por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Zé Menezes !




 Violonista. Compositor. Multiinstrumentista, toca violão de seis e sete cordas, violão tenor, bandolim, banjo, cavaquinho, viola de dez cordas, guitarra amplificada, guitarra portuguesa e contrabaixo. Seu gosto musical foi despertado quando aos seis anos de idade ouviu a banda de música de sua cidade natal(Jardim-Ce). Começou a tocar requinta e depois cavaquinho ainda criança
Iniciou a carreira artística com apenas oito anos de idade quando foi convidado pelo maestro Arlindo Cruz para se apresentar profissionalmente em um cinema na cidade cearense de Juazeiro. Atuou posteriormente na orquestra do maestro Arlindo Cruz em apresentações na cidade de Crato, CE. Aos 11 anos de idade já era membro da Banda Municipal de Juazeiro. 
Incrível como desconhecemos os nossos valores.
Aplausos para este músico, internacionalmente conhecido,  com raízes no nosso Cariri.

Um "pequeno grande gesto" - José Nilton Mariano Saraiva

E de repente, de uma área não muita afeita a manifestações da espécie, porquanto povoada por “machões sarados”, aparentemente embrutecidos, e ainda por cima praticantes de um esporte onde o contato físico forte e ríspido é uma constante, uma atitude inusitada, um laivo de ternura e afeto, um “pequeno grande gesto”, que parece ter passado despercebido pela maioria dos que o vivenciaram, ao vivo ou via telinha (pelo menos não se ouviu ou se leu nada, a respeito).
Deu-se na frienta noite londrina, no novo e monumental estádio de Wembley, por ocasião de uma partida final da Copa dos Campeões da Europa, quando se enfrentaram as tradicionais e caras esquadras do Barcelona (Espanha) e Manchester United (Inglaterra), dois dos maiores expoentes do mundo futebolístico da atualidade.
Aos fatos.
Quase ao final (aos 43 minutos do segundo tempo) do aguardado confronto que mobilizou adeptos do futebol em todo o mundo, com o jogo já definido e o título assegurado em favor da excepcional esquadra do Barcelona (3 x 1), o técnico Guardiola (ex-jogador do próprio clube), numa atitude de grandeza e desprendimento, resolve prestar uma justa homenagem ao seu correto “capitão”, o marrento e aguerrido zagueiro Puyol, que, lesionado, não tivera condição de adentrar ao gramado, de início; então, faltando dois minutos para o término da pugna, convoca-o a substituir um companheiro, com o claro intuito de, naquele momento maior, no ápice daquela gloriosa jornada, braçadeira de capitão, fazê-lo erguer o troféu de campeão e, consequentemente, aparecer para a posteridade nas TVs de todo o mundo, ao vivo e a cores, e na primeira página dos principais jornais do mundo, dia seguinte.
Providenciada a substituição, daí a pouco o juiz determina o término do confronto. E foi então, no momento da premiação, ante um batalhão de fotógrafos e centenas de canais de televisão de todo o mundo, que se deu o inusitado, o imprevisível, aquilo que denominamos um “pequeno grande gesto”, pela espontaneidade e nobreza do ato: o guerreiro Puyol, evidentemente que fugindo do script armado pelo técnico-amigo Guardiola, mostra toda a sua humildade e excelência de caráter, ao abdicar de tamanha honraria e delegar ao discreto companheiro Abidal (lateral esquerdo), o privilégio de erguer o troféu, como se fora o verdadeiro “capitão” da equipe catalã.
Explica-se: meses atrás, Abidal fora desenganado pelos médicos, em razão da descoberta de uma grave e normalmente letal enfermidade (“câncer” no fígado) e fora afastado sumariamente das atividades esportivas; agora, após um tratamento pra lá de penoso, ali, ante um estádio ocupado por 80 mil pessoas e com a partida sendo transmitida pra bilhões de telespectadores em todo o mundo, além da confiança do técnico Guardiola em escalá-lo e mantê-lo durante toda a partida, agora, Puyol, o “capitão” de todos eles, que entrara ao final do jogo unicamente pra “exercitar o que lhe conferia a patente”, humilde e simbolicamente transferia pra ele, Abidal, o privilégio de erguer o troféu de campeão.
Uma cena de cortar corações e levar qualquer um às lágrimas (embora alguns teimem em afirmar que “homem que é homem não chora”). Pois, acreditem, “abrimos o berreiro”.

Tostões de memória- socorro moreira




Na década de 50 tínhamos o Rádio, o Cinema, as revistas ( Cruzeiro, Cinelândia...), e oxalá, algum jornal,  nos mantinham em contato com as notícias da Capital, do Brasil e do Mundo.
Guaraná, passas (caixinhas minúsculas), chocolates, biscoito Champanhe, ameixas, amêndoas, castanha do Pará e avelãs eram artigos de luxo. Tudo era artesanal, e primitivo: café torrado e pilado em casa, geladeira a querosene, fogão de lenha, filtros de barro, cascas de laranja penduradas no teto da cozinha, meizinhas  e latrinas no quintal, pinicos dentro do quarto, e até no corredor...Quartos apinhados de rede, família numerosa, feiras diárias, ou no máximo semanais: pra comprar secos e molhados.Mercearias , quase únicas, substituíam os supermercados atuais.O povo do Crato já tinha a mania de fazer compras no Juazeiro. Lá tudo era mais barato e fácil de achar. Lá,  novidades, em primeiro lugar.
Na década de 60 as famílias começaram a usar papel higiênico, e as garotas substituíram os “guardanapos” por “Modess”. Chegou luz de Paulo Afonso pra apagar velas e candeeiros, rodas nas calçadas e desabitar as salas de cinema. As modistas ainda tinham todo espaço, e as revistas em quadrinhos começaram a enfeitar as bancas de revista. Não faltava uma radiola nas salas, cristaleiras nas salas de jantar, e penteadeiras nos quartos.
Leite Moça e Creme de leite começaram a constituir a base dos nossos quitutes e doces.
Em 70 as casas que  cobriam botões, fivelas , lojas de tecido, entraram em crise com o advento das primeiras e definitivas boutiques.
Em 80  dançávamos em “boates”, e curtíamos músicas internacionais.Os eletrônicos , carros, quartos com suítes, pisos de cerâmica eram o sonho de consumo de todos os lares.Manaus e Paraguai eram muito visitados.
Nos anos 90 as atenções foram voltadas para uma política inflacionária. Desativaram o curso “Normal”, que formava professoras primárias, e a corrida saudável por um curso profissionalizante ou Superior motivavam, definitivamente, a população do Crato.
Nos anos 2000 deixamos de conhecer TODOS os moradores da nossa cidade. Gente de fora: professores, alunos, comerciantes, políticos e industriais assumiram uma nossa nova vida.
Todo o passado ficou para trás, menos as nossas lembranças que permanecem vivas.Hoje,na terceira idade,vivemos o cotidiano de esperanças mescladas de muitas saudades.
Envelhecemos e ganhamos um jeito novo de vida. Mais doenças, cujos tratamentos esticam o fim.
Péssimos programas de TV, gosto musical suspeito, contas de celular, luz, planos de saúde, prestação de carro, aluguel de casa, educação dos filhos e material escolar, alimentação, engolindo sem piedade o nosso parco salário. Tempos de conforto bastante oneroso!
O interessante é que a paixão, o amor, a poesia, os sonhos encantados nos enchem de alegria como um “PI”, em todos os tempos.
Nunca mais terei um pijama de flanela feito por minha mãe para enfrentar as noites frias de junho; nunca mais escutarei as histórias da minha avó Dadinha com cantigas e detalhes surpreendentes; nunca mais um tijolo de Joaquim Patrício; nunca mais um jogo clássico de futebol de salão: AAB X Votoran; nunca mais um corte de cabelo por Baysa; nunca mais um corso no carnaval; nunca mais a farda do colégio e os livros suados, debaixo dos braços.;nunca mais uma sessão de cinema no Cassino,nunca mais uma aula de Vieirinha, Alderico, Zé do Vale...Nunca mais quase tudo, quando justamente tudo parece estar ao nosso alcance.
Sejamos satisfeitos com novas realidades. Todo tempo tem a sua graça!
Um abraço aos amigos do meu tempo: Magali, Carlos, Henrique Cruz, Zé Flávio, Bastinha, Joaquim, Dona Almina, Abidoral, Walda, Zé do Vale,mariano, Stella, e todos os rostinhos carinhosos dos quais me recordo,ou encontro em meu caminho.
Nossa geração sobrevive pra contar histórias. Conte a sua!