por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 2 de abril de 2014

O QUE FIZERAM COM AS FORÇAS ARMADAS

Na minha infância e adolescência, no interior, além do rádio, filmes e alguns livros, as referências e informações para formação dos jovens eram poucas. Além das familiares, algumas figuras regionais que, pelo comportamento e importância, nos eram apresentadas como exemplos de cidadãos corretos.    
Aparecia também outra referência, as Forças Armadas. Tinha grande admiração por soldados dispostos a dar a vida pela pátria. Em relação a isso, todos os meus conhecidos e colegas, tinham um sonho, uns queriam ser aviadores, outros paraquedistas, eu queria ser piloto de tanque. Como o mar nos era desconhecido, poucos desejavam ser marinheiros. Admirava os desfiles em comemoração ao dia 7 de setembro. Cheguei a tocar tambor na banda da escola. Era comum ver na rua ou em festas civis e bailes sociais, como convidados de honra, oficiais fardados que estavam de férias ou de passagem pela região. Nos bailes de debutantes, lá estavam cadetes para abrilhantar a festa, era visível a importância que se davam.
Onde foi parar tudo isso?  Onde está a confiança e admiração irrestrita que a população depositava nas Forças Armadas?  É preciso resgatar esses valores.  Como podemos confiar em quem vive fechado em quartel alimentando fantasias de bravura contra inimigos inexistentes? Ou estão dispostos, baseados em lorotas, a matar seus próprios conterrâneos desarmados? 
É constrangedor que o perigo da moda agora seja Cuba, país insular, pobre, pequeno, mais ou menos do tamanho de Pernambuco, sem exército nem marinha de guerra. País que há 50 anos está bloqueado pelos Estados Unidos, causa medo a quem?  Nossas Forças Armadas tem medo de Cuba? Que departamento de informações, inteligência e propaganda é esse?  Se não alimenta, por que não desqualifica esses boatos? O mea-culpa poderia começar reconhecendo os erros e crimes cometidos durante o regime militar. A desculpa usada pelos criminosos de que cumpriam ordens superiores, não é aceita pela justiça, é crime hediondo, está na constituição federal e reconhecido pelo Brasil em vários tratados internacionais. Os réus nazistas nos julgamentos de Nuremberg e outros, também alegavam cumprimentos de ordens superiores. É preciso contar a verdade sobre o golpe, deixar de agir como coiteiros, o que de fato, já não é possível negar ou esconder. As Forças Armadas merecem respeito, a instituição pertence à nação, não é um covil de malfeitores. Se queremos paz e desenvolvimento, é preciso agir, como por sinal fizeram militares de países (Alemanha, Espanha, Portugal, União Soviética, Chile, etc.) que passaram por experiência semelhante, mas que desejavam reconquistar a confiança e reunificar seus cidadãos.    
Jose Almino Pinheiro
31.03.14