por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Histórias de fadas - por Socorro Moreira


Dos 4 aos 14 anos li bastante. A partir de então , dei uma maneirada , e passei praticamente a viver da leitura daqueles anos.
- Contos de fadas , romances, revistas em quadrinho, Mitologia, etc.
O primeiro da série foi "O Patinho Feio". A história dissolveu meus complexos de menina feia : gorducha, míope, cabelos encaracolados. Desafiei os padrões de beleza , como dizia minha avó :" louro, branco dos olhos azuis; corado que o sangue quer espirrar "!
Com Branca de Neve aprendi a cuidar da casa: varrer o chão, lavar a louça, arrumar o guarda-roupa, camas, e fazer uma comidinha gostosa.
Com Cinderela , me transformava , nos dias de gala: vestia uma roupa bonita, pintava a cara, arrumava o cabelo, e pisava bem, nos saltos. Dançava a festa toda , da primeira valsa ao último frevo.
Com o Gato de Botas , ousei chegar na frente do que eu desejei. Aprendi a ser ligeira , a usar na cabeça uma bota de sete léguas.
Com Rapunzel, entreguei todos os pensamentos entrançados, na busca dos sonhos de liberdade... E consegui !
Com Chapeuzinho Vermelho passei a identificar os lobos , os vigias da natureza, e ser delicada com as vovozinhas, afinal hoje com muito gosto, sou uma delas !
Com "Mata Sete de uma só vez" apreendi a não subestimar o inimigo , a respeitar e admirar o ser humano, uma vez que todos são ímpares, e possuem qualidades, que nos são complementares.
Com a Bela e a Fera, descobri que a beleza externa desaparece ou ressalta-se ! Bonito é quem sabe sorrir, transmitir paz, dizer coisas inteligentes, ser criativo, humano e sensível.
O tamanho do nariz , já via em Pinóquio...Não é documento !
Com Dona Baratinha barganhei uns pretendentes... Mas acabamos indigestados, nas feijoadas do cotidiano , e o casamento foi ficando chato. Não dá pra permanecer infeliz por muito tempo.
Com João e Maria, aprendi a conhecer os caminhos de volta, e a recomeçar, sempre !

Cumplicidade - Socorro Moreira


Desconfio que  nunca virá
E se algum dia chegou
Eu dormia...
Quem sabe na meninice angelical
Quando a saudade de outra vida
Em mim vivia?

Adoro o próximo
Como desconfio do longínquo
Mesmo assim atiro-me
Coração e alma
Na pira do amor bem-vindo

socorro moreira

Por Norma Hauer



TELEVISÃO TUPI

61 ANOS DA TELEVISÃO NO RIO DE JANEIRO

Ela começou em São Paulo. em outubro de 1950, mas foi no dia

20 de janeiro de 1951

Que teve seu início aqui no Rio.

E chegou para vencer ! Seus idealizadores, com seus esforços e ainda com pouca técnica, colocaram no ar aquela que seria a pioneira na estão Capital Federal.

Assis Chataubriand, dono de um império em que predominavam rádios, jornais e revistas, como as Rádios Tupi e Tamoio, os jornais “Diário da Noite”, “O Jornal”, a revista mais popular de sua época “O Cruzeiro” deu início, primeiro em São Paulo e meses depois aqui no Rio da era da televisão no Brasil.

Embora, sem a técnica atual, a TV Tupi trouxe-nos programas belíssimos, "ao vivo", o que poderia trazer algumas "gafes" mas que eram fruto de trabalho de gente de cultura e de vontade de mostrar que a TV seria o futuro da comunicação no mundo.

Saudades do "Teatrinho Trol", do "Grande Teatro", de "O Céu é o Limite", do "Clube do Guri", do"Repórter Esso", com Gontijo Teodoro, dos "Espetáculos Tonelux", do "Vigilante Rodoviário", do "Alô Doçura (com Eva Wilma e Jonh Hebert), das primeiras novelas... Ah, não dá para lembrar como era gostosa a TV em seus primeiros anos...

Depois da Tupi veio a Rio (em 1955), vieram a Excelsior, a Continental, a Manchete......Todas extintas.

Hoje, a Globo (que já começou “traindo” por receber o canal que seria da Nacional) domina tudo trazendo violência, sexo explícito, Faustões, Xuxas e semelhantes, humorismo sem graça, só escapando “A Grande Família”, criado por um gênio (Oduvaldo Viana Filho) e mantido (mesmo com seu criador falecido) no mesmo molde.

O resto é lixo, apesar de o "Casseta e Planeta" ( que parece que voltará este ano) ter sido uma cópia ( com imagens) do programa radiofônico "PRK-30", de Lauro Borges e Castro Barbosa.

As novelas de Janet Clair e Irani Ribeiro (oriundas do rádio), de Dias Gomes e alguns poucos pioneiros, hoje caíram na violência, na pornografia explícita, no mal vencendo o bem, nos honestos humilhados, enfim em uma inversão de valores.

O pior é que o “povão” acredita e cada vez mais a violência domina, vinda também através dos filmes americanos exibidos principalmente pela Globo.

Hoje a técnica é espetacular, o dinheiro circula alto pelas mãos de "celebridades", mas falta aquele "charme", aquela doçura, aquela criatividade do tempo da TELEVISÃO TUPI.

Norma Hauer

Por Norma Hauer


PETERPAN
Um vulto importante em nossa música, nasceu em 21 de janeiro de 1911: José Fernandes de Paula, que ficou conhecido como PETERPAN.

Peterpan era cunhado de Emilinha Borba, casado com sua irmã, também cantora, conhecida como Nena Robledo (Xezira Borba)
Feliz em ter escolhido o nome de Nena Robledo. Mesmo assim não ficou conhecida como a irmã .

Os maiores sucessos de Petrepan foram "Se Queres Saber", gravação de Emilinha; "Você nâo me Beija", gravado por Carlos Galhardo, ou "Última Inspiração", que consagrou João Petra de Barros.


ÚLTIMA INSPIRAÇÃO

Eu sempre fui feliz, vivendo só sem ter amor,
Mas o destino quis roubar-me a paz de sonhador
E pôs no sonho meu um olhar de ternura
De alguém que, mesmo em sonho, roubou minha ventura

Sonhei com esse alguém noites e noites sem cessar
Por fim, alucinado, fui pelo mundo a procurar
Aquele olhar tristonho da cor do luar
Mas tudo foi um sonho, pois não pude encontrar

Mas na espinhosa estrada desta vida, sem querer, um dia
Encontrei com esse alguém que tanto eu queria
Esse alguém que, mesmo em sonho
Eu amei com tanto ardor não compreendeu a minha dor

Fui inspirado então na ingratidão de quem amava tanto
Que fiz esta triste valsa, triste como o pranto
Que me mata de aflição, bem sei que esta valsa será
A minha última inspiração.

Compôs ainda outras músicas que se destacaram, como são exemplos “Eu Já vi Tudo”; ou “Mulher de 30”

De Peterpan (com Chiaroni) é uma das mais belas canções de Natal: “Feliz Natal”, gravada por Carlos Galhardo

Há uma bonita valsa, em parceria com Ari Monteiro, lançada por Carlos Galhardo na Rádio Mayrink Veiga, que nunca foi gravada. Seu nome

"MISTÉRIOS DA NOITE"

Tarde morre o dia,
Triste como sempre...
Cedo a noite vai chegar.
Maior será então
A minha grande mágoa.
Meus olhos já estão
Ficando rasos dágua"...

Pois quando anoitece,
Muito mais padece,
Quem tiver no coração a sombra da tristeza.
Não sei o mistério que a noite tem
Que faz crescer no coração da gente
A saudade de alguém.

Essa música (melodia e letra) está "gravada" apenas em minha memória.

Peterpan faleceu em 28 de abril de 1983, aos 72 anos.

Norma Hauer

Amedeo Modigliani



Amedeo Clemente Modigliani (Livorno, 12 de julho de 1884 — Paris, 24 de janeiro de 1920) foi um artista plástico e escultor italiano que viveu em Paris. Um artista principalmente figurativo, ele se tornou conhecido por pinturas e esculturas em estilo moderno caracterizado por faces mascara e alongamento da forma. Morreu de meningite tuberculosa, agravada pela pobreza, excesso de trabalho, alcool e drogas (haxixe).

wikipédia



Nos ombros do destino - Emerson Monteiro

Esse um novo livro de Geraldo Ananias Pinheiro, autor caririense que resolveu mergulhar no espaço urbano para revolver as contradições dos tempos prenhes de matizes apocalípticos, ao estilo dos contadores de histórias. Anda nas aglomerações com a mesma fluência que caracterizou os livros recentes, de locações sertanejas, superpondo ações e personagens com a leveza de quem traz o jeito de conduzir
aonde pretende; assinala dramas interiores e dificuldades ambientais, aventureiro do inesperado e da frieza das instituições sociais, em estruturas metálicas de sítios geométricos enigmáticos.

Nas trilhas da cidade grande envoltas nas sombras, no enxameio de máquinas apressadas, coisas misteriosas acontecem, grifadas nas impressões psicológicas que remexem as almas, a suprir solidões de becos escuros, na metrópole. Sentimentos se atritam dentro das madrugadas insones, fortes amores despertam em plenos expedientes e nas mesas dos restaurantes de luxo, seres esquisitos, fantasmas petulantes.

Nisso, a atualização das expectativas pouco satisfeitas de amores, amizades, companheirismo, aos moldes do que o romance permite na sua imprevisibilidade constante. Ananias sabe disso. Contundente, machuca feridas abertas pelos gestos incompreendidos. Uma surpresa sobrevoa todo tempo as peças do jogo, num ritmo frenético. A familiaridade com que conduz seu bloco de protagonistas revela habilidade que comunica e diverte.

Na força do romance, enxerga a ótica dos autores de produzir existências através da velha ficção. Desponta horizontes onde antes nada havia; com isso, desvela mundos e abre portas. Escrever páginas das histórias guardadas nas regiões mentais obscuras funciona qual psicanálise de cada época. A fúria dos que se descobrem fazedores de romances gera meios ao dizer dessas fases das sociedades, e as páginas vão abrindo espaço às emoções, aos papéis que avolumam relacionamentos nas palavras e nos contextos.

Neste seu quarto livro, Geraldo Ananias cresceu no amadurecimento e nas interpretações do espontâneo que prende a atenção e quer usufruir dos valores vindos nas calhas da criação literária.

Quando chega ao misterioso, o que houve também no livro anterior, Levado ao vento, abre as perspectivas reencarnacionistas, solução dos inúmeros espantos humanos das afinidades, idiossincrasias, tendências, no resgate das possibilidades tantas vezes consignadas, e pouco atendidas, dos impasses e contradições da vida. Indica, sem, no entanto, coagir. Insinua, sem confrontar crenças ou conceitos estabelecidos. Pisa as páginas do futuro qual explorador cuidadoso, circunstante, abrindo frestas às visões particulares das marcas deixadas em todo coração.