por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 22 de maio de 2012



Nos tempos do verbo


Por Socorro Moreira



Sensível
a qualquer tipo de carinho
sorriso , mimo ...
Rostos distantes
parecem contas
de colares partidos
olhares , bocas ...
pérolas escapadas de mim
Sem adereços
esqueço endereços
acendo velas
ilumino lembranças
fragmentos visíveis
O vento traz
o vento leva
a onda traga
espuma de amor
...saturada !
Entreguei os pontos
sem checar os trunfos
meus ases, meus ais ...
num jogo comum
E se todos chegassem ,
num apelo coletivo ?
- Eu ficaria contigo !
Se o tempo voltasse
eu dançaria a valsa dos meus 15 anos
Pediria uma bicicleta no Natal
Nadaria nos rios poluídos
Do Crato até Ingazeiras ...
E naquele trem , naquele dia
Teria te visto primeiro
E naquela festa , naquela dança
Me apertaria em teu peito
E naquela noite , naquela praça
te entregaria os meus olhos.
Donzelas de saltos finos e meias desfiadas
se avermelhavam
quando a brisa do amor passava
Guardavam cadeiras no cinema
pro moço que não chegava
Choravam em convulsão
por Francisco e Santa Clara.
Tremores nas mãos , em dias de prova
Disparos no coração , quando recebiam nota
A chatice
de provar o vestido novo
que ficara torto
A vergonha de vestir
o traje antigo
com mancha de caju
na altura do colo
A barra da saia desmanchada
O sapato de sola desgastada
as meias de algodão afolozadas
E o coração na boca
todo atrapalhado
As cartas de amor nunca postadas
promessas tímidas
desejos contidos
orelhas pegando fogo
retrato em 3 x 4
na bolsa ou no livro
um trevo de 4 folhas
pra garantir o destino
Queríamos correr no tempo
e o tempo nos pegou
Deixou-nos
aonde estou !
Senhora - vó
Querendo comer maça
Pecar contra o que não fez
Ser feliz sendo o que quis !

Fim de Noite- poor Socorro Moreira





Fim de noite
é o dia amanhecendo
Olhos sonolentos
querendo mais vida ao relento
Quando o músico guarda o instrumento ,
quero a saideira em doses , em notas ,
e no guardanapo molhado ,
mais um tonto poema .


Fim de noite
é droga que se evapora
voz rouca , coração cansado
transformado em saudade


"Olha , fecha os olhos meu amor ...
é noite ainda ..."


Céu escuro que vai clareando
Murmúrios no silêncio
de uma noite que cala .

Havia tantas estrelas ,
e tão pouco céu ...
Agora existe um sol cor-de-rosa
e o infinito imenso pedindo uma rede ,
e a benção da aurora !

Por José do Vale Pinheiro Feitosa


Em 9 de maio de 1895 nascia Ascenso Carneiro Gonçalves Ferreira - muito dele e um taquinho meu.
Dos engenhos da minha terra
só os nomes fazem sonhar:

- Esperança!
- Estrela-d´Alva!
- Flor do Bosque!
- Bom Mirar!

Ascenso Ferreira era poeta da declamação. Como nossos cantadores, os versejadores dos poemas de cordel. Assim como Patativa do Assaré. Como temos falta da declamação, quem sabe um violão ou um piano. Numa noite de espíritos, como uma vez, para minha total e acho que merecido atendimento das necessidades. Em Luanda, Angola, a embaixatriz nos levou para um recital num antigo casarão português, no segundo andar com piso de madeira e bar por cenário. Janelões naquele clima bem nordestino, aberto para o mesmo oceano Atlântico.

Mestre Carlos, rei dos mestres,
Aprendeu sem se ensinar...
- Ele reina no fogo!
- Ele reina na água!
- Ele reina no ar!

Quando o verso se presta para a voz, lembre de Ascenso Ferreira, não feito uma técnica de Jogral, mas como um canto de tudo que completava aquele poeta.

Sertão! – Jatobá!
Sertão – Cabrobó!
- Cabrobó!
- Ouricuri!
- Exu!
- Exu!

Poesia não é um modo escrever, é a vida como ela se escreve. O poeta nordestino que sabia dizer:

Ai! Que saudade dos bêbados de fim de feira
dos interessantes bêbados de fim de feira
que o imposto de consumo afugentou!
......
- Patrão; eu sô é home!
não arrespeito outoridade....

- Bote uma bicada mode esquentá o frio!
- Bote uma bicada mode esquentá o calo!

O poeta da irreverência a quebrar os cristais dos salões:

Eu vi o Gênio da Raça!!!

(Aposto como vocês estão pensando que eu vou falar de Rui Barbosa)

Qual!
O Gênio da Raça que eu vi
foi aquela mulatinha chocolate,
fazendo o passo do siricongado
na terça-feira de carnaval!

E qual coisa é mais preciso para nós nesta terra?

“Branquinha”,
“Branquinha”,
É suco de cana
Pouquinho – é rainha,
Muitão – é tirana.

Vejam este poema o qual Ascenso nomeou Nordeste:

O ferreiro malhando no topo das baraúnas.
Nas lombadas da serra o sol é de lascar...
Nem uma folha só fazendo movimento!...

- Nana! Ô Nana!
- Inhor!
- Chega me abana...

Pouco a pouco porém, vem vindo um frio lento
trazido pelas mãos de moça do luar...

Que gozo nos coqueiros acarinhados pelo vento!...

- Nana! Ô Nana!
- Inhor!
- Chega me esquentar....

E conheces o TREM DE ALAGOAS: Vou danado pra Catende,/ vou danado pra Catende,/ vou danado pra Catende,/ com vontade de chegar....Cana-caiana,/ can-roxa,/ cana-fita,/ cada qual a mais bonita,/ todas boas de chupar...E esta que tanta gente repete até como de outros autores, intitulada GAUCHO: Riscando os cavalos!/ Tinindo as esporas!/ Través das cochilas!/ Saí de meus pagos em louca arrancada!/ - Para quê?/ - Pra nada!/ E este ÊXTASE? Emana do teu ser tão grande calma, / um langor tão suave, expressivo, profundo,/ que tenho a sensação virgem de que minh´alma,/ desgarrada de mim, anda solta no mundo./ Vejam como o poeta é crônica, como esta A COPA DO MUNDO: No meio daquela confusão toda/ De rádios berrando,/ Fogos pipocando,/ Bêbados Cantando!/ Maria embocou pela porta de Chico Tenório adentro,/ Do qual se encontrava lha muito tempo of-side,/ E exclamou alucinada: - Chiquinho, meu bem,/ O Brasil ganhou a Copa do Mundo,/ Vamos também fazer nosso goal, meu amor!

A importância da biodiversidade - Por José de Arimatéa dos Santos


José de Arimatéa dos Santos

Biodiversidade significa o conjunto de seres vivos que habitam determinado ecossistema. Dependendo do lugar pode-se ter grande ou menor diversidade de espécies. Em lavouras que utilizam herbicidas e pesticidas o número de seres vivos diminui drasticamente. Já em florestas, convivem um sem número de animais e plantas.
Há modificação no número de indivíduos de um ecossistema de forma natural como no caso de uma erupção vulcânica. Fato que diminui naturalmente o número de seres vivos, mas a quantidade de indivíduos com o tempo se recompõe. A outra forma de diminuição é provocada pelo homem numa derrubada de uma floresta para transformá-la em lavoura. Nesse aspecto ocorre uma brutal diminuição de animais e plantas e o pior de todo esse processo é o desequilíbrio no meio ambiente.
Não sou contra o desevolvimento agrícola e muito menos sou um conservacionista. Acredito que a humanidade deve explorar os recursos naturais, contudo de forma responsável em que todos os aspectos biológicos, químicos e físicos possam ser estudados à exaustão.
O respeito as leis da natureza deve ser o pressuposto principal para que o índio, ribeirinho ou o homem e a mulher do campo e da cidade possam ter comida, água e um clima de melhor qualidade.

O MENINO NA PONTE




O MENINO NA PONTE


O menino atravessava a ponte correndo, correndo.
No meio da ponte o menino gritou: O meu pai morreu
e continuou a correr desabalado para o outro lado da ponte
tão longe
era como se não chegasse nunca.
A ponte era um horizonte sem fim para o menino sem
horizonte.