por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 18 de outubro de 2011

o eremita

Nunca direi qual o caminho o louco há de seguir
nem a nuvem em qual terreno árido deve chover.

Os meus pés já me doem
as minhas mãos tremem.

O louco precisa conhecer de perto
o seu olhar fundo e o brilho oculto.

A nuvem com o tempo há de fugir
da altivez e da desordem do vento.

Não sou o escolhido para indicar ao louco
o seu tesouro escondido atrás das costelas.

Nem à nuvem mesmo a mais solitária
apontar onde dorme e sonha o oceano.

Amanhã o louco pode se cansar da sua loucura
e a nuvem simplesmente se perder da sua vista.


Filme O Médico - Autor Rubem Alves Colaboração Lídia Maria Lima Batista

Hermano Penna- Um cineasta cratense!





Com seu primeiro longa-metragem, Sargento Getúlio (1983), foi premiado como melhor diretor no Festival de Locarno, Suiça, e melhor filme em Gramado. Cearense, nascido em 1945, passou a juventude na Bahia, em meados dos anos 60 mudou-se para Brasília e, em seguida, para São Paulo, onde começou a trabalhar como assistente de direção, em O profeta da fome (1969), de Maurice Capovilla, e como assistente de câmera, em Gamal, o delírio do sexo (1970), de João Batista de Andrade. Entre a metade dos anos 70 e o início dos 80, dirigiu documentários para o programa de televisão Globo Repórter, como A mulher no cangaço (1976) e África, mundo novo (1977). Seu segundo longa, Fronteira das almas (1987), inspirado em romance de João Ubaldo Ribeiro, foi premiado como melhor filme e direção pelo júri oficial no III Rio Cine Festival. Em 2000, dirigiu seu terceiro longa-metragem, Mário. Em 2007, finalizou Olho de boi, prêmio de melhor ator, para Gustavo Machado, e melhor roteiro, para Marcos Cesana, no Festival de Gramado. Em janeiro de 2008, Olho de boi foi exibido na mostra Cine Latino do festival de Palm Springs, nos EUA.

http://www.filmeb.com.br/quemequem/html/



Wilson Fadul - José do Vale Pinheiro Feitosa

Hoje, 18 de outubro de 2001, às sete horas da manhã, rachou-se a estrutura sólida do mundo bio-psicoquímico e cibernético desta era. A era ainda colada à metafísica da dualidade humana do corpo e da alma. A era que mecanizou a alma em mente e a tornou apenas a função de performance na produção capitalista.

Naquelas primeiras horas da manhã, aqui no Rio de Janeiro, numa Casa de Saúde, assistido pela mecânica de aparelhos médicos digitais, morria o médico e político brasileiro Wilson Fadul. Morria em consequência de um procedimento médico justificado pela necessidade de salvar-lhe a vida. Pediu para sair dali, estava cansado, queria ir para casa. A casa que é o princípio a negar a tal estrutura sólida com a qual comecei este texto.

Antes do atestado de morte cerebral, tivera uma parada cardíaca, certamente foi “ressuscitado” e ficou em coma profundo até o ato de retirada dos aparelhos e quando a família recebe a notícia. Naturalmente entre o “negócio” de solubilidade do corpo, as razões sociais e principalmente políticas toda a família se mobiliza pelo resto do dia.

Além da notação histórica o que interessa é este homem e tudo que mobilizou num longo processo de existência no movimento. Ora como movimento da existência e noutra com a existência no movimento. Por isso mesmo é história: o mundo Greco-romano, a civilização ocidental, o sentido tribal de suas origens árabes, as fazendas de café do novo mundo e um profundo respeito pelo mundo francês do século XX.

Wilson Fadul nascido em fevereiro de 1920, como ele disse: eu nasci...na estação da estrada de ferro Sul de Minas, que não existe mais. Isso em Conservatória, distrito de Valença no Rio de Janeiro. Fadul, com mais de 91 anos de idade, falava de sua história, do mundo e do pensamento humano como de fato somos os humanos: um todo não mecânico. Dessa forma ele rechaçou peremptoriamente a visão de um mundo petrificado e pasteurizado imposto pela mídia desta pós-modernidade vazia.


Naquela idade, isso ainda foi há menos de uma semana, ele não dependia da bioquímica cerebral, das teorias que articulam computadores com a malha neuronal e nem do sistema circulatório para expressar a existência. Nenhum sinal demente ou qualquer atributo perfomático que reduz a idade avançada a um mero desempenho.

Na verdade ele viveu intensamente o século XX. Viveu num Brasil monopolista do café até um país industrializado, diversificado e urbano. Fez jornadas incríveis no pantanal de Mato Grosso do Sul, em pastagens de bovinos selvagens e perigosos e com água na cintura em coleções compartilhadas com sucuris enormes. Andou e foi alvo de grandes manifestações nas colinas do Líbano e passeou pelas paragens italianas em busca do passado romano.

Ele viveu o ambiente essencialmente político do Rio de Janeiro, desde as escaramuças da UDN para derrubar Getúlio e Juscelino até a transferência para Brasília. Conviveu com Flores da Cunha e todas as tardes até certas horas da noite estavam numa roda de convivência da elite política do Rio de Janeiro na casa de Osvaldo Aranha. Foi contemporâneo de todos os políticos da UDN, PSD e PTB dos anos 50 até os tempos da ARENA e do PMDB. Tinha apreço enorme pela memória de Santiago Dantas, com quem trocava análises com frequência.

Fadul junto com Ênio da Silveira, Edmundo Muniz e outros companheiros fundaram a Editora Paz e Terra que tantas publicações interessantes traduziu no Brasil na época da ditadura. Ele foi um dos grandes artífices da Frente Ampla que conseguiu juntar Jango, Juscelino e Lacerda contra o regime militar. Estava se preparando para um almoço com Rubens Paiva quando foi avisado por José Aparecido que ele havia sido preso pela ditadura.

Toda esta história e muitos fatos ainda não publicados sobre os acontecidos nos bastidores da política de então nos foram revelados em longas tardes de gravações. E com tal riqueza de detalhes, datas e citações, testadas por outras fontes que, enfim nos remete para o que apontamos no início. O ser humano não é esta dualidade mecânica de corpo e mente, ele é uma dinâmica histórica, interativa e construtiva de uma realidade que ao mesmo tempo o empurra e é empurrada por ele.


Na Rádio Azul


A poesia de Nicodemos - Por João Nicodemos


onde andará aquela
de quem só encontro pedaços
nas outras que beijo?

terá hora, ou virá sem hora
a senhora do meu desejo?

andará a me buscar
ou nem sabe de mim?
não sabe que trago,
por ela guardado
um amor sem começo
sem fim...

se ela demora e não vem
onde jogar meu carinho
que brota escondido e é de ninguém?

Que venha logo
que venha breve
vestida de branco de seda ou cetim
ou melhor
me venha nua
vestida somente de cheiro jasmim...

Ganharemos a rua
e uivaremos pra Lua
na noite sem fim.

João Nicodemos

A fila anda ... - Rosa Maria Guerrera


Hoje eu gostaria de escrever o verso que nunca escreví , e nele sonhar um sonho nunca imaginado . Gostaria de numa página em branco relembrar em fragmentos todos os beijos que dei , todas as fantasias que imaginei , e todos os delírios que apetecí. Gostaria de poder entender as interrogações do silêncio , as verdades das exclamações e deslizar devagarinho pelas reticências das surpresas .Tem certos dias que a gente amanhece mesmo com vontade de ser qualquer coisa que não seja nós mesmos .Vontade de fazer aquela LISTA , como diz a bela composição de Oswaldo Montenegro :”Faça uma lista dos sonhos que tinha/quantos voce desistiu de sonhar ? quantos amores jurados pra sempre /quantos voce conseguiu preservar”. E mais adiante a interrogação mais importante : Onde você ainda se reconhece/ na foto passada ou no espelho de agora?”E eu me pergunto quando ouço essa música:Quem não possui uma lista dentro de sí ? Quantos e quantos sonhos não desistimos de sonhar ? Quantas palavras guardamos no momento em que deveriam ser ditas e quantas outras deixamos escapar no instante errado ? É quando a gente para e olha aquela foto passada sem se reconhecer no momento atual .O espelho que nos refletiu ontem , já não nos mostra a mesma imágem.Não me refiro ao tempo cronológico, mas ao tempo aprendizado.E esse é o mais importante na vida de todos nós .E o mais curioso é que a gente não pode afirmar que aprendeu de tudo na vida , porque a cada instante nos aparece uma nova lição no jogo de xadrez do destino .Se eu fosse fazer hoje uma lista dos amores que tive será que teriam a mesma importância para mim , como antes ? Talvez quando existiram tivessem sido realmente importantes ,mas ... “ a fila anda” como tenho por hábito dizer. E nessa caminhada , fatos, pessoas e casos vão ficando na poesia que escrevemos ontem, e como a pena do poeta não tem o direito de parar , novos temas e novas emoções vão dando início a um novo soneto ou poema. Hoje realmente eu gostaria de fazer aquela poesia que nunca fiz ou imaginar um sonho nunca sonhado , e se agora não estou conseguindo realiza-la tenho certeza de que amanhã , ou dentro de minutos,ou até daqui a muitos anos eu conseguirei compor esses versos .E quando entendidas as interrogações do silêncio, as verdades das exclamações ou ainda as reticências das surpresas , tenho certeza absoluta de que não encerrarei a minha lista . No longo corredor da vida , ainda existirão muitas portas a serem escancaradas .Afinal , é como digo sempre : “..A FILA ANDA ......”
rosa guerrera

"Lembrei dos Amigos"- Colaboração de Stela Siebra de Brito


Dois pedaços de madeira que flutuam no oceano
encontram-se e se separam um instante depois.

Assim também tu e tua mãe, tu e teu irmão, tu e

tua mulher, teu filho e tu.

Chamas teu pai, tua mulher, teu amigo,

mas não é mais do que um encontro no caminho.

Esse mundo é uma roda que gira,

uma passagem no grande oceano do tempo, onde nadam

dois tubarões: a velhice e a morte.

Nada é permanente, nem teu corpo.

Nada retorna e nada permanece.

Prazer, dor, o destino tudo estabelece.

O que desejas, tens.

O que não desejas, tens.

Ninguém entende por quê.

Nada garante a felicidade do homem.

Onde estou? Para onde irei? Quem sou? Porque?

E porque deveria chorar?





Extraído do Mahabarata em adaptação do original


por Jean Claude Carrièrre.


Do livro: Índia, um olhar amoroso. Do mesmo Jean Claude.

Batucada






Manhã de domingo, na capital cearense. Varanda de uma amiga, na Aldeota. Tristeza com razão ou sem razão... O mar e o sol no mesmo lugar, e o meu coração viajante buscando o amor na canção.
É engraçado como sentimos a vida, antes dos 30 anos... Tudo é presente com uma pressa enorme de futuro, e o maior dos ideais é viver com plenitude, um grande amor.
Chegaram. O namorado da minha amiga e um amigo com o violão nos braços. Veio fazer serenata em pleno meio dia.
Foi servida uma caninha de cabeça, e começaram os bebem- riscos
.Eu que não gosto de cana, naquele dia, também beberiquei, ou fiz de conta que o fazia, quando o violão mostrou sua primeira nota. O violão tremia, e dizia de cara: sou boêmio, e dos bons!
Depois de Luiz Melodia, foi a vez do repertório de Luiz Bonfá. Na sequência, tudo que a gente aprendeu com os pais, os tios, ouvindo rádio, nas festinhas, e nas rodas de viola. Minha memória refrescada e sensível acompanhava todas. Os meus olhos vidrados nas mãos do violeiro, pulavam pros seus olhos de ser esteiro.
Foi paixão à primeira vista, ou à primeira ouvida!
O amor se alimenta de música. Mas a música no coração de um violão vadio faz chorar quem espera a próxima canção.

(socorro moreira)

Medicina



A medicina é uma das muitas áreas do conhecimento ligada à manutenção e restauração da saúde. Ela trabalha, num sentido amplo, com a prevenção e cura das doenças humanas e animais num contexto médico.

Ações de saúde pública e ambiental, incluindo a saúde animal, promoção, prevenção, controle, erradicação e tratamento das doenças, traumatismos ou qualquer outro agravo à integridade e bem-estar animais, além do controlo de sanidade dos produtos e subprodutos de origem animal para o consumo humano e animal compreendem a área da medicina da responsabilidade do profissional de saúde médico veterinário.

Em Portugal, a saúde oral, higiene, integridade dentária, a sua limpeza e profilaxia compreendem a área da medicina da responsabilidade do Médico Dentista, que é um profissional da saúde capacitado na área de odontologia, e apesar de ter um âmbito de acção semelhante, não deve ser confundido com o Médico estomatologista. Porém no Brasil, odontologia e medicina são profissões distintas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, saúde não é apenas a ausência de doença. Consiste no bem-estar físico, mental, psicológico e social do indivíduo. É um estado cumulativo, que deve ser promovido durante toda a vida, de maneira a assegurar-se de que seus benefícios sejam integralmente desfrutados em dias posteriores Nesse contexto, diretrizes de organizações supra-nacionais compostas por eminentes intelectuais do globo relacionados à área de saúde estabeleceram um novo paradigma de abordagem em medicina.

O santo patrono da Medicina é São Lucas.


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