por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 5 de março de 2023

 “DEITADO NA CAMA COM O DIABO” – José Nílton Mariano Saraiva

Meses atrás, num desses eventos que o “seu” banco recorrentemente patrocina para convidados preferenciais (os integrantes do tal “mercado”), o senhor André Esteves, dono do banco BTG Pactual, jactou-se em alto e bom som, sem nenhum constrangimento, mas, sim, usando de puro sarcasmo, que o atual o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sempre e sempre o consulta quando aquela instituição governamental tem que reajustar a Taxa Selic; ou seja, é ele, um banqueiro com aplicações superlativas ou relevantes em títulos do governo e influenciador em potencial dos demais integrantes do tal “mercado”, que sugere ou determina sobre tal reajuste.

Afirmou, ainda, que o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, também o consulta sobre decisões políticas às mais diversas; em resumo, o senhor André Esteves (um dos comandantes do “mercado”) já há um certo tempo é quem realmente tá dando as cartas lá em Brasília (tanto que os dois citados confirmaram, sem nenhum pudor, que o consultam, sim, recorrentemente).

A reflexão é só pra lembrar que, ao ser derrotado por Lula da Silva no pleito presidencial passado, o miliciano que lamentavelmente esteve presidente do Brasil nos últimos quatro anos, além de deixar atrás de si uma herança maldita ainda  “aparelhou” as mais diversas instituições do governo com pessoas do seu “naipe” e, consequentemente, dispostas a atrapalharem o governo daquele que “ousou” impingir uma derrota ao chefe, tendo em vista que o mandato dos “indicados” (e não eleitos) se estende metade entre o governo que sai e metade aquele que assume.  

E aqui é que mora o X da questão: o Banco Central do Brasil, uma dessas instituições cujo presidente em exercício, senhor Roberto Campos Neto, foi indicado pelo governo anterior, não tem qualquer escrúpulo em tentar obstar, desde sempre, o governo atual, e nada melhor para isso do que manter uma Taxa Selic estratosférica que, ao tempo em que desestimula qualquer investimento produtivo para o país, beneficia sobremaneira (com o pagamento de juros escorchantes) os abutres do tal “mercado” (à frente o seu fiel conselheiro e assessor André Esteves e corriola).

É compreensível, pois, a atitude do presidente Lula da Silva em se recusar a ficar “deitado na cama com o diabo”, daí a sugestão que o Banco Central empreenda uma redução efetiva, gradual e segura da Taxa Selic, que, alfim, beneficie o país (há espaço pra isso).

Não se concretizando tal desiderato por alguma razão, a alternativa seria entrar em acordo com o Congresso Nacional visando mudar o comando do Banco Central, antes que a vaca rume definitivamente para o brejo.