue, compreensivelmente, dia seguinte, as manchetes (garrafais) dos jornais matutinos da capital se referiam ao seu resultado, destacando a minguada vitória de um praticamente noviço na política cearense, o médico e deputado Roberto Cláudio, criação da equipe de marqueteiros da máquina governamental (sim, porque se pessoalmente trata-se de uma figura afável, esteticamente é um autêntico desastre: baixinho, careca, redondo de gordo e pesando quase 200 quilos).


Muito mais que a manchete do jornal em si, o que chamou a atenção foi a “FOTOGRAFIA” de meia página, publicada para ilustrá-la: nela, com um sorriso de orelha a orelha e claramente turbinado por alguma substância milagrosa (qual ???), o assessor do Governador, ex-prefeiturável, ex-governamentavel, ex-tudo e, por fim, secretário de Governo, senhor Ferrúcio Feitoza, deixara de lado a formalidade do terno e gravata e carregava nos ombros, sozinho e até com certa facilidade, o peso-pesado Roberto Cláudio e seus quase 200 quilos.


Foi o bastante para se compreender o repentino destaque conseguido pelo senhor Ferrúcio Feitoza que, de uma hora pra outra passara a ser “vendido” como um dinâmico e moderno gestor, modelo de executivo a ser cortejado e imitado; não passava, na realidade, segundo se veiculou à época, de um monumental puxa-saco, bajulador dos poderosos.


Pra seu azar, meses após, através das “redes sociais” (sempre elas) o senhor Ferrúcio Feitoza foi novamente “flagrado” e como sempre sorridente, dessa vez dentro do carro do amigo Governador do Estado, Cid Gomes (evidentemente que no banco de carona), num desses passeios em que o chefe do executivo cearense se permitia realizar sem a companhia do motorista particular e todo o seu séquito de seguranças.


O detalhe curioso: como que para corroborar o pejorativo “juízo de valor” a seu respeito, que houvera sido emitido lá atrás, na época da eleição, o senhor Ferrúcio Feitoza levava no colo, dedicando extremado atenção, carinho e zelo, o “cachorrinho” do chefe (ninguém sabe se levou alguma mijada) . Bendita “fotografia”.


Mas, aqui pra nós, PUXA vida, haja SACO.



"SOLIDÃO" (autor anônimo)

 “SOLIDÃO” (autor anônimo)

SOLIDÃO é quando a gente se retira da multidão e “se faz” companhia. Quando a gente se livra da engrenagem e troca o medo de “ser só” pela coragem de “estar só”. SEJA AMIGO DA SOLIDÃO. Aceite seus convites, passeie com ela. Desmistifique-a. Não fuja dela, não tenha medo. Desassombre-se. Ouse a solidão e fique em boa companhia.

SOLIDÃO é exercício, é visitação, pausa, contemplação. É inspiração e conhecimento. É pouso e também voo. Marque encontros com você mesma. Experimente. Dê-se um tempo. Surpreenda-se.

Afinal, num mundo tão leviano e vulgar, que julga pelas aparências e endeusa espertalhões turbinados e boçais, a solidão pode ser proteção e não contágio. Num mundo obcecado por juventude, sucesso e consumo, a solidão pode ser liberdade e não fracasso.

Você já se tocou que existem curas, recordações, ideias, lembranças que só podem vir à tona quando estamos sós. Mesmo os momentos compartilhados só serão inesquecíveis se uma parte nossa estiver inteiramente só para aprender tudo que apenas a nós mesmos revelará e tocará. Existe uma pessoa que só conheceremos se conseguirmos ficar sós: nós mesmos.

SOLIDÃO é requisito para nascer e para morrer. Que me desculpem os desesperados, mas solidão é fundamental para se viver.