por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 5 de maio de 2011

Rio Madeira - Por José de Arimatéa dos Santos

 Rio Madeira,
Nasce na Bolívia
Com o nome de rio Beni
Banha os estados de Rondônia e Amazonas,
Afluente do rio Amazonas
Beleza da natureza!
Fotos do rio Madeira - Porto Velho, Ro
José de Arimatéa dos Santos(texto e fotos)

Meu mundo por um cheiro - José do Vale Pinheiro Feitosa

Eu já andei me queixando do uso indiscriminado do “beijo” em relação ao nosso tradicional “cheiro”. Especialmente no nosso Ceará, as novas classes urbanas abandonaram o cheiro pelo beijo. Antigamente se despedia em tom amável com cheiros, mas hoje são beijos. Ninguém pegava uma criança para beijar, era para cheirar.

O quê nos fez mudar de sentido é um estudo antropológico que apenas especulo. Sem fundamentos. Mas não deixa de haver certo estímulo do cinema e da telenovela. O beijo é a multinacional do carinho entre duas pessoas e as imagens estimulantes vieram daquele meio.

Foi assim que sentir o odor do outro foi substituído pelo sabor de pele, cabelos e mucosas. Mas é verdade que o beijo também aspira algo olfativo que do outro evola-se. Mas o sentido central do cheiro foi para as margens da cultura.

Nem tanto. Não dar para ir com a antropologia tão longe assim. O senhor mercado mostra um promontório muito elevado. O Brasil hoje é o maior mercado de perfumes do mundo. Ganha até mesmo dos EUA, enquanto consumimos U$ 6 bilhões em perfume, os EUA consumiram U$ 5,3 bilhões.

O título de mais cheiroso ganhamos de lambuja dos gringos, além de gastarmos mais na conta total, aplicamos mais por pessoa. Eles têm uma população de 308.745.538, enquanto o Brasil tem 190.732.694 isso nas contas dos censos de 2010. Sendo os mais cheirosos, resta saber quem são os mais cheirosos entre nós.

Já adivinhou né? Claro que não falaria em perfume se a vantagem nordestina não fosse de humilhar o sul maravilha. Enquanto 90% das famílias nordestinas gastam com perfume, apenas 40% da prole familiar o faz no sul do país.

E sabem mais? Os nordestinos tomam vários banhos ao dia e por isso gostam mais das colônias tipo splash que duram menos tempo na pele. Os nordestinos não precisam que os perfumes se fixem muito tempo entre 12 e 24 horas, pois antes disto já haverá um novo banho.

E como gostamos mais de perfumes e sempre estamos retirando algum das prateleiras dos mercados para as nossas bolsas de compra, resulta que as companhias que fabricam perfume não façam tantas promoções na região. Isso é coisa lá para o sul, que precisam ser convencidos a se perfumar. Os nordestinos já o fazem mesmo.

E ainda vieram uns cabras fedorentos querendo amolecer Lampião só por que o sujeito usava perfume. Homem em baile é ambiente perfumado. É dançar para sentir o cheiro.

Eu quero um cheiro.
Um cheiro de você.
Uma fragrância do quarto em que tu nascestes.
Vertente dos aromas que destilam os mistérios da vida.

Arco do Tempo - Paulo César Pinheiro

Arco do Tempo
(Paulo César Pinheiro)

Eu tenho um barco por dentro
Seu rumo é a curva de um arco
Seguindo o arco do tempo
Que puxa a corda do barco

O barco é o meu sentimento
No mar do peito eu me encharco
Em qualquer ponto do tempo
Eu passo e finco meu marco

Meu rastro é o verso que eu deixo
Formando um mar de sargaço
E quanto mais mar eu vejo
É mais um canto que eu faço

Já fiz um círculo e tanto
Cruzei um século inteiro
Morrer eu vou, mas meu canto
Jamais vai ter paradeiro


P.S. Esta música dá título ao CD de Soraya Ravenle, lançado neste ano.

Convite !



No SESC CRATO acontece a mostra de filmes de um diretor louco norte-americano muito pouco conhecido e que fez um cinema bastante irreverente, o JOHN CASSAVETES. 
No SESC JUAZEIRO estamos dentro da programação do Armazém do Som e, portanto, exibindo documentários, curtas e ficções que tenham a ver com música, em especial brasileira. Os fãs de música e de cinema nacional aproveitem a oportunidade. 
E no CCBNB resolvi selecionar excelentes comédias de arte. São filmes que possuem cenas divertidas, muita inteligência e humor, mas que não descuidaram da qualidade artística, além de roteiros originais.

A programação segue abaixo!
Apareça!
Elvis Pinheiro


CINEMARANA - SESC CRATO

Toda segunda-feira, às 19h! Mostra JOHN CASSAVETES

09/05: SOMBRAS (Shadows, Dir. John Cassavetes, 1959, EUA, 81min)
Conta o drama de uma jovem negra que se apaixona por um rapaz branco. Embalado por um jazz marcante, o primeiro longa do diretor é considerado pela crítica um manifesto do novo cinema independente americano, utilizando técnicas do documentário e aplicando o cinema direto e a improvisação no domínio da ficção.

16/05: FACES (Faces, Dir. John Cassavetes, 1968, EUA, 130min)
O enredo do filme reflete as insatisfações da classe média americana e a falência da instituição familiar a partir de uma trama de troca de casais.

23/05: UMA MULHER SOB NFLUÊNCIA (A Woman Under the Influence, Dir. John Cassavetes, 1974, EUA, 155min)
Um homem sobrecarregado de trabalho num estaleiro se vê obrigado a assumir o controle da casa e hospitalizar sua esposa quando o desequilíbrio emocional dela passa a afetar seus filhos.

30/05: A MORTE DO BOOKMAKER CHINÊS (The Killing of a Chinese Bookie, Dir. John Cassavetes, 1976, EUA, 135min)
Para quitar uma alta dívida no jogo de pôquer, a Máfia exige que o proprietário de uma boate de strip-tease em Los Angeles mate um bookmaker chinês. Para isso, ele se envolve no ambíguo submundo do crime e do jogo.

06/06: NOITE DE ESTRÉIA (Opening Night, Dir. John Cassavetes, 1977, EUA, 144min)
Após a morte de uma de suas fãs em uma noite de estréia, uma célebre atriz de meia-idade passa a ter alucinações com a moça e se recusa a representar o papel de uma mulher que envelhece.

Traduções & Tradições


“O fim da arte inferior é agradar,

o fim da arte média é elevar,

o fim da arte superior é libertar”

Fernando Pessoa


O Centro Cultural Banco do Nordeste, no seu aniversário de cinco anos, tem muitas razões para comemorar o apagar das velinhas e o talho do bolo. O Centro trouxe a força gravitacional necessária para atrair as mais diversas formas de arte e a caixa amplificadora para dar ressonância às mais diversas expressões artísticas de que o Cariri é reconhecidamente um celeiro. O Centro Cultural somou suas forças ao trabalho já encetado há muitos anos pelo SESC e hoje é possível dizer que a os rumos da Cultura aqui na nossa região dividem-se em aC e dC ( antes e depois do Centro).

No último dia 29 de Abril, subiu ao palco, num memorável show de aniversário, uma plêiade de artistas representativos daquilo que se vem fazendo de melhor em música contemporânea no Ceará. De um lado a TRADIÇÃO configurada na batida inconfundível e telúrica dos “Zabumbeiros Cariris”, com seu canto úmido de misticismo , grávido de húmus. O canto que teve a participação especial de Luciano Bryner e que nos aviva na alma nossas profundas raízes pernambucanas que saltam do Maracatu de Baque Virado, dos Caboclinhos, do Coco de Praia.Na outra extremidade os músicos caririenses mais representativos, no seu trabalho autoral, e que digeriram toda nossa cultura popular mas temperada com as mais diversas influências da música/poesia universais . Trazendo-nos o contraponto imprescindível das “TRADUÇÕES”. Todos eles , incrivelmente, com mais de quarenta anos de estrada, mas provando-nos ,a todo instante do Show, que a boa arte é libertária e atemporal.

Abidoral Jamacaru , Luiz Carlos Salatiel, João do Crato esmeraram-se em trazer à ribalta o que existe de mais clássico no repertório da música caririense: “Lua de Oslo”, Prá ninar o Cariri”, “Lá de Dentro”, “Limite”, “Oriente”, “Vida”, “Cuba”, “Coco pra Azuleika e Asa Branca” e tantas outras. A poesia icônica de Geraldo Urano brilhou como se saísse dos refletores, junto com um universo de compositores cearenses: Pachelly Jamacaru, Ermano Morais, Eugênio Leandro, Amélia Coelho, Cleivan Paiva, Luiz Gonzaga... A banda trazia a competentíssima batuta de Ibbertson Nobre nos teclados /Sanfona, Rodrigo(Bateria) , a percussiva presença dos Zabumbeiros, além dos inconfundíveis baixo/violão de João Neto.

A casa estava cheia de uma platéia entusiasmada e participativa e que em voz uníssona confirmava: Um Show para se ver e rever! Um show que precisa sair do casulo e ganhar os palcos do Ceará e do Brasil !

Esta é a nossa Arte: a expressão maior de que aqui estamos vívidos e vivos. Mídia do Brasil, nem só Traições vive o Show Business! Que tal Tradições & Traduções ?

J. Flávio Vieira

Entre o "S" e o "B"

Nesta semana os Estados Unidos anunciaram, com estardalhaço, a morte de Osama Bin Laden. Nova York comemorou na Time Square como se tratasse do Dia de Ação de Graças. Uma alegria não muito diferente daquela que invadiu o Iraque , nove anos atrás, quando ruíram as Torres Gêmeas. A mídia internacional elogiou seguidamente a ação militar , transparecendo , claramente, que o terrorismo mundial findava com o extermínio puro e simples do inimigo público número 1. Os britânicos estamparam manchetes: “Covarde até na morte”, interpretando informação , depois desmentida, de que Osama teria usado a mulher como escudo, no ato final da sua vida. Como se um fanático fundamentalista temesse a morte ou qualquer uma outra coisa além do afastar-se de seus rígidos e pétreos princípios .Os europeus, mais sensatos, perceberam que haviam ganho comido um pequeno peão no imenso jogo de xadrez da política do internacional. O presidente Obama, em plena campanha de reeleição, posou de John Weyne, após o pretenso duelo final deste faroeste de longuíssima metragem.
Pois bem, aqui deste nosso fim de mundo, junto às botas que Judas perdeu, vamos refletir um pouco sobre esta Paixão profana: cheia de muitos Pilatos, tantos beijos falsos, vários Caifás, muitas crucificações ,poucos anjos e nenhum Messias. Não é por mera coincidência que apenas uma mera consoante separa Obama de Osama. Nesta sintaxe é impossível saber se o “B” que existe em um é o de bonzinho, boçal ou de besta-fera , bem como o “S” que o outro ostenta representa o sabido, sacana ou satanás. Obama não é o que ele é, mas o que ele representa. Terrorista ,cada um a seu modo, eles são extremidades que se tocam e soltam faíscas. Porque, amigos, terrorismo é sempre uma estrada de mão dupla e, no final, é sempre a população civil que paga diretamente pelos erros cometidos lado a lado. Tão injustificável quanto as mais de 3000 mortes do World Trade Center, são as incontáveis perdas causadas pelo imperialismo capitalista no Terceiro Mundo, com sua política colonialista e predatória. Basta lembrar que só na invasão do Iraque, segundo a Opinion Research Business (ORB), mais de um milhão e duzentas mil vidas foram sacrificadas de forma violenta. Buscava o que o bravo exército norte-americano ? Uma arma de destruição em massa que só depois se percebeu chamava-se : Petróleo.
Há um outro ponto que precisa ser lembrado. A cavalaria perseguiu Bin Laden por quase dez anos. Com toda tecnologia quase não consegue encontrá-lo. Ele se tornou o campeão mundial de esconde-esconde. Por que a dificuldade? Um dos fatores mais importantes é o fato de que tentavam capturar um mito e que contava com a cumplicidade de todo universo islâmico.
O terrorismo acaba com Bin Laden? De maneira alguma! Do mesmo jeito que a pretensa guerra contra o terror não acabaria com o desaparecimento eventual de Obama . Assim como o Arraial de Canudos não acabou com a morte do conselheiro: apenas se mudou para as favelas. O cangaço não se findou em Angicos, tão-somente subiu os morros e urbanizou-se. A Guerra contra o terrorismo só acabará quando cessar o tráfego nas duas mãos da rodovia. Enquanto isso viveremos um conflito pleno de lágrimas derramadas de lado a lado e alguns enganadores intermezzos em que o povo comemorará uma vitória fictícia, sem perceber que a próxima bomba já se encontra com o estopim chiando.
J. Flávio Vieira

Dias de chuva- Por Socorro Moreira


Ai, estes dias de chuva...

Inventam saudades esquecidas
Inventam comida quentinha
Inventam preguiça e cochilo

Ai, esta chuva teimosa ...

Que não seca o lençol
Que me deixa na cama
Querendo outra vida
Que esconde meu sol
Que adia a visita

Ai, esta vida sozinha ...

Sem hora marcada
Um violão intimista
repousa calado
No vazio da espera
meu sonho envelhece

Ais, são tantas as noites...

Esquecem o bilhete
no bolso amassado

Eu quero que voltem
sonolentas, as madrugadas

Serenata e mistério
na tua chegada.

Recado Musical


Quem tem essa música gravada por Nana Caymmi?



Saudade
Dorival Caymmi
Composição : Dorival Caymmi e Fernando Lobo

Saudade
Tudo acontece na vida
Tudo acontece a todos nós
Sempre uma dor, um ai de amor
E, de um infeliz, se ouve a voz
Sinto saudades, tristezas
Bem dentro de mim
Coisas passadas, já mortas
Que tiveram fim
Tenho meus olhos parados
Perdidos, distantes
Como se a vida lhe fora
O que era antes
Cartas, palavras, notícias
Não vêem sequer
E a certeza me diz
Que ela era o meu bem
O que dói profundamente
É saber que felizmente
A vida é aquilo que a gente não quer

TODO UM SEMPRE - Rosa Guerrera



É doce mergulhar o salgado do teu suor,
sentindo que teu beijo procura estrelas
no céu da minha boca...
É doce me deixar levar na busca das tuas mãos
como a ensaiar no meu corpo uma nova geografia....

É doce esse mergulho leve no profundo oceano
de nós dois , onde orvalhos umedecem canteiros
de sussurros e paixões...
E só nós dois entendemos o quanto somos nômades...
viajantes de um amor imenso,
onde céu e mar se confundem no brilho de olhares
e tremores de mãos.
E sem acertos ou promessas
vamos imortalizando esse amor
num infinito desconhecido onde lado a lado
nossas almas se fundem juntas
PARA TODO UM SEMPRE.


ROS@

ABRIR AS PORTAS PARA O AMOR - Rosa Guerrera


Quando o amor bate a porta de um coração , não adianta fechá-la a sete chaves.
Não adianta correntes ou grilhões para proibir a sua entrada . Ele entra por uma janela semi aberta, pelo quintal , pelo telhado , sorrateiramente como uma criança bisbilhoteira que quer conhecer a todo custo os 4 cantos dos nossos sentimentos .
Quando o amor insiste em nos envolver , possui as suas artimanhas para nos conquistar .
Chega de mansinho , não insiste , não pede , e lentamente , vai acelerando as batidas do nosso coração...Aprende a cantar as canções que gostamos, faz dueto as nossas esperanças ,ignora as nossas defesas e consegue ver com os nossos olhos , as cores de horizontes sonhados .
E naquela aparentemente minúscula entrada , sementes são jogadas nos canteiros do nosso “eu’.,que uma vez germinadas vão crescendo através de mãos entrelaçadas, olhares de carinho , beijos suaves e instantes de paixão .
Não adianta tentarmos fechar a porta às chamadas do amor.
O seu grito é mais forte que o temor que a gente sente de que um dia ele nos venha fazer sofrer .
Não vale a pena fugirmos ao inevitável .
Nenhum coração é capaz de conseguir o ápice de um sonho quando pulsa sozinho .
São inúmeras as batalhas com o amor . Em muitas conseguimos as vitórias , em outras amargamos derrotas.
Sorrisos, alegrias, lágrimas, esperanças , saudades e despedidas , tudo faz parte desse sentimento , que vence os nossos medos , os nossos preconceitos, as nossas dúvidas e até as nossas possíveis decepções .
Melhor , bem melhor mesmo é abrirmos os nossos braços quando esse hóspede bater a porta do nosso coração ,e não pensar por quanto tempo ele nos fará companhia , porque como afirmou o poeta Sabino Pinho :

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem."

 por rosa guerrera

" Versos Baianos Sem a Letra 'O' "



A minha terra natal
Tem reza, festa e magia.
Quem nasce na minha terra,
Canta e dança de alegria.
E sempre deseja exaltar
A sua querida Bahia.
*
A Bahia tem mandinga
Tem prece pra quem quiser.
E jamais nega a alguém
A certeza que vem da Fé.
*

Gil, Bethania e Gal
Trazem uma alma musical.
Yvete, Daniela e Chiclete
Representam seu carnaval.
E "Caê" sempre será
Um representante sem rival.
*
Caruru, cuscus, abará,
Vatapá, acarajé,
Munguzá ... Mas que delícia !
E a canjica também é.
*
Mãe África sempre presente
Nessa terra de alegria.
Alegria dessa gente
Que esbanja simpatia.
*
Venha " my friend",
Aceite !
Venha viver na Bahia !
*
( Corujinha Baiana - 08/12/2009 )

Cartas de Amor- socorro moreira


Envelopes rasgados
Papel manchado de batom
Censura, rasura, uma aqui, outra ali
Uma explicação, uma declaração, uma jura...
Tristeza, e saudade, nas entrelinhas

Contagem regressiva do tempo
Faltam apenas dois dezembro
Quem sabe, se Deus permitir!?

Cartas guardadas, perfumadas
devolvidas ou queimadas, findam em nada!

Cartas de amor...
Surpresa,
suspense, letra tremida,
um poema de J.G. de Araújo, enfim!

Cartas de amor...
Soltas no mundo
Nas mãos do carteiro, buscam os seus destinos


ELE VEIO DE LONGE- por Norma Hauer



No dia 5 de maio de 1900, nasceu, em São Petesburgo , no norte da ainda Rússia czarista ,o compositor, músico, violinista, GEORGES MORAN, de família judaica.


Após a revolução bolchevista de 1917, sua família emigrou para o Brasil, aqui chegando depois da 1ª mas antes da 2ª Guerra, no início dos anos 30, por volta de 1934.


Sendo já exímio tocador de balalaica, tinha facilidade em outros instrumentos musicais, adaptando-se, inclusive, ao violão, o que o tornou um compositor brasileiro, visto ter-se "enturmado" com os "bambas" de sua geração.


Tendo ,ainda, dificuldade no idioma português, começou a compor com parceiros brasileiros, daí surgindo, com Oswaldo Santiago, “Dia Há de Chegar”; “Meu Sonho é só Meu”, suas primeiras gravações, na voz de Carlos Galhardo e ainda "Perfume de Mulher Bonita" .


Saudoso de sua terra, compôs canções de nostalgia como "Balalaica"; "Zíngaro"; "Ao Som das Balalaicas"; "Kátia"; "Katucha"; "Ninotcha"; “Kátia” e "Exilado", gravadas, as duas primeiras, por Orlando Silva , a terceira por Nuno Roland , Sílvio Caldas gravou Ninotcha, e “Kátia”; Dircinha Batista, “Katucha” e Carlos Galhardo. “Exilado”,

Galhardo ainda, gravou; “Indiferença”; "Dois Navios" e "Confissão”, esta feita em parceria com Manuel da Nóbrega, o mesmo que criou a “Praça da Alegria” na TV, na qual Ronald Golias deixou marca indelével.

Sílvio gravou ainda “Não Voltarás, nem Voltarei” e “Se Tu Soubesses”.


Isso representa apenas uma parte do muito que Georges Moran compôs, tornando-se um autêntico compositor brasileiro.

No final dos anos 50 e no início da bossa nova, deixou de compor, retirando-se para São Paulo, onde, pelo muito que fez, pode viver de direitos autorais, o que não era fácil naquela época.

Para se ter uma idéia do repertório de Georges Moran, e sentir a lembrança de sua terra distante, registro aqui a letra de sua valsa-canção "Exilado" feita em parceria com David Nasser.


EXILADO


Bosque deserto, em minha dor,

Eu quero relembrar,

A sua solidão.

Bosque deserto, em que o amor

Mormura ao luar,soluços de oração.


Exilado, vim um dia

Felicidade buscar.

E cansado, a nostalgia

Sinto em meu peito vibrar.


Minha velha aldeia tranqüila,

Meus amores, tudo eu deixei.

Exilado, lembro agora

Sonhos que outrora sonhei.


Georges Moran faleceu em São Paulo no dia 7 de outubro de 1974, aos 74 anos.

Em 2000, pelo motivo de seu centenário, foi homenageado no Museu Judaico do Rio de Janeiro, com o espetáculo “Da Balalaika ao Violão”.

Norma

A ESTRELA DALVA - por Norma Hauer



Era o dia 5 de maio de 1917 quando uma estrela brilhou nos céus de Rio Claro-São Paulo: nascia a Estrela Dalva. Deram-lhe o nome de Vicentina porque não sabiam que ali nascia uma estrela: a Estrela Dalva do universo de nossa música popular: DALVA DE OLIVEIRA.

Antes mesmo de ser essa estrela ela fez parte de um trio, denominado de Ouro.

Lembro-me daquela época, quando Dalva de Oliveira e a Dupla Preto e Branco estrearam na Rádio Mayrink Veiga e César Ladeira deu-lhes o nome de "Trio de Ouro", ali, na hora.

Lembro-me de vários sucessos, do Trio, como “ Ceci e Peri”; "Pedro, Antônio e João"; Praça Onze";"Laurindo";"Ave Maria do Morro"...ricas composições de Herivelto Martins
Nas gravações do Trio, Dalva estava presente, fazia alguns solos, mas não gravava sozinha. Sua voz dominou o Trio quando eles gravaram “Ave Maria do Morro”.
Parece que esse foi o começo do fim do Trio com Dalva, Herivelto e Nilo Chagas. Aquele fim na Venezuela nunca foi bem explicado mas a situação entre eles também teve seu fim e...
... e pouco depois, uma situação de desavenças chegou ao conhecimento do público e quando tudo parecia perdido, nasceu a verdadeira Estrela Dalva.
Cantando sozinha, ela dominou um repertório que a levou ao auge do estrelato, enquanto as novas formações do Trio de Ouro não “emplacavam”.

Sua voz, fina, cristalina, bem colocada dominou como poucas a música da época. Compositores, como Marino Pinto e Ataulfo Alves acreditavam na Estrela Dalva e enriqueceram seu repertório com verdadeiras jóias, que não eram mais “de ouro”, mas continuavam brilhando.
E assim nasceram “Tudo Acabado”;”Calúnia”;”Segredos”;””Meu Rouxinol”;
“Neste Mesmo Lugar”;”Amor de Mãe”;””Zum-Zum”;”Poeira do Chão”;”Estrela do Mar” e dezenas de outros.
Herivelto pensou que acabaria com Dalva e deu-se o contrário; o Trio de Ouro foi "sumindo", enquanto Dalva alcançou o auge de seu sucesso. Como compositor, porém, Herivelto continuou “de ouro”, mas o Trio, sem Dalva (com outras cantoras, como Lourdinha Bittencourt) nunca mais se reergueu.

É pena que Dalva não soube "viver"esse sucesso e abusou da bebida.

Nessa época sofreu um acidente automobilístico à saída do Túnel Novo e nunca mais foi a mesma. Foi uma fatalidade.
Ela sobreviveu, mas não se recuperou, embora tivesse feito dois últimos grandes sucessos depois desse acidente; encerrou sua carreira com chave de ouro, com os sambas “Máscara Negra” e "Bandeira Branca"...

"Bandeira branca, amor, não posso mais....
Pela saudade que me invade,
Eu peço PAZ"

No dia 30 de agosto de 1972 a Estrela Dalva foi brilhar de vez no céu.

Norma

Em 9 de maio de 1895 nascia Ascenso Carneiro Gonçalves Ferreira - Por José do vale Feitosa



- Muito dele um pouco meu.
Dos engenhos da minha terra
só os nomes fazem sonhar:

- Esperança!
- Estrela-d´Alva!
- Flor do Bosque!
- Bom Mirar!

Ascenso Ferreira era poeta da declamação. Como nossos cantadores, os versejadores dos poemas de cordel. Assim como Patativa do Assaré. Como temos falta da declamação, quem sabe um violão ou um piano. Numa noite de espíritos, como uma vez, para minha total e acho que merecido atendimento das necessidades. Em Luanda, Angola, a embaixatriz nos levou para um recital num antigo casarão português, no segundo andar com piso de madeira e bar por cenário. Janelões naquele clima bem nordestino, aberto para o mesmo oceano Atlântico.

Mestre Carlos, rei dos mestres,
Aprendeu sem se ensinar...
- Ele reina no fogo!
- Ele reina na água!
- Ele reina no ar!

Quando o verso se presta para a voz, lembre de Ascenso Ferreira, não feito uma técnica de Jogral, mas como um canto de tudo que completava aquele poeta.

Sertão! – Jatobá!
Sertão – Cabrobó!
- Cabrobó!
- Ouricuri!
- Exu!
- Exu!

Poesia não é um modo escrever, é a vida como ela se escreve. O poeta nordestino que sabia dizer:

Ai! Que saudade dos bêbados de fim de feira
dos interessantes bêbados de fim de feira
que o imposto de consumo afugentou!
......
- Patrão; eu sô é home!
não arrespeito outoridade....

- Bote uma bicada mode esquentá o frio!
- Bote uma bicada mode esquentá o calo!

O poeta da irreverência a quebrar os cristais dos salões:

Eu vi o Gênio da Raça!!!

(Aposto como vocês estão pensando que eu vou falar de Rui Barbosa)

Qual!
O Gênio da Raça que eu vi
foi aquela mulatinha chocolate,
fazendo o passo do siricongado
na terça-feira de carnaval!

E qual coisa é mais preciso para nós nesta terra?

“Branquinha”,
“Branquinha”,
É suco de cana
Pouquinho – é rainha,
Muitão – é tirana.

Vejam este poema o qual Ascenso nomeou Nordeste:

O ferreiro malhando no topo das baraúnas.
Nas lombadas da serra o sol é de lascar...
Nem uma folha só fazendo movimento!...

- Nana! Ô Nana!
- Inhor!
- Chega me abana...

Pouco a pouco porém, vem vindo um frio lento
trazido pelas mãos de moça do luar...

Que gozo nos coqueiros acarinhados pelo vento!...

- Nana! Ô Nana!
- Inhor!
- Chega me esquentar....

E conheces o TREM DE ALAGOAS: Vou danado pra Catende,/ vou danado pra Catende,/ vou danado pra Catende,/ com vontade de chegar....Cana-caiana,/ can-roxa,/ cana-fita,/ cada qual a mais bonita,/ todas boas de chupar...E esta que tanta gente repete até como de outros autores, intitulada GAUCHO: Riscando os cavalos!/ Tinindo as esporas!/ Través das cochilas!/ Saí de meus pagos em louca arrancada!/ - Para quê?/ - Pra nada!/ E este ÊXTASE? Emana do teu ser tão grande calma, / um langor tão suave, expressivo, profundo,/ que tenho a sensação virgem de que minh´alma,/ desgarrada de mim, anda solta no mundo./ Vejam como o poeta é crônica, como esta A COPA DO MUNDO: No meio daquela confusão toda/ De rádios berrando,/ Fogos pipocando,/ Bêbados Cantando!/ Maria embocou pela porta de Chico Tenório adentro,/ Do qual se encontrava lha muito tempo of-side,/ E exclamou alucinada: - Chiquinho, meu bem,/ O Brasil ganhou a Copa do Mundo,/ Vamos também fazer nosso goal, meu amor!

Um amor para sempre - Emerson Monteiro

Existem infinitas abordagens para o fenômeno da morte entre os seres humanos. O assunto envolve as concepções filosóficas, religiosas, sentimentais, de quem o considere. Impacto extremo, a hora do desaparecimento da vida no corpo ocasiona dores atrozes, abalos devastadores, a exigir firmeza e renúncia dos que passam por isso, que são todos, sem nenhuma exceção. Sendo, pois, a morte o ponto final do processo vida e limite da pesquisa científica, nela se interrompem as avaliações do método e seus estudos matemáticos. Quando cessa a vida na carne, também cessa o objeto da cultura como instrumento de respostas para as ações da natureza. Nessa hora, entrem em campo os valores da metafísica, ramo da filosofia que cuida dos fenômenos depois da morte. Será o momento da religião, tendo a transcendência por sua principal abordagem do Universo.
Os credos religiosos trazem considerações a propósito do que resta quando as pessoas deixam de existir no mundo visível. Há hipóteses desde as religiões mais remotas, o hinduismo, o taoísmo, o zoroastrismo, até as escolas da atualidade. As respostas indicam aspectos tratados como matéria de fé. A formação adquirida pelos devotos significará, nesta hora, o valioso instrumento de superar a crise das perdas dos entes queridos. A aceitação inquestionável da existência de um Ser Superior, por exemplo, definirá, sobremodo, o quanto de sabedoria comanda tudo na Vida. Esse é o dado principal: Aceitar a existência de Deus, pai e criador do quanto existir.
A seguir, sustentar a permanência da vida após a morte, ali quando, um dia, se reencontrarão os que se amam, porquanto consciências individuais não morrem com o desaparecimento do corpo material.
E compreender que a força suprema do Amor organiza as existências, energia poderosa e permanente, justa e acessível, fruto maior das compreensões elevadas e motivo do que as criaturas realizam durante o tempo, neste pedaço de galáxia girando no grande Cosmo, no sentido de um dia seres perfeitas.
Nisso, os laços eternos jamais se desprenderão, pouco importando as justificativas apenas intelectuais para minorar as dores pungentes da distância física. No entanto, a linguagem que os corações desenvolvem entre si oferece consistência nas respostas às marcas da saudade que machuca. Essa linguagem estabelece o contato dos seres que, de verdade, se amam. Nesse contanto amoroso, por isso, acham-se as soluções para a dor da separação, porta aberta da Eternidade. No isolamento das horas amarguradas, transes só conhecido pelos que vivenciam, a voz de Deus e do seu amor tocará o íntimo profundo de pais que perdem seus filhos, ocasião própria de ouvir com bem clareza os que saem de cena, mas continuam vivendo tão perto de nós.



DA OBSERVAÇÃO



Não te irrites, por mais que te fizerem...


Estuda, a frio, o coração alheio.


Farás, assim, do mal que eles te querem,


Teu mais amável e sutil recreio...


Mario Quintana - Espelho Mágico





RECORDO AINDA



Recordo ainda... e nada mais me importa...


Aqueles dias de uma luz tão mansa


Que me deixavam, sempre, de lembrança,


Algum brinquedo novo à minha porta...



Mas veio um vento de Desesperança


Soprando cinzas pela noite morta!


E eu pendurei na galharia torta


Todos os meus brinquedos de criança...



Estrada afora após segui... Mas, aí,


Embora idade e senso eu aparente


Não vos iludais o velho que aqui vai:



Eu quero os meus brinquedos novamente!


Sou um pobre menino... acreditai!...


Que envelheceu, um dia, de repente!...



Mario Quintana



O TRÁGICO DILEMA



Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.



Mario Quintana (Caderno H)


I



Escrevo diante da janela aberta.


Minha caneta é cor das venezianas:


Verde!... E que leves, lindas filigranas


Desenha o sol na página deserta!



Não sei que paisagista doidivanas


Mistura os tons... acerta... desacerta...


Sempre em busca de nova descoberta,


Vai colorindo as horas quotidianas...



Jogos da luz dançando na folhagem!


Do que eu ia escrever até me esqueço...


Pra que pensar? Também sou da paisagem...



Vago, solúvel no ar, fico sonhando...


E me transmuto... iriso-me... estremeço...


Nos leves dedos que me vão pintando!



Mario Quintana - A Rua dos Cataventos



DO ESTILO



O estilo é uma dificuldade de expressão.



Mario Quintana (Caderno H)




DAS UTOPIAS




Se as coisas são inatingíveis... ora!


Não é motivo para não querê-las...


Que tristes os caminhos se não fora


A mágica presença das estrelas!




Mario Quintana - Espelho Mágico






O SILÊNCIO


Convivência entre o poeta e o leitor, só no silêncio da leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor. Este não quer saber de terceiros, n ão quer que interpretem, que cantem, que dancem um poema. O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio...


Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo



CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO


Eu sou um homem fechado.

O mundo me tornou egoísta e mau.

E a minha poesia é um vício triste,

Desesperado e solitário

Que eu faço tudo por abafar.


Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,

Com o teu passo leve,

Com esses teus cabelos...


E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender

nada, numa alegria atônita...


A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil

Aonde viessem pousar os passarinhos.


Mario Quintana


POEMA


Mas por que datar um poema? Os poetas que põem datas nos seus poemas me lembram essas galinhas que carimbam os ovos...


Mario Quintana (Caderno H)



PROJETO DE PREFÁCIO


Sábias agudezas... refinamentos...
- não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.


Mario Quintana



AH! OS RELÓGIOS


Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...


Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.


Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.


E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...


Mario Quintana - A Cor do Invisível

Mário Quintana


Mário de Miranda Quintana (Alegrete, 30 de julho de 1906 — Porto Alegre, 5 de maio de 1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro.

Karl Marx



Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 — Londres, 14 de março de 1883) foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista.

O pensamento de Marx influencia várias áreas, tais como Filosofia, História, Direito, Sociologia, Literatura, Pedagogia, Ciência Política, Antropologia, Biologia, Psicologia, Economia, Teologia, Comunicação, Administração, Design, Arquitetura, Geografia e outras. Em uma pesquisa realizada pela Radio 4, da BBC, em 2005, foi eleito o maior filósofo de todos os tempos.

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Beth Carvalho



Elizabeth Santos Leal de Carvalho, mais conhecida como Beth Carvalho (Rio de Janeiro, 5 de maio de 1946), é uma cantora e compositora brasileira de samba. Desde que começou a fazer sucesso, na década de 1970, Beth se tornou uma das maiores intérpretes do gênero, ajudando a revelar nomes como Luiz Carlos da Vila, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Almir Guineto, o grupo Fundo de Quintal e Arlindo Cruz.

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Dino 7 Cordas



Horondino José da Silva, conhecido como Dino 7 Cordas, (Rio de Janeiro, 5 de maio de 1918 — Rio de Janeiro, 27 de maio de 2006) foi um violonista brasileiro reconhecido como maior influência do violão de 7 cordas, instrumento musical no qual desenvolveu sua linguagem e técnica. Foi também um dos maiores instrumentistas de choro.

Dalva de Oliveira



Vicentina de Paula Oliveira, conhecida como Dalva de Oliveira, (Rio Claro, 5 de maio de 1917 — Rio de Janeiro, 30 de agosto de 1972 foi uma cantora brasileira.