por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 19 de fevereiro de 2011

OUVI DIZER QUE O 14 BIS VAI VOLTAR



Vamos recordar e curtir a música dessa banda maravilhosa dos anos 80-90: 14 Bis - Flávio Venturini
(E som na caixa!)
Dedico esta postagem a Socorro Moreira e Corujinha Baiana

"Mammy Blue" - Uma Música Inesquecível

Um dos maiores sucessos dos anos 70. Foi gravado até em húngaro.




Mamy Blue Rick Shayne

I may be your forgotten son
who wandered off at twenty one
it's sad to find myself at home,
oh ma.

If I could only hold your hand
and say I'm sorry yes I am
I'm sure you really understand
oh, Ma, where are you now.

Oh, Mamy, oh, Mamy - Mamy - blue
oh, Mamy - Blue

The house we shared upon the hill
seems lifeless but it's standing still
and memories of childhood days
fill my mind, oh Mamy, Mamy, Mamy.

I've seen enough of different lights
seen tired days and lonely nights
and now without you by my side
I'm lost, how can I survive.

Oh, Mamy...

Nobody who takes care of me
who loves me, who has time for me
the walls look silent at my face
oh, Ma, so dead is our place.

The sky is dark, the wind is rough
and now I know what I have lost
the house is not a home at all
I'm leaving, the future seems so small.
I'm leaving, the future seems so small.


Mãezinha Triste
Eu posso ser o seu filho esquecido
Que saiu de casa aos 21 anos de idade
É triste me encontrar em casa
Oh, mãe

Se eu ao menos pudesse segurar a sua mão
E dizer que sinto muito, muito mesmo
Tenho certeza de que você realmente entende
Oh, mãe, onde está você agora

Oh, mamãe, oh, mamãe, mamãe triste

Oh, mamãe, triste
A casa que compartilhamos no topo da colina
Parece sem vida, mas está lá firme e forte
E memórias dos tempos de infância
Preenchem a minha mente, oh, mamãe, mamãe, mamãe

Já vi suficientes luzes diferentes
Vi dias exaustos e noites solitárias
E agora, sem você ao meu lado
Estou perdido, como posso sobreviver

Oh, mamãe...

Ninguém que cuida de mim
Que me ama, que tem tempo para mim
As paredes parecem silenciosas ao meu rosto
Oh, Mãe, bem mortos é como devemos estar

O céu é negro, o vento é duro




Um dia de melodia !!!- Por Isabela Pinheiro


Em um dia de melodia
Tem passarinho cantando
Tem gente sorrindo
Tem um beija flor paquerando ...
Tem de tudo, tem uma bicicleta de flor
A neta beijando o avô
A vovó regando as flores
Cheia de amores
O pato que caiu da Janela
Por causa da panela
Que bateu em sua cabeça
Que era uma riqueza,
O flanelinha tentando ajudar o carro foi atropelado
Mas que bagunça tem pra ver
Tem tudo de comer
Tem maçã, graviola e pitanga, é colher e escolher.
No dia de melodia tudo tem pra ver...
Tem o gato com o canguru fazendo angu,
No dia de melodia tem tudo para ver
Tem casa, apartamento,
Tem violeiro tem chiqueiro...
Macarronada, queijo de Coalho tem para comer
Isso tudo em um dia de melodia. 

Foto by Joaquim Pineiro :
mãe e filha (Renata e Isabela Pinheiro )

Uma ilustre personalidade cratense ! Quem se lembra ?



" Eu temia mais o meu avô do que temia o meu pai."( Rosineide )

- Um cratense respeitado, e bem lembrado.
Figura querida , no meio social e político.
Não vou dizer o nome, pois quero que alguém adivinhe !(socorro moreira)

"Vô, corre, que ele derramou o leite !" ( Rosineide)

"Essa história me fez levar uma pequizada no queixo. Por causa de Fátima, uma menina muito da fuxiqueira, me dedurou a papai sobre um copo de leite que eu não quis tomar antes de dormir, como era costume lá em casa e joguei fora por debaixo da porta. Quando papai perguntou: "ele bebeu o leite?" "Sim!" respondeu a saudosa Leny. "Bebeu não, vovô, ele derramou por baixo da porta." Naquela noite dormi de couro aquecido, livrando-me assim do frio que fazia no São José. No dia seguinte, após o almoço, lá vinha a Fátima me dizer: "Olha só o pequi que eu encontrei no pé." Não quero conversa com você, sua enredeira!" Quando menos esperei o pequi interrompeu sua trajetória no meu queixo." E quase que ela levava umas chineladas, mas ficou de castigo!"

(Carlos Eduardo Esmeraldo )

"A Mesquita Azul" de Istambul - Turquia


A Mesquita Azul ou Mesquita do Sultão Ahmed (em turco: Sultanahmet Camii) é uma mesquita otomana de Istambul, Turquia.A sua construção teve inicio em 1609, e foi inaugurada em 1616, pelo sultão Ahmet I e projetada por Mehmet Aga, um estudante do famoso arquiteto otomano, Sinan. Está situada no bairro de Eminönü, no distrito de Fatih em frente da Basílica de Santa Sofia da qual se encontra separada por um formoso espaço ajardinado. É a única mesquita de Istambul que possui seis minaretes.

É conhecida pelo nome de Mesquita Azul devido à estranha tonalidade dos azulejos Iznikazuis que decoram suas paredes internas. O tranqüilo pátio do mosteiro é circundado por uma arcada coberta.

A Mesquita Azul é um triunfo em harmonia, proporção e elegância. Construída em um estilo clássico otomano, o seu magnífico exterior não faz sombra a seu suntuoso interior. Uma verdadeira sinfonia de belos mosaicos azuis de Izmir dão a este espaço uma atmosfera muito especial. Os imperadores Bizantinos construíram um grande palácio onde se encontra hoje a Mesquita Azul. Em 1606 o sultão Ahmed I quis construir uma mesquita maior, mais imponente e mais bonita do que a Igreja de Santa Sofia.

As mesquitas, geralmente, eram construídas com um intuito de serviço público. Existiam diversos prédios ao lado da Mesquita Azul que incluem: escola de teologia, uma sauna turca, uma cozinha que fornecia sopa aos pobres, e lojas (o Bazar Arasta), cujas rendas se destinavam a financiar o complexo.

A mesquita foi revestida com azulejos azuis e possui ricos vitrais também do mesmo tom. Não há figuras no interior da Mesquita pois os muçulmanos não cultuam imagens.

Essas proibições ou recomendações eram seguidas estritamente no caso da arquitetura religiosa, particularmente nas mesquitas, mas a arquitetura civil as transgrediu em várias ocasiões, dependendo, em ambos os casos, da ortodoxia do governante no poder. Por outro lado, essas limitações incentivaram o desenvolvimento e um repertório baseado em diversos motivos e formas, como a epigrafia (inscrições caligráficas), os ornamentos em gesso ou a decoração vegetal estilizada (arabescos) e a decoração geométrica ou de laçaria.

Uma das manifestações artísticas que alcançou maior esplendor dentro da arte islâmica foi a cerâmica, na qual se pode apreciar um grau de inovação e criatividade comparável ao das artes plásticas de outras culturas. Os artistas muçulmanos trabalharam o vidro utilizando primeiro as técnicas empregadas no Egito e no Irã sassânida e, posteriormente, desenvolvendo novas técnicas, como no caso dos fatímidas, que produziram vidro talhado, vidro brilhante pintado e vidro estampado.

Ao entrar na Mesquita é necessário tirar os sapatos. Shortes, minissaias, bermudas ou camisetas sem mangas, não são recomendados. Funcionários da mesquita fornecem uma espécie de canga para cobrir as partes do corpo que desrespeitam a religião muçulmana.

( Mesquita Azul à Noite )
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mesquita_Azul

http://www.historiadomundo.com.br/arabe/arquitetura-arabes.htm Google Imagens

Perdas por Joao Marni de Figueiredo


O psiquiatra francês David Servan-Schreiber disse certa vez que... “se há alguma vantagem em ficar frente a frente com a morte é que se compreende quanto a vida é preciosa.” Este enfrentamento revela que não se deve desperdiçar a chance de contribuirmos de alguma forma para a existência do outro- é isso que fica depois que se vai embora! É claro que ninguém está disposto a pagar pelas alvíssaras portadas pela Senhora da Foice. Mas convivemos com ela desde o começo dos tempos, quando alguém chorou pela falta do outro ser, tão próximo e querido. O homem, ao longo da evolução, tem-se libertado- pelo conhecimento- de muitos dos medos que lhe afligem, tais como os ligados aos fenômenos naturais: raios, trovões, tempestades, terremotos, vulcões, etc., mas ainda permanece hoje temerário do tempo, esse bicho que tudo come, esse monstro que irá tragando para sua enorme pança a quem amamos e até nossas lembranças. Aprendemos o que há de irremissível nas perdas, nas separações. Sabemos que não mais ficaremos juntos e que, separados pelo tempo, cada um de nós terá digerido a ausência. A todo instante naufragamos no mar desse tempo, entre as ondas de ganhos e perdas de todo dia, até percebermos estarmos sozinhos e ao abandono; trancados, mesmo do lado de dentro da vida, que é curta e, enquanto choramos, ela se vai, e finda também para nós.

Devemos ter pena da alma de cada um, ainda não chamada, que se debate para a vida. Então é suspirar, erguer-se, banhar o triste corpo, porque a alma não carece de banho, mas de luz!

Reflitamos sobre a razão pela qual no álbum da família não há fotos dos momentos de tristeza. Talvez seja um apelo para que sigamos em frente, mesmo que aquela SOMBRA continue a nos assombrar "per omnia saecula".

Jamais compreenderemos inteira e definitivamente os mistérios que envolvem o começo e o fim das vidas, nem os motivos que possam explicar serem elas breves ou longevas... Apenas surgem e se acabam, impondo um ultimato ao homem para que não se veja grande. O que permanece de positivo para a humanidade são as atitudes de cada um de nós em prol do outro. Isso os homens poderão também julgar, mas apenas Deus assina

Uma vila qualquer


Passados tantos anos já ia ficando difícil saber o que realmente acontecera . O limo do tempo fôra recobrindo os detalhes mais importantes e a verdade se fizera fluída e escorregadia. O certo é que fragmentos da história eram narradas pelos mais velhos nas rodinhas de praça e, os mais novos, foram preparando suas as versões pessoais, nem sempre congruentes, como se montassem um quebra-cabeças. Havia porém, pontos de consenso: A Vila fôra muito próspera, encruzilhada necessária onde confluíam ( como numa foz), mascates e peregrinos, foi aos poucos formando um comércio próprio, que foi se robustecendo com o passar dos meses. Mergulhada a Vila numa terra fértil, foi aos poucos desenvolvendo uma agricultura que passou da subsistência à produção em escala quase industrial. O povo feliz, trazendo no sangue a seiva de índios, negros e brancos colonizadores , mantinha a sua cultura a ferro e fogo e a pequena Vila passou a próspera Cidade, sem nunca deixar de carregar consigo aquele doce ar provinciano. Metamorfoseara-se , geograficamente, em cidade, mas historicamente ainda era uma Vila: ganhara o conforto da metrópole, sem perder a ingenuidade e placidez de Vila. Até este ponto todas as versões terminam por desembocar. A partir daí perde-se o fio da meada, as estórias tendem a divergir sistematicamente. O certo é que a Vila ,no seu apogeu, sem causas visíveis, entrou, rapidamente, em franca decadência. Era como se tivesse sido sorvida por um buraco negro, como se houvesse caído sobre ela o Cometa que se diz Ter destruído os dinossauros.O comércio minguou, os engenhos passaram a não mais safrejar e o povo foi pouco a pouco jogando fora suas tradições e destruindo seus sítios históricos.A cidade foi , paulatinamente, se tornando vazia e oca, parecia até aquelas cidades abandonadas dos filmes de faroeste, só faltavam os rolos de feno carregados, no meio da rua, pela ventania. O povo, no entanto, montado no fausto de outrora e em meio à decadência, ia cada vez mais empinando o queixo, se tornando pábulo e contador de vantagem. Qualquer pequena obra no município era comemorada como se inaugurasse a Estátua da Liberdade.
Os motivos da hecatombe eram muitos e davam munição para discussões acaloradas em todos os logradouros. Havia um outro aspecto, porém, que era consenso entre todos: velhos e novos. A causa principal do declínio era política. Alguns, mais supersticiosos, achavam até que era "coisa botada", um caié, uma urucubaca encomendada. Por quase cinqüenta anos o município se submeteu a administrações péssimas. Sempre que se elegia um prefeito, repetia-se sempre a mesma coisa: arrodeava-se de apaniguados, indicava os familiares para os cargos mais importantes e estava montada a quadrilha. Era um não mais parar de roubar, de apropriar-se dos bens da população, coisa de fazer Ali Babá indignar-se. Acabado o mandato, o povo respirava aliviado, pensando: --- Ainda Bem ! Pior que este é impossível! O diabo é que o mal não tem fronteiras e , na sua infinitude, sempre conseguia arranjar um edil pior e mais ardiloso que o outro e aí o ciclo se fechava. É certo que numa das gestões apareceu um sujeito do bigodão , com cara mais séria que fundo de touro , cabra pontos nos ii . O diabo é que o homem morreu no meio do mandato aí.... O Vice, sedento, faminto, Assumiu! Este ponto era, inclusive, o que mais alimentava as especulações dos supersticiosos , que achavam que alguém tinha costurado a boca de um sapo e enterrado na prefeitura da cidade.
Dias desses, em meio à Festa da Padroeira, os maior fofoqueiro da Cidade, Zé Gallup, resolveu fazer uma enquete. Saiu , travestido de pesquisador do Ibope, fazendo a seguinte pergunta: --"Qual o melhor Prefeito desta cidade nos últimos cinqüenta anos ? Depois da consolidação dos dados, Zé Gallup, reuniu , na praça, os amplificadores de boatos da cidade e divulgou o vencedor. O resultado não podia ser mais surpreendente:
--- Zuca Mingau!!
Antes que todos protestassem, já que Zuca, era um simples gari, um dorme-sujo que jamais sequer sonhou em ser nem vereador; Gallup , com a seriedade dos pesquisadores renomados, explicou:
--- O resultado tá certo cambada! Vocês lembram que o penúltimo prefeito desta porcaria, não tendo conseguido eleger seu sucessor, ficou com raiva e não quis passar o cargo ao inimigo político eleito? Entregou, então, as chaves do paço municipal a Zuca Mingau, que tava capotado ali por perto, numa ressaca danada. Pois bem, Zuca ficou ali esperando o novo prefeito, para entregar as chaves. Foi então(queira-se ou não!) Prefeito por duas horas. Ele, na sua curtíssima administração, varreu o pátio da Prefeitura, limpou as escadarias, não roubou nada e nem deixou que ninguém roubasse, embora estivesse de posse das chaves e , também, não chamou os filhos e a mulher para chafurdar o paço. Pois bem, nas duas horas apenas que passou como Prefeito, Zuca Mingau, foi o melhor administrador desta cidade, nos últimos 50 Anos.


J. Flávio Vieira

O rio e o poder do paraíso - José do Vale Pinheiro Feitosa

Um rio magoa nossas lembranças. Não tanto pelo leito domado de um canal, mas pelo leito pretendido que suas águas eventuais podem ocupar. Os rios têm disso: estão numa calha traiçoeira apenas revelada pelos sedimentos geológicos. Os animais sedentos chegam às suas margens e pensam num leito de inverno, sem imaginar que nas procelas muito mais largos serão.

Para um olhar urbano, desejoso das bucólicas paisagens marinhas, aquele conjunto de seis casinhas de pescadores à beira mar era o mais próximo que suas imagens chegariam do paraíso. Por isso mesmo eram forte objetos dos seus desejos. De ouvir a chegada e o recuo das marés. Olhar os horizontes do mar com todas as aquarelas dos dias. Examinar seus ares com as formações de azuis e temporais.

Os rios, riachos ou levadas têm o leito compreendido como personalidade. O leito que é, ao mesmo tempo, muito mais do que o estático conceito, é a expressão da dinâmica, o curso e suas paisagens. É sua forma serpeante no revelo que traduz tudo de sua metafísica.

E foram estes olhares gordos, cheios de poupança, que voraz compraram as casinhas à beira mar. Numa época de inflação o pescador magoou-se com a rápida desvalorização do seu capital, restando-lhe palhas por moradia em terrenos afastados. Naqueles belos sítios à beira mar surgiu a pretensão de pequenos palácios. Com suas piscinas, pérgulas, churrasqueiras, varandões e um desejo enorme de mostrar o poder do progresso material.

Mas eis que o curso personalizado das águas, com suas margens educadas ou pretendidas, encontra o volume das águas marinhas. O volume de contra fluxo, o arrastar em sentido oposto aos rios, riachos e levadas. E estes se tornam um manto raso de águas, espalhadas como um véu a beira mar, não pela força das procelas que lhes dão pretensão, mas pela concentração de muito mais água que eles.

Um dia, numa agonia de cancro ou um podre que se perde aos pedaços, os pequenos palácios foram caindo no embate das marés. Os sonhos de poder se desmancharam aos bocados e estes em retalhos que afinal são migalhas da conquista do paraíso roubado a outro. Que nem era paraíso, apenas o temporário lar de pescadores próximos ao ofício da pesca.

Por João Nicodemos


A Idade e a Mudança- Lya Luft- Colaboração de Altina Siebra



"Mês passado participei de um evento sobre as mulheres no mundo contemporâneo.
Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.
E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.
Foi um momento inesquecível... A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.
Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório
há quase uma hora exibindo minha inteligência,
e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho?
Onde é que nós estamos?'
Onde, não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'.
Estão todos em busca da reversão do tempo.
Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.
Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas, mesmo em idade avançada.
A fonte da juventude chama-se 'mudança'.
De fato, quem é escravo da repetição está condenado
a virar cadáver antes da hora.
A única maneira de ser idoso sem envelhecer
é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.

Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.
Mudança, o que vem a ser tal coisa?

Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme
em que morou a vida toda para um bem menorzinho.
Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada,

Rejuvenesceu.

Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens
do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos.

Rejuvenesceu.

Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou
um baita emprego por um não tão bom,
só que em Florianópolis,
onde ela vai à praia sempre que tem sol.

Rejuvenesceu.

Toda mudança cobra um alto preço emocional.
Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada,
chora-se muito, os questionamentos são inúmeros,
a vida se desestabiliza.
Mas então chega o depois, a coisa feita,
e aí a recompensa fica escancarada na face.
Mudanças fazem milagres por nossos olhos,
e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.
Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem,
só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.
Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.

Olhe-se no espelho..."

Lya Luft

"Vencer não é competir com o outro. É derrotar seus inimigos interiores." (Roberto Shinyashiki)

decisão

                        a claude bloc

devo ficar antes dessa estrada
o medo de lá quebra a espada
que eu teria de erguer um tanto
assim assim assim 

se fosse por amor 
a quem me ouve
algo mais do que o perigo
vivo diariamente
perigo latente
no caminho da gente

é melhor que eu fique
acredite
a esquina é cega e aponta
por cima dos ombros 
o que nela fere 
corte na crosta do sonho
e
tudo o que sobra é um sonho

luto a cada a hora feito um tolo
para mantê-lo ainda aceso
todo de linhas de segredo
um jeito que tinha de ser 
e permanece 

por isso é melhor que eu fique
acredite
essas ruas são mulheres nuas
enfeitiçando o vento
que passaria no milharal
e traria o perfume para dentro
da roda em que estamos
seres desatinados
destino incerto
corações tão longe
onde parece tão perto

Vicente de Paiva - Por Norma Hauer


VICENTE PAIVA
Foi a 18 de fevereiro de 1964 que faleceu, aqui no Rio de Janeiro, aos 55 anos, o compositor Vicente Paiva, nascido que fora em 18 de abril de 1908.

Parece que, ao nascer, com a chupeta na boca, já cantava:

Quem não chora , não mama
Segura meu bem a chupeta.
Lugar quente é na cama
Ou então no Bola Preta"...

Quem não conhece o mais famoso e antigo cordão carnavalesco, ainda em atividade, do Rio?
Pois seu estribilho foi composto por Vicente Paiva.

E quem foi Vicente Paiva?

Foi pianista, trabalhou no Cassino da Urca entre 1934 e 1945, deixando-o nesse ano para passar a compor para o teatro de revista, com Walter Pinto à frente, até 1962.
Nesses períodos não deixou de compor também para o carnaval, sendo co-autor de um dos maiores sucessos do antigo "tríduo de Momo":

"Mamãe eu quero,
Mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamar.
Dá a chupeta,
Dá a chupeta.
Dá a chupeta
P'ro bebê não chorar".

É, parece que ele gostava mesmo da chupeta.

Quando Carmen Miranda, após sua primeira temporada nos Estados Unidos, esteve aqui no Rio, Vicente Paiva compôs para ela os sambas:"Voltei p'ro Morro"; "Ela diz que Tem;" e "Disseram que Voltei Americanizada", este em parceria com Luiz Peixoto.
Isso porque o povo não a recebeu bem dizendo-a "americanizada".

Heleninha Costa gravou outro grande samba de Vicente Paiva:" Exaltação à Bahia".

Duas grandes composições abrilhantaram, como poucas, a voz de Dalva de Oliveira:"Ave Maria" e "Olhos Verdes". Nestas músicas, Dalva mostrou toda a grandeza de sua voz.

Conhecido além fronteiras, foi convidado, em 1961, a tomar parte no Festival de Berlim
.
Regressando ao Brasil, faleceu em 18 de fevereiro de 1964, sem completar 56 anos..

Norma

Recife já se veste para o Carnaval - Por: Rosemary Borges Xavier



Este ano Recife homenageia a artista plásticaTereza Costa Rêgo e o maestro Duda. Vemos aqui nas imagens alguns dos trabalhos da artista, que este ano além de ser homenageada atribui-se a decoração nos pólos de animação, por toda a cidade recifense. Na primeira fotografia temos a decoração da ponte Maurício de Nassau, ao fundo o Marco Zero, um dos pólos da folia no bairro do Rio Branco (ou Recife Antigo como é chamado), na outra imagem destaca-se o Centro Cultural dos Correios, também no mesmo bairro. Mesmo para quem não curte carnaval, a cidade fica mais bonita, vale a pena visitar, pois como se ver a decoração é arte e beleza, oferecendo assim um novo cartão postal. A programação também já está pronta, aqui “um pequeno aperitivo” do que vamos ter nos dias da folia de Momo. Na noite de abertura (04/03/2011) da folia, no Marco Zero, Hermeto Pascoal, Carlos Malta e Yamandú Costa sobem ao palco com o maestro Duda; Lenine, que  dirige espetáculo “Sob o mesmo céu - Mulheres do Brasil”, que tem a participação de 11 cantoras- Maria Gadú , Fernanda Takai, Elba Ramalho, Zélia Duncan, Marina Lima , Roberta Sá, Céu , Mariana Aydar, Karina Buhr , Nena Queiroga e Isaar, além do conjunto de vozes femininas e três dos maiores instrumentistas do Brasil são as principais atrações da noite de abertura do Carnaval do Recife, na praça do Marco Zero, Naná Vasconcelos continua sendo o regente do tradicional encontro de batuqueiros de maracatu de baque virado ou maracatu nação, a origem deste se deu nos terreiros das senzalas. Este ano, serão acompanhados por afoxés e caboclinhos. Portanto, nem só de frevo vive o carnaval do Recife, pois já se consagrou como uma festa multicultural, é isto.Evoé!!!
As fotos são do fotógrafo Chico Porto e foram postadas no Jornal do Commercio, no dia 18/02/2011.

Lua Cheia - Um presente para todos os amantes- Por Heládio Teles Duarte


Lua cheia
desejos esvaziados
inquietação mental
Paz ocidental

Olhar o céu 
Faz o coração catar  fantasmas
Uma semente do amor rompido
fantasma morto de dor.

Lua seduzindo amantes
imantados numa luz azul

(socorro moreira)



I'm In Heaven - por José do Vale Pinheiro Feitosa




Ao velho Fred Astaire, no Cheek to Cheek de Irving Berlin, flutuando com Ginger Roger pelos salões dois-a-dois que não mais existem:

Estou no céu, contigo pela mão,
lufadas sobre nós, paraíso verdecido.
Flash de flores em cores,
silvos do "bico-de-prata”,
universo migrando desejos,
à nossa frente, livre a prometer.
No céu para sempre.

Mas se o celífluo cessar,
consumindo desejos feitos chama,
procurares-me e nem sombra houver,
não praguejes da eternidade rota.

A ausência que não devia,
vazio no que seria imortal,
não é capaz de finalizar meu grito,
contigo, no céu para sempre.

O céu eterno e infinito continua intacto,
se estamos ou não permaneceremos,
eterno é somatório de intervalos,
infinito continente dos fragmentos,
de modo que o céu nos contém.

Quanto a nosso amor eterno,
eterno será, se vivos sempre somos,
tal qual eterno, se finitos formos,
pois não haverá saudades ou esperas,
se, contudo a morte nos igualar,
e eterno, já que momento exato do desejo,
como o amor, portanto, sempre será.

Nas duas situações:
Eu estou no céu.

José do Vale Pinheiro Feitosa


Surrealismo da lua cheia - Por Socorro Moreira



Depois daquela dor
Não brotou nova dor
Parece brincadeira de mau gosto
Toda mágoa de amor

O amor quando descobre a nossa fortaleza,
 Mendiga atenção, vira pedinte de Igreja,
Toca viola, faz repente, carrega um fardo na mão.

Alegria sincera  não tem explicação
É sorvete na mão da menina;
É bola no pé do guri;
É pequi, no meu norte brasileiro;
É chuva no pé de mandacaru,
 E uma florinha de lá, brotando fagueira.

O clima parou de brigar de chuva e sol.
Ficou no tempo nublado, das calçadas molhadas,
 e ensombradas pelas acácias.

Estou em paus,
E com todos os outros naipes
Procuro a sorte,
E guardo na manga um ás, e uns ais...
As malas soltas das poeiras
pedem-me um pó de um lugar qualquer...
Nem que seja do passado

Dora morreu
Sofreu uma paulada dos sonhos,
e fugiu com o aviador da saudade.
Telefonaram do Amazonas
Estão iludidos com a graça das garças
e encantados com as vitórias-régias
 Estão aquáticos!

Iara ficou muda e cega
Nem gelada, nem quente...
Um chá constante!
Um anti-gripante!
Desistiu de gente

Lua,
Com a chuva ficou tênue
Não ofusca a visão
Não embaça nossas lentes
É latente
É pra depois do futuro

Líricos lis
Flor-de-lis...
Diz-me?
Cadê Zé, Maria e João?

Rumo perdido - por Domingos Barroso

Por Domingos Barroso
Rumo perdido

Não há muito por que enlouquecer.
Os dias toscos.
As noites vazias.
Em pleno equilíbrio.

O teto desaba.
As paredes racham.
Não há mesmo por que enlouquecer.

A eternidade passa pela orelha.
O zumbido da mosca.

Toda mosca aprisionada
dentro do copinho de vidro
tem olhos de borboleta.

Fugiu-me a essência do pensamento.
Estava a falar sobre qual fantasma?

Enforco sombras
para escrever versos.

Mesmo que a plenitude
tenha sido alcançada

no marasmo do dia
na libido da noite.

Tenho que abrir a boca
às minhas botas
e xícara.

Alguém tem que fazer
o trabalho sujo.

Destrinchar o invisível.
Sentir os dentes trincarem.

Por Domingos Barroso

Capinam

Torquato Neto, Caetano e Capinam


José Carlos Capinam, mais conhecido como Capinam ou Capinan (Esplanada, 19 de dezembro de 1941) é um poeta brasileiro.