por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 11 de julho de 2013

"Deboche" - José Nilton Mariano Saraiva

Como todos tiveram oportunidade de observar, as manifestações que irromperam por esse Brasilzão afora, objetivando “acordar” o Governo para demandas reprimidas, calaram fundo não só no seio da população, mas, principalmente, na seara política. Assim, não mais que de repente, os “mafiosos” com assento no Congresso Nacional (há exceções, evidente) trataram não só de por as barbas de molho, mas, também, de elaborarem às pressas uma providencial e oportunista “agenda positiva”, que consistiria em desenterrar e por em votação velhos projetos de há muito apresentados.
Entretanto, após os ânimos serenados e a poeira assentada, aqueles que vulgarizaram a nobre atividade política, transformando-a numa bem remunerada profissão, parecem ter “voltado à normalidade” e esquecido as tais “vozes roucas das ruas”. Assim, de novo legislando em causa própria, decidiram implodir a proposta do Executivo (presidenta Dilma Rousseff) de realização de um plebiscito visando processar uma reforma política de peso, que, certamente, cortaria privilégios do Legislativo, destacando-se: fim do financiamento de campanhas por parte de grandes conglomerados (que a posteriori sempre são ressarcidos através de licitações fraudulentas e outros mimos); recaal político, uma espécie de “cassação do mandado” por parte do próprio eleitor, ao constatar a mudança de rota do parlamentar, e por aí vai.
Agora, passado tão breve interregno, pra provar que aquele primeiro ato não passou de grotesca dissimulação e que não estão nem aí para o que pensa o povão, suas “excelências” se negaram, terminantemente, a acabar de vez com essa verdadeira excrescência que é a figura do “suplente de senador” (dois para cada parlamentar, normalmente parentes ou financiadores de campanha) que, sem receber um único voto, assumem a vaga e as mordomias respectivas (hoje, 17 suplentes estão lá, usufruindo o bem bom).
E o mais incrível é que, tentando sair bem na foto, sem nenhuma desfaçatez ou respeito para com o eleitor, deram “repeteco” à dissimulação ao, sarcasticamente, sacarem da cartola sem fundo, como se fora algo imbuído de seriedade e um grande sacrifício,  a possibilidade de reduzir o número de suplentes de 2 para 1 e... fim de papo; acabar coam o penduricalho, jamais.

Trata-se, como se vê, de um verdadeiro deboche para com as “vozes roucas das ruas”, passível de retaliações futuras. 

A ideologia e a geopolítica pelas mentes colonizadas - José do Vale Pinheiro Feitosa

O comércio do Atlântico morreu? É chegada a hora do Pacífico? Tais perguntas estão na ordem da emergência do Japão nos anos 80 e da China nos tempos atuais. É notório que apenas nos últimos 300 anos o comércio do Ocidente foi maior do que o da China e da Índia. Todos esperam o retorno dos negócios aos centros históricos.

Mas existe a costa atlântica africana a abrir uma grande oportunidade. A própria América Latina desponta com enorme força na economia mundial e sua face mais exuberante se encontra no Atlântico. Em outras palavras os países exclusivos da costa do Pacífico por certo têm interesse geopolítico mas a era do Pacífico não explica tudo.

Então a chamada Aliança do Pacífico em contraposição ao Mercosul ou à Unasul não tem razão na geopolítica regional, mas tem na geopolítica dos Estados Unidos da América. E a questão não é se alinhar ou não à maior nação do mundo. A questão é se teremos ou não um destino próprio e com decisões tomadas internamente e não à distância e no interesse daqueles que já ganharam muito.

Nisso reside o papel ideológico das Revistas Veja, Época, dos grandes Jornais e das grande cadeias de Televisão a sustentar as benesses econômicas do Chile e a Aliança do Pacífico. Outro dia o possível candidato do PSDB, senador Aécio Neves, foi para a Argentina e nas páginas de um jornal de oposição advogar as vantagens relativas da Aliança do Pacífico.

O Chile é um país que tem um bom comércio exterior e nisso reside a menina dos olhos dos liberais, mas o Chile ficou aprisionado a uma situação grave: ele é um exportador de produtos primários ou dependentes de recursos naturais intensivos que em conjunto representam 87% das exportações chilenas. Isso quer dizer metais não ferrosos (o cobre é sua espinha dorsal), carnes e pescados, produtos de lavoura, celulose, bebidas (o vinho) e por aí vai.

Do mesmo modo que o Brasil o Chile esteve bem quando o preço das Commodities estiveram bem. Só que o Brasil tem um mercado interno importante e uma base industrial igualmente poderosa. Em parte o sucesso das exportações do Chile se deveu ao encanto das vantagens de livre comércio especialmente estimuladas pelo velho desejo americano de criar uma zona continental de livre comércio para funcionar sobre a liderança dele e assim fazendo sombra ao crescimento Chinês, Japonês e até Coreano.

Mas tudo se torna fantasia quando a realidade da crise não sustenta os sonhos geopolíticos. O EUA já não são mais o destino principal dos produtos chilenos transferindo parte para a China e havendo crescimento do Brasil e do México. Agora fica muito difícil aquele projeto imperialista de dominar o quintal latino americano.

E principalmente se tornará se as economias da América do Sul se integrarem mais e se o bom combate ao pessoal vendido ao império for consequente. Temos que avançar mais na unidade e reduzir ao máximos provocações do tipo Aliança do Pacífico. Isso não significa perder o comércio do Pacífico. Ao contrário é apenas retirar as amarras imperiais desse comércio.


Aliás a autonomia latino americana será muito boa para a convivência com os EUA e suas interferências golpistas na vontade popular. Uma América Latina com economia forte será ruim para modelos imperialistas, mas será, por outro lado, uma relação de sustentabilidade muito mais duradoura do que este atual modelo instável e predatório, especialmente da natureza. 

Descobrindo Luís Augusto Cassas por sugestão de Everardo Norões.

O AMOR

somos um livro

está tudo escrito
no dna do espírito
nas cartas astrológicas
nos meridianos dos corpos
na íris dos olhos
no alfabeto do infinito

nosso contrato de risco
é escapar ao inaudito
(as garras do hipogrifo)
e escrever c/fogo e luz
no espaço em branco dos capítulos
o nosso mito

Luis Augusto Cassas

Se sou amado,
quanto mais amado
mais correspondo ao amor.

Se sou esquecido,
devo esquecer também,
Pois amor é feito espelho:
-tem que ter reflexo.
Pablo Neruda
Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado.

Meu amor tem duas vidas para amar-te. Por isso te amo quando não te amo e por isso te amo quando te amo.
Pablo Neruda


Grandes duplas!








Agora, o "Judiciário" - José Nilton Mariano Saraiva

As recentes manifestações que abalaram a República, sem que tenha sido possível identificar seus idealizadores (porquanto geradas nas redes sociais) tinham destinatário certo e endereço conhecido: a classe política, no Legislativo e Executivo, em Brasília. 
Fato é que a grita sobre a corrupção na esfera política ecoou tão fortemente nas ruas que, ao pressentirem a gravidade da situação, de pronto os Deputados e Senadores “lembraram” de um sem número de projetos que dormitavam nas gavetas e escaninhos da vida. E aí, tivemos algo inusitado: “suas excelências” participando de reuniões plenárias, grupos de trabalho, comissões disso e daquilo, e isso durante os cinco dias úteis da semana, quando o “normal” para eles - e só para eles – era comparecer ao expediente somente as terças e quartas-feiras (viajam na quinta e retornam a Brasília na segunda). 
O Executivo, por sua vez, igualmente acusou o golpe, tanto que a presidenta Dilma Rousseff se valeu da TV para sugerir, em cadeia nacional, a realização de um plebiscito objetivando uma reforma política (hoje, baixada a poeira, os congressistas já boicotaram a iniciativa presidencial). 

Estranhamente, entretanto, o outro poder constituído, o "Judiciário", não foi sequer lembrado. E o nosso Judiciário definitivamente não é flor que se cheire, tantas são as decisões em favor de uma casta de privilegiados, e em desfavor dos menos favorecidos.  Só dois fatos ilustrativos, por falta de espaço: 1) em Brasília, por falcatruas, num mesmo dia o banqueiro Daniel Dantas é trancafiado duas vezes por determinação do Juiz Federal Fausto de Sanctis; de pronto (em ambas), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, atropelando os ritos processuais, manda soltá-lo (antes, o banqueiro já houvera confidenciado aos advogados que não se preocupassem com os tribunais superiores, porquanto lá ele resolvia); 2) em Fortaleza, o ex-presidente do BNB, Byron Queiroz, é “agraciado” pela Justiça Federal com três condenações (14 anos de prisão, em todas elas) em razão das portentosas e comprovadas fraudes quando geria o BNB; apela ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em Recife-PE, onde é absolvido POR UNANIMIDADE.  
Partindo do pressuposto de que Juízes Federais embasam suas decisões em provas robustas e consistentes, salta à vista que por trás de tais anomalias se escondem corruptores e corrompidos por excelência.  
Assim, urge que os holofotes sejam direcionados ao “Judiciário”. Tentemos abrir essa caixa-preta.