por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 25 de agosto de 2017

DITADURA DO JUDICIÁRIO - José Nílton Mariano Ssraiva


Pernósticos, arrogantes, sarcásticos e aureolados (por conta própria) de um certo grau de superioridade sobre os mortais comuns, os preguiçosos e prolixos ministros que integram o Supremo Tribunal Federal conseguiram o que seria impossível num país sério: que a sociedade em peso alcunhasse o Poder Judiciário (brasileiro) como o mais corrupto dos poderes (e, convenhamos, não é pouca coisa, se levarmos em conta que temos um Legislativo repleto de ladrões e um Executivo dominado por uma quadrilha de marginais, denunciados ao próprio STF).

E a figura emblemática e fiel de tal perversão é o truculento juiz mato-grossense Gilmar Mendes, hoje o homem mais poderoso da nação (a ponto de servir como conselheiro informal do gangster sem povo e sem voto, Michel Temer, que “está” Presidente da República, via golpe). Tivéssemos uma imprensa expedita, imparcial e atuante, a pergunta que meio mundo e a outra banda gostaria que fosse feita, desde lá atrás, seria: afinal, “QUANTO” ou “O QUÊ” o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, recebe por cada um dos habeas corpus, que concede, vapt-vupt, beneficiando bandidos de alto coturno ??? (lembremo-nos que aqui no Ceará, nos plantões de final de semana, os senhores Desembargadores recebiam R$ 150.000,00 por cada HC concedido).

Afinal, e é só examinar a lista de “clientes” de Sua Excelência pra se constatar que é composta só de marginais de alta periculosidade, mas de bolsos recheados de dólares, euros e outros “abre cofres” (Daniel Dantas, o “médico-tarado”, o chefe do jogo de bicho e por aí vai). E seria pouco inteligente imaginarmos que Sua Excelência se disponha a passar pelo corrosivo desgaste que há tempos enfrenta apenas e tão somente pra se afirmar como um juiz independente e corajoso. Aí tem propina e propina alta.

No mais, e até porque o temem (e “tremem” de medo de enfrentá-lo, por alguma razão), as demais “Excelências” que compõem o Supremo Tribunal Federal não diferem muito do Gilmar Mendes: todos se julgam acima dos mortais comuns. Todos são sarcásticos e pernósticos. Espécie de semideuses ou “deuses depravados”, aos quais são permitidos abusos de toda ordem.

Ainda agora, argui-se a suspeição de Gilmar Mendes para julgar determinados processos, porquanto seria como legislar em causa própria, tal o grau de intimidade que guarda para com os acusados. Para tanto, no entanto (sem trocadilho) constitucionalmente caberia as “Excelências” do STF tomarem tal iniciativa, pondo-lhe freios. Mas, se são iguais, como esperar que o façam ???

Estamos, pois, queiram ou não admitir alguns, sob o tacão da ditadura judicial. 

terça-feira, 15 de agosto de 2017

A hoje "VELHA SENHORA" - José Nílton Mariano Saraiva

Aliando discrição, simplicidade e até traços de uma certa nobreza (por mais paradoxal que possa parecer), ao vir ao mundo ela já conseguira o que parecia impensável: a unanimidade, sobre sua beleza e suas formas perfeitas, suas graciosas curvas e até sua postura um tanto quanto aristocrática (para os padrões então vigentes), responsáveis por sua caracterização como uma “gracinha”, detentora de um charme indescritível, verdadeiro presente dos deuses.

Embevecidos e orgulhosos, os cratenses sentíamos imensa satisfação em mostrá-la aos que aqui aportavam, em visitá-la periodicamente ou, simplesmente, em transitar à sua frente ou arredores, admirando-a e inflando o nosso ego com o que as pessoas dela comentavam; e, se distantes nos encontrávamos do torrão natal por algum motivo, não cansávamos de citá-la em conversas informais, ou mesmo recomendá-la aos que pretendiam visitar a cidade do Crato.
E assim sua fama cresceu, atravessou fronteira, espraiou-se rincões afora. O astral era tamanho e a curiosidade tanta, que todos nutriam o desejo interior de algum dia conhecê-la, mesmo que por um fugídio e único momento, para simplesmente comprovar tudo o que dela diziam. E vindo, e vendo-a, saiam satisfeitos, radiantes, solidários, a difundi-la mais a mais por outras plagas. Era, realmente, de uma beleza ímpar, diferente... avançada para os padrões da época.

Com o passar do tempo, entretanto, dada à inexorabilidade do ciclo normal da natureza, naturalmente a jovem cresceu, adolesceu, virou adulta, transmutou-se e viu processar-se o arrefecimento de ânimo, o rareamento das manifestações de simpatia; a chegada da rotina, enfim, acabou com o seu encanto e tornou-a “normal”.

Além do que, por falta de carinho, cuidados e incentivos, seu aspecto físico compreensivelmente decaiu a olhos vistos, enquanto outras beldades, turbinadas por energéticos e vitaminas, que a ela passaram a ser negadas, apareceram ao longo do caminho, tomando-lhe o lugar e adeptos, deixando-a no ostracismo e na saudade.

Os que dela deveriam zelar e cuidar, simplesmente a abandonaram criminosamente, deixando-a por muito tempo ao relento, exposta ao sol, chuvas e trovoadas, enquanto seu “habitat” foi indiscriminadamente invadido e ocupado por companhias nada recomendáveis, sufocando-a sem dó nem piedade.

Hoje, sua imagem é de dar pena e dó e dela até nos envergonhamos: superada, decadente, isolada, decrépita, acanhada, sitiada, evitada pelos antigos admiradores e também pelas novas gerações, abandonada pelo poder público que tinha obrigação de cuidá-la, ela é o retrato emblemático e pujante daquilo em que transformaram o Crato ao longo desses últimos 40 anos: uma cidade cidade-fantasma, cidade-dormitório, sem perspectivas, sem futuro, sem nada, a reboque de migalhas governamentais.

Quem te viu e quem te vê, RODOVIÁRIA DO CRATO !!!

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

A "ODISSÉIA" DOS "ESMERALDO" - José Nilton Mariano Saraiva

Imagine um jovem casal, que houvera contraído matrimônio três dias antes, de repente “se mandar” do Crato, a bordo de um “fuscão-branco” apinhado de pertences, rumo ao desconhecido, mas de encontro ao primeiro emprego do jovem engenheiro recém-formado.

Para tanto, tiveram que trafegar dias e dias (varando terras inóspitas do Ceará, Piauí, Maranhão e Pará), na maior parte do tempo por estradas de barro ou piçarra, sujeitos a atoleiros ou derrapagens imprevisíveis, já que à época “asfalto” era um sonho distante.

E que, em chegando ao destino pretendido (nos rincões do Estado do Pará, estrada Tomé-Açu/Paragominas), instalaram-se à beira da “selva amazônica” (vilarejo Quatro Bocas do Breu), numa rústica “casinha branca” de madeira, longe de tudo e de todos, tendo como fiel companheiro apenas um rádio de pilha para se conectar com a civilização.

Para a jovem esposa, então, que nunca houvera saído do conforto da casa dos pais, uma verdadeira “provação” (mas que alicerçada na fé), porquanto ficava o dia sozinha, enquanto o marido labutava na construção da estrada, longe dali, com retorno apenas ao anoitecer (anoitecer, aliás, que era desvirginado apenas e tão somente pela luz do candeeiro, já que energia elétrica à noite, ali e à época, nem em sonhos).

Posteriormente, devido às fortes chuvas da região, que inviabilizariam o andamento da obra em execução por meses e meses, o jovem casal teve que embrenhar-se ainda mais Brasil adentro, e agora sim, cruzando a portentosa selva amazônica rumo ao planalto central do país (estado de Goiás). Loucura, coragem ou muita fé em Deus ???

Fato é que o “previsível” aconteceu: dividindo aquele “projeto de estrada” com possantes carretas, mas que mal rodavam devido às precárias condições da malha, eis que o “fuscão-branco” atolou de vez, obstruindo a passagem de todos. Como resultado e única alternativa viável, uma inusitada decisão: o tal “fuscão” foi suspenso, no braço, por dezenas de caminhoneiros (com o casal dentro), e colocado de volta à estrada mais à frente, onde prosseguiram viagem rumo à recém-inaugurada capital do Brasil, Brasília.

Estes, apenas dois “suculentos” detalhes da verdadeira “odisséia” vivida por aquele jovem casal cratense que, após penar muito em pleno início da vida matrimonial, mas com uma confiança inabalável no seu “Deus”, conseguiram ao final voltar ao amado torrão natal, o Crato.

No mais, nas 303 páginas do livro “A PRAÇA DOS NOSSOS SONHOS” (Memórias), o hoje maduro casal, conterrâneos Carlos Eduardo Esmeraldo e Magali Figueiredo Esmeraldo, firmam um pungente e inigualável tratado de amor incondicional ao Crato, em suas mais variadas facetas: à praça dos sonhos (da Sé); a praça Siqueira Campos (onde começaram a namorar); a praça de São Vicente; os colégios onde estudaram; a feira semanal do Crato; as casas onde moraram; os amigos; professores e por aí vai. Evidentemente, à família foi reservado destaque especial, com menções a irmãos, primos e, principalmente, aos respectivos pais/mães.

Uma confidência: de tão agradável o livro, o “deglutimos” (lemos) em “duas sentadas”. Resta, então, agradecer a Carlos Eduardo Esmeraldo e Magali Figueiredo Esmeraldo, cratenses dignos do orgulho de todos nós, pela brilhante obra produzida.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

UM ABRAÇO NO GONZAGA - Dr, Demóstenes Ribeiro (*)


Seu Luiz, a coisa não foi boa no seu centenário. A acauã danou-se a cantar, em dezembro não fez barra, nem choveu no mês de São José. Teve seca, os animais morreram, muita gente se desesperou e foi embora. Marcolino vendeu os bois e abandonou Cacimba Nova, carregando a sua dor. Essa é uma história conhecida, mas que poderia ser pior. Hoje, bem ou mal, o povo escapa. O risco é viciar o cidadão.

O sertão mudou muito. O campo se esvaziou e as favelas cresceram. Quase não existe vaqueiro, é moto pra todo o lado e o jumento caminha pra extinção. O coitado foi esquecido e desprezado. Se não é atropelado nas estradas, é exportado e vira bife na China. Nem parece que é nosso irmão.

Xanduzinha e o cabra da peste estão cada vez mais raros. E tem um pessoal esquisito, no Ceará não tinha disso não e a gente até se atrapalha. Uma parte da mocidade, longe dos livros e da utopia, foi entorpecida pelas drogas. Perdeu o grito de guerra e a vontade de mudar o mundo. Muito assalto e violência, dinamite e metralhadora, é um retorno feroz do cangaço.

Mas, como você sabe, a vida aqui só é ruim, quando não chove no chão. Quando eu fecho os olhos e começo a sonhar que acordo com a passarada, o bom tempo está de volta. Pássaro carão cantou, anum chorou também, o pessoal preparando o roçado e plantando milho. Em junho, com ele maduro, vinte espigas em cada pé, dá pro São João e pro São Pedro, a festa do maior brilho. Uma fogueira queimando, olha pro céu meu amor e vê como ele está lindo!

Vem a safra, pisa o milho e peneira o xerém. Quem no tempo de menino nas fazendas do sertão não gostava de espiar as caboclas no pilão? O riacho de água fresca, a estrada e a lua branca, o orvalho beijando a flor... Vez por outra me recordo de Rosinha, a linda flor do meu sertão pernambucano. É um passado que não passa, faz doer e amarga que nem jiló.

Mas o algodão se acabou e o perigo é o dinheiro que a gente toma emprestado. A vaquinha chocalha que é do banco e o banco é das ratazanas e dos urubus de sempre. E ano que vem tem eleição: Sérgio Cabral, Angorá, Michel Temer, petrolão... Gabiru pra todo o lado, só Deus pra nos proteger, difícil a situação.

Gonzaga, véio macho, Sá Marica parteira vem tendo muito trabalho. É criança que não acaba mais. As meninas enjoaram da boneca e apareceu o azulzinho. É melhor do que ovo de codorna, só perde pra capim novo - balança, Sinhá!

Porém, foi grande a alegria no seu centenário. Muita festa no dia de Santa Luzia, pisada até quebrar a barra. Chambinho do Acordeon, xote, xaxado e baião. Foi danado de bom e aquele sanfoneiro é a sua cara. Ninguém sabe quando, mas qualquer dia eu chego aí. Cantarei com você, Zé Marcolino e Jackson do Pandeiro. Agora, vou pro Crato, matar minha saudade e, com a benção do Padre Cicero, tomar cerveja com o Dário.

Um abraço sertanejo e meu aboio lacrimado.


(*) Dr. Demóstenes Ribeiro, médico cardiologista.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

A "ESCOLHA DE SOFIA" - José Nílton Mariano Saraiva

 
Desde tempos imemoriais, principalmente no seio de famílias menos favorecidas do interiorzão brabo desse Brasil varonil, o desejo acalentado e inconteste de pais e mães sempre foi o de... “formar um filho doutor” (aqui entendido como o graduar-se em Medicina). Para tanto, e evidentemente que sem entender da profundidade do tema, muitos pais, implicitamente, incorriam na famosa “escolha de Sofia” (aquele lance em que, literalmente, haveria de se “sacrificar” um dos rebentos em detrimento de outro; no caso, por absoluta carência de recursos necessários à contemplação de mais de um). E como à época vigia o conceito de que “onde come um, comem dez” e o tal “controle da natalidade” era uma miríade distante, o “fazer” filhos era a regra em uma família paupérrima, objetivando uma futura e decisiva “ajuda” na luta pela subsistência (excetuando-se, como explicitado antes e restou provado a posteriori, aquele a quem se destinaria o “olimpo”).

Mas aí, em muitas oportunidades, o próprio rebento “premiado”, depois de ralar muito e ser aprovado no mais concorrido dos vestibulares, depois de seis anos de dedicação “full time” visando tornar realidade o sonho dos pais, não mais que de repente “descobre” não ter “vocação para a coisa” e que havia, sim, um meio mais fácil de “se fazer na vida”: o ingresso na “corrupta” atividade política.

Assim, e lamentavelmente (devido à carência de profissionais numa área ainda tão prioritária) muitos dos que se formaram “doutor” à custa do esforço sobre-humano dos pais, nunca fizeram um simples curativo, sequer manipularam uma seringa, jamais prescreveram qualquer medicação a algum paciente e, enfim, se mudaram de mala e cuia para o “eldorado” mafioso da política carreirística. E, para tanto, aí sim, passaram a usar e abusar da “patente” de doutor a fim de “abrir portas”.

Adstringindo-se à nossa praia (o Ceará) dos dias atuais, além de na capital e interior termos “doutores” no exercício do cargo de prefeito, sem que nunca tenham exercitado a “atividade-fim” da formação acadêmica, pululam nos parlamentos estaduais e federais um outro tanto que adotaram o mesmo “script”.

E assim, o sonho dos pais, acalentado durante anos e anos, jaz esquecido e deixado pra trás, por obra e graça dos encantos e da facilidade que a atividade política oferece de “se fazer na vida” rapidamente, mesmo que por métodos heterodoxos. Definitivamente, os tempos são outros.

Alfim, há que se destacar, sob pena de não o fazendo injustiçá-los, que os “vocacionados” para o mister, aqueles que realmente “vestiram a camisa” desde o ingresso na faculdade e até a pós-formatura, são, sim, dignos e merecedores de encômios e de reconhecimento público pelo verdadeiro “sacerdócio” no dia-a-dia de uma atividade estressante e sofrida. Afinal, além de não os frustrarem, se mantiveram fiéis ao sonho dos pais de um dia… “formar um filho doutor”.

Poderão, mais à frente, após passados na “casca do alho” de uma larga experiência no “laboratório da vida” (o exercício diário da Medicina), ingressar na arena política objetivando melhorar a vida dos menos favorecidos, aos quais acompanharam “pari passu”, diuturnamente.




quinta-feira, 3 de agosto de 2017

"EXCELÊNCIAS BANDIDAS" - José Nílton Mariano Saraiva


Deputados Federais cearenses que votaram favoravelmente a que Michel Temer, Eduardo Cunha e Aécio Neves continuem a receber malas e malas de dinheiro público para uso pessoal:

Aníbal Gomes (PMDB) – SIM
Danilo Forte (PSB) - SIM
Domingos Neto (PSD) - SIM
Genecias Noronha (SD) - SIM
Gorete Pereira (PR) - SIM
Macedo (PP) - SIM
Moses Rodrigues (PMDB) - SIM
Paulo Henrique Lustosa (PP) - SIM
Vaidon Oliveira (DEM) – SIM

Eles vão querer seu voto no próximo ano. Fique de olho.