por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 29 de junho de 2013

Abaixo reproduzo postagem do jornalista Mário Magalhães em seu blog. Pensava em escreve algo sobre esta contradição, porém o Mário diz tudo. Pensara pois se estamos numa onda de justiça, anti-corrupção e pelo despertar da política a ação da polícia na Favela da Maré aqui no Rio e a de São Paulo para desalojar moradores de um terreno invadido estariam no mesmo escopo das chamadas revoltas do acordar do país. Apenas que o discurso da grande mídia é pura manipulação a favor do lado que ela representa. Se você é de classe média e acha que tudo isso que acontece com os pobres é apenas a ordem, comece a contar o minutos da violência que o atingirá ali na esquina e na elevação dos muros e da grana para proteger o inseguro mundo em que vives.

E se os mortos da Maré fossem no Leblon?

Foi nesta semana, mas, a considerar o noticiário, parece que ocorreu no século retrasado: depois de um sargento do Bope ser morto por traficantes, a PM invadiu uma favela do complexo da Maré, aqui no Rio, e matou nove pessoas. Duas não tinham antecedentes criminais, como um garoto de 16 anos. O governo prometeu investigar as circunstâncias.
Se os dois mortos sem vinculação comprovada com a bandidagem fossem moradores do Leblon, será que a cobertura jornalística teria se extinguido tão rápido?
Será que as autoridades e o jornalismo falariam em “excessos”, como agora, ou em possíveis “crimes”?
Quantos editoriais não haveria nos jornais, nas TVs, nas rádios e na internet?
Quantos bambambãs já não estariam alardeando a existência de um “Estado policial” no Brasil?
Informados pelos meios de comunicação, quantos milhares de estudantes não promoveriam greves exigindo o esclarecimento dos fatos?
Quantas senhoras não lançariam campanhas com o mote “Podia ser seu filho”?
E as passeatas, não seriam talvez maiores do que as que tomaram as ruas na semana passada?
Quantas denúncias de extermínio haveria por minuto?
Seriam publicadas reportagens falando em um “menor” morto, como li, ou ele teria nome, idade, sua história contada?
Quanto tempo demoraria para que tudo fosse esquecido, sobretudo a cobrança por apuração?
Mas o garoto era da Maré, e não do Leblon.





Por Everardo Norões

  1. Em tempos de futebol, a tradução de um e-mail que me foi enviado pelo poeta Hildebrando Pérez Grande:

    Recebi, ontem, este e-mail de Hildebrando Pèrez Grande, poeta peruano, nosso amigo. E corintiano. Traduzo:

    “Querido poeta, há alguns anos, lá pelos anos 80, conversava com uma amiga, esposa de um bom narrador peruano dos anos 40: José Diez Canseco, autor de romances e contos, cujos personagens eram marginais tanto das classes mais altas, quanto das mais humildes. Um bom narrador. Ela me contou esta história que nos pinta o real e maravilhoso que somos.
    Eles tinham duas filhas primorosas e, uma delas, Carmen Rosa, era muita minha amiga; casada, com três filhos, e o menor, José, de uns dez anos, amante de futebol e da equipe daqueles anos. Certo domingo, na sobremesa, José surpreendeu sua avó quando ela lhe perguntou o que ele gostaria de ser quando fosse grande. O futebolista em promessa disse, sem hesitar: Quero ser como Sócrates.
    A avó, após derramar umas lágrimas de emoção e de recordar o marido já morto, disse ao neto: Pois bem, José, terás a chave da Biblioteca de teu avô, lembra que era muito valiosa essa biblioteca, nela poderás preparar-te muito bem para tua carreira de filosofia.
    Que filosofia, disse o neto. E a avó respondeu, mas como, se acabas de me dizer que queres ser como Sócrates. E o neto: Não preciso de biblioteca, mas de um campo onde possa treinar todos os dias depois do colégio. Obviamente, a avozinha não sabia que havia um jogador que era uma estrela que muitos admiravam, entre eles José e eu.
    Saúde, contigo e com Sonia, e com Sócrates, não o grego, o brasileiro."