por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 30 de junho de 2015

Tem um grande hotel em teu mundo ? - José do Vale Pinheiro Feitosa


Um ambiente muito diferente de tudo que é conhecimento do mundo. Escadas que se sucedem com outras escadas de um andar acima do outro. E apenas sabia que as escadas iam do chão ao sótão. Em cada andar tantas portas, entradas uma após as outras e dentro delas vidas que se multiplicavam em adereços, livros, discos, uma escova para dentes, um pente para cabelos. E ninguém era da família, parente ou aderente.

Um Grande Hotel, numa esquina para a Praça Siqueira Campos, na rua que vai para o Cine Moderno é um portal mágico entre séculos. No mundo do ambiente rural, sem luz elétrica, com água de cacimba, um paiol de milho, estrado levantado de queijos, o silêncio dos automotores, mas o grito do pavão. Um Grande Hotel é, de fato, uma abertura da Aida de Verdi para o interior fabuloso do mundo Egípcio, de um Etíope que cobiçava tal civilização.

Lá morava o professor de Português que corrigia estas falas, os sujeitos e seus predicados. Morou um sujeito dos Inhamuns, saíra do sertão, fora para o Rio de Janeiro, viveu mais de 30 anos naquela cidade e voltou, como os elefantes para morrer em volta de seu lago africano. Tal sujeito dormia e dormia, acordava pelas onze horas e logo comia seu almoço numa bacia carregada de misturas alimentares. O resto do tempo, entre o Grande Hotel e longas conversas com gentes que andam pelas ruas do Crato em busca de conversa como sopro de vida.

O circo chegou na cidade. Isso no tempo que um circo era tão grande que um shopping, destes que sucedem os mitos arquitetônicos da identidade urbana, não chegavam aos seus pés. Eram muito mais variados, animais selvagens, daqueles que só as fitas de cinema fotografaram, palhaços, dramas, trapézios, equilibristas, dançarinas e bandas. Mas o maior de tudo, a multidão que se acotovelava para adquirir uma entrada do espetáculo.

Pois foi na porta do Grande Hotel que a mulher do circo, uma bailarina de seus 16 anos, linda de doer, um sorriso de derreter, um corpo de acender, cabelos em coque que prometiam a enxurrada de todas as paixões. E do Grande Hotel saiu um filete de amor que, feito os versos de Marti, postos na Guatanamera, encantaram mais que o mar, tão imenso a prometer eternidade.

Mas do meu mundo do prédio do Grande Hotel, Edifício Figueira Teles escorre pela Rua Dr. João Pessoa uma permanência que não necessita de substrato para viver. Saindo do número 114, era lá que a cidade me dava um endereço, passava, com algum dinheiro no bolso, na porta da Livraria Católica que conhecia como a palma da mão. Em seguida, estava em frente às portas da loja elegante de Ernani Silva, que além de tudo honrava o centro da cidade, morando num sobrado sobre o próprio negócio. A casa de Dr. Elísio, corpulento homem entre a medicina e seu belíssimo sítio com engenho d´água. Mais alguns passos e encontrava o Deputado Filemon Teles, cabelos brancos de neve, bengala, uma vivacidade de velho político conservador, adonado da vida política da cidade.

Qual o quê? Era na esquina do Grande Hotel, bem no bico com vista plena para exuberância da praça que o menino caia nos braços da urbe luminosa. Um bar, mesa com pés de ferro fundido, tampo de uma pedra branca, cadeiras confortáveis, balcão com mostruário de vidros, o barulho de um refrigerador de picolé e sorvete, azulejos, quadros pendurados nas paredes e móveis de madeira que subiam cheios de vendas acima do balcão.

Nesse bar, sob a vida do Grande Hotel, uma bomboneira de vidro, arredondada e compartimentada, giratória, cheia de sonhos de crianças. A cada pequeno giro os papeis chamativos dos bombons faiscavam nos olhos e mourejavam a boca. Eram tantas as possibilidades que só a cidade pode. O exercício era girar para ver antes de apontar o dedo para o desejo sobre todos outros desejos já conhecidos.

Uma perfeita cor transparente do vermelho com mistura de azul, um solferino de sedução. Impresso um casal, ele vestido com um fraque preto e ela com vestido longo amarelo, dançando aberto como asas em evolução de vôo. Em seguida, um papel alumínio, hoje tão comum, mas, então, um brilho de prata no olhar. Finalmente a terra dos sonhos, com mais da metade em formato de globo e no outro lado um pólo achatado. Tinha este cosmo uma crosta de chocolate puro. Abaixo do chocolate um biscoito crocante, aerado como os waffles. No centro deste mundo de sabor, o núcleo era um mistério doce, com lembranças de castanhas.

E disseram que o Grande Hotel irá abaixo para dar vida a mais uma rua Miguel Lima Verde mutilada ou quem sabe arremedada. E dos escombros, surgirá, como um fênix banal, sem qualquer vida nova, sem simpatia, qualquer identidade, o palco do faz de conta de um Shopping, em inglês mesmo, pois é deste tipo de suicídio que a inapetência urbana vive.

No final quem lembrará do Crato?

Mas um bombom SONHO DE VALSA ninguém me rouba.

José do Vale

*José do Vale Pinheiro Feitosa – nascido na cidade de Crato, Ceará, em dezembro de 1948, morando no Rio de Janeiro há 34 anos. Médico do Ministério da Saúde. Publicou o Romance Paracuru em 2003, assina matérias em alguns blogs e jornais. Em literatura agita crônicas, contos, poesia e ensaios de temas variados. Gosta de pintar e tem alguns trabalhos de escultura.

"CAVALO PARAGUAIO" - José Nilton Mariano Saraiva

Teoricamente, os brasileiros se acostumaram a tratar pejorativamente os paraguaios, em razão, principalmente, da existência de uma zona franca de livre comércio numa cidadezinha paraguaia (Cidad Del Este) vizinha à nossa Foz do Iguaçu, onde os produtos comercializados são de procedência duvidosa (falsificados), daí o preço pra lá de convidativo.                                                                                     
Mais tarde e por via oblíqua, e já na base da gozação, nas competições de “turfe” realizadas no Rio de Janeiro, quando o animal teoricamente tido como favorito fracassava, de pronto recebia a alcunha de “cavalo paraguaio”, a fim de expressar o NÃO SER verdadeiro, ou o SER de qualidade duvidosa, falso.

Posteriormente, citada expressão difundiu-se por outros segmentos do cotidiano tupiniquim, dentre os quais o futebol. Assim, quando um determinado time inicia uma competição com todo o gás e, paulatinamente, começa a “descer a ladeira” rumo à rabeira, convencionou-se tratar-se de um “cavalo paraguaio”.
                                                               
A reflexão procura mostrar que a nossa seleção de futebol não mais que de repente resolveu incorporar o “espírito da coisa”. Tornamo-nos, sim senhores, um “cavalo paraguaio”, apesar de alguns experts relutarem em admitir. Tanto é verdade que, no decorrer da recente partida de futebol em que a seleção paraguaia “genérica” (a nossa) findou por ser merecidamente desclassificada pela seleção paraguaia “original” (a deles), o locutor global passou o tempo todo conjecturando sobre a próxima fase da competição (Copa América), quando nos defrontaríamos com a já classificada seleção argentina; ou seja, aquele jogo com o Paraguai já estava ganho com facilidade e, portanto, não deveríamos alimentar maiores preocupações, guardando-as para o confronto com os “hermanos” portenhos, aí, sim, um jogo de arrebentar, um jogo de alto nível e, enfim, onde existia a real chance ou possibilidade de chegarmos à final da tradicional competição.                                                                                      

Além do que, passando, como passaríamos, pelos paraguaios, os dois jogos seguintes (semifinal e final) serviriam para que a punição merecidamente imposta ao jogador Neimar cai-cai fosse “paga” e, assim, nas eliminatórias para a próxima Copa do Mundo o jogador pudesse atuar desde o princípio. Deu no que deu. 

Perdemos (sem jogar nada) e nem da Copa das Confederações, a ser realizada na Rússia, participaremos (coisa nunca antes acontecida, desde os seus primórdios). Além do que, dúvidas começam a surgir sobre se teremos condições de ultrapassar as eliminatórias a fim de participar da próxima Copa do Mundo de 2018, também na Rússia.                                                                                                     

É que os adversários já não se assustam com o futebol brasileiro, que se metamorfoseou num sofrível, banal e simplório “cavalo paraguaio”. É o preço que vamos ter que pagar em razão da mídia esportiva endeusar jogadores da estirpe de um Neimar cai-cai que, milionário em razão do futebol, não está nem aí para o que possa ocorrer com a seleção brasileira. 

Alguém tem dúvida ???


"DOAÇÕES"

DOAÇÕES DAS CINCO PRINCIPAIS EMPREITEIRAS DO PAÍS ( OAS, UTC, ODEBRECHT, QUEIROZ GALVÃO E ANDRADE GUTIERREZ ) AOS QUATRO PRINCIPAIS PARTIDOS POLÍTICOS DO PAÍS (PSDB, PMDB, PT E PSB), NO ANO DE 2014:

01) – PSDB – R$   65,7 milhões (ou 37,0%)
02) – PMDB – R$ 34,4 milhões (ou 19,4%)
03) – PT – R$ 58,1 milhões (ou 32,8%)
04) – PSB – R$ 19,4 milhões (ou 10,8%)


TOTAL – R$ 177,6 milhões (ou 100,0%)

E AGORA, AÉCIO ???

DELAÇÃO DE RICARDO PESSOA, DA UTC

A delação (de Ricardo Pessoa, presidente da UTC) divulgada afirma que a eleição de Dilma drenou R$ 7,5 milhões dos cofres da UTC. Pelo menos aqui Aécio Neves ganhou da adversária. Sua campanha agasalhou R$ 8,7 milhões do empreendedor preocupado com a marcha do capitalismo. Interessante: no total, suas doações declaradas aos tucanos foram maiores do que o dinheiro para o PT, inclusive em São Paulo.

E mais: pagou ministros do TCU, deu mesada para o filho do presidente do mesmo tribunal, comprou o PT, comprou o PSDB, comprou o PSB, comprou o PR, comprou o PMDB e ainda deu R$ 20 milhões para o ex-presidente Collor.


E agora, Aécio ???