por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 1 de julho de 2014

O "pragmatismo" alemão - José Nilton Mariano Saraiva

Embora sua história haja sido manchada indelevelmente em razão de ter sido espécie de ator principal nas duas Grandes Guerras Mundiais dos tempos modernos (1914/1918 e 1939/1945) a Alemanha, a partir de então e apesar da sua pequenez territorial (é um pouco maior que o nosso Maranhão, só que com uma população espantosa de mais de 82 milhões de habitantes), firmou-se como uma das maiores potências do mundo em termos técnico, científico, econômico-financeiro, esportivo e cultural, dentre outros.

O seu povo é, reconhecidamente, dotado de uma inteligência privilegiada e ímpar, o que, de par com a escolha preferencial do governo pela educação e pesquisa, propicia o surgimento de luminares e cientistas de escol nos mais variados segmentos da vida: da medicina à astronomia, da física nuclear à literatura jurídica, do automobilismo ao futebol, e por aí vai.

Assim, é fácil detectar que uma das características marcantes desse povo é sua idiossincrasia, sua determinação, seu “pragmatismo” por excelência; em tudo (ou quase, vide abaixo) que se mete o alemão se sai bem e dá o recado bem dado, exatamente porque preparado, culto e extremamente disciplinado.

Tomemos, genericamente, o futebol como exemplo e, particularmente, a atual Copa do Mundo que o Brasil tem a honra de patrocinar (e tem dado um verdadeiro show). Às 32 seleções que se habilitaram a participar do torneio, a FIFA concedeu o direito de livremente escolherem o estado e/ou cidade da federação que gostariam de ficar, durante a realização do torneio.

Pois bem, enquanto alguns optaram por hotéis localizados em cidades/praias badaladas (Ipanema, Santos, etc) e outros por cidades de porte médio (mas de fácil acesso dos nativos), os alemães adquiriram um imenso terreno numa praia pra lá de deserta, na Bahia, longe do burburinho das cidades, onde construíram o próprio hotel, que tem acomodado toda a delegação durante o torneio. Lá, isolados da badalação e, literalmente, do mundo, priorizaram o treinamento sob o causticante sol do meio dia (um verdadeiro tormento para quem tá acostumado com temperaturas siberianas) a fim de se adaptarem ao horário dos jogos que farão no país. Deslocamentos para as cidades onde jogarão somente às vésperas de cada pugna, com imediato retorno após. E ninguém reclama ninguém diz nada, porquanto sabedores que só através do sacrifício imposto por uma disciplina férrea terão chance de atingir o objetivo colimado. Essa uma das facetas do seu “pragmatismo” (no jogo de ontem, contra a Argélia, por exemplo, o preparo físico foi fundamental para uma vitória alemã na prorrogação, já que os africanos, mesmo habituados a temperaturas escaldantes, se “arrastavam” em campo em sua parte final, quando os germânicos fizeram os dois gols que os habilitaram a seguir em frente).

No entanto, a prova mais lídima desse mesmo “pragmatismo” já nos houvera sido concedida lá atrás quando, ao se classificarem pra disputar a Copa do Mundo, no Brasil, os alemães não se importaram em, literalmente, se “prostituir”, ao adotarem uma camisa com as cores e o padrão da do Flamengo, sabedores tratar-se de um time de massa, por aqui. E assim, fugindo da seriedade que os caracteriza e provocando uma “brecha” abominável em seu proceder, o discreto, austero e respeitado uniforme em preto e branco alemão foi substituído por um outro que não tem nada a ver com a sua tradição e história. O objetivo (velado naturalmente) foi o de ganhar a simpatia e apoio da torcida flamenguista (bem que poderiam ter adotado o uniforme do glorioso Vasco da Gama ou Corinthians, detentores de imensa torcida no Brasil, e cujas cores são similares às suas).

Fato é que, independentemente de tudo isso (e até como duro castigo por transmutar-se de alvinegro pra rubro-negro por mera conveniência) os alemães frustrar-se-ão quando, numa das semifinais, usando a camisa do Flamengo, enfrentarem a seleção brasileira com o seu uniforme tradicional (que lhes provoca fininhas,  comichões, caganeiras e arrepios). Ou seja, depois de todo esse cuidado, todo esse planejamento, toda essa discrição, terão que contentar-se com o terceiro lugar, em razão de terem inserido a “prostituição” em seu “pragmatismo”, via escolha de um uniforme inadequado e indesejado pela própria torcida alemã. Aí, então, esse “estranho no ninho”, o uniforme “rubro-negro-alemão”, será de pronto aposentado.

Alguém tem dúvida ???