por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 3 de julho de 2011

A terapia do sentido - Emerson Monteiro

Viver precisa de sentido, caso contrário a jornada terrena exigirá bem maior disposição e esforços, transformada quase numa desistência permanente. A esta conclusão chegou, como matéria científica, o psiquiatra austríaco Viktor E. Frankl, judeu que fora prisioneiro em três dos tantos campos de concentração nazistas durante a Segunda Grande Guerra.

Esse sentido para viver alimenta o ânimo qual nutriente de extrema necessidade. Isso que deverá vir das aspirações inúmeras. Do gosto de aguardar alguém que se ama. Adorar a Deus com os vigores da alma. Empregar a esperança na realização dos sonhos vários. A viabilização de projetos pessoais. Uma obra social. Concretização das ideias vitalizadoras do desejo de seguir em frente, ainda que perante vultosos desafios. Reencontrar entes queridos. Rever amores inesquecíveis. Criar condições de sentir a presença dessa potencialidade, mesmo enquanto permanecer sob pressões, insalubridades e limitações.

Dr. Frankl experimentou de perto tais restrições de sobrevivência, ele e os outros companheiros de campos, nas atrocidades nazistas. Em seu papel de observador perspicaz, analisava sistematicamente o comportamento manifesto dos milhares de prisioneiros, configurando a tese do sentido qual motivo justo de continuar a vida. Eram temperaturas abaixo de zero, péssimos agasalhos, fome, maus tratos, estados psicológicos deprimentes, expostos às surpresas da patologia gratuita da guerra; e resistiam desde que houvesse uma razão para isto em cada qualquer deles.

Quando alguém sabia das notícias da morte dos familiares que aguardava de novo encontrar, logo perdia as forças. O cientista notava que aquele se entregava ao desânimo. Desistia de sair para trabalhar. Permanecia estirado no alojamento em que dormia. E dentro de pouco tempo sucumbia às misérias das circunstâncias que até ali suportara.

Perante os quadros que estudou, Viktor Frankl reuniu elementos suficientes de avaliação do contexto radical extremo para a existência humana sadia, os quais lhe forneceram meios de criar a Terapia do Sentido, ou Logoterapia, conforme denominou. Logos, termo grego que significa razão, sentido.

O fruto dessas vivências de um psiquiatra em um campo de concentração durante a Segunda Guerra hoje possui ampla divulgação em muitos países do mundo, e forma escola de importante valor no tratamento das dificuldades mentais de grandes contingentes que a ele recorrem.

Há um livro de sua autoria, editado no Brasil com o título de Em busca de sentido, publicação da Editora Vozes, ora na 20ª. Edição, que permite conhecer mais de perto informações a respeito desse importante instrumento de ampla utilidade a quem pretende aprofundar o assunto.

O CANTO DO VIM-VIM - Marcos Barreto de Melo



Da copa do umbuzeiro
Ouço o canto do vim-vim
Que vem cortando o silêncio
Que mora dentro de mim
E logo pego a pensar
Com minha amada a chegar

Quando o vim-vim está cantando
Algo está pra acontecer
Saudoso do meu amor
Vejo o dia escurecer
Vou dormir ainda sonhando
Ter meu bem ao amanhecer

Como pode um passarinho
Tão pequeno e encantador
Mexer com a minha dor
Fazer de novo eu chorar
E acordado sonhar
Com a volta do meu amor

A "mulher" manda - José Nilton Mariano Saraiva

Pelos dados abaixo (do censo de 2010, do IBGE), observa-se que a MULHER ta com tudo: nos 27 estados da federação, ela já é maioria em 19 (os homens só mandam lá pras bandas da Região Norte do país). Totalizando, no Brasil tem hoje 3.951.630 mulheres a mais que homens (no Crato, especificamente - atenção marmanjos - temos 63.830 mulheres e 57.632 homens - ou 6.198 mulheres “sobrando”).

Acre: (H) 367.864 (50,20%) – (M) 364.929 (49,80%)
Alagoas: (H) 1.511.947 ( 48,45%) – (M) 1.608.975 (51,55%)
Amazonas: (H) 1.751.328 (50,31%) – (M) 1.729.609 (49,69%)
Amapá: (H) 334.674 (50,05%) – (M) 334.015 (49,95%)
Bahia: (H) 6.880.368 (49,07%) – (M) 7.141.064 (50,93%)
Ceará: (H) 4.118.066 (48,75%) – (M) 4.329.989 (51,25%)
Distrito Federal: (H) 1.225.237 (47,81%) – (M) 1.337.726 (52,19%)
Espírito Santo: (H) 1.729.670 (49,24%) – (M) 1.783.002 (50,76%)
Goiás: (H) 2.981.542 (49,66%) – (M) 3.022.503 (50,34%)
Maranhão: (H) 3.258.860 (49,60%) – (M) 3.310.823 (50,40%)
Minas Gerais: (H) 9.640.695 (49,20%) – (M) 9.954.614 (50,80%)
Mato Grosso Sul: (H) 1.220.175 (49,82%) – (M) 1.229.166 (50,18%)
Mato Grosso: (H) 1.548.894 (51,05%) – (M) 1.485.097 (48,95%)
Para: (H) 3.825.245 (50,41%) – (M) 3.762.833 (49,59%)
Paraíba: (H) 1.824.495 (48,44%) – (M) 1.942.339 (51,56%)
Pernambuco: (H) 4.229.897 (48,09%) – (M) 4.566.135 (51,91%)
Piauí: (H) 1.528.796 (49,02%) – (M) 1.590.219 (50,98%)
Paraná: (H) 5.128.503 (49,13%) – (M) 5.311.098 (50,87%)
Rio: (H) 7.626.920 (47,69%) – (M) 8.366.663 (52,31%)
R.G.Norte: (H) 1.548.731 (48,88%) – (M) 1.619.402 (51,12%)
Roraima: (H) 793.224 (50,83%) – (M) 767.277 (49,17%)
Rondônia: (H) 229.343 (50,83%) – (M) 221.884 (49,17%)
R.G.Sul: (H) 5.205.705 (48,67%) – (M) 5.489.827 (51,33%)
Santa Catarina: (H) 3.101.087 (49,62%) – (M) 3.148.595 (50,38%)
Sergipe: (H) 1.005.049 (48,60%) – (M) 1.062.982 (51,40%)
São Paulo: (H) 20.071.766 (48,66%) – (M) 21.180.394 (51,34%)
Tocantins: 702.451 (50,78%) – (M) 681.002 (49,22%).

TOTALIZANDO NO PAÍS:
Mulheres (M): 97.342.162 (51,0%)
Homens (H): 93.390.532 (49,0%).
Prezado Leitor,

Não deveria, como de praxe, parabenizá-los pela ausência de novos textos meus nos próximos três meses. Estarei ausente desta tela no período referido o que explica tudo e nada mais se poderia acrescentar por explicação.

Não tenho figuras de linguagem suficientemente fortes para expressar o prazer que tive nos últimos dois meses em bombardear diariamente as vossas telas nestes três blogs: Cariricult, Cariricaturas e Sonho Azul. Nem sempre manifesto em comentários o interesse no que escrevo, mas com a certeza que a proximidade que tenho de vocês, mesmo quando não lido, está na lista de presença quase diária nas postagens destes blogs.

Não pedirei desculpas por eventuais tédios, por certas prolixidades, especialmente por dizer coisas que se contrapõem ao que pensa o leitor. Se fosse apenas para resguardar incômodos ao leitor, não haveria motivo para se escrever: apenas se deixasse o papel em branco. O nada do branco não aluía nada. Zera o próprio fluxo das idéias.

Por estes meses quero dizer que tive muito prazer em conversar com algumas pessoas de modo direto, provocativo e outras que reativamente me respondera. E um terceiro grupo com um diálogo próximo dos poemas. No primeiro grupo lembro-me do Armando Rafael e do Zé Nilton Figueiredo. No segundo grupo incluiria o Darlan Reis, o Dihelson Mendonça e o próprio Armando Rafael. No terceiro grupo incluiria o Pachelly Jamacaru, o Zé Flávio, a Socorro Moreira, a Claude Bloc, a Stela Siebra e Lupin.

Na verdade a separação que fiz em grupos é muito mais uma tomada de memória, pois a rigor não existe tal compartimentação, afinal é para pessoas como estas que escolhemos o assunto e fazemos um esforço em desenvolvê-lo. Mas fique claro que estas pessoas nos instruem a falar, mas a fala mesmo é para algumas dezenas de leitores que diariamente lêem os referidos blogs e que não fazem comentários.

Agora fica a aliança no tempo a ser inventado, ali pelo final da primeira quinzena de setembro para novamente entrar na roda. O que não exclui eventuais postagens, em face de grandezas de assuntos, pelo menos para mim, que deseje expressar. Mas não nesta modalidade diária com que vinha nos últimos tempos.

Não sei se para alegria ou tristeza,

Logo estarei de volta.

José do Vale Pinheiro Feitosa

Bom dia !


Por Hilda Hilst





Poemas aos Homens do nosso tempo



Amada vida, minha morte demora.

Dizer que coisa ao homem,

Propor que viagem? Reis, ministros

E todos vós, políticos,

Que palavra além de ouro e treva

Fica em vossos ouvidos?

Além de vossa RAPACIDADE

O que sabeis

Da alma dos homens?

Ouro, conquista, lucro, logro

E os nossos ossos

E o sangue das gentes

E a vida dos homens

Entre os vossos dentes.



***********


Ao teu encontro, Homem do meu tempo,

E à espera de que tu prevaleças

À rosácea de fogo, ao ódio, às guerras,

Te cantarei infinitamente à espera de que um dia te conheças

E convides o poeta e a todos esses amantes da palavra, e os outros,

Alquimistas, a se sentarem contigo à tua mesa.

As coisas serão simples e redondas, justas. Te cantarei

Minha própria rudeza e o difícil de antes,

Aparências, o amor dilacerado dos homens

Meu próprio amor que é o teu

O mistério dos rios, da terra, da semente.

Te cantarei Aquele que me fez poeta e que me prometeu


Compaixão e ternura e paz na Terra

Se ainda encontrasse em ti, o que te deu.






(Júbilo Memória Noviciado da Paixão(1974) - Poemas aos Homens do nosso Tempo - IX)



A POESIA DE ARTUR GOMES





Artur Gomes




palavras as vezes não são coisas palpáveis como corpo são etéreas como éter ou invisíveis como espírito e brincam de se esconder da nossa boca




alguma poesia

I

não. não bastaria a poesia
deste bonde
que despenca lua
nos meus cílios.
num trapézio de pingentes
onde a lapa
carregada de pivetes nos seus arcos
ferindo a fria noite como um tapa
vai fazendo amor por entre os trilhos.

II

não. não bastaria a poesia cristalina
se rasgando o corpo
estão muitas meninas
tentando a sorte
em cada porta de metrô.
e nós poetas desvendando palavrinhas
vamos dançando uma vertigem
no tal circo voador.

III

não. não bastaria todo riso pelas praças
nem o amor que os pombos tecem pelos milhos
com os pardais despedaçando nas vidraças
e as mulheres cuidando dos seus filhos.

IV

não bastaria delirar Copacabana
e esta coisa de sal que não me engana
a lua na carne navalhando
um charme gay
e um cheiro de fêmea
no ar devorador
aparentando realismo hiper-moderno,
num corpo de anjo
que não foi meu deus quem fez
esse gosto de coisa do inferno
como provar do amor
no posto seis.
numa cósmica e profana poesia
entre as pedras e o mar do Arpoador
uma mistura de feitiço e fantasia
em altas ondas
de mistérios que são vossos.

V

não. não bastaria toda poesia
que eu trago em minha alma
um tanto porca,
este postal com uma imagem
meio Lorca:
um bondinho aterrizando lá na Urca
e esta cidade deitando água
em meus destroços

pois se o cristo redentor
deixasse a pedra
na certa nunca mais
rezaria padre-nossos
e na certa só faria
poesia com os meus ossos.

Lançamento - Dia 7 de julho de 2011 !


Transparência- por Ana Cecília S.Bastos



Onde inscrever essa sintonia,
Essa aderência às coisas em suas horas?

São poros que se abrem querendo ser coisa,
Alcançar o estado de coisa, objeto dado, feliz e
total em seu existir.

São assim esses momentos:
Transparência.

Wilson Batista e Noel - por Norma Hauer


WILSON BAPTISTA,sambista, compositor, nasceu a 3 de julho de 1913.

Sua passagem por nossa musica foi de grande importância e uma polêmica com Noel Rosa, fez nascer composições marcantes dos dois.

Wilson, quando compôs "Lenço no Pescoço", gravado por Sílvio Caldas, não imaginaria que ali teria início uma polêmica porque Noel implicou com a exaltação ao malandro, contrariamente ao que ele mesmo fazia.
Em "Lenço no Pescoço" Wilson começava assim:

"Meu chapéu de lado,
Tamanco arrastando,
Lenço no pescoço
Navalha no bolso.
Eu passo gingando,
Provoco desafio,
Eu tenho orgulho
Em ser tão vadio."

Que fez Noel? Compôs "Rapaz Folgado", começando assim:

"Deixa de arrastar o teu tamanco,
Pois tamanco nunca foi sandália
Tira do pescoço o lenço branco
Compra sapato e gravata...
Joga fora essa navalha,
que te atrapalha que te atrapalha..."

E Wilson respondeu com "Mocinho da Vila"

"Você que é mocinho da Vila
Fala muito em violão
Barracão e outras coisas mais
Se não quiser perder o nome
Cuide de seu microfone
E deixe quem é malandro em paz..."

Noel não deu grande importância a esse samba, até que, anos depois, compôs "Feitiço da Vila", gravação original de João Petra de Barros. Foi aí que Wilson voltou ao "combate" e compôs "Conversa Fiada", que dizia:
"É conversa fiada
Dizerem que o samba
Na Vila tem feitiço
Eu fui ver para crer
E não vi nada disso."

Esse mexeu com Noel que, em resposta, compôs um de seus maiores sucessos:"Palpite Infeliz"
"Quem é você que não sabe o que diz
Meu Deus do céu, que palpite infeliz.
Salve Esiácio, Salgueiro e Mangueira,
Oswaldo Cruz e Matriz..."

Só que, respondendo a “Palpite Infeliz” Wilson compôs algo ofensivo, em relação ao defeito de Noel.
Trata-se de “Frankenstein do Samba”.
Aí foi algo ofensivo e Noel não respondeu.
Diziam, aqueles que os conheceram (Sílvio Caldas, por exemplo) que depois se tornaram amigos.
Pergunto, depois quando?
Noel faleceu nessa época.
Wilson continuou como grande compositor. Quero mencionar aqui "O Bonde São Januário" , feito em parceria com Ataulfo Alves e "Pertinho do Céu", parceria com Roberto Martins.

PERTINHO DO CÉU

"Eu moro no morro que não tem batucada
Não tem barracão, mas tem rua bem calçada.
O clima é bom,
O lugar é uma beleza.
Eu moro no Morro de Santa Teresa.

Não tem pandeiro,
Nem camisa de malandro
Não tem cabrocha faceira
De tamanco na ladeira.
Mas tem morenas e louras
Que são o nosso troféu.
Quem mora em Santa Teresa
Está pertinho do céu."

Esse samba foi gravado por Gilberto Alves.
Roberto Martins disse-me que se inspirou para escrevê-lo em uma tarde em que foi com Nássara ao Corcovado e quando o trenzinho parou (naquela época parava) na estação do Silvestre, viu o bairro de Santa Teresa e disse ao Nássara que ali era um morro diferente e que daria samba.
Mas seu parceiro no smba foi Wilson Batista.

Wilson Batista faleceu em 7 de julho de 1977, três dias depois de completar 64 anos.
Norma Hauer

A poesia de Lupeu lacerda !






O coração é um móvel estranho que

não cabe na sala

Que se esconde

no peito

Que não posso pegar

na minha mão

Nem polir com uma

flanela amarela

Mas é ele quem dita meu

poema

E que manda minha mão

escrever

Minha derradeira carta

De amor

Por Lupeu Lacerda






E nem vem dizer
Que o tempo é fechadura sem chave
Porque chove
E quando chove tudo fica triste, ou então
alegre.
E quando alegre, tudo o mais vira traste, porque chove, porque molha
E quando molha é sempre mais difícil
engolir
Um discurso fleuma, flácido, porque triste
E nem vem dizer
Que o imortal amor morre de parto
Porque parto
E quando parto, ou partem, fica tudo em pedacinhos
Como docinhos, azedinhos, porque amores, porque partidos
E quando partidos, tudo fica indivisível, porque chove
E a chave
Perdeu-se entre os trastes, das fechaduras tristes
Postado por lupeu lacerda às 9:23 PM 0 comentários
de vez em quando acerto numa foto
e fica umas paradas bacanas.
estando afim, dá uma olhada:

http://www.fotosdelupeu.blogspot.com/

Franz Kafka



Franz Kafka (Praga, 3 de julho de 1883 — Klosterneuburg, 3 de junho de 1924) foi um dos maiores escritores de ficção da língua alemã do século XX. Kafka nasceu numa família de classe média judia em Praga, Áustria-Hungria (atual República Checa). O corpo de obras suas escritas— a maioria incompleta e publicadas postumamente — destaca-se entre as mais influentes da literatura ocidental.

Seu estilo literário presente em obras como a novela A Metamorfose (1915) e romances incluindo O Processo (1925) e O Castelo (1926) retrata indivíduos preocupados em um pesadelo de um mundo impessoal e burocrático.

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