por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Tirrintas & Aribés


Padre Medeiros assumiu a paróquia de  Serrinha dos Nicodemos, quando do histórico desmembramento da de Matozinho. Consta que o então pároco  matozense,  já não conseguia dar conta de tantas ovelhas espalhadas por distritos e vilas circunvizinhas. O sacerdote alemão Norsinger , conhecido por todos como “Nó Cego”, já carregava nos ombros e pernas o fardo de mais de setenta décadas. Contam que, por conta da desassistência, o rebanho viu-se na necessidade de procurar  Igrejas Evangélicas  que começaram pouco a pouco a se disseminar na região.  A assimilação do novo credo não era fácil, pois desbancar Padre Cícero , Frei Damião e Nossa Senhora dos seu altares, era heresia para ser resolvida apenas por uma nova Inquisição ou uma outra Cruzada. Os pastores precisaram, pois, sabiamente ou sabidamente,  minorar um pouco o discurso de uma divindade centralizada, sem advogados e secretários, para poder conquistar um rebanho disperso. Mas pouco a pouco , com o passar dos cultos, precisaram introduzir os princípios básicos da sua teologia, inclusive uma outra medida muito impopular : o dízimo.
                                               A chegada de Pe Medeiros em Serrinha, assim, trouxe uma incontida alegria à população. Embora idoso, ou por isso mesmo, o pároco transpirava   virtude. Como todo santo mortal, no entanto, escorregava em um ou outro pecado capital, que ninguém é de ferro. A luxúria já não trouxera à Serrinha. Avareza, soberba, ira e vaidade, se um dia cultivara, tinham ficado pelo caminho entre Serrinha e a Capital . Restavam apenas  a preguiça , um pouco por conta das décadas que se foram sucedendo e, principalmente, aquele que mais contribuiria para ( se não amainassem as Leis de São Tomaz de Aquino) levá-lo , um dia , às labaredas do Inferno : A Gula.
                                               Medeiros , pesadão, com uma barriga digna de um Rei Momo, comia como se previsse uma nova seca de 77. Invariavelmente, mandava cozinhar todo dia: um quilo de arroz, um outro de feijão e uns dois de carne e depositando a ruma de comida num aribé, comia como se estivesse previsto para logo mais o apocalipse dos Maias. Rosário, sua empregada,  trazida na bagagem da capital, fazia ainda acompanhar um vinhozinho para desentalar o gogó do nosso padre. As línguas maldosas de Serrinha diziam que o sacerdote durante o dia passava de comida e vinho e, de noite, religiosamente, debulhava Rosário.  A fama de esgalamido era tamanha que se criou até uma expressão típica de Serrinha e redondezas. Neguinho terminava uma lauta refeição, esfregava a pança, arrotava e já , automaticamente , soltava a catilinária:
                                               --- Menino, comi que só Padre Medeiros !
                                               O padre danava-se com esta história:
                                               --“Comem que só um cavalo batizado e vem com esta conversa de Padre Medeiros! Se eu pegar o engraçadinho dizendo uma marmota dessas, eu excomungo !”
                                               E eram muitas as potocas envolvendo nosso Medeiros e suas peripécias à mesa. Segundo o povaréu, numa  das viagens  à capital, pernoitou em uma vilazinha : “ Marmeleiro de Dentro”. Lá a única pousada existente era o “Café de Dona Loló”, uma senhora simpática e extremamente religiosa e que ficou pois felicíssima com o visitante ilustre. No jantar, D. Loló ficou impressionada com a voracidade do Padre: enrabou uma buchada, uma dobradinha, uns pedaços generosos de lingüiça, umas costelas de leitão e um porco na rola, junto com uma garrafa de vinho São Francisco, demonstrando, por fim,  a todos sua devoção. Terminado o lautíssimo jantar, atravessou o corpão numa rede, desmaiou de sono e começou a roncar desesperadamente, igualzinho ao barrão que acabara de degustar. Dir-se-ia um trator subindo uma ladeira, ou um motosserra derrubando um jequitibá. D. Loló,  diante daquele barulho ensurdecedor, lembrando ainda da montanha de comida pesada engolida pelo hóspede, começou a se preocupar:
                                   ---“Meu Deus, valei-me,  o padre tá passando mal, o Padre tá morrendo”.
                                   Resolveu, então, tomar uma atitude salvadora. Aproximou-se da rede, balançou-a prá lá e prá cá, com força, até despertar o religioso. Apreensiva perguntou-lhe:
                                   --- Seu padre, o Senhor tá bem? Tá passando mal? Quer tomar um chá?
                                   Medeiros pareceu recuperar-se do pesadelo ante a auspiciosa notícia,  aceitou o chá, mas impôs condições:
                                   --- Quero, D. Loló, mas só se for com umas bolachas “cheme craque”!
                                   De outra feita, num casamento que realizou , foi à festa e comeu como só Padre Medeiros ou um elefante seriam capazes. Terminado o almoço,  ficou entalado e começou a suar em bicas como se estivesse tirando espírito em Terreiro. Os convivas acorreram , interrogando-lhe se não preferiria botar o dedo na goela para vomitar e, assim, se aliviar. O Padre justificou a negativa:
                                   --- Meu filho, se coubesse ainda um dedo no gogó, eu comia era uma banana !
                                   Semana passada , Medeiros numa visita de desobriga, chegou numa casa humilde da zona rural.  A dona, uma senhora humílima, feliz com a ilustre e rara presença, convidou-a para almoçar. Nem imaginava a bronca em que se metia, com o risco pouco calculado de deixar toda a família a ver navios ou estrelinhas.
                                   --- É um mucunzá, seu padre, o Senhor aceita um pratinho?
                                   --- Aceito, sim, minha filha, nem gosto muito de comer, estou fazendo dieta, mas veja lá uma tirrintazinha, dessas mais fundas, viu?
                                   Rápido , Medeiros sorveu a primeira tigela e a pobre Senhora, a seu pedido, começou a encoivarar pratos e mais pratos. Na altura do sétimo ou oitavo, a dona da casa, já observando o fundo do panelão, perguntou:
                                   --- Seu padre, o senhor gosta de Muncunzá, como um desvalido, né?
                                   Medeiros arrematou:
                                   --- Gosto não, minha senhora ! Eu odeio muncunzá, mas   coisa ruim a gente deve acabar logo, né? Vai ver a Senhora oferece a uma pessoa estranha, ela é capaz de arreparar!

J. Flávio Vieira

Antenando com Atenas- por J. Flávio Vieira,




Depois de assistir aos deprimentes acontecimentos pela TV, o prefeito Sinderval Bandeira -- mais conhecido como “Bandalheira”-- revoltou-se. Aquilo era lá papel que se fizesse!? Tinham juntado um magote de malandro e mandado pruma tal de Atenas, representar o país e o papelão não podia ter sido maior. O pior é que a récua de vagabundo ainda saíra cagando goma, posando pra foto , dizendo que ia quebrar uns tal de recordes e trazer uma ruma de medalha de ouro. Até aquele momento, nada ! Quando chegaram nas estranjas, começaram a falar fino, a miar , a arranjar justificativa para tudo : “Só num nadei mais, porque a água tava muito molhada”, “eu num sabia que ganhava a prova quem corresse mais ligeiro”, “eu não ganhei porque o juiz roubou” . Estavam apanhando mais que bigorna de ferreiro. Sinderval , irritado, resolveu reunir, imediatamente, o secretariado.
À tarde, suando mais que tampa de chaleira, explicou aos seus servidores municipais os motivos da sua chateação.
-- Esses contadores de vantagem, dessa tal de Atenas, mentem mais que cachorro de preá ! Por mim, mandava buscar os sem-vergonha de volta e dava uns conselhos com umas lapadas de chicote de mufumbo, prá eles ganharem sustança! O pior é que por todo canto , todo mundo fica pensando que o povo do Brasil e de Matozinho é como caldo de angu e frouxo como eles.
Explicitando suas preocupações ,Bandeira transferiu para seus assessores diretos as idéias de como resolver, a longo prazo, tão terrível pendência. De pronto, criou uma secretaria de esportes e nomeou Aldemir do Peba , o mais conhecido caçador de tatu de Matozinho , para o cargo. Solicitou , então, que todo o secretariado se reunisse com Aldemir e , na semana seguinte , trouxesse um plano de como incrementar , no município, os esportes olímpicos, fabricando atletas e ajudando ao Brasil, já na próxima Olimpíada , a diminuir o queixão . Mais medalha e menos queixo ! – finalizou Bandeira.
Passado o prazo estabelecido, reuniu-se , novamente, o secretariado e Aldemir foi incisivo. Resolvera que a forma mais prática de atingir os objetivos propostos por Sinderval seria criar a I Olimpíada de Matozinho e, para tanto, haviam formado o C.O.M. – Comitê Olímpico Matozense – presidido por “Do Peba” , contendo vários membros do secretariado municipal. O Comitê , em prazo recorde, estabelecera a data de janeiro do ano subseqüente para a abertura dos jogos. Segundo Aldemir, houve necessidade de adaptação de algumas modalidades esportivas, sob pena de não haver maior entusiasmo por parte dos matozenses. Depois de ampla discussão, tinham sido escolhidos os seguintes esportes: primeiro, a PONTARIA: com os tiros de soca-soca em avoante, de baladeira em Lobó, de funda em teju e tiro de bodoque com e sem canário,em guinés. Segundo , a NATAÇÃO nas modalidades de nado de cachorrinho e nado de açude e a forma artística de cangapé em barreiro e arremesso de caco de telha n´água, além da tomada de pé no porão do Caiçara .Terceiro, JOGOS DE TERRA , com as formas de futebol de poeira, peteca, empinamento de papagaio, pião e carrapeta, pau de sebo, bila ao burias, xibiu, futebol com bola de meia, chicote queimado, esconde-esconde e bandeira. Quarto ,a modalidade de ATLETISMO com o salto de cerca de arame farpado e de vara e a Maratona de Matozinho a Bertioga que recebeu o nome de Tatá Frecheira. Este magarefe, anos atrás, fora flagrado em adultério explícito por um marido ciumento e , segundo consta, fez o mais rápido percurso entre as duas vilas, claro que com o incentivo do indigitado marido, sempre no seu encalço, com uma jardineira reluzente no punho.Como na Grécia antiga, morrera ao chegar, um pouco pelo esforço despreendido, mas, também , pela ajuda da jardineira lhe espetando o vazio. Na ESGRIMA haviam escolhido os seguintes formatos : Briga de Canivete, Quicé e Lambedeira de 12 polegadas.
A proposta do C.O.M. foi aceita sob aplausos,mesmo restando algumas dúvidas como se transformaria ,com o tempo, os atletas das diversas modalidades típicas de Matozinho em medalhistas, nos embates oficiais de Pequim .
Janeiro chegando, abriram-se as inscrições para os famosos jogos de Matozinho. A procura mostrou-se intensa. Choveram atletas de várias cidades circunvizinhas. No dia inesquecível da abertura a cidade engalanou-se. A rua principal estava totalmente embandeirada, postes de madeira balizavam toda a avenida e neles dependuravam-se, decorativamente, petecas,piões, corrupios, bodoques. Antes que desembocasse na praça da matriz, uma faixa cruzava toda a rua, com os dizeres que contrariavam o Barão de Coubertain : Se acheguem à I Olimpíada de Matozinho ! O Importante é Vencer ! e ,logo abaixo : Espere nóis em Pequim que cum nóis não tem Pantim”.
Num palanque plantado na praça da matriz, Sinderval Bandeira fez um discurso apoteótico, seguindo a fala do presidente do Comitê Olímpico de Matozinho :Aldemir do Peba. A banda cabaçal forneceu a trilha sonora imprescindível à grandeza do evento. Vários alunos do Grupo Escolar Deusamém Candéa desfilaram enrolados numas saias caquis feitas com o pano aproveitado de uma velha empanada do Circo Merindo . O locutor anunciava-os , num microfone rouco, como sendo uns gregos que inventaram as olimpíadas. Depois do ribombar de umas vinte dúzias de fogos, deu-se oficialmente por aberta a I Olimpíada.
Quinze dias depois, encerraram-se oficialmente os primeiros jogos matozenses da era moderna. Tudo transcorreu naquela normalidade esperada para Matozinho, com alguns poucos incidentes.O medalhista de ouro da modalidade esconde-esconde ,não pôde receber a medalha : tamanha foi a sua perícia que até hoje ainda não foi encontrado. Zequinha de Bilu, no salto sobre a cerca de arame farpado, errou o bote e caiu montado no arame. Dizem as más línguas que ,assim, sobraram bolas de gude para a prova de bila ao burias. Seu salto ficou conhecido, desde então, por “duplo twist capado” ou “De Bilu”. Ao receber a coroa de louros ,no pódio, pela medalha de prata em arremesso de caco de telha, em que conseguiu o recorde mundial de 29 toques na água do açude, Zezim Jurubeba ganhou ,junto dos louros, um mangangá que, não respeitando novo herói, lhe sapecou uma ferroada dessas de inchar a cara e dar febre de três dias. Melhorado, ele comentou ainda com o beiço virado:aquilo não era uma coroa de louros, era uma coroa de besouros. Teve uns vinte atletas presos por afrontarem as determinações dos juizes das provas.
Constatou-se, também, o primeiro caso grave de dopping nos jogos matozenses. Gereba , no dia da Maratona, acordou com umas hemorróidas inchadas e estrepando que até pareciam uma arupemba de cambuí. Maratonista favorito,preocupado,procurou Janjão da botica que lhe prescreveu uma talagada de Vick-Vaporub no fiofó. Passada a pomada,antes da prova para que o efeito fosse mais duradouro, Gereba sentiu uma frieza ,lá nele, como se o Zé de boga estivesse chupando drops. Com aquele motor de popa, saiu parecendo um foguete, ganhou a competição e estabeleceu o recorde mundial para a Maratona. Alguns competidores desconfiaram da velocidade de turbo, denunciaram, e nosso maratonista terminou desclassificado pelo C. O. M.
Mas o mais sério mesmo aconteceu na Esgrima: a lambedeira comeu no centro e cinco atletas acabaram com tripa gaiteira furada . No entanto, como bem disse Aldemir do Peba , no discurso de encerramento, esta modalidade é pra cabra macho mesmo, quem num for homem , pegue seus riquififes e querequequés e é só não se inscrever em Matozinho. Pega a roupinha de balé, come umas minguiribas , procura os outros baitolas no Comitê Olímpico Brasileiro e vai fazer papelão em Atenas.
Com Matozinho no páreo, em Pequim: num vai ter nenhum pantim!

Do Livro : "Matozinho vai à Guerra"

Bolo com Glacê de Limão- por socorro moreira


“,,,segredos de liquidificador...”
Canto estes versos de Cazuza sem reflexão.

Agora penso nos segredos
Que depositarei na minha nova lavadora:
Líquidos e cheiros
-Sinais do dia a dia...
-Vida!

Ela absorverá máculas
E devolverá tudo lavanda

Acho mágico o que deixa livre os  nossos braços...
Para um abraço
Colher de pau
Bolinho na tarde
Merengue, raspas de limão...
Como se o açúcar fosse remédio
Pra curar  amarguras!

Bolo  com Glacê de Limão



Ingredientes

Para a massa:

5 Gemas
1 xícara de chá de manteiga ou margarina

2 xícaras de chá de Açúcar

1 1/2 xícara de chá de Farinha de Trigo
5 Claras

1 colher de sopa de Fermento em pó

Para o glacê de limão:


1 1/2 xícara de chá de Açúcar de confeiteiro
Raspas de 1 Limão

3 colheres de sopa de Suco de limão


Modo de Preparo


Na batedeira, bata as gemas, a manteiga e o açúcar até obter uma mistura fofa e esbranquiçada.

Acrescente a farinha, e misture bem. Reserve.

Preaqueça o forno em temperatura média (180 °C).

Na batedeira, bata as claras em neve e misture-as delicadamente à massa junto com o fermento. Despeje-a numa forma redonda (25 cm de diâmetro x 6 cm de altura), untada e enfarinhada e leve ao forno por 40 minutos ou até que asse completamente. Desenforme depois de frio.

Para o glacê de limão


Em uma vasilha, misture bem o açúcar, as raspas e o suco de limão. Espalhe o glacê sobre o bolo, cobrindo toda a superfície e toda a sua volta. Com uma espátula alise bem, deixe secar para endurecer e sirva em seguida.






Jorge Amado


Jorge Leal Amado de Faria (Itabuna, 10 de agosto de 1912 — Salvador, 6 de agosto de 2001) foi um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos.

Ele é o autor mais adaptado da televisão brasileira, verdadeiros sucessos como Tieta do Agreste, Gabriela, Cravo e Canela e Teresa Batista Cansada de Guerra são criações suas, além de Dona Flor e Seus Dois Maridos e Tenda dos Milagres.[2] A obra literária de Jorge Amado conheceu inúmeras adaptações para cinema, teatro e televisão, além de ter sido tema de escolas de samba por todo o Brasil. Seus livros foram traduzidos em 55 países, em 49 idiomas, existindo também exemplares em braille e em fitas gravadas para cegos.[1]

Amado foi superado, em número de vendas, apenas por Paulo Coelho mas, em seu estilo - o romance ficcional -, não há paralelo no Brasil. Em 1994 viu sua obra ser reconhecida com o Prêmio Camões.

wikipédia

Eddie Fisher



Edwin Jack "Eddie" Fisher (Philadelphia, 10 de agosto de 1928 - Berkeley, 22 de setembro de 2010) foi um cantor estadunidense.

Cantor de sucessos como: "Thinking of you" e "Oh my pa-pa", na década de 1950, Eddie protagonizou um verdadeiro escândalo quando trocou a sua esposa, Debbie Reynolds por Elizabeth Taylor. O cantor é pai da Carrie Fisher e Joely Fisher, entre outros.

Fisher morreu em Berkeley, na Califórnia, na quarta-feira dia 22 de setembro de 2010, devido a complicações após uma recente cirurgia nos quadris