por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 23 de junho de 2013

Os Donos das Redes Sociais - José do Vale Pinheiro Feitosa

Não vou identificar os donos, os países  e quais são as Redes Sociais isso todos conhecem. Mas quem hoje se mobiliza no ambiente delas além de tomar cuidado com as fontes da boataria que ali corre, assim como das "convocações" deve prestar atenção à fuga desesperada de Edward Snowden, o analista de informação terceirizado pela CIA. Snowden denunciou um sistema de controle de telefone e das redes sociais com fins políticos a serviços do estado, de governos ou de entes privados. Por exemplo: a simples referência ao nome dele neste texto poderia desencadear um "achado" na busca da rede de espionagem.

Não precisamos ir muito longe: estamos neste blog numa ferramenta da Google. Mas a ideia do texto não é criar uma imagem persecutória entre nós. Vou contemplar a questão da informação e da capacidade de ação de quem a controla e quem a tem em primeira mão. Como sabemos a iniciativa da  ação é fundamental para o atingimento de seus objetivos. E quem tem a informação antes dos demais tem todas as vantagens.

Os buscadores como o Google tem em suas bases de computação o nosso perfil automaticamente. Estes perfis inclusive modifica os "achados" de nossas buscas. Nos diferenciam: não vamos achar no Google as mesmas respostas às pesquisas que fazemos quando se tratar de outra pessoa com "perfil" diferente do nosso. Ou seja, o buscador não é universal. Não vai à base inteira e nos ofertará as mesmas respostas. 

O exemplo é apenas para dizer que estas grandes companhias donas das Redes Sociais e seus governos podem simplesmente ter o "diagnóstico" ideológico, de preferências, de críticas, das aversões e das afeições de todos os seus perfis na rede social. De posse dessa informação estas empresas e os governos que as controla podem gerar um boato ou uma convocação com o "conteúdo"  emocional e manipulado para "mobilizar" pessoas para a ação. Na juventude ainda inexperiente em política a manipulação é igual ao que Hitler e os nazistas fizeram com a juventude alemã. Isso é tecnicamente possível e agora desvendado por Snowden em sua busca por uma asilo político.

Por isso quando o "oba-oba" da democracia da mobilização das redes parece tomar conta desta fase da história, é verdade que imediatamente estão surgindo evidências da grande possibilidade de sua "manipulação" por empresas e governos. Isso é o que está por trás da questão do Snowden: o controle  ideológico por uma sutil ação no ambiente que nos pareceu o mais democrático possível. 

A verdadeira autonomia e a efetiva democracia não cresce em ambientes controlados por entes privados e nem por instituições parciais. Construir uma ação para combater esta manipulação não pode ser "dentro" da casa dos manipuladores. É preciso estar fora dele e retirar-lhe a possibilidade de usar o meu pensamento contra minha liberdade de agir e pensar de forma independente. Mas estar fora dele não é necessariamente voltar exclusivamente ao tempo do papel ou da conversa pessoal. É saber que isso existe e fazer parte de quem reconhece como agem. Sem deixar de uma boa mensagem pelos próprios meios além dos privados e terceirizados. 

Enfim: não precisamos, como fez Assange e parece que Snowden está fazendo, nos asilar no Equador até porque em seu território não caberíamos todos. 







Nós os desprezíveis 0,2% da Internet nestas Manifestações? - José do Vale Pinheiro Feitosa

Caro leitor estamos aqui apenas eu e você. Somos, segundo os infográficos da internet, desprezíveis 0,2% de quem fala nas manifestações que desde há pouco mais de uma semana incendeiam as ruas brasileiras. Os twitters e facebooks da vida arrebanharam 93,3% dos que publicaram, fizeram menções e, claro, leram sobre aproximadamente 1% da população brasileira que foi à rua.

Mas espere aí? Apenas 1% dos brasileiros foram às ruas? Mas pode ser mais, muito mais. Tudo bem que seja 3% da população isso ainda corresponderia a 6 milhões de brasileiros que passaram pelas ruas de todas as cidades do Brasil. Isso é a conta das ruas, na rede o número é imenso, além dos jornais, televisões e rádios.

Mas agora o que temos diante de nós? Em primeiro lugar uma disputa política ampliada ao máximo. Entre quem? Entre progressistas e conservadores; esquerdistas e direitistas; institucionalistas e anarquistas; democratas e fascistas; ordeiros e desordeiros; propriedade e saque (depredações inclusive). Pode inverter a ordem dos contendores e incluir mais algumas disputas que correspondem aos fatos.

Em síntese é este o momento da disputa das ruas e da ação política. Todo aquele papo de apolítico, anti-político é pura enganação. O movimento das ruas é político e cada um quer um resultado político que lhe caiba nos objetivos. A direita paulista quer o impedimento de Dilma, a prisão dos esquerdistas, a volta dos militares e o golpe inicialmente com Joaquim Barbosa do Supremo (lembrar do Paraguai e Honduras). Esse pessoal da direita paulista até imagina outra quartelada igual a 1932 resultando na separação de São Paulo do território nacional.

Haveria alguma disputa internacional neste jogo? Existem muitas evidências que parecem mostrar algo externo. Muitos vídeos do Youtube que serviram para ampliar a disputa nas ruas pelo Brasil foram feitos nos EUA, com falas em inglês e legendas em Português. O Premier da Turquia denunciou um complô internacional contra seu país e o Brasil. Tomemos por base a mesma dinâmica das “redes sociais” que tem levado a mudanças conservadores no mundo Árabe e noutros lugares. Ou seja, a mudanças em torno do mesmo eixo.

Existe algo a se construir com estas manifestações? Claro, falo além do golpe. Falo em ampliação da democracia, do controle social sobre as políticas públicas, reforma eleitoral e política, democratização dos serviços públicos de informação; desenvolvimento social, ampliação de recursos e práticas que ampliem o direito à educação, saúde, segurança pública, mobilidade social e no espaço urbano.

Por qual motivo o povo brasileiro que chegou até aqui iria seguir o caminho do fascismo e do golpe? Quando alguém repete frases de efeito do tipo o SUS e a Educação não existem onde quer chegar? Além da farsa? Quais são os números do atendimento público e privado nestas duas políticas? O Planos de Saúde atendem diretamente a menos de um quarto da população. O SUS atende a 75% além de financiar a segurança sanitária e epidemiológica do país (todo mundo toma vacina). Na Educação os números na educação básica são até maiores no setor público.

Então estamos falando de um país que tem uma estrutura pública municipalizada que mobiliza bilhões de reais, emprega milhões e cobre todos os municípios. Por qual razão digo que não existe? Em síntese a luta não é do fascismo. A luta é outra: se tenho isso tudo então posso ampliar sua eficiência inclusive controlando os excessos de consumismos e fetiches dos meios que geram muitos negócios vantajosos para grandes corporações e empresas.

É a mesma coisa por qual razão precisamos de golpe? Mais um golpe? Mais uma ditadura, mais uma manipulação das forças armadas para resolver as demandas de alguns privilegiados deste sistema ainda perverso? Para o ano esta disputa vai para as eleições e que democraticamente se resolva com todos os brasileiros com direito a voto. O isolamento dos fascistas é o principal caminho para se voltar a pensar na segurança dos brasileiros. De todos os brasileiros, principalmente dos mais pobres e à margem da mobilidade social.


Antes que nós dois voltemos a ser indivíduos só uma ressalva para que não me entenda por outro meio. Não disse que as manifestações eram de fascistas ou golpistas. Apenas afirmo que se trata de uma disputa na rua por ação política. E os fascistas mostraram sua face com toda a nitidez mesmo quando usando máscaras ou tocas ninjas.