por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O Grande Forró - Aloísio

O Grande Forró

O céu todo estrelado
De balão está bordado
Pois hoje vai ter festa
Desculpe não é modesta
Os artistas preparados
Vem gente de todo lado
De Bodocondó a Caicó
Pra dançar nesse forró

Sem ter beijado a lua
Zé do Norte desceu a escada
Com uma nova namorada
Pra da festa participar
Encontrou-se com Abdias
e sua sanfona de 8 baixos
Também já indo pra lá
Pra festa poder animar

Chegando lá da Saúde,
Um bairro de Salvador
Gordurinha, sim senhor
Na festa ele adentrou
Lembrou Belém do Pará
Trouxe Ary Lobo de lá
Que descansava na lua
Pra do forró participar

De São Vicente Férrer
Chegou a grande Marinês,
Jacinto veio das Palmeiras
dos Índios das Alagoas
Com todas as tribuzanas
Sivuca de Itabaiana
De Pedreiras, Maranhão,
do Vale, que é João

De Alagoa Grande
Nas terras da Paraíba
Chegou Jackson do Pandeiro
Com seu ritmo por inteiro.
Do alto do seu reinado
De Exu bem preparado
Luiz Gonzaga chegou
Mas uma ausência notou

Então ele foi falando
Com sua voz de trovão
Vamos até Garanhuns
Pois está faltando um
Pra esta festa completar
Aproxime Dominguinhos!
Com a sanfona direitinho
Que o forró vai começar.

Então nessa grande folia
Sem hora para acabar
Juntos tocaram e cantaram
Xaxado, coco e baião
E eu, que pude participar
Do sonho fui despertando
E o coro entoando inteiro:
– Desperta este brasileiro.

ESTRELA SIEBRA - José do Vale Pinheiro Feitosa

As estrelas são luzes. Por luzes são tempo. São mudanças.

Há muito tempo os Astures, 22 tribos dos clãs Pésicos viviam na Galícia, no noroeste da Península Ibérica.

As estrelas impressionam pela humildade de esconder-se às luzes da cidade.

Os Romanos dominaram e a Astúria se fez Hispânia e sua capital Urbs Senabrie.

Estrelas em constelações, em nebulosas tão imensas que a imensidão se torna minúscula.

Os tempos bordam novas imagens e os bárbaros engoliram o império Romano, o Catolicismo dominou os bárbaros e tudo se tornou Paróquia de Sanabria ou Povo de Sanabria.

Estrelas que assustam e este cego pelas luzes da cidade, qual formiga no nos ductos do formigueiro, nunca enxergam o universo além dos restritos fardos da civilização.

Mem Rodriguez de Sanabria, herdou estas terras, tentou salvar um rei e foi traído por outro e se aliou ao reino de Portugal para retomar suas terras.

Estrelas que fluem no ser como aquelas ladainha ao pé do oratório, à luz de vela a dizer: stella matutina, ora pro nobis.

Na Vila da Feira, na cidade do Porto, a família Sanabria começa sua saga na colonização do Brasil. Especialmente no nordeste. E nesta história se tornaram Seabra. Se tornaram SIEBRA.

Estrelas do feto, estrelas do nascimento, estrelas do filho e da mãe, estrelas da infância, da adolescência, do avô, do avô, do avô das estrelas.

Avô das Stelas.






O SOFRIMENTO QUE DENUNCIA - José do Vale Pinheiro Feitosa

Temos, simultaneamente, em nossa estrutura humana a mortalidade e a imortalidade. Ou seja, o tempo que se acaba e ao mesmo tempo a eternidade. Isso decorre de alguns atributos humanos: a memória, a racionalidade, a capacidade de fazer arte, portanto, de transcendência e o conjunto de ações compreendidas como cultura e política. Sujeitos da ação que somos, mesmo que mortais, nos expandimos além do corpo e do tempo (transcendência).

Vivemos o desastre de um ambiente formado numa civilização populosa, quando a consciência do território é o próprio planeta e não mais um pequeno trecho de terra. Todo orientado por concentração de decisões em poucas mãos (daí se origina a palavra imanente) funcionando em “jogos econômicos” que transpõem os atributos humanos. Daí e importância da democracia popular.  

A decorrência das decisões dos “barões do dinheiro” e de seus “jogos econômicos” é a brutal urbanização aliada a enormes privações sociais que atingem sobretudo migrantes e mulheres. Assim a cidade de São Paulo, o maior símbolo do desenvolvimento capitalista brasileiro, aquele que mais se aproxima do modelo dos Estados Unidos, tem alto índice de transtornos mentais. É a segunda cidade do mundo em relação a esses problemas, só perdendo para uma cidade americana.

São Paulo e sua região metropolitana segundo o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas poderia ter 29,6% da sua população com transtornos mentais tais como ansiedade, mudanças comportamentais e abuso de substâncias químicas.

Estudo da Organização Mundial de Saúde estima que 700 milhões de pessoas sofrem algum tipo de transtorno mental, sendo a segunda causa de invalidez. A depressão é a principal de transtorno mental. A estimativa é que 300 milhões de pessoas sofrerão depressão e 90 milhões terão problemas por abuso com substâncias químicas.

Os transtornos mentais são a terceira causa de longos afastamentos do trabalho por doença. E mais nítidas são as evidências do jogo do capitalismo nessa origem segundo estudo da Faculdade de Saúde Pública de São Paulo.  “Ambiente de trabalho com pouco apoio social, excessivas demandas e baixo controle sobre tarefas, recompensa inadequadas comparada ao esforço de trabalho e comportamento individual excessivo.”


A conclusão mais próxima é que o componente de eternidade humana não suporta a permanente exploração e decisões que apenas respondem a um jogo de interesses restritos. Tudo leva a crer que os transtornos mentais não apenas são consequências do desastre desta situação como inclusive seja uma resposta de negação a ele.