por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 5 de abril de 2013

Por que não, D. Lúcia ?



Há uma grande polêmica no Brasil , atualmente, perceptível na TV, nas ruas, nas Redes Sociais. Envolve o Deputado Federal, por São Paulo, Marco Feliciano,  do Partido Socialista Cristão. Ele sempre foi combatido por posições retrógradas e eivadas de preconceito,  no que tange a assuntos religiosos e morais. Vejamos, caros leitores,  algumas de suas pérolas, mesmo sob o risco de náuseas e de engulhos:  “A  AIDS é o Câncer Gay !”; “A podridão dos sentimentos homoafetivos , leva ao ódio, ao crime, à rejeição” . Se o leitor ainda não vomitou, vão mais algumas para teste : “Os africanos descendem de um ancestral amaldiçoado por Noé, isso é fato !”  ; “Depois da União Civil virá a adoção de crianças por parceiros Gays, a extinção das palavras Pai e Mãe, a destruição da família “. Todas estas citações, públicas, estão untadas de racismo e homofobia, inexplicáveis nos dias de hoje, passíveis de pena nos tribunais , impensáveis de serem citadas por um louco qualquer, muito menos por um representante do povo. Poderiam ter sido arrancadas do “Mein Kampf” e correm  o risco de horrorizar o próprio Bolsanaro. Não bastasse esta idiotice particular , o Congresso Nacional ( que tem dado seguidas demonstrações de incongruência e fragilidade ) uniu-se à insanidade do seu membro  e elegeu-o ( loucura das loucuras) : Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara . Compara-se a eleger Hitler como juiz no julgamento de Nuremberg.  As minorias  que se encontram em invejável nível de organização nestes últimos dez anos, reagiram, como se deveria  esperar, foram às ruas, invadiram reuniões da Comissão e estabeleceu-se um impasse ainda sem solução no momento. Feliciano, que é pastor evangélico,  teve , de início, apoio do segmento que o representa, mas –pouco a pouco – o desgaste começa a corroer suas estruturas de sustentação. As críticas inicialmente endereçadas a ele se espraiam para suas hostes religiosas e o incômodo passou a ser nítido no setor evangélico. Feliciano resiste, mas não tem como se segurar , a queda é previsível e dá-se como favas contadas.
                                   Semana passada, seguindo seu apostolado de insensatez,  Feliciano confrontou , em Minas Gerais, um protesto contra ele, com outra citação bombástica : "Essa manifestação toda se dá porque, pela primeira vez na história desse Brasil, um pastor cheio de Espírito Santo conquistou o espaço que até ontem era dominado por Satanás". O mal estar, desta vez, invadiu sua praia, havia vários deputados de gestões anteriores e do setor evangélico na Comissão, e eles os acusou de sócios de Belzebu. Desculpou-se , depois, dizendo que citara Satanás, não como o Tinhoso, mas na acepção original do hebraico que , segundo ele, significa “adversário”.
                                   A questão Feliciano suscita vários questionamentos. Acredito que não devemos , simplesmente, jogá-la na vala comum da questão meramente religiosa. O pensamento dele representa, creio, um segmento expressivo dos evangélicos do Brasil, mas não de todos. Corre-se o risco de iniciar, mais uma vez, uma Cruzada, sem separar bem o joio do trigo. Há, a meu ver, duas vertentes interessantes para se refletir, uma de ordem política e outra ligada à Laicidade do Estado. Feliciano, amigos, foi eleito como o segundo mais votado em São Paulo. O Brasil está agora correndo contra o prejuízo causado, mas vem a pergunta inevitável: Por que elegemos um candidato com esse perfil ? Não teria sido mais fácil tê-lo filtrado com a malha das urnas ? Faltou-nos amadurecimento político para tanto ou , simplesmente, o seu pensamento retrógrado representa o de muitos nesse país, transcendendo, inclusive, as fronteiras meramente religiosas ? Os que o elegeram presidente da Comissão de Direitos Humanos foram, também, por sua vez, igualmente eleitos por nós. Escolhemos bem ou será que assinamos um cheque em branco e entregamos ao estelionatário e, agora, estamos reclamando porque o saque foi muito alto ? É preciso compreender que fomos nós mesmos , brasileiros mobilizados e nas ruas, que tentamos , agora, arrancar o microfone do insano, mas permitimos, por outro lado,  a Feliciano o espaço para difundir suas idéias nazistas.
                                   Fica cada vez mais clara a importância da laicidade do Estado. A história demonstra que os maiores crimes da humanidade foram cometidos sempre que se misturou de forma incestuosa Política & Religião. Esta combinação é sempre explosiva. Feliciano tem todo o direito de cuspir suas regras e suas sentenças para seus fiéis, desde que não confronte o Estado de Direito. Cada um cuide do seu rebanho ! Os Testemunhas de Jeová – com todo respeito que merecem-- têm o sagrado direito de proibir a transfusão de sangue a seus seguidores , mas não podem querer , por exemplo, influenciar o Congresso para criar uma lei proibindo a hemoterapia em todo país. Cada macaco no seu galho ! As questões atinentes , pois , ao Controle de Natalidade, ao Aborto, à Fertilização in vitro, à Eutanásia, às Células Tronco, devem ser regulamentadas pelo Estado. Às igrejas caberá a decisão de permitir ou não a utilização destes métodos( se acessíveis pelo Estado) por seus fiéis e exclusivamente por eles.
                                   Recentemente, Feliciano revelou – em outra entrevista bombástica-- que D. Lúcia Maria, sua mãe, era aborteira e que, ainda menino, “vira fetos serem arrancados, por ela,  de dentro de mulheres”. Nem imaginou  que , emitindo depois opiniões tão preconceituosas, estava dando um grande argumento, indireto, a favor do aborto. D. Lúcia bem que poderia ter procurado uma colega , devem estar pensando algumas minorias... Em qualquer dos sentidos possíveis, no entanto,  Feliciano terminou se tornando o grande Satanás desse país.

J. Flávio Vieira

A "metamorfose" do Felipão - José Nilton Mariano Saraiva



Numa época em que o futebol brasileiro andava de “crista baixa” e com perspectiva real de não participar de uma Copa do Mundo pela primeira vez na história (tal o descalabro reinante), às pressas convocaram, visando “arrumar a casa”, o treinador Luiz Felipe Scolari, então brilhando num dos grandes clubes de São Paulo. E aí ele chegou mostrando ter “luz própria”, objetivos definidos e tal, porquanto, mesmo sob enorme pressão da torcida brasileira e, especialmente, da crônica esportiva, não convocou o idolatrado (mas indisciplinado) jogador Romário. Foi um Deus nos acuda que só cessou quando o time começou a ganhar, findando por se sagrar mais uma vez campeão do mundo.
Ao tempo em que resgatou o respeito do mundo futebolístico pela nossa seleção, Felipão viu-se guindado à condição de top de linha, de estrategista genial, ícone de uma nova era; tanto que sua carreira deu uma alavancada fulminante e ele foi parar “nas Oropa”, onde dirigiu a seleção portuguesa, o respeitável time inglês do Chelsea e até milionários times da Rússia; voltou “podre de rico” e... repaginado.
“Repaginação” que se mostrou decepcionante agora, quando, novamente chamado às pressas para, de novo “arrumar a casa”, se nos apresentou cheio de conivências, de conveniências, de invencionices e de uma maleabilidade que outrora não possuía;  assim, desde que reassumiu não teve a coragem devida pra sequer substituir o “bibelozinho de luxo”, a nova coqueluche da imprensa esportiva (aquele que a TV Globo já decretou ser o único craque do time), o improdutivo e doméstico jogador Neymar, que quando tem pela frente os europeus “se caga todo”, treme mais que vara verde, vira uma peça absolutamente nula (mas, atenção: no próximo jogo enfrentaremos o “índios” da Bolívia e então tal jogador deitará e rolará, de sorte que, hipocritamente, a imprensa no dia seguinte o vangloriará e o elevará à condição de salvador da pátria); no mais e como que pra provar que a metamorfose foi impressionante e pra valer, o Felipão resolveu convocar para a seleção um goleiro que não é nem reserva do reserva do reserva do seu time (ou seja, é o quarto goleiro); só que é jogador do defensivo time do Corinthians, verdadeiro representante do anti-futebol, do futebol de resultados, e que tem à retaguarda uma cambada de grandes empresários sem escrúpulos e que não se importam em jogar sujo, desde que os fins, nem sempre nobres, sejam alcançados.
A dúvida é: será que até a Copa do Mundo o treinador Felipão se reciclará ??? Se não o fizer, estaremos ferrados.
Definitivamente. Sem choro e nem vela.