por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Açucenas- Por Socorro Moreira





Ser a mulher da sua vida?
Ele, companheiro de vida!
Quem dera!

Sou a sempre amiga
Que se emociona
Quando o encontro prospera.

Sou a de coração pleno,
Ora vazio...

Rezar é redescobrir mistérios

Ele é o meu secreto
Ora voa, ora fica perto.

Nunca sabemos o quanto de vida nos espera
Apenas apostamos num imenso sol
Que queima a nossa história
E ainda nos aquece.

Antes de dormir ele vagueia no pensamento
Depois adentra meu sonho
E mata a minha serpente

Nosso veneno é suave
Antídoto dessa vida em larva
Ontem terremoto
Hoje um jardim de açucenas.





Por Lya Luft








Canção para um desencontro




Deixa-me errar alguma vez,
porque também sou isso: incerta e dura,
e ansiosa de não te perder agora que entrevejo
um horizonte.
Deixa-me errar e me compreende,
porque se faço mal é por querer-te
desta maneira tola, e tonta, eternamente
recomeçando a cada dia como num descobrimento
dos teus territórios de carne e sonho, dos teus
desvãos de música ou vôo, teus sótãos e porões,
e dessa escadaria de tua alma.




Deixa-me errar mas não me soltes
para que eu não me perca
deste tênue fio de alegria
dos sustos do amor que se repetem
enquanto houver entre nós essa magia.

Língua de Papagaio por José do Vale Pinheiro Feitosa



Língua de papagaio é seca. É a metáfora da seca. Como o Rio Batateira é a metáfora do Cariri. Sem ele, Cariri não há mais, assim como nem os cariris sobreviveram. Teu ser exangue retornará ao pó sem metáfora do vieste do pó, pois o pó a que retornarás não é o mesmo do qual vieste. O pó do qual vieste é o pó que cria, gera, organiza, torna-se vida. Neste pó há o Verbo, o devir da transformação sendo o mesmo mas nunca igual. Este pó em que o Batateira deixa de ser a metáfora do Cariri, é um pó inerte, sem desejo, nele nada para ouvir-se, algo para estimular o olhar, nada, nele não há nada. É esquecimento em estado bruto.
A água é do povo como ar é do Condor. A água é pública, coletiva, andarilha ao encontro de todos, a água de jusante a montante, a água é quase tudo de cada um, somos nós, os humanos, a umidade da terra. E de onde vêm as águas? De todos os lugares, dos céus e da terra, a água circula, troca lugar no vai e vem dos líquidos, sólidos e vapores. A água troca de lugar em todos sentidos de seus estados e deixa de assim ser quando o distribuidor natural muda de natureza.
Desmataram o alto o Urubu, o Alto do Cochos e o riacho dos cochos, afluente do Batateira secou. Desmataram as encostas de mata atlântica do Araripe e a fonte reduziu-se. A indústria vil, este galpão da renúncia fiscal projetou-se sobre as matas que naturalizavam as nascentes de pequenas levadas. O Sítio do Fundão foi lancetado e o poço do Jatobá, uma lembrança de areia saudosa da umidade, acumula os rejeitos de alguma bebedeira com latas de cerveja. Desmataram nossas vida e nem demos conta que não era o progresso mas a trilha torta para nossas almas desérticas.
A lenda do Padre Cícero foi revesitada. Ou melhor, foi confirmada. Afinal a Pedra da Batateira caiu sobre o Crato e o esmagou.



por José do Vale Pinheiro Feitosa



Ari Monteiro - por Norma Hauer



No dia 20 de dezembro de 1905, nasceu ARI MONTEIRO, compositor que, dentre outras músicas, lançou algumas enaltecendo São Jorge.

O famoso Dicionário de Ricardo Cravo Alvin relaciona uma série de composições de ARI MONTEIRO e o nome dos diversos cantores que as gravaram, mas não cita nenhuma das muitas que Carlos Galhardo gravou. Aliás, quem mais compôs com Ari Monteiro também não é citado: Roberto Martins.

Carlos Galhardo gravou "apenas" 34 composições de ARI MONTEIRO. Nenhuma foi relacionada por Ricardo Cravo Alvin. Dessas, a maioria tem Roberto Martins como co-autor.

Iniciando uma série de músicas sobre São Jorge, Carlos Galhardo gravou em 1946 "São Jorge;no ano seguinte "Dentro da Lua"; em 1948 "23 de Abril"; e em 1955 "Novamente Abril" , todas de Ari Monteiro (duas com Roberto Martins). Apenas "Meu São Jorge" (1951) não leva o nome de Ari Monteiro.

Para o carnaval, Galhardo gravou "Cadê Zazá?", "Até Moscou";"Dias de Festa";"Neste Mundo e no Outro"; "Canta Vagabundo";"Alegria da Cidade";"Laurindo"...

Também são de Ari Monteiro, "Noites de Junho"; "Pecado Original";"Domingo Feliz";" "Papai do Meu Coração";"Tempos de Criança";"Prece";"Olhos Divinos";"Por

que Cantam os Passarinhos?"...

ARI MONTEIRO fez dupla com outros compositores, como Irani de Oliveira;

Peterpan; Newton Teixeira; Arnaldo Passos, tudo gravado por Carlos Galhardo.

Completando a falta de informação de Ricardo Cravo Alvin, quero registrar uma bela composição de ARI MONTEIRO e Peterpan, de nome

MISTÉRIOS DA NOITE"

Tarde morre o dia,

Triste como sempre...

Cedo a noite vai chegar.

Maior será então

A minha grande mágoa,

Meus olhos já estão

Ficando rasos dágua.

Pois quando anoitece

Muito mais padece

Quem tiver no coração a sombra da tristeza.

Não sei o mistério que a noite tem,

Que faz crescer no coração da gente

A saudade de alguém.

Lançada por Carlos Galhardo na Rádio Mayrink Veiga, essa valsa não foi gravada. Está apenas"gravada em minha memória".

Em que data Ari Monteiro faleceu???

Esta composição de Ari Monteiro, também em parceria com Peterpan, foi gravada por Carlos Galhardo em 1946 e também não consta do Dicionário de Ricardo Cravo Albin.

DOMINGO FELIZ

Você se esqueceu tão depressa,

Dos beijos de amor que me deu.

Abraços e tantas promessas

Você tudo, tudo, esqueceu.

Mais uma lembrança perdida,

Mais uma loucura que eu fiz,

Eu hei de lembrar toda vida,

Daquele domingo feliz.

Tudo passou, Tudo acabou.

Só a saudade em mim ficou.

Eu não terei, tudo me diz

Outro domingo assim feliz.

Por isso, se nossa memória falar, tudo ficará no esquecimento aqui nesta parte da comunidade.

Norma Hauer

Por Norma Hauer


ALMIRANTE = MAIS UM ANO SEM ELE

INCRÍVEL !!! FANTÁSTICO!!! EXTRAORDINÁRIO !!!

Ele foi uma pessoa INCRIVEL, Seus trabalhos foram FANTÁSTICOS e tudo que fez foi EXTRAORDINÁRIO.

Nasceu há 100 anos no dia 19 de fevereiro, recebendo o nome de Henrique Foreis Domingues. Com esse nome, só os mais íntimos o conheceram, mas como ALMIRANTE ficou conhecido,através do rádio,em todo o território nacional.

E por que ALMIRTANTE?

Por ele ter feito o serviço militar na Reserva Naval e seus colegas terem feito uma brincadeira com ele;por causa de sua altura(1,81m) foi apelidado de Almirante.

Foi um dos radialistas e produtores radiofônicos que mais tempo atuou no rádio, tendo suas atividades começado no final da década de 20. Nos anos 30 e 40 manteve-se firme, cada vez com mais audiência e somente uma doença grave o afastou da Rádio Tupi,em janeiro de 1958.

Nessa data teve um derrame seriíssimo, que o manteve afastado de qualquer atividade física e intelectual durante todo o resto da década de 50,precisando reaprender a falar, tal foi sua falta de nexo e de memória.

Entre os anos de 1963 e 1971 manteve duas colunas semanais de nome “Incrível! Fantástico! Extraordinário” e “Cantinho das Canções” e uma semanal intitulada “Pingos do Folclore”no jornal “O Dia”.

Suas atividades artísticas começaram com a criação de um conjunto de nome “Flor do Tempo”,logo transformado em “Bando de Tangarás”, do qual fizeram parte Braguinha (como João de Barro), Alvinho, Henrique Brito e Noel Rosa. O nome foi sugerido porque -explicou Braguinha- tangará é um pássaro que canta em grupo com outros 5 tangarás. Esse grupo foi inspirado no “Turunas da Mauricéia”, que havia vindo do nordeste em 1927, tendo à frente o cantor Augusto Calheiros.

O “Bando de Tangarás” começou apresentando-se em circos e teatros mambembes cantando emboladas e outros ritmos nordestinos.

No final de 1929, as gravadoras estavam interessadas em novos compositores e cantores, daí o grupo entrar no campo das gravações.

Suas primeiras gravações foram "Mulher Exigente” e “Conseqüências do Amor”.

Desfez-se o grupo no final dos anos 20 e Almirante, assim como os demais componentes passaram a atuar sozinhos. Foi quando Almirante gravou um samba que teve muito sucesso, de nome “Na Pavuna”, sendo o primeiro a usar percursão em uma gravação popular.

Convidado por Ademar Casé,Almirante foi um dos primeiros a compor programas elaborados, que tiveram como precursores Renato Murce na Rádio Clube) e Valdo Abreu(na Mayrink Veiga).

Mas os de Almirante eram de um nível superior porque ele ia “fundo” em suas pesquisas e,ao longo de sua carreira, criou mais de uma dezena deles e compôs um arquivo que,doado ao Governo do antigo Estado da Guanabara, transformou-se no Museu da Imagem e do Som, no qual ele foi um dos primeiros diretores.

Depois do “Programa Casé”, Almirante passou a fazer parte do elenco da Rádio Nacional,transferiu-se para a Tupi,regressando à Nacional e terminando suas atividades radiofônicas na Rádio Tupi,em 1958.

Foi nesta Rádio que criou seus mais interessantes programas, como é exemplo o “Tribunal de Melodias”, um dos muitos que teve a participação dos ouvintes.

Ao longo de sua carreira criou os seguintes programas:

“Incrível! Fantástico! Extraordinário!”; “Onde Está o Poeta ?”;”Carnaval Antigo”; “O Pessoal da Velha Guarda”;”Coisas do Arco da Velha”;”Instantâneos Sonoros”;”Anedotário dos Professores;”História das Danças”;”Aquarelas do Brasil”:”Caixa de Perguntas”;”Orquestras de Gaita” e “Dicionário de Gírias”, que pretendia publicar, mas não o fez.

Almirante faleceu no dia 21 de dezembro de 1980.

Hoje, referendamos sua memória, pelo grande vulto que deixou marcas em nossa música e nosso rádio.

Essa é nossa SAUDADE.

Norma Hauer

Nuno Roland - por Norma Hauer


“Eu sou o pirata da perna de pau,
Do olho de vidro,
Da cara de mau...”


Ele não conheceu muitos sucessos, mas dois marcaram seu carnaval com motivos humorísticos: um foi o “pirata da perna de pau”, outro foi o miado do “gato na tuba”.

“Todo domingo, havia banda no coreto do jardim,
‘Inda’ de longe, a gente ouvia a tuba do Serafim.
Porém um dia, entrou um gato, na tuba do Serafim...
E o resultado, dessa ‘melódia’
Foi que a tuba tocou assim:
Pom, pom, pom...MIAUAU...
Pom, pom, pom... MIAUAU...”


E quem foi ele?
Seu nome era Reinold Correia de Oliveira; nasceu em 1° de março de 1913, em Joinville – S.C., mas ficou conhecido no meio radiofônico como NUNO ROLAND.

Menino pobre, com 13 anos começou praticando profissões modestas, já na cidade de Porto da União, no mesmo estado.

Em seguida foi para o Rio Grande do Sul, para servir ao Exército e ali, como cantor, fez parte da banda do 1° Batalhão de Caçadores, dando início à carreira que marcou sua vida.
Com 19 anos estreou na Rádio Gaúcha (1932), indo para São Paulo em 1934, para trabalhar nas Rádios Record e Educadora Paulista.

Foi quando teve a oportunidade de gravar seu primeiro disco “Cantigas de Quem te Vê”, uma canção de Sivan Castelo Neto, que não vingou, mas abriu-lhe as portas para o mundo das gravações.

Já no Rio de janeiro, passou a atuar no Copacabana Pálace, onde se manteve de 1939 a 1948.

Nessa época gravara seus dois primeiros sucessos: “Amor por Correspondência” e “Mil Corações”. Em 1938 gravou “Rosário de Lágrimas” e no ano seguinte uma versão de um tango que estava fazendo sucesso internacional: “Por Vos, Yo me rompo todo”.

Em 1941 regravou alguns sucessos antes lançados por outros cantores, como “Maria” e “Os quindins de Iaiá”, de Ari Barroso, “Maria Boa”, de Assis Valente e “É Bom Parar”, de Rubens Soares. E, da autoria de Pedro Caetano, “Guarapari”.

Nessa época já fazia parte do cast da Rádio Nacional e do Trio Melodia, com Albertinho Fortuna e Paulo Tapajós.
E nos carnavais de 1946 e 1947 o povão cantou com ele “Pirata da Perna de Pau” (1946) e “Tem Gato na Tuba” (1947). Músicas que não podem faltar nos blocos populares mesmo de nossos dias.

Ainda em 1947, conheceu outro sucesso: “Fim de Semana em Paquetá”, de Braguinha e Alberto Ribeiro.

Em 1969, apresentou-se em Carnavália, de Sidney Miller no Teatro Casa Grande, espetáculo que durou quase um ano.

Em dezembro de 1975 sofreu um acidente automobilístico, no qual perdeu uma perna e, dias depois (em 20 de dezembro) não resistindo, veio a falecer aos 62 anos.

Norma

QUANDO... por Rosa Guerrera


Quando nada mais
eu tiver para escrever...
Quando a saudade
não conseguir mais espaços dentro de mim
ou ainda quando
o meu corpo não atender
o calor da minha pele ..
não sentindo mais
desejo por um tímido carinho ...
E eu compreender que o meu poema
chegou ao fim ...

Descerei ao meu passado
e a minha juventude distante
e abrirei o meu primeiro poema .

Nele encontrarei
na voz das coisas mortas
a certeza de que fiz algo importante na vida :
AMEI !
Feliz Natal e Um Novo daqueles.

COMO É DOCE UM DESPERTAR
Nos teus braços sou um lago,
Água calma a viajar,
Teus cabelos, caracóis,
Guardam tanto sobre nós.

Dunas são nossos lençóis
E o vento é construir
A estrada a seguir.
Não sou mais tão solitário.

Meus dedos são operários,
Tecendo mil labirintos.
Teu riso enche meu lago
De sorrisos, de afagos,
De mesuras que ofusco.

Nessa noite, em que te busco
Me desfaço em paixões.
Sou poeta, sou menino
Corredor, sou arvoredos
De passagens, sem ter medos.

O teu corpo é um mistério.
Teus segredos são etéreos.
O lago são teus abraços
Espirais que prendem em laços
Estrelas e vagalumes,
E são nuvens que escondem
Meus segredos e cansaços.

"Os covardes não têm vez" - José Nilton Mariano Saraiva

Comandada pelo virtuosismo e beleza do fenomenal futebolista argentino Lionel Messi (disparado o mais perfeito jogador de futebol da atualidade), a equipe espanhola do Barcelona triturou o time brasileiro do Santos Futebol Clube, aplicando-lhe tonitruante e sonoros 4 x 0, na final do Campeonato Mundial de Clubes, promovido pela FIFA.
Tal qual uma orquestra afinada, onde todos seguem a partitura com desenvoltura, leveza e maestria, a equipe catalã mostrou ao mundo (aleluia, aleluia) que o “futebol-arte” ainda sobrevive, que o “conjunto” é fundamental num esporte coletivo e que quando há “seriedade e comprometimento” na busca de um objetivo, tudo fica mais fácil. Humildes, seus integrantes suam a camisa, se doam por completo, evitam o cai-cai exaustivamente usado por essas bandas, atropelam (com elegância) o adversário e impõem seu jogo refinado. Enfim, a mistura de tudo isso se traduz na competência com que a bola é tratada e, consequentemente, no prazer que é ver o Barcelona jogar.
Lembrando muito a seleção holandesa que encantou o mundo na Copa do Mundo de 1974 (também conhecida por “Laranja Mecânica”), na equipe espanhola jogador nenhum guarda posição, existe uma rotatividade que confunde o adversário, o toque de bola é sempre rápido, preciso, passes curtos e objetivos, sempre em busca do gol.
Da parte da equipe brasileira, a acomodação, a pasmaceira, a preguiça (esse tal de Ganso, parece que já entra em campo cansado), o não saber como parar o adversário e a impotência flagrante, traduzida no “estrelismo” de jogadores que, muito antes de jogar bola ou ao menos suarem a camisa, se preocupam mais com o “visual”, com o corte moikano nos cabelos pixains (vocês viram alguém com esse tipo de cabelo no time adversário ???).
Jogando com o time todo atrás (antes da linha do meio campo), não se poderia esperar um outro resultado (foi até pouco), até porque, já nos ensinava o grande filósofo Branxu, duzentos anos atrás, na vida, em qualquer ramo de atividade, os competentes se estabelecem, enquanto “os covardes não têm vez”.
Só uma dúvida: e o paparicado, indisciplinado, boçal e arrogante jogador Neimar, anunciado, cantado e decantado em versos e prosa, em trovas e poesia, pela mídia tupiniquim, alguém o viu em campo ??? Ele esteve presente no gramado ??? Chegou mesmo a ofuscar o Messi ??? Sério ???