por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sexta Santa - por Domingos Barroso


Com a morte você se lembre
do perfume da sua toalha
e do piso gelado do banheiro

não será tarde para saudade
mas lhe adianto que patético.

Que diabos então você não abre suas narinas agora?
Não deixa livres os seus pés descalços?

Com a morte você entenda o desperdício
de tanta solidão enquanto sua toalha suspirava
e o piso gelado do banheiro tremia de ansiedade.

Você não via que o vento a balançar a toalha
era um código secreto para que seus olhos se detivessem
naquela imagem inebriante e o seu nariz chegasse até ela.

Você não percebia que a água do chuveiro atrás da porta
suplicava-lhe apenas um toque dos dedos.

O seu nariz e os seus pés eram os amantes prediletos
da sua toalha e do piso gelado do banheiro em tardes
em dias e em noites de chuva quando a casa silencia.

Com a morte não lhe será negado o direito de saudade
mas lhe adianto que os outros julgarão patético.

Distração Poética - Por Stela Siebra Brito

DISTRAÇÃO POÉTICA


Ônibus cheio,
calor, suor,
trânsito lento.
Alenta-me admirar
a sombra das árvores - colo acolhedor em terra
nuances variadas das copas verdes
desenhos das nuvens
plantas rompendo cimento concretizado em muro
jarros de flores bizarras enfeitando janelas toscas
o andar dos transeuntes
uns lerdos, dispersos, alheios
outros afobados, perplexos,
sorridentes... felizes?
fiteiros, catedrais
pichações
pixotes
meninos pingentes
de cola na boca
meninos famintos
de arroz e feijão
meninos desnutridos
de saúde e ternura.
meninos na cidade
sem cidadania.

A cidade é de todos?
a cidade é suja
a cidade é linda
a cidade é a nossa cara deslavada
ensebada e
perfumada de lama.

(Stela Siebra Brito)

Por João Nicodemos



Por Assis Lima




VIDA DE VIOLEIRO
(a Inácio Pessôa de Lima, 20/06/2009)

Um dos encantos que guardo
da minha infância rural
que os anos não trazem mais:
o claro toque de um banjo.
Ao som de uma viola
ouvi cantar Cego Heleno:
metálico era seu timbre,
e pela primeira vez
assombrou-me a voz humana.
Imaginei ser poeta,
cantador e repentista.
Exemplos não me faltavam:
Inácio da Catingueira,
um gênio no desafio,
e o grande Cego Aderaldo.
Por volta dos quinze anos,
em meio às dobras da vida
de improviso, em redondilha,
cometi uma sextilha:
Eu tinha catorze anos
quando minha mãe nasceu,
sol brilhou sobre o seu medo
e espiou dentro do meu,
eu tinha catorze anos
quando minha mãe morreu.
Bem depois vim a saber
que aquele verso, ou reverso,
paradoxo, bizarria,
modéstia à parte, eu diria,
sem querer já me fazia
precursor de Zé Limeira
o poeta do absurdo
(e por evocá-lo agora
transcrevo um seu breve estudo):
Nessa vida de viola
vivo pra diante e pra trás,
nunca mais tive alegria
depois que perdi meus pais,
minha vida é de caboclo,
quatro é muito, cinco é pouco,
dez não dá, sete é demais.
Depois conheci Zé Gato,
repentista, embolador,
que entre banhos de alegria,
numa feira lá do Crato,
num certo dia inspirou-me
um verso de pé quebrado:
Bom cantador é aquele
que canta o que está lacrado
no coração mais exangue
do homem mais desalmado.
Zé Gato, cadê teu pulo?
Nos dias que ainda traço
sem viola, nem repente,
sigo pensando na mente:
Quem não canta neste mundo
no outro fica engasgado,
pois o nosso mundo é este,
que o outro, é do outro lado,
por isso cante com a alma
que a vida lhe deu de agrado
para encantar quem não canta
e alegrar quem está calado!

(Assis Lima)

Um lembrete de Quintana - Colaboração de Edmar Cordeiro


...'A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:

Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo,

pois a única falta que terá,

será desse tempo que infelizmente não voltará mais.'



(21 de abril a 20 de maio)

Regente: Vênus
Elemento: terra
Dia de sorte: sexta-feira.
Signo oposto e complementar: escorpião

Touro é o símbolo da produtividade e persistência, do ritmo lento e decidido. É o primeiro signo do elemento terra, muito ligado às sensações físicas. A regência de Vênus dá aos taurinos afetividade, sensualidade e uma certa indolência. Signo que representa a busca de estabilidade e segurança, com tendência à possessividade e acumulação, o que gera dificuldade com as mudanças. Touro prefere os caminhos seguros e conhecidos.

Características: paciência, persistência, sensualidade, busca de paz, praticidade, estabilidade, sentido da forma e estética, harmonia, beleza, acomodação, teimosia, obstinação, materialismo, ciúme, possessividade. O taurino motivado pelo afeto (ou pelo materialismo...) busca com muita dedicação os seus objetivos, mas deve perceber quando é necessário desapegar-se (Isabel Mueller).

UM HOMEM CHAMADO JESUS - por Rosa Guerrera




Um dia, um homem se dispôs a cumprir uma missão. A maior missão de amor e de verdade que até hoje o mundo conheceu.
E muita gente não aceitou sua proposta em construir nos mínimos detalhes uma passagem para que o amor sempre prevalecesse.
E foi zombado, caluniado, preso e crucificado.
Mas por onde andou, onde espalhou essa Missão, todas as suas sementes lentamente se espalharam, germinaram, e brotaram muitos e muitos frutos.
E mesmo depois de morto, esse Homem conseguiu o milagre da Ressurreição desse amor que tanto pregou aos mais endurecidos corações.
Já se vão dois mil anos que isso aconteceu!
E infelizmente o sofrimento , a angustia, o egoísmo , a vaidade e a maldade ainda perduram em muitos corações endurecidos.
Talvez por isso tenha sido escolhida uma data no calendário para que se festeje a Páscoa! Se festeje a ressurreição!
Não essa Páscoa com coelhinhos e ovos! Não essa Páscoa com envios de cartões coloridos e votos repetidos. Mas a Páscoa Ressurreição. A Páscoa que traz no seu verdadeiro significado, a finalidade de fazer renascer em todos os corações o amor abafado, a amizade e o companheirismo necessário a uma vida melhor e mais digna.
Que juntos possamos pensar melhor no sentido da missão Daquele Homem que não relutou em dar a sua própria vida para a construção de um mundo com mais FÉ e mais Amor!
Um homem chamado Jesus!

MEUS VOTOS DE UMA FELIZ PÁSCOA A TODOS AMIGOS E LEITORES !

 por rosa guerrera


Geraldo Pereira



Geraldo Theodoro Pereira também conhecido como Geraldo Pereira (Juiz de Fora, 23 de abril de 1918 — Rio de Janeiro, 8 de maio de 1955 foi um sambista e compositor brasileiro. Morou no Rio de Janeiro, próximo ao Morro da Mangueira, integrante da extinta escola de samba Unidos de Mangueira e foi amigo de Cartola, também sambista. Inovador da MPB, criou o samba sincopado que influenciaria a bossa nova anos mais tarde.

Geraldo Pereira morreu de forma estranha, num hospital, meses após uma briga com o capoeirista Madame Satã.

Uma de suas mais conhecidas composições é Falsa Baiana, gravada por Gal Costa no LP Gal Fa-Tal (A Todo Vapor). Outros sambas importantes de sua autoria são Acertei no milhar, Escurinha, Sem compromisso, Pisei num despacho e Bolinha de Papel.

23 de Abril: Dia de São Jorge, do livro e da rosa



No dia de São Jorge, uma rosa e um livro.

Esta tradição, que combina o fato religioso, a rosa como símbolo do amor e o livro como símbolo da cultura, transformou o dia 23 de Abril na data mais comemorada, por todos os catalães.

Como todas as tradições bem enraizadas, muitas vezes é seguida e vivida pelo povo sem que se conheça a sua origem.

Por isso, fazemos aqui uma aproximação às origens desta tradição que todos os catalães, dentro e fora da Catalunha, compartilhamos e comemoramos todos os anos.

São Jorge: história e lenda

Apesar da grande devoção que São Jorge despertou na Europa durante a Idade Média, como figura histórica sabe-se muito pouca coisa.

Militar romano, cristão, que foi martirizado por volta do ano 303 por não abdicar das suas crenças.

O nome Georgius quer dizer camponês, e talvez por isso a comemoração litúrgica foi fixada em 23 de Abril, em plena primavera no continente europeu.

Isto também explicaria em parte que as tradições populares tenham feito dele o protetor das colheitas.

Esta ligação com a primavera e o seu patrocínio dos namorados também o relaciona diretamente com a Feira das Rosas que desde o século XV se celebra na praça de Sant Jaume, onde está localizada a sede do Governo da Catalunha (Generalitat de Catalunya).

Em contraste com o pouco que se sabe sobre a história, a lenda de São Jorge está ampla e fortemente enraizada.

Uma tradição muito estendida na Idade Média explicava que o martírio de São Jorge durou sete anos, diante de um tribunal formado por sete reis.

Esta tradição, que lhe atribui uma grande tenacidade por não abdicar de sua fé durante sete anos de tortura, foi condenada até por Roma mas justifica que o jovem cavaleiro fosse invocado como patrono pelos cavaleiros e pelo Império Bizantino.

Naquela época, a sua ajuda era invocada para combater os infiéis e foi escolhido como patrono pela Geórgia, pela Sérvia, pela Inglaterra, pela Grécia, por Aragão, pelos Países Catalães e também por Portugal.

Surgiram também lendas e tradições sobre a sua ajuda aos exércitos cristãos.

A lenda mais popular, escrita por Jaume de Voràgine na Llegenda Àurea, é a que explica a vitória de São Jorge sobre o dragão. Num país não determinado, chamado Silene, um dragão aterrorizava os habitantes que, para acalma-lo, ofereciam-lhe periodicamente um cordeiro e uma donzela escolhida por sorteio.

Mas um dia a sorteada foi à filha do rei; São Jorge venceu o dragão e libertou a donzela. Então o rei e todo o povo converteram-se à fé de Cristo.

Desde o século XIII, a imagem de São Jorge sobre um cavalo branco, libertando a donzela e vencendo o dragão, é a mais difundida de todas as lendas populares.

Pixinguinha



Alfredo da Rocha Viana Filho, conhecido como Pixinguinha, (Rio de Janeiro, 23 de abril de 1897 — Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 1973) foi um flautista, saxofonista, compositor, e arranjador brasileiro.

Pixinguinha é considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma musical definitiva.

SEXTA-FEIRA SANTA




PRECE

Senhor, dai-me paciência para esperar.
Senhor, dai-me o silêncio das esferas
e a música, a inaudível música dos anjos.
Dai-me a palavra para cantar a vossa glória.
Dai-me a luz para ver a vossa face
e espantar-me
e cair por terra.
Dai-me a graça de ver,
refletido no lago do tempo,
o eterno.


A SOMBRA NA MONTANHA

Uma sombra cai
sobre a montanha.

É sol onde estou.
Ainda é sol.

Não desça a sombra, Senhor,
antes que eu suba a montanha.


          SEMENTES

O meu pai passeava entre os túmulos
contando a história dos seus mortos,

sementes plantadas na terra
para florescer no devido tempo.

Os mortos vieram do passado longínquo
e se plantaram para não mais morrer.

Quando chegar a minha hora de ser semente
sei que a terra inteira não me bastará

para os frutos da minha ressurreição.



SONETO DA PAIXÃO - por José Augusto Siebra (1881-1960)

Morte de Jesus

Está parado o ramo de oliveira
E muito triste o céu da Palestina
Três horas. Lá no céu o sol declina
Queda silente a natureza inteira.

Jesus, o bom Jesus a fronte inclina
Deita da face a lágrima primeira
Do peito exala a ânsia derradeira
Morre na cruz suspensa na colina.

Escuta calmo o glauco mar profundo
Há um silêncio tal em todo mundo
Que a própria hierarquia desconhece.

A mãe do Verbo a fronte ao céu erguia
E ao supremo soluço de Maria

A terra treme, o sol empalidece.

Gêtsemani


Não, não transparecia cansaço nem fastio, embora a cena se repetisse há tantos e tantos anos. Apenas uma leve asa de indignação ruflava ao seu derredor. Como um moderno Prometeu acorrentado, fazia-se eterno pasto à águia do cristianismo. Parece até que ganhara a maldição da imortalidade. Ressuscitavam-no todo ano, em meio às velas, ao vinho e ao roxo da Semana Santa. No seu curto e sub-reptício reinado, fazia-se, rapidamente, senhor de uma quinta , ganhava roupas esfarrapadas, mas modernas, metia-se a cavaleiro. Metamorfoseava-se de uma personalidade qualquer escolhida entre os sempre novos e fartos Judas da humanidade e partia, no Domingo da Ressurreição, para o seu calvário particular.Até um testamento lhe seria providenciado, ele que não deixara sobre a terra nenhum legado que fosse além da pura e cristalina infâmia. Até os 30 dinheiros, levara ao santuário antes do pêndulo do corpo e do final balanço da corda.

Suas memórias, se escritas, seriam um farto material para o estudo do inconsciente coletivo. Havia, com certeza, algo de sanguinário, de sádico e tribal naquela malhação.A simples encenação daquela selvageria, no fundo, contradizia-se frontalmente com as lições de amor, de solidariedade e compreensão que terminaram por permear todo o Novo Testamento. A primeira pedra que ninguém ousara lançar sobre Madalena , agora fariseus multiplicados aos montes atiravam nele com sanha animalesca, sem nenhum remorso, sem nenhum pejo.

Neste ano, ali estava novamente no cadafalso, aguardando o desenlace tão previsível. Enquanto observava a faísca zigzagueante do estopim, teve , por fim uma clara visão do mundo que um dia abandonara pensando em se livrar dos seus demônios e fantasmas. Na verdade a turba não malhava ao Judas, mas tentava destruir as imperfeições pessoais que via nele refletidas. É como se diante do espelho, o quebrassem, por temerem a imagem horrorosa mas verdadeira que se revelaria na superfície cristalina. Nada mudara em tantos anos! Bastava fitar a multidão para ver claramente presente e cristalizado em todos os corações o veneno um dia inoculado no Gêtsemani: a indecisão de Pilatos, a tríplice negação de Pedro, a parcialidade de julgamento de Caifás, a eterna opção dos eleitores por Barrabás. Parecia claro para ele agora que não foram os filhos do Pai que povoaram o mundo, mas sim a raça de Judas. Sim, seus filhos tinham prosperado como nunca sobre a face da terra . Estavam muitos ali familiarmente reunidos, com suas fraquezas, suas indecisões e seus vícios bem à mostra : lábios preparados para o beijo fatídico, mãos entreabertas esperando, sofregamente, os trinta dinheiros...

J. Flávio Vieira

Foto Nívia Uchôa


Camarão ao Thermidor



Ingredientes

1 1/2 kg de camarão sete barbas
10 tomates  sem peles, sem sementes
3 cebolas picadas
6 dentes de alho amassados
coentro, sal e colorau, cebolinha verde ( a gosto)
pimenta vermelha, pimenta-do-reino
limão
amido de milho
Creme

4 colheres de farinha de trigo
2 colheres de manteiga
1 lata de creme de leite
500 ml de leite
3  gemas
150 gr de queijo prato ralado
quanto baste de sal
quanto baste de parmesão ralado
200 ml de azeite
1 copo de champignon em conserva

Modo de preparo
Creme
Fazer primeiro a moqueca: Doure o alho no azeite. Acrescente a cebola. Quando estiver transparente, adicione o tomate e mexa até ele praticamente desmanchar. Acrescente o camarão previamente lavado, deixado de molho, na água com 1 limão espremido, e escorrido. Junte metade da cebolinha, o colorífico, as pimentas, o sal e azeite. Cozinhe por  5 minutos.
Engrosse a moqueca com amido de milho. Reserve.
Prepare o creme: Toste o trigo com a manteiga. Junte o leite fervendo, a água do champignon e deixe ferver, mexendo sempre. Junte as gemas uma a uma, sem parar de mexer. Acrescente os champignons picados e o creme de leite.
Retire do fogo. Junte o queijo prato ralado
Montagem: Coloque em um refratário, camadas alternadas de creme e de moqueca. Polvilhe com o queijo parmesão ralado e leve ao forno alto para gratinar.

Dia da Terra !



O Dia da Terra foi criado pelo senador americano Gaylord Nelson, no dia 22 de Abril.

Tem por finalidade criar uma consciência comum aos problemas da contaminação, conservação da biodiversidade e outras preocupações ambientais para proteger a Terra.

22 de abril!


GASTÃO LAMOUNIER- Por Norma Hauer


Ele nasceu no dia 22 de abril de 1893, em São Paulo, recebendo o nome de Gastão Marques Lamounier ou apenas GASTÃO LAMOUNIER, como ficou conhecido.
Muito jovem veio para o Rio , aqui se encontrando com Mário Rossi (que viera de Petrópolis) com quem compôs “...E O Destino Desfolhou”, gravação original de Carlos Galhardo.
Mas quem lançou essa valsa, em estúdio, foi Albenzio Perrone, que ficou aborrecido por Gastão dá-la a Carlos Galhardo para gravar..

Compôs várias outras valsas que se tornaram famosas e continuam a ser lembradas em muitas serestas, entre as quais, "Arrependimento", com Olegário Mariano; "Suave poema de amor", com Mário Rossi e "Há um segredo em teus cabelos", com Osvaldo Santiago.

Em 1929, convidado pelo cantor Albenzio Perrone, ingressou na Rádio Educadora onde permaneceu por mais de dez anos, chegando a ser diretor artístico, além de criar o "Programa Lamounier", no qual atuaram inúmeros nomes da música popular brasileira.
O mesmo Albenzio Perrone gravou em 1939 as valsas "A vigília da Lâmpada” e "Lição de amor".

“A VIGÍLIA DA LAMPADA”

Meu amor eu confesso que não posso
Reviver o romance que viveu
O alegre apartamento que foi nosso
E agora, vazio, é apenas meu.

Sinto esmagar-me uma saudade estranha
Nesta noite de insônia e de tristeza,
Em que, fielmente, apenas me acompanha
O abajour que deixaste sobre a mesa.
Há uma penumbra, mística de prece,
A luz do abajour pouco ilumina
Meu abajour, de seda, ele parece
A saia de uma louca bailarina

E à sombra do abajour, macia e doce
Recordo, tristemente, o nosso amor
Vendo a lâmpada a arder, como se fosse,
Meu coração ardendo em teu louvor.

. Em 1945, o "Programa Lamounier" passou a ser apresentado na Rádio Nacional e posteriormente na Rádio Clube do Brasil.

Sua valsa “Há um Segredo em Teus Cabelos” recebeu letra de Oswaldo Santiago e se transformou em um “jingle” para um produto de nome “Juventude Alexandre”.
Sílvio Caldas gostou da música e gravou-a, tendo na outra face do disco a valsa, também de Gastão Lamounier “Só Nós Dois”.

HÁ UM SEGREDO EM TEU CABELOS

“Em teus cabelos de seda,
Que perfume, que aroma sutil.
Dos sonhos pela alameda,
Bailam flores, num baile gentil
Há um segredo cantando,
Trescalando uma essência de flor.
Onde vibram ardejos, desejos.
Misteriosos eflúvios de amor.”

O “jingle” terminava e o “Speaker” (como os locutores eram conhecidos na época) anunciava a Juventude Alexandre.afirmando que o produto deixava o cabelo “trescalando uma essência de flor”.

Gastão Lamounier faleceu em 28 de janeiro de 1984, aos 91 anos. 

Norma

Uma arte para a Semana Santa... Por Pachelly Jamacaru

Os caretinhas do Belmont

Roberto Carlos - Emerson Monteiro


Neste mês de abril (2011), Roberto Carlos inteirou 70 anos (dia 19), dos quais 50 de sucesso absoluto na música popular brasileira, com algumas incursões pontuais ao exterior, sobretudo aos países de língua espanhola das Américas. Menestrel de repetidas gerações, ele segue firme e forte, através dos espetáculos que apresenta acompanhado de músicos virtuosos, demonstração inequívoca do talento e da organização que lhe caracterizam a genialidade humana por demais reconhecida.
Escrever a propósito de Roberto Carlos contextualizaria um tempo deste País de tantas contradições e mudanças, desde os inícios da carreira, nos anos 60, quando vivíamos as notas iniciais da exceção política, às convulsões mundiais ocasionadas pela Guerra Fria, às rebeliões da juventude na Europa e ao movimento hippie espraiado pelo mundo inteiro, ainda somados os movimentos tropicalista e da Jovem Guarda, e os heróicos festivais da música de protesto; os exílios da fina flor dos expoentes musicais, o crescimento das drogas, amor livre, eliminação de líderes mundiais sob a agressividade que, impiedosa, campeou na época, a culminar no desencanto dos sonhos interrompidos e na morte de John Lennon, em Nova York.
Da cidade ao sertão, de parceria com Erasmo Carlos, em passes mágicos, gerava sucessos trazidos pelo rádio e pelo disco, e que funcionavam quais trilhas sonoras do quadro nacional, amenizando a rotina dos indivíduos. Angústias, apreensões de toda aquela juventude, encontraram eco no lirismo bem elaborado das letras dos astros pop, também abertas aos sentimentos cristãos da gente simples, marcos indeléveis do nosso melhor cancioneiro.
Os álbuns do cantor assinalam, pois, cada fase desse tempo, enquanto a vida transcorria no salão enorme das existências, aceleradas pelo progresso industrial da fase econômica. Agora, nos miados eletrônicos da digitalidade pós-moderna, em arquivos mp3 da Internet, disponíveis se acham as inesgotáveis canções de Roberto Carlos, pomos de recordação e saudades, velhas melodias que fizeram a cabeça de milhões e que desfilam atuais seus amores, suas festas, de tantas alegrias, velhos tempos, belos dias.
Aqui eu me pego a falar nisso meio sem jeito, narrando do pouco que restou das impressões motivadas pelos heróis eternos da geração e suas criações guardadas a sete capas nos baús do destino, aprendizado permitido pelas artes na ilustração das histórias do cotidiano coletivo. Então, falar na música, a divina música composta e interpretada por quem sabe produzir com extrema sabedoria, assinala de bênçãos a vida brasileira entre esses dois séculos de riqueza cultural.

HERANÇA

PATATIVA DO ASSARÉ
ANTÔNIO GONÇALVES DA SILVA
ASSARÉ-CE = 1909-2002

Herança

Querida esposa que ouvindo está
Roubou-lhe o tempo a jovial beleza,
Mas tem o dote da maior nobreza
Sua bondade não se acabará.

Morrerei breve, porém Deus lhe dá
Força e coragem com a natureza
De no semblante não mostrar tristeza
Quando sozinha for viver por cá.

Não tenho terra, gado, nem dinheiro,
Só tenho o galo dono do terreiro
Que a madrugada nunca ele perdeu

Conserva esposa, minha pobre herança,
Seja bem calma, paciente e mansa,
Você não chore, que este galo é seu.

PARA QUEM ACHA VIOLÃO DIFÍCIL

Prestem atenção à solista:

http://youtu.be/yE7waNi5dc0
ou
http://www.youtube.com/watch?v=yE7waNi5dc0&feature=youtu.be

Vem aí !


Baseado em história do "Matozinho vai à Guerra" de J. Flávio Vieira

Um curta de Jéfferson Albuquerque

Estrelando:

Kélvia Maia
Renato Dantas
Orleyna Moura
Cacá Araújo
Jean Nogueira
Franciolli Luciano
Raul Poeta
& grande elenco

Quando Maio chegar !

O apelo feroz dos ditadores - Emerson Monteiro

Nas recentes manifestações da África, quiseram revisar o passado e sonhar com a democracia, indo nas ruas derrubar ditadores ali postos ao peso dos esquemas diplomáticos das potências ocidentais. Nesse instante, um sintoma veio à tona que é saber do quanto os ditadores adoram comandar como nenhum outro que nunca usufruiu do poder. Almas envolvidas nas tramas da ganância, eles enfiam as unhas no lombo dos conterrâneos e agarram quais gaviões raivosos. Sugam a lama do que restou dos direitos humanos e impõem regimes de força a troco da fraqueza dos que confiaram neles e lhes permitiram chegar ao topo da pirâmide social. Nisso, exploram o produto nacional bruto em proveito próprio. Descem o malho no povo e sacodem os chãos, feitos cavaleiros do Apocalipse. Recebem armas, adquirem parceiros à custa dos aliciamentos, cedem bens vitais dos países e deflagram trágicas guerras que enchem os cemitérios e os noticiários. Escondidos nas camarinhas de palácios enormes através dos vícios e das maldades, durante passeios elaboram o discurso com que alienam as suas vítimas. Monstros apegados à força bruta, logo constroem prisões inexpugnáveis e alimentam a máquina da propaganda para manusear perversas maquinações. Ah, os ditadores, esses chicotes dos imprevidentes que lhes deixaram subir ao trono, ou facilitaram meios disto acontecer. Há quantos séculos se repetirá a cena... Peças de reposição dos impérios, negociam a safra das vidas e populações nos mercados da perdição, a troco do fanatismo imposto pelas facilidades recebidas. Quem abrir um livro de história observará essas anomalias da espécie humana, esses aleijões dos crimes hediondos. Por trás de toda guerra existirá um ditador, coringa da ignorância dos valores e dos bons princípios da paz, espécie de assombração à ordem natural das coisas, espantalho da regularidade no papel violento dos que desmancham prazeres. Enquanto isso, na velha participação e nos vários continentes, de uma hora para outra, o desaviso das pessoas, e lá estão eles de malas prontas para entrar no jogo de empurra da política. Abrir os olhos e guardar as lições será dever da cidadania, que nunca relaxe e se sujeite sem observar que, nas encostas das sombras, esses carrascos fedorentos analisam um jeito astuto de abocanhar o festim. Longe, em países afastados, maus exemplos de tiranos em queda apareceram nos acontecimentos recentes. Agora reduzidos a cinzas, mas que serviram de espinho de garganta na intenção de vender o que saqueavam das gentes que exploraram décadas a fio.
Consciência pública requer atitude, o que nem todo dia se dispõe o comodismo das massas. Contudo, depois retornam aos seus afazeres e devolvem aos terceiros seus destinos, e passam a morar em cima dos barris de pólvora. Manter a estabilidade social é bem comum, toda hora, todo tempo. Os turnos eleitorais servem de base para deter essas ambições de tais mentalidades doentias. Cuidado dobrado, pois, nas eras de calma; e trabalhem as lideranças no sentido de reger o futuro, numa construção favorável aos bons costumes.